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Fogo na bomba: como acender a churraca

Quando você chega num churrasco e vê ali aquela fumaceira, ossos e outros lixos na mesa, gente alegremente bêbada caída pelos cantos e toda aquela atmosfera tipo "o capeta passou por aqui" que fica depois de um churrasco, você, o curioso leitor, se pergunta: Meldels, mas como é que isso foi começar?

Eu te respondo: o churrasco começa, oficialmente, quando mete-se fogo no carvão. É como o tiro pro alto nos 100 metros rasos, o "atenção emissoras da rede globo para o top de 5 segundos", ou a luz verde na fórmula 1 que, tirando o rubinho, bota os pilotos pra correr, o willian bonner pra falar e as nossas queridas e saborosas carninhas pra assar. Risca o fósforo, 1 2 3.. Valendo!

E essa hora de acender a churraca é especialmente peculiar. Cada churrasqueiro tem uma técnica milenar. Algumas interessantes, outras bizarras. Vou comentar aqui algumas, que já vi pessoalmente:
  1. O famoso túnel de jornal: Funciona assim: o camarada pega uma garrafa de cerveja, faz um rolinho com o jornal, enrola na garrafa. Depois tira a garrafa, e coloca aquele negócio na churraca. Joga uma golada de álcool, e despeja o carvão em volta, deixando o meio oco. A técnica é interessante porque utiliza bem a passagem do ar no túnel, mas tem seus pontos fracos. O primeiro é que dá trabalho enrolar a parada, apoiar os carvões e o escambau. O segundo é que usa papel. Acho uma grande bobagem acender o fogo com jornal. Pensa comigo: a fumaça é expelida pra cima, certo? Aí, o caderno de TV queima os resumos de novela, a ana maria braga e o louro josé de uma só vez, e vira uma espécie de fuligem, certo? E o que tem logo acima do fogo, geralmente é a sua carne, certo? E aí essa fuligem gruda na sua carne e você pode aproveitar pra ler as notícias encrustradas na sua picanha. Show!
  2. Uma certa vez, um animal que não me recordo quem era, usou uma técnica qualquer, e na hora de acender, jogou no carvão a bituca do cigarro que ele tava fumando. Não interessa a técnica, se você for porco assim, quem merece ser queimado é você, e não o churrasco. Não se esqueça de que a sua churrasqueira é um local pra fazer COMIDA, e não uma lata de lixo.
  3. A terceira técnica é bastante interessante, o rodapé de latinha. Funciona assim: você pega uma faca e destrói a latinha, de maneira que você consiga retirar apenas o fundinho dela. Aí você joga um pouco de óleo de cozinha no fundinho, acende e monta um predinho de carvão em cima. Olha, essa é uma técnica muito legal, porque o fogo do óleo é muito mais duradouro, vai pegar no carvão de qualquer jeito, mesmo que ele não esteja muito seco. O único probleminha é a perícia metalúrgica necessária à execução. Primeiro você tem que destroir a latinha com uma faca. O que pode, além da latinha, destruir o fio da sua faca. Se você fizer isso com a minha faca, perdeu a amizade, isso é um fato. O segundo problema é que, além de destruir a latinha e, eventualmente, o fio da sua faca, você ainda corre um sério risco de destruir a sua mão. Principalmente se foi você o folião que entornou aquela latinha. Mais ainda se você enxugou aquela latinha e mais algumas iguais a ela. Ou seja: com aquele alumínio fininho e a sua delicadeza de parafuso de trator, corre o risco de se cortar feio antes do churrasco começar, e passar o churras todo na base do band-aid. Mico na certa. Essa técnica é só pros bons. Se tu é tosco, esquece essa.
  4. O incinerador maluco: Essa é pra você descontar aquela raiva extra. Funciona assim: Joga todo o carvão que conseguir carregar dentro da churraca. Depois, empunhe o vidro de álcool (por favor, nada de álcool gel ou outras franguelices. Estou falando de álcool 96 graus, coisa de gente grande). Ok, encharque o carvão. Assim mesmo, sem critério, sem carinho e sem perdão. Agora é só encarnar o Nero e acender o fósforo. Recomendo tomar uma certa distância, pois essa costuma mandar Roma pelos ares. É a técnica preferida dos mais sem-noção, mas admitamos que funciona. Se o objetivo é pegar fogo, essa pega.
  5. A minha preferida: Pão velho. Eu sempre guardo pão velho aqui em casa. Tem uma gavetinha na fruteira onde eu vou guardando os restos de pão. Sempre que preciso acender a churraca, pego um tequinho, jogo um pouco de álcool, coloco no fundo da churraca, cubro com carvão e mando um fósforo, tomando o cuidado necessário pra acender o pão. Cabou-se. O pão demora um tempinho pra terminar de queimar, isso é o suficiente pra pegar no carvão. Além disso, o cheiro do pão queimando é bem mais legal do que jornal ou óleo, né?

Técnica muito utilizada pelos exércitos pretos em Omsk, no Aral e no sul da Dudinka.
Compreende segurar cartaz do bigodudo, jogar álcool sobre o próprio corpo,
acender o fósforo e pular na churrasqueira.

Eu acho que todas as técnicas são válidas, desde que respeitem um certo índice de limpeza. Não utilize jornal, querosene, gasolina, essas coisas. Não esqueça que a sua carne vai ficar muito perto desses ingredientes, e qualquer cheiro ou gosto adicional na carne é bobeira.

No final das contas, o que interessa mesmo é conseguir acender. Uma vez acendida a churraca, tá dado o start no seu churras e daí pra frente é só alegria.

E você? Qual a sua técnica milenar pra botar fogo na parada?

Carvão é um saco

O carvão é o apetrecho mais injustiçado da história do churrasco. Isso porque, a menos que você utilize uma churrasqueira elétrