Especial Churrasqueiras: Churrasqueira de tijolo roubado

Tiozão economicamente privilegiado mostrando como é que se faz.
Agora, me responda: de que adianta ter um porsche se você faz churrasco de linguiça e hambúrger?
Explica pra gente, tiozão!


No post anterior, falei sobre as férias na praia, e o quanto me considero um privilegiado pelas coisas e pessoas maravilhosas que a adolescência em Bertioga me proporcionou. Enquanto escrevia o post, uma memória me veio à tona, mas decidi não fugir muito do assunto, o camarão, e deixei a tal memória pra outro post. Este aqui, no caso.

Mas antes, preciso fazer uma rápida explanação sobre como funcionam as coisas naquele sagrado pedaço de solo. Bertioga não é lá uma grande cidade, cheia de indústrias, hotéis de luxo e motel com cavalinho rampante na porta. Basicamente, vive de turismo, pastel, bar e igreja envagélica. E com todo o respeito aos Bertioguenses, turistas, pasteleiros, bêbados e evangélicos, concordemos: Bertioga vive extremos. No final de semana, vemos enxurradas de SUVs e outros carrões nas ruas. Nos dias normais, apenas bicicletas e Gurgéis. Resumindo: o caiçara de lá é, via de regra, um cara pobre. Além de pobre, brasileiro. Além de pobre e brasileiro, é ladrão de tijolo. E isso inclui a minha pessoa, mas já chegamos nessa parte. 

Durante muito tempo, nós ficávamos hospedados na casa de uma tia, que não se incomodava de emprestar seu confortável imóvel para uma horda de bárbaros, que chamaremos hipoteticamente de "nós". Horda essa que gostava, entre outras coisas, de fazer churrasco. Mas a casa não tinha churrasqueira, e não dava pra comprar uma churraca portátil a cada vez que pisássemos por lá. Então surgiu a brilhante idéia de montar uma com tijolos. E aí vem a pergunta: mas que tijolos, honorável escriba? Respondo: roubados, meu honesto leitor.

É assim: em Bertioga, se você comprar uma dúzia de tijolos para montar uma churrasqueira, assim que você desocupar a casa, algum espertão entra lá e rouba. Funciona com roupas no varal, capacho, vassoura e até vaso de planta: o que estiver no quintal, é roubado. Então a única maneira de fazer os churrascos serem economicamente viáveis era utilizando-se da mesma estratégia local. Chegávamos, roubávamos os tijolos, fazíamos churrascos e assim que deixávamos a casa, éramos roubados. Como se fosse combinado.

E hoje este blog veste a touca de meia-calça e corre que a polícia vem aí pra te mostrar como se faz uma churraca de tijolo roubado. 

O primeiro ponto está na escolha dos tijolos. Pense em tijolos leves, grandes e fáceis de carregar, uma vez que é bom pensar que o ato ilícito pode acarretar em consequencias. No mínimo, é bom estar preparado pra correr. Um tijolo leve pode ser carregado junto na fuga. Tijolo grande significa que você vai precisar de poucos. Logo, o ato do roubo tem maiores chances de de transformar num sucesso. Depois você reza umas ave-marias e bate um papo com o papai do céu que tá tudo em casa. Voltemos, pois, aos tijolos.

Diga não ao tijolo de barro. Ele é leve e fácil de carregar, mas não é lá muito resistente. Não se esqueça de que vais meter fogo lá, e nós não queremos que a churraca desmonte na frente dos seus convidados, queimando o seu pé, espalhando as carnes pelo chão e te transformando em motivo de piada por toda a eternidade.

Falando em enternidade, fuja dos tijolos ou quaisquer outras peças do tipo Eternit, de amianto. O amianto vai esquentar e explodir na sua cara. Já tive uma experiência terrível com uma jardineira da minha mãe. Então estamos entendidos? Nada de barro, nada de amianto. E eu não pretendo me alongar sobre o caso da jardineira.


Esse quebra, não recomendo.
Esse aí de cima explode. Não invente moda e conserve seus dentes na boca.


Esse é o cara. Com vocês, o Bloco!


Simples, use tijolo de cimento. E você precisa de um número exato: 14. Só isso. 14 tijolos fazem uma churraca.

Inicialmente construa os pés da churraca. Você precisará de 6 tijolos de pé. 4, um em cada extremo e dois no meio. Agora deite 4 tijolos sobre esta estrutura. Eles devem ficar apoiados nas extremidades de cada base, e no meio. Ou seja: os tijolos do meio vão compartilhar o peso com os outros. Ok, terminada essa parte você já tem uma espécie de "mesinha", que é a base da sua churraca. Utilize, então, mais 4 tijolos para fazer o fundo e as laterais. Não precisa fechar na frente, pode deixá-la aberta mesmo. 

Tá pronta a tua churraca. A parte chata é que você tem que comprar uma grelha. Se o espírito de Hobin Hood se apossou da sua carne, pode roubá-la também. Mas este blog não recomenda, ok? Taque uma grelha em cima e manda brasa. 

Lembrando que este blog não se responsabiliza por hematomas, pontos e fraturas decorridas de tentativas mal-sucedidas de furto de tijolos. Se você encontra-se desprovido de aparato físico para atos ilícitos, recomendamos que compre os tijolos. 

Esta é uma obra de ficção. O fatos ocorridos aqui não têm, necessariamente relação com fatos reais. Ou não. 

Espetinho de camarão com areia da praia

Ah, as férias na praia.. Quem nunca passou férias inesquecíveis na praia que atire a primeira água-viva. 

Pois eu me considero um privilegiado. Como minha família tem raízes litorâneas, passei férias e mais férias na praia. Por muitas vezes, eu pisei descalço em poça de lama, naquelas intermináveis semanas de chuva. Comi muito pastel no Pezão, que depois criou a franquia Pastel do Trevo (e estragou tudo). Visitei númeras vezes o Forte São João e adorava admirar a orla do terraço, vendo os canhões e imaginando batalhas épicas naquele canal. Também fiz balada na Vila,  tomei batida no Oásis do Pedrão, pulei carnaval completamente embriagado e andei de banana. Pesquei no pontão, atravessei o canal de barco e fui de bonde até Itatinga. Atravessei o mesmo canal de balsa e peguei a trilha da Prainha. Visitei o SESC, tomei rabo de galo no Bud. Tomei outro rabo de galo no Bud, e mais outro. Tomei ponto e gesso precário no hospital. Isso tudo aconteceu numa época mágica da vida chamada adolescência. E o local mágico que me acolheu nessas aventuras foi um pedaço do paraíso bem pertinho do inferno chamado Bertioga


Bertioga, onde coisas estranhas acontecem. Aprecie com moderação.

Pois este blog mergulha nas profundezas do oceano pra degustar uma típica receita de praia: o espetinho de camarão. 

Pode ter certeza: em qualquer praia deste Brasil varonil, tem alguém de bermuda, chinelo e uma bandejinha de alumínio coberta com pano de prato, vendendo pequenos pedaços de felicidade frita e espetada. Do Oiapoque ao Chuí, tem. Em São Paulo, no Rio, na Bahia, tem. Se Minas tivesse praia, vendedor de espetinho de camarão também teria. 

A diferença é que nós não vamos fritar o camarão, e sim assá-lo na churrasqueira. Por dois motivos: o primeiro é que aqui a gente não fala de fritura, as coisas por aqui são feitas na churraca; o segundo é que fritar o camarão faz um furdúncio na cozinha da patroa, e na  brasa fica muito gostoso também. 

E o melhor de tudo é que essa receita chega a ser ridícula de fácil: espete o camarão, passe sal, coloque na churraca, conte até 10 e coma. Tá, vamos detalhar melhor esse processo pra não parecer que eu tou enrolando alguém aqui. Neste blog funciona assim: a gente promete, a gente entrega!

Fiz essa receita no auge da crise, quando o preço da carne encontrava-se impagável. Enquanto 1kg de picanha custava uns R$60,00, comprei uma bandeja com uns 300g de camarão vermelho com casca, congelado, por R$7,00. O legal do camarão vermelho é que ele é grandinho, e dá pra meter no espeto sem lambança. É importante ter casca pra ir pra brasa. E pra ficar com gostinho do camarão frito depois, né? 

É importante que ele esteja congelado, isso por um motivo operacional. Pegue um espeto duplo (pode usar varetinha de madeira também, deve ficar legal). Mexendo na bandeja dos camarões com a mão, você certamente começa a destacar um ou outro. Ele destaca da bandeja, mas continua duro. Aproveite a firmeza do camarão durinho e vá espetando todos, lado a lado, no mesmo sentido. Isso vai fazer toda a diferença na hora de assar. Sapeque sal fino, sem exagerar. Nem precisa se preocupar muito com isso, se ficar sem sal você coloca depois. 



Monta eles que nem criança na fila da escola: todo mundo no mesmo sentido, de um lado e de outro.

Montado o espetinho, manda pra brasa, nem muito no alto, nem muito perto do fogo. Você deve assá-lo, se lembrando de que se trata de uma carne sensível. Sabe quando o mulherio reclama que a gente não tem sensibilidade, e a gente tem que descer da boléia do caminhão e voltar todo cheio de dedos para com a dama? Pois então, trate o camarão assim: como uma donzela. No fim você vai acabar comendo mesmo... 

Coloque o espeto de maneira que fique com os rabinhos pra baixo. Vai assar num minuto, e dá pra notar que o camarão fica mais vermelhinho. Fica atento pra não passar que ele seca. Agora vire pro outro lado, de maneira que ele fique com as costas pra brasa. Deixe mais um pouquinho e tira do espeto, direto pra um prato. Sapeque limão, mas sem dó nenhuma. Experimente o primeiro. Se faltar sal, pode adicionar agora. Acho que você pode espalhar um pouquinho de alho frito, mas como eu não fiz assim, não posso garantir. 

Chame a galera e divirtam-se. Essa receita é bem legal pra ir fazendo enquanto assa um peixe, por exemplo. Como eu sempre digo, não faça a cagada de assar peixe e carne no mesmo churrasco, e isso vale também pro camarão. Entendeu, né? OU carne, OU peixe.

O espetinho de camarão assado na churraca fica muito parecido com o frito, porém mais suave e muito menos gorduroso. A mulherada vai agradecer por isso, e a sua coronária também.

Custo: R$7,00 a bandeja com 300g
Tempo de preparo: 3 latinhas na cozinha, uma na churraca.
Rendimento: a bandeja de 300g encheu o espeto duplo da foto duas vezes. Ou seja: não mata a fome, mas dá bastante.

UPDATE: este post vale uma breja em dedicação a todos os amigos que fiz em Bertioga. Gil, Vandras, Guê, Gustavinho, Lígia, Joinha... tenho muito orgulho de tê-los ao meu lado até hoje.

Espetinho de contra filé

Eu sou paulista. E tenho uma constatação a fazer: paulista é mesmo um povo sacaneado Brasil afora. No país todo, as mulheres andam no banco de trás do carro, mas quando isso acontece, sempre tem um pra chamar de "carro de paulista". Fogo, viu. O brasileiro, esse fanfarrão, sacaneia do nosso sotaque, diz que a gente fala "orra, meu". Mentira, a gente não fala assim, não. Aí vem o Faustão, aquele babacaço mega-chato de todo domingo e fala na TV: "Oooooorra meu, ô loco!". Pãtz, aí não tem jeito.. A gente acaba virando personagem do Caceta & Planeta, do Hermes e Renato, da revista Mad e, se vacilar, até da Turma do Didi.

Pois hoje este blog mergulha de cabeça na paulicéia pra falar de um tipo de churrasco tipicamente nosso: O espetinho. 

É, além dos carros, do maldito apresentador dominical e do sotaque, dizem por aí que churrasco de espetinho também é coisa de paulista. E nós vamos provar pra esse país inteiro que a gente pode fazer um simples espetinho surpreender gaúcho, mineiro, grego e troiano. 

Observação de cunho pessoal e instransferível: Pensando pelo lado churrasquístico da coisa, eu queria mesmo era morar no pantanal, que nem na novela. O cara acorda, abre a porta do quintal e encontra 3 mil cabeças de gado. Arreia o cavalo, escolhe uma, mata e corta. Faz um tapete com a pele, um berrante com o chifre, uma garrafa de pinga com a pata, um espanador com o rabo, separa cuidadosamente o contra-filé e ainda sobram 800 kg de carne. 

Seria legal, mas eu não sou de lá. Carne, aqui, só no açougue. E se você também não tá no pantanal, seu pai não tem um avião, seu quintal não vai até o horizonte e o tudo o que você sabe de lá é que a Juma Marruá vira onça e dá um puta trabalho quando isso acontece , dirija-se até o açougue mais próximo e peça 1kg de contra-filé cortado em bifes bem grossos, de 2 dedos de espesura. 

Vamos à receita. Como espeto, utilizei aqueles de bambu que vende no supermercado. Mas você pode arrepiar na criatividade e espetar no palito de dente, vareta de pipa, antena de carro, qualquer coisa. 

Corte o contra-filé em cubinhos, pouco maiores do que um dado do Banco Imobiliário. Se você teve infância, sabe do que eu tou falando. A carne já está em bife mesmo, fica fácil cortar em cubinhos. Se der, limpe a gordura, que às vezes vem cheia de nervos, que endurecem com o calor. Na hora de comprar o bifão, escolha uma peça mais limpinha que não dá erro.

Arruma uma cebola grande. Descasca ela. Corta em 4 pedaços e vai desmontando ela. Esses pedaços que ficam você vai utilizar pra montar o espeto.

Tenha em mãos um punhado de um tal tomate-cereja, que chamaremos, pois, de tomate-cer(v)eja. Acho que fica mais bacana, faz parte do nosso estilo. O tomate-cer(v)eja é um tomatinho do playmobil, bem pequeno, do tamanho de uma bola de gude. Putz, a ana maria braga vai lavar a égua se souber que fiz churrasco com uma fruta.  Bom, corte os tomates-cer(v)eja no meio. Isso vai fazer todo o sentido na hora de montar o espeto, e você vai entender porque o escriba deste pergaminho lançou mão de tão controverso ingrediente.

Jogue todo mundo: a carne em cubos, a cebola desmontada e os tomates pela metade dentro de um pote grande. Não esqueça que você tem 1kg de carne e você vai ter que mexer, então o pote tem que ser grande. Joga lá dentro aproximadamente uma xícara de café de um bom azeite. Já falamos que o azeite vem da oliva, que vem da oliveira, que deu a Luma de Oliveira, e não precisamos mais falar disso, ok?


Taí todo mundo querendo ir pra grelha. Mistura tudo e espeta. simples assim.

Uma vez o azeite lá, é a vez do orégano. Jogue-o no pote, juntoda carne, da cebola, do tomate-cer(v)eja e do azeite. Não precisa por muito, é como se você estivesse temperando um sanduíche. 

Ponha sal com a cautela que Deus lhe deu. Utilizei sal fino, mas acho que com sal grosso deve funcionar bem.

Agora vem o pulo do gato: Jogue, sobre tudo o que já tá lá dentro, mostarda escura. Pra se certificar, gaste um real a mais e compre uma mostarda de qualidade. Quanto melhores os seus ingredientes, melhor fica a comida, naturalmente. Jogue com parcimônia, já que a mostarda preta tem um sabor forte.

Com uma colher de pau, misture tudo. O cheiro que vai subir vai te enlouquecer, mas não se esqueça: ainda não é a hora de comer a carne, convém assá-la primeiro.

Bom, passado isto, chegou a hora de montar os espetos. É como brincar de Lego, só que suja a mão e você come depois. Espete na sequencia: cebola, carne, tomate, cebola. O tomate, cortado ao meio, deve ficar com o lado aberto diretamente encostado na carne. Isso tem um  porquê: o tomate pegou o tempeiro no meio dele. O tomate perde água quando aquecido. Essa água vai direto pra carne. Já imaginou o que acontece, né?




O espeto ainda fica estiloso, as gatas piram!

Fiz 1kg de espetos aqui e consegui fazer 2 churrascos. Uma das coisas que notei, é que o legal é colocar os espetinhos perto do fogo forte, e virar sempre pra assar por igual. Quando a carne ficar branca e nitidamente molhada, já tá legal pra comer. Não deixe passar, porque a carne seca e não fica tão batuta. 


Um quilo de contra-filé deu tudo isso de espeto.

Na hora de servir, faça como quiser. Tire dos espetos e sirva tudo separado, um espeto pra cada um, pouco importa. O que vale mesmo é que essa carne fica saborosíssima, e muito cheirosa. E fica pronta rapidão, no caso de receber um monte de gente em casa, você pode perder um tempo preparando antes, mas sai rápido e todo mundo adora.

Experimenta, faz esse espeto. Depois quero ver quem é que vai sacanear o nosso sotaque. Orra, meu!!

Custo: 13 cruzeiros o quilo de contra-filé, 2,50 os tomates e o resto é irrisório.
Rendimento: Uns 10 espetinhos, que alimentam 5 cabras da peste.
Tempo de preparo: 3 latinhas na cozinha, uma na churraca.

Músicas para churrasco

Churrasco não é só a carne. É também um evento, é todo um conceito de entretenimento interativo (cacilda, tou falando que nem publicitário). Churrasco tem que ter carne, tem que ter cerveja, que deixa todo mundo bêbado e incrementa a parte do entretenimento, tem que ter cerveja pra cacete, que deixa todo mundo bêbado pra cacete e incrementa também a parte da interatividade, churrasco tem que ter amigos, tem que ter um vira-lata olhando com fome pro churrasqueiro, tem que ter criança correndo, tem que ter véio reclamando que a carne tá dura (corega na dentadura, vovô!), vizinho reclamando da fumaça, mulher pedindo saladinha e tem que ter... música! E é disso que a gente vai falar hoje: de boas práticas para, além de encher as panças, preencher com música o eco da mente dos seus convidados.

Antes, alguns pontos importantes:
  1. Fagner faz apagar qualquer fogo. Esse lance dele querer ser peixe pra mergulhar no límpido aquário e bla bla bla é água demais pra um churrasco que preste. E peixe aqui a gente assa, e o Fagner não faz parte da nossa cadeia alimentar. Não ponha Fagner na sua vitrola;
  2. O cara do peixe é o Fagner ou o Wando? Não dá pra começar os nomes com as consoantes corretas?
  3. Se você mandar um Reginaldo Rossi, todo mundo vai dar risada. Mas recomendo averiguar do que, exatamente, todo mundo tá rindo. Não se esquece: chifre na churraca, só o do boi que tá deitado;
  4. Elvis não morreu, e nem você. Bote um som minimamente contemporâneo;
  5. Esquece o CD da novela: indiano não come carne. E ainda tem um monte de hábitos nojentos que, definitivamente, não combinam com churrasco;
  6. Amy Winehouse é legal, Janis Joplin, Jimi Hendrix também. Só cuidado com as substâncias ilícitas, a polícia costuma não gostar muito disso.. Além disso, haja carne pra hora que bater a larica na galera.
  7. Se passou pela sua cabeça mandar um Kenny G, pode parar por aqui. Seu lugar é no site da ana maria braga.
  8. Toca Rauuuuuuul!!! Raulzito é sempre bom.
Enfim, essa lenga lenga toda aí era pra falar da vontade de saciar a fome dos nossos aparelhos auriculares. E, como se a gente entendesse alguma coisa disso, este blog parte também para a seara cultural, e a partir de agora, vamos sugerir umas playlists aqui de bons sons pra ouvir nos churrascos da vida. 

Tá, mas aí a gente tá falando de gosto, e gosto é pessoal, que nem frieira, cueca véia e catoco de nariz: todo mundo tem, mas cada um com o seu. Então eu lanço aqui: que som combina com o teu churrasco? Dá a tua opinião aí nos comentários, que eu faço uma playlist no final da semana.

Uma maneira infernal de preparar o drumet

Já falamos aqui sobre o drumet com maionese e sopa de cebola, que fica uma delícia. Mas faz uma sujeirada danada, é maionese pra todo lado e sopa de cebola até no branco do olho. Se você tá com a mão no drumet e não tá afim de fazer sujeira (sem duplo sentido,ok?), te mando uma receitinha bico de preparar e que fica do jeito que o diabo gosta.

O drumet, como você já sabe, é uma espécie de coxinha pequeninha, que fica junto da asa, cheia de carne e pele. E frango, quando tem pele (no peito não tem, por exemplo), merece ser tostado pra deixar a pele crocante. E qual o segredo pra tostar a pele sem queimar a coxa? Já diria o hebreu, o mesopotâmio, o romano e o paraguaio: azeite, minha gente.

O azeite vem da azeitona, que vem da oliveira, que vem lá da Era Terciária, bem antes da gente aparecer na face da Terra. É um tempero porreta, qualquer coisa fica boa com um bom azeite. E pra você, que toma cerveja aos litros e fica com aquela pança sexy, pode encher a cara à vontade: tem gente dizendo por aí que azeite é bom até pra perder barriga. Além disso, o azeite é um símbolo presente em diversas religiões, o que me faz quase arrepender de dizer que a receita ficaria boa pra diabo. Mas como o blog aqui é meu e nem o seu Bento, o XVI, vai me tirar o capeta do corpo, vai ficar assim mesmo. Uma receita dos infernos!!

A oliveira também tem seu simbolismo. É a planta símbolo da paz. Quando acabou o dilúvio, Noé, o da Arca, além de reclamar da prefeitura recebeu uma pomba branca que o presenteou com um ramo de oliveira. Olha, eu também gosto da oliveira. Da Luma de Oliveira.

E no sétimo dia, Deus criou a Luma de Oliveira.

Agora que já sabemos tudo de olivas, oliveiras e azeite (valeu goooogle!), vamos ao franguinho que vai ficar o cão! 

Mete uma bandeja de drumet num pote. Uma bandeja costuma ter uns 10 ou 12 pedacinhos. Joga azeite, mais ou menos umas 4 colheres. Não vai medir com a colherinha que pega mal, tenha noção e despeja o azeite direto da garrafa/lata. Só de maldade, jogue um pouco de orégano, mais ou menos uma chacoalhada de pacote. Pra garantir o seu lugar no inferno, picote umas 5 folhinhas de manjericão fresco (de fresco, só o manjericão, pode tirar essa fantasia de Freddy Mercury) e misture tudo.

Agora vem a parte boa, vamos queimar isso tudo no mármore do infeeeeeeerno!!!! Uahahahahahaaaaa!!!!

