E hoje, na hora do almoço, me dirigi a uma de suas lanchonetes pronto pra degustar uma refeição com nome de número. Gosto muito do número 1, mas gosto também do número do McBacon, e era esse em quem eu queria enfiar a dentadura. Eu não lembrava o número dele e chamei de Número do McBacon. Isso é bastante esquisito, pois é uma refeição com nome de número, e se eu não lembro o número, vira refeição com nome de número... de nome. Mas bastante esquisito mesmo é a fatia de bacon grande e redonda que vem no McBacon, que encaixa direitinho no sanduba. Sabemos que não vende bacon assim no mercado, e que no porco, o bacon não tem esse formato. Então me vem à idéia que os caras fazem esse bacon aí no photoshop, o que me leva ao inevitável: "Moça, me vê um número do McBacon sem bacon?". Ridículo, mas é isso que eu faço. Aí ela finge que não achou isso esquisito, dá um gritinho lá pra dentro "Bacon sem bacon!!" e a coisa acontece. Milagrosamente, aparece na minha bandeja um McBacon, sem o tal bacon.
Em algum momento do almoço, me voltou à mente aquela história da minhoca. Acho que foi na hora que eu dei a primeira mordida e não senti o gosto da carne. Ou talvez na hora que eu dei a última mordida e ainda não tinha sentido o gosto da carne. Não importa, o que vale é que a gente gosta de ir no mc pelo evento que é, e se gostar do lanche, é pelo pão / molho / batata, etc, mas sabe que a carne é meio esquisita. Porque se for pra comer carne, lá não é o lugar não. Desculpa aí, palhaço Ronald, mas essa sua carne é uma fanfarrice.
E tive a idéia de fazer hamburger. Isso, comprar carne, temperar e fazer eu mesmo as minhas pequenas bolachinhas do prazer.
Atenção: este é um post de receita em andamento. Explico: eu fiz os hamburgeres, mas só vou comer amanhã. Explico de novo: com a textura que eles ficaram, eu acho que seria uma boa idéia congelar antes de fritar, pra não fazer meleca na frigideira. Além disso, queria fazê-los na chapa de ferro lá na churrasqueira, mas hoje tá chovendo. E mais além disso do que isso, eu ainda não decidi se faço a maionese caseira ou meto uma hellmans mesmo. Portanto, preparei os hamburgeres que, neste exato momento, estão no freezer, ficando geladinhos pra ir pra churraca amanhã.Resumindo: Eu nunca fiz hamburger, não tenho a menor idéia se isso vai ficar bom, e só saberei amanhã. Preparar esta receita é por sua própria conta e risco. Mas garanto que posto amanhã mesmo o resultado, bom ou ruim. E, olha... eu acho que vai ficar bããão...
Voltando, vamos à receita. Nunca fiz hamburger, mas admito que recorri a Deus Google pra, no mínimo ter idéia de como fazer. E não me olha feio porque você tá aqui fazendo justamente o mesmo :-)
E, diante de Deus, Ele me falou que se usa fraldinha, patinho ou picanha pra fazer hamburger. Cliquei num link patrocinado e Deus se foi. Fiquei meio cabreiro com Ele, porque eu não gosto nem de dar cerveja pra carne, imagina se eu ia deixar MOER uma picanha. De jeito nenhum, isso seria um sacrilégio. Patinho eu não conheço, pois não é carne de churrasco. Mas sei que não tem uma fama das melhores, não. Mas a fraldeta é legal. Barata, gostosa e não vai me matar vê-la entrar formosa e sair uma paçaroca da máquina de moer carne. Assim procedi.
Saí do trabalho tarde e com o saco na lua, mas ainda reuni forças para empurrar o esqueleto até o supermercado mais próximo. Pedi ao compana do açougue que moesse, duas vezes, uma peça de 1kg de fraldinha. Levei-a bora cá comigo.
Como meu sogro faz um kibe cru nervosíssimo, imaginei que seria fácil preparar um nervoso eu também: bastava ligar pra ele e perguntar e ae parceiro como é que faz a parada. Sendo assim, separei a carne em duas partes: 0,5kg do kibe cru e 0,5kg pros hamburgeres, o personagem desta saga.
Chegando em casa, acalentei-me. Se eu me sentia moído, bastava olhar pra carne e avaliar quem é que tava na pior. Então, coberto do mais nobre sentimento de piedade pelo boi que acabara de pedir que moessem, decidi que faria uma caminha bem temperada para que a carne passasse a noite. Mas e aí, como fazer esse treco?
Uma amiga havia comentado sobre uma receita com ovos e sopinha de cebola, daquelas de pacote. Dispensei a sopinha, mas achei que o ovo seria útil, pra dar a tal liga. Assim, taquei um ovão lá dentro.
Se eu dispensei a sopinha, continuei acreditando na presença da cebola no hamburger. Piquei meia cebola. Mas é legal picar a cebola bem pequeninha, com paciência. Assim ela pega um gosto na carne, e frita bem junto do hamburger. Deve ser meio broxante morder uma carne e sentir um tecão de cebola, não? Então, deixa a cebola na tábua e vai picando ela com a faca até virar quase uma pasta.
Tá ficando legal, mas ainda falta tempero. Ah, antes que eu esqueça: dois punhados de sal e seja o que Deus quiser (nesse caso Deus mesmo, e não o Google). Pra temperar, uma espirrada de pimenta do reino preta. Mesmo sem misturar, o cheiro começou a ficar bom.