Esse drumet é bom pro começo do churrasco, quando o carvão ainda não pegou pra valer. Isso porque algumas gotas do azeite inevitavelmente caem na brasa, atiçando o fogo, puxando o rabo do capeta e fazendo o inferno lá dentro. Então pode te poupar um certo esforço na hora de acender, e se o bicho já estiver pegando, você não taca mais combustível. 

Deita os drumets na grelha mais baixa, mais perto do fogo... onde o diabo gosta, você sabe. Deixa lá até começar a queimar por baixo. Vira e deixa ficar com cara de queimando do outro lado. Sem queimar, obviamente.. seja malandro e tire do fogo antes, ok?

Pronto. Agora basta procurar a primeira encruzilhada, mandar um Blues e esperar o cramulhão. Ofereça um pedaço a ele e mande lembranças por mim.

Se eu não fui direto pro inferno com essa, ninguém mais vai.

UPDATE: Muito bem lembrado pelo leitor Carlos, e muito mal esquecido pelo escriba deste ficheiro; eu esqueci de por sal no frango. Sabe o que é, Carlão.. É a Luma de Oliveira que me desorienta, parceiro. Faz uma busca no goooogle por Luma de Oliveira pra você ver se não vai esquecer o sal, o açúcar, o rumo de casa e a cor do cavalo branco de Napoleão. Bom, diante dos fatos, faço um adendo aqui: ponha sal fino na hora de misturar o frango com os demais ingredientes. Com moderação, não salgue demais, e não seja bichinha. Sem essa de cuidado com a pressão. Churrasco não tem isso, salga até ficar bom. 

Capitão Churrasco

Super herói é aquele cara que voa, que salva a humanidade, que tem superpoderes, tem visão raio x, mega força e o escambau. Mas o melhor herói de todos é esse aqui: O Capitão Churrasco!



Adorei a parte da água. hehe

É por isso que você é gordo

Aqui nesse blog a gente come BEM. Todo mundo aqui (incluindo os leitores) compartilha este espaço em busca de boa comida. E no nosso, caso, comer bem não significa necessariamente dieta balanceada, e a gente não tá aqui querendo te ver trocar a pança de cerveja pela barriga de tanquinho. Afinal, falamos de churrasco que, embora saudável, não é a base de nenhuma dieta, pelo menos nenhuma séria. 

Mas tem gente que estrapola. Quer ser um ogro? Vai no restaurante self-service e faz 8 pratos, faz um boi no rolete e come sozinho, caça um mamute, dá um jeito.. mas não faz nojeira com a comida. Isso eu não tolero. Essas coisas de misturar bacon com maça verde (ah, a ana maria braga..) não fazem parte da minha dieta, da minha moral e nem dos meus bons costumes. 

Agora dá uma olhada que genial que eu encontrei. É um blog chamado "É por isso que você é gordo. quando sonhos antecedem ataques cardíacos" (em inglês, ok?). É uma coletâneas de imbecilidades culinárias ao longo da net. Coisa de gente que passou do limite, que estrapolou todas as fronteiras do bom senso, e já tá tomando Diabo Verde pra desentupir as coronárias. Separei algumas pérolas aqui. Ainda bem que não tem nenhuma receita de churrasco :-)

Bom apetite, amigos!

Franparubacon: Um frango dentro de um pato, ambos dentro de um peru, enrolados em bacon.

Mc Gangbang: Um McChicken dentro de um double x-burger.

Hot dog de bacon com queijo: Salsicha enrolada com queijo, enrolados com bife, enrolados com bacon.
Nunca faça isso na sua churrasqueira. Nem fora dela.


Sanduba de presunto e ovos: Nada demais, se não fossem.. 11 ovos.


Pìcanha no rechaud

Rechaud é um nome meio esquisito. Isso é um fato, e se você não concorda comigo, nem precisa continuar a ler isso aqui. Rechaud me lembra gourmet, que me lembra coiffeur, que me lembra champignon, que me lembra abajour, que me lembra charles aznavour, que me lembra michel platini. O francês pode ser um cara legal, mas essa coisa de falar de biquinho a gente desconfia. Então começo esse post chamando o rechaud de rechô. Ponto, macho e viril: rechô.


Esse é o rechô. E, já que eu roubei a foto, retribuo com o link.
 Se for comprar, 
clique aqui.


Aqui em são paulo tá cheio de botequinhos iguais: eles têm cara de antiguinhos, têm mesa de madeira, televisão pra passar futebas, boas porções, garçons gente fina, cerveja Original e... picanha no rechô. Eles acendem o fogareiro embaixo do rechô, esquentam a chapa e queimam o teu bolso: te vendem a picanha inteira a R$60,00. Embora as picanhas de boteco sejam excelentes, esse lance de picanha inteira e meia picanha é uma sacanagem. A picanha inteira nunca passa de 500g, e a meia nunca passa de 300g. Ou seja: seu Manoel do boteco, seja honesto e venda meia 1/2 picanha e 1/4 de picanha, respectivamente, óquei?

Pois é, eu tinha um rechô. Um bom rechô. E o perdi da maneira mais ridícula possível; eu esqueci o rechô em casa. Aí você me pergunta: como assim, escriba? E eu te respondo, fiel escudeiro. Eu esqueci o rechô em casa... e mudei de casa! Ele ficou lá, desamparado no fundo do armário da lavanderia, vendo a mudança toda esvaziar o apartamento, esquecido.  Espero que o novo dono esteja honrando o nome do meu ex-rechô, assim como eu o fazia (Essa me comoveu. Se eu não fosse macho pacas eu tinha até chorado).

Em todos esses meses na casa nova, eu queria muito fazer uma picanha no rechô. Mas não queria comprar outro rechô, em respeito ao antigo. Então encontrei a solução para o meu dilema: comprei uma chapa de ferro!

É isso mesmo, rechô tem que ser de ferro. Nada de inox, nem teflon e nenhum metalzinho anti-aderente. Ferrão, parceiro, chapa pesada, é disso que eu tou falando.


Definitivamente, preciso de uma máquina fotográfica melhor.
Na última foto que o fogo apareceu, tava azul. Esse, tá rosa. Fogo rosa é complicado...

Funciona assim, basta acender o carvão, colocar a chapa de ferro logo acima e fazer a picanha. Se você já comeu uma picanha assim no barzinho, deve ter percebido que o rechô faz um furdúncio de tanto que espirra. Afinal, carne + gordura + chapa quente = lambança. O legal de fazer dentro da churraca é que a lambança ocorre lá dentro, e não te transforma num balde de sebo. 

Pra preparar não tem muito erro, não. Escolha uma picanha pequena. Se for preparar pra muita gente,  pense em comprar duas picanhas pequenas, no lugar de uma grande. Isso porque a picanha fica ali, coladinha no coxão duro, na alcatra e no filé mignon. Em picanhas grandes, você pode ter sido premiado com um pedacinho de outras dessas carnes, que endurecem no rechô (duplo sentido?). Corte a picanha em fatias finas, de pouco mais de um dedo de largura. Lembre-se: nem dedo de moça, nem cacho de banana. Estamos falando de dedos normais.

Tem gente que tira a gordura antes dela ir pra chapa, mas eu prefiro deixar. A gordura endurece no rechô (opa!) e não fica legal de comer, mas ainda assim ela derrete e deixa um gostinho bom. Então eu preparo a carne com a gordura e depois tiro na hora de servir. 

Pra assar, passe uma colherada de manteiga de qualidade sobre a chapa. Nada de margarina e outras merdas light. Se é pra ser light, prepara uma saladinha e dá o fora daqui.  Quando você jogar a manteiga, ela deve derreter fazendo aquele barulhinho legal de chapa quente. Se não fizer, deixe esquentar um pouco mais. Quanto mais quente a chapa estiver, melhor fica a sua picanha. 

Deitou a manteiga? Fez barulhinho? Hora da picanha, rapá!!!! Faça bife por bife, sem essa de tacar um monte de carne. Cada bife que você joga na chapa troca calor com ela, e a faz esfriar. Tenha paciência. Carne deitada, é hora de jogar o sal. Utilize sal fino, a carne vai ficar pronta muito antes de derreter o sal grosso. Deixa ela ali alguns segundos e vire, passe sal. Salgue com moderação, já diria a propaganda.

Agora faça a sacanagem, dê um pouquinho mais de manteiga pra ela beber. Um pouco, nem precisa caprichar, sob o risco de entupir as coronárias dos seus convidados. Fique atento à picanha até ela parecer marronzinha do lado de baixo, com umas marquinhas de queimado onde tem mais contato com a chapa. Vire e aguarde até ficar igual.

Pronto, é só cortar em fatias bem fininhas que vc ganha a galera. Não deixe esfriar, mande o pessoal comer rápido. O que não é difícil, diga-se de passagem.

Preço: preço de picanha, uai. Uns 20 cruzeiros uma picanha de 700g.
Tempo de preparo: rapidinho, meia lata pra cada fatia de carne.
Rendimento: o da picanha. 700 gramas forram 3 panças.

Peixe na churrasqueira: Corvina


- Qual o seu último pedido, dona Corvina?
- Um espetinho de camarão, por favor.

Dando uma busca gooogle afora sobre a linda e faceira personagem desse post, a corvina, descobri um lance que me cortou o coração: pra pescar a corvina, recomenda-se utilizar como anzol camarão vivo ou morto. Que que é isso, meu querido... Eu não sou adepto de jogar nem cerveja na carne, porque minha cerveja bebo eu e carne nenhuma vai tomar por mim, imagina só se eu vou dar um camarão pro peixe... Sem chance! Mesmo que eu pesque o sabichão pra mandar pra grelha, ainda assim perco o camarão. Isso porque não dá pra pegar o peixe e deitar na grelha logo de cara. Tem que limpar a nojenta barrigada, e aí, amigo.. Bau bau camarão. Deixa o Forrest Gump saber disso.

Resumindo: o que os olhos não vêem o coração não sente. Vá à peixaria mais próxima e compre a corvina pré-pescada, pré-mortinha da silva e limpa. Assim você economiza um camarão e se livra da nojeira.

De corvina em punho, vamos preparar o tempero dela. É um molho bem simples e sem segredo nenhum: sal grosso, limão e salsinha.


Simples assim: cobre o fundo do pote com sal grosso, põe bastante salsinha e espreme dois limões.

Tem gente que não gosta de colocar limão, porque, uma vez na churraca, escurece a carne do peixe. Não ligo muito pra isso, porque fica muito gostoso de qualquer jeito.

Com uma folha grande de papel alumínio embaixo do comedor de camarões, coloque o molho na barrigada, e passe por fora dele. Admito que não precisamos de todo esse molho que eu coloquei na pança do peixe. Poder ser mais comedido.

Tá aí a bichinha embrulhada, pronta pra deitar na grelha.

Uma vez temperado, embrulhe o peixe em papel alumínio e coloque na lancheira das crianças. Há! Imagina o susto da criançada abrindo a lancheira no recreio e encontrar um peixe lá dentro? Depois ninguém vai querer brincar de passa-anel. Uma fanfarrice!

Tá, voltando ao preparo do nosso shrimp-killer. Embrulhe com papel alumínio e manda pra churraca, que já deve estar acesa e quente. Põe num andar intermediário. Nem lá no alto (demora) e nem perto da brasa (torra por fora). Deixe por lá umas 8 latinhas. Vire com muuuuuuuito cuidado e tome mais umas 2 brejas.