Foi então que eu abri a geladeira e quebrei um paradigma. Uma verdade: não sou fã de pimenta, não gosto de pimenta. Mas antes que você questione a minha coerência, pimenta do reino não é pimenta, é tempero. É que nem o cachorro-quente, que não é cachorro, é comida. Coisas do português, ora pois.
Pois voltemos ao ponto do paradigma. Abri a geladeira e encontrei um vidro de uma pimenta que tava bonitinha, brilhando ante a luz fria da geladeira. Abri o pote e senti o cheiro, meio com aquela cara de nojo de quem tá cheirando a bunda do coisa-ruim. Mas o cheiro era coisa boa. O nome? Pimenta baianinha. Olha, desde a carla perez, a Bahia sempre nos mandou saborosas pimentinhas, então pensei que seria uma boa lançar mão desse artifício. Tirei do vidro uma única bolinha, picotei bem picotadinha e joguei no meio da carne, ovo, sal e pimenta do reino. Pra dar um gosto que toda carne temperada merece ter, mandei uma golada sarada de azeite. Pra engrossar, farinha de trigo, uma pequena mãozada, tímida.
Comecei a misturar com uma colher de pau, e logo notei que aquela pasta não ia pegar formato de hamburger de jeito nenhum. Tava muito mole. Pra dar uma liga naquilo? A solução foi uma mãozada nervosa de farinha, umas 4 vezes mais potente do que a última. Isso significa que eu devo ter colocado uma xícara inteira de farinha de trigo.
Funcionou, porque a textura começou a ficar legal, virou um bolo de carne. E com um cheiro animal. Confesso que dei uma pequena garfada e, mesmo cru, o sabor tava demais!
Aí eu percebi que não ia ter aquela boiolice de não querer sujar a mão, porque a colher de pau não tava dando conta do recado. Apertei o botão foda-se e enfiei a mão na tijela, mexendo pra valer. Aí sim, misturei tudo e virou uma massa homogênea, consistente. Hora de fazer as bolachinhas.
Peguei uma mãozada da massa, deitei na tábua. Tal qual fazemos no jardim da infância, enrolei a massinha pela tábua até virar uma bolinha. Uma vez bolinha, bastou apertar com a palma da mão pra fazer o primeiro hamburguinho. Repeti o processo até o fim da carne.
A receita deu 9 hamburguinhos altos, mas pequenos. Isso porque os pães de hamburger que a gente acha nos mercados por aí são pequenos, e não adianta você ter um hamburger de 8759352352 gramas e não caber no pão. Separei numa bandejinha, cobri com papel filme e foi todo mundo pro freezer.
Aqui acaba a nossa epopéia, porque eu não experimentei. Apenas congelei e eles estão lá, tremendo na sibéria do meu freezer. Skavurska, Ronald McDonald!!! E até amanhã.
UPDATE: No terceiro post da série sobre o x-salada, eu comentei o resultado final dessa hamburgada. Uma das coisas de que senti falta foi um pouco de salsinha no hamburger. Portanto, se você pensa em preparar essa receita, mete um pouco de salsinha picada no meio que fica animal.
Custo: o kg da fralda custou 12 cruzeiros. mas como usei meio kg, pense em R$6,00. O resto (cebola, pimentas e afins tem custo irrisório).
Tempo de preparo: dá pra tomar umas 4 brejas, mas o tempo não é tão aproveitado, porque você suja a mão e não dá pra segurar a latinha durante grande parte do processo :-(
Rendimento: 9 hamburgeres altos, mas pequenos. Quer que eu desenhe?
Caralho, que viadagem mais sem graçapra dar uma receita fuleragem dessas. Pelo amor de deus (Cadê)!!
ResponderExcluirPo Vava, lamento ae o fato de você não ter curtido. Acontece, ué. Como dizem por aí, gosto é como cu, cada um tem o seu.
ResponderExcluirDe qualquer maneira, espero que volte e encontre alguma receita que lhe pareça mais legal.
Ainda assim, recomendo que experimente o hamburger. Mesmo fuleragem, sem graça ou enviadada, a receita fica 10 que isso eu garanto.
Abs
Daniel Rodrigues
Ae Daniel, é o Flávio de novo, putz.... to gastando a madrugada e a manhã toda lendo seu blog e tá bem loco!!
ResponderExcluirMas então, uma dica aí nesse teu amburger....
no lugar da farinha, coloca pão caseiro, não sei a medida direito, minha mãe que faz assim, ela usa normalmente uns 2 ou 3 pães caseiros, o hamburger fica super macio e super suculento!!!
Abraço!!
Flavião
ResponderExcluirMas como assim, pão caseiro? Esmigalha ele e troca pela farinha? Pode ser uma boa hein!!
Uma outra dica legal que eu experimentei depois: um pouco de hortelã deixa o hamburger bastante saboroso!!
Valeu man. Larga esse blog e vai dormir!! heheheheh
Valeu a visita, fico feliz de saber que vc tá curtindo o blog.
Abraço
Daniel Rodrigues
Taca pão velho ralado no lugar da farinha, fica dez e nao deixa aquele gostinho de farinha!
ResponderExcluirabraço aê, seu blog é ducarai!
Falae Gustavo
ResponderExcluirPode crer, mano. Boa idéia, na próxima vou fazer assim. Eu sempre tenho pão velho guardado, pois uso pra acender o fogo.
Valeu pela força!
Abração
Daniel Rodrigues