Quando a sua intuição disser: "Vai filho. Faz o teu melhor", faça o teu melhor: abra o papel alumínio. Experimente dar uma garfada de leve pra ver como ficou o tempero. Se tiver pedaços de sal grosso, pode passar uma faca de leve pra tirar.

Momento Freddy Krueger: De um só golpe, arranque a cabeça do peixe, embrulhe numa caixa de veludo e mande para a sua sogra. Se quiser mandar para a minha, me procura que eu passo o endereço. Uma vez decapitado, abra o peixe pela barrigada, se possível retire toda a espinha (normalmente ela solta fácil), sapeque bastante limão na carne e tá pronto.

A melhor maneira de servir é promover a famosa pia de porco; dê um garfo pra cada participante e cada um vai tirando um pedacinho. 

Essa receita faz o gato miar!

Dica1: Quando fizer peixe, nem pense em fazer carne também. Mesmo embrulhado, o peixe pode perder líquidos, que caem na brasa e fica cheirando. Definitivamente, cheiro de carne e peixe misturado é lambança.

Dica 2: Dá pra fazer de boa na churraquinha elétrica, eu mesmo já fiz. Na pequena de carvão, dá pra fazer, se a brasa não estiver com chamas. Só não recomendo fazer em apartamento por causa do cheiro de peixe. Se você tem estômago forte, vai em frente.

Obs: Tenho um filho de 3 anos, o Rodrigo. Inocentemente, peguei o garoto no colo pra mostrar o peixe na pia. Ele se cagou todo, saiu chorando e correndo. Portanto, evite pesadelos e não sacaneie seus filhos: não deixe ao alcance das crianças. Mas que foi daí que nasceu a idéia da lancheira, foi.

IPDA: Essa corvina custou R$11,00. Uma bagatela.
Tempo de preparo: Uma lata na cozinha, 11 na churraca. Sirva bêbado.
Rendimento: Essa aí encheu 4 panças.

Chupa essa manga, Louro José!!!!



A dona Ana que nos desculpe, mas a gente avisou que o site dela não era lá essas coisas.. Vai no gooooooogle e digita "Abobrinha Churrasqueira".

Nossa receita de abobrinha aparece logo em TERCEIRO lugar. Você tem idéia de como é difícil aparecer bem assim no google com apenas 2 meses de vida?

Mas a nossa maior vitória não é essa. O melhor de tudo é que O POVO DECIDIU: Nossa receita de abobrinha aparece muito na frente da receita de abobrinha da ana maria braga que tá lá, amargando o SÉTIMO lugar. Dona Ana, foi mal ae, mas sétimo lugar não ganha medalha e não vai pra libertadores!!

Resumindo: Abobrinha na churrasqueira fica muito mais legal do que essa pizza de abobrinha do site da ana maria braga. Aliás, pizza de que???????? Jisuis, dona Ana. Faz pizza de queijo que isso funciona bem assim há séculos!!!!!!!!

UPDATE às 22:46: Uma das coisas mais legais de ter um blog é brincar com o Google Analytics. Sério mesmo, é bem legal se achar o Pedro Bial e achar que tá espiando todo mundo o tempo todo. Dá pra saber de onde vieram os leitores (acesso direto, links de outros sites, pesquisa no gooooogle, etc). Quando vem do gooooogle, dá pra saber quais foram os termos de pesquisa que levaram até o seu blog.

E o mais show de tudo é a gente saber que tá dando um verdadeiro pau de SEO no site da Ana Maria Braga (isso chama Search Engine Optimization, e é um conjunto de técnicas que fazem o teu site ficar bem colocado no gooooooogle).

A galera procura "Receita da ana maria braga" e cai aqui!! E lê receita de verdade, sem folhinha pra decorar o prato nem maionese de jiló (havia escrito com G e levei um ralo) e nem cuzcuz de rabanada. Há!! Adorei a brincadeira de hoje. Dá uma olhada nos termos mais procurados:


Adorei o "churrasco de gato receita". Espero que tenha ficado bom!

A maluquice do preço da carne




O Jornal Nacional, com William Bonner e Fátima Bernardes noticiou ontem a tristeza dos produtores de carne com a queda nas exportações e a verdadeira farra do boi que o brasileiro tá fazendo nos açougues desse nosso país tropical abençoado por Deus. Bora lá voltar um pouquinho no tempo:

Meados do final do ano passado, quebra-se o Lehman Brothers, todo mundo xinga a Lehman Mother e a economia mundial vai pelos ares, transformando o Jorge W. Moita no presidente do mundo mais carinhosamente lembrado da história da humanidade. Nesse mundo de economia loucamente globalizada, o mercado é uma grande reação em cadeia, sempre com um esperto querendo se antecipar ao outro esperto, e assim sucessivamente. Sabe aquela brincadeira das mãos, que um vai colocando a mão em cima da mão do outro, e nunca tem fim? Então, é mais ou menos assim. Só que sem freio.

Assim que a crise se instaurou, a primeira reação que tivemos aqui foi a disparada do dólar. Já se dizia há muito tempo que aquele dólar baixo não era real (sem trocadilhos, ok?), que em algum momento ele deveria voltar pra perto de R$2,00. 

E, assim que as verdinhas do tio sam começaram a encarecer por aqui, qual a primeira reação dos produtores de carne? Bora lááááááá negaaadaaaa!! Todo mundo exportar essa porra que nóis vai ganhar dinerooooooo!!! Com o dólar mais caro pra gente e o real mais barato pra eles, não tem negócio melhor do que usar o câmbio pra vender muito e encher o bolso do dindin deles que é mais caro que o nosso. E o preço da carne aqui disparou. 

Cheguei a ver no supermercado uma peça de picanha de 1,900kg (uma picanha jamais tem esse peso, depois explico melhor) por míseros R$70,00. Ou seja: o dono do boi, o fanfarrão, mandou o boi bão pra prateleira do seu Helmut, do seu Gennaro, do mr. John, ou do seu Manuel do açougue da Ilha da Madeira.... e a gente ficou com a raspa do tacho de carne ruim e cara por aqui, que não é Ilha da Madeira, mas todo mundo tem cara de pau. 

Só que eles se esqueceram de um detalhe: a crise pegou forte no bolso da rapazeada acima do equador, muito pior do que aqui (eu tenho medo disso). E eles não estão comprando a carne mais barata, estão comprando carne NENHUMA! Ou seja: quebraram a cara, espertalhões! Deve ter sido as pragas que roguei contra as almas desses senhores, que me fizeram estrear um blog sobre churrasco sem poder preparar uma picanha, paixão nacional depois da cerveja, da bunda e de sacanear o Galvão Bueno.

Nesse momento, criadores de gado do Brasil com suas faces devidamente quebradas, nós, os pobres e inofensivos churrasqueiros, podemos agradecer a volta das carnes decentes a um preço honesto nas prateleiras dos açougues. 

PS: Por conta do sumiço da carne boa nessa crise, eu fiz pouquíssimas receitas de picanha, não postei aqui nenhuma de costela de porco, nenhuma de maminha... simplesmente porque não se achava peças minimamente honestas desse tipo de carne. Claro que queremos o fim da crise e o restabelecimento da felicidade plena que só o dinheiro nos oferece, mas também torcemos pra que as boas carnes voltem a ilustrar nossas prateleiras até o dia do juízo final.

Churrasco de apartamento: o que fazer?


É, não dá pra fazer um boi no rolete, mas vá lá.
Isso é uma churraca. Imagina a gordura pingando nos andares de baixo.
Compre isso aqui.

Certa vez escrevi aqui neste boteco sobre churrasco de apê. Naquele momento, dei a primeira dica, sobre a decisão de compra entre a churrasqueirinha elétrica ou a de carvão. Vale a pena dar uma lida, uma decisão errada nessa hora pode te custar um carão na reunião de condomínio. Ou uma multa, o que é pior ainda.

Leu? Já sabe que tipo de churraca usar? Pois hoje vamos lustrar as nossas mentes e descobrir quais são as carnes mais adequadas pra se fazer em churraquinhas pequenas. E olha que disso eu entendo, pois morei muito tempo no penúltimo andar e fazia churrasco de sacada toda santa semana. Sem multas e sem reclamação, praticamente um recorde. Tá, a amizade com os porteiros do prédio contaram um pouco, mas tá valendo.

Vamos imaginar a seguinte e hipotética situação: Você vai receber um grupo de 4 amigos em casa, fora você e a sua patroa. Se você for solteiro, recomendo que convide uma garota. Se não tiver patroa, e sim patrão, recomendo que vá imediatamente ao site da ana maria braga ou do chef alex atala, que lá eles decoram os pratos com folhinhas.

Então temos 6 barrigas famintas para alimentar, correto? E apenas uma churraca pequena pra preparar tudo, correto? Pense, então, em carnes que ficam prontas rapidamente e que podem ficar perto da grelha. Pense nisso aqui:
  1. A picanha em fatias é perfeita. Fica pronta rapidinho, todo mundo gosta e fica boa de fazer o gato miar. Uma dica que funciona bem na picanha fatiada de churraquinha é dar uma passada de manteiga nela. Outra dica é usar sal fino, pois, dependendo do calor da churraca ela fica pronta muito rápido e não dá tempo do sal grosso derreter, deixando tecos de sal pro pessoal morder, o que não é educado e não conserva os dentes na boca. E não ponha ela na churraca se não estiver bem quente, senão ela endurece, óquei? 
  2. Linguiça. Não vou linkar o post da linguiça cuiabana porque ela não pode ficar tão perto do fogo, e demora pra sair. Mas uma boa linguiça fica legal na churraca pequena. Em qualquer supermercado você encontra umas linguiças legais, daquelas tipo premium. Tem uma, em especial, do "Rei da Linguiça" (ô nominho infame, dotô), recheada com queijo e orégano que é muito legal. Custa mais caro do que uma linguiça normal, mas não chega a ser um absurdo. Só precisa ficar atento pra não furar linguiça recheada (o nome recheada te diz alguma coisa? Mantenha o recheio lá dentro) e pra ela não vazar ao virar.
  3. Queijo coalho, particularmente, tem vocação pra ficar muito bom nas churraquinhas pequenas. 
  4. Coraçãozinho de frango fica bom, mas tem que tomar um certo cuidado, pois ele fica o tempo todo perto do fogo. Recomendo usar sal fino nele também.
  5. Ah, a abobrinha.. Se não fosse as garotas (leia o post das abobrinhas até o fim), eu jamais teria olhado uma abobrinha com respeito nessa vida.. Obrigado por vocês existirem (as garotas, não as abobrinhas, que fique claro). Fica bom na churraquinha e não precisa de nenhum cuidado especial. Só demora um pouco, então não encha a churraca disso. Reserve um espaço pra ir colocando outras coisas.
Tá feito: só nessas dicas você já tem um churrasco pra 6 pessoas, até um pouco mais. Ainda dá pra tentar outras coisas, até costelinha de porco eu já fiz. 

Só não tente fazer carnes grandes ou que necessitem de muito tempo na churraca. Essas, geralmente tem que ficar lá no alto. E quando eu falei "lá no alto", li a sua mente e vou me antecipar à merda: não tente fazer gambiarra, meu filho. Entenda que a churraca pequena tem seus limites, quando quiseres fazer uma ponta de agulha, um cupim ou um cordeiro, use uma churraca decente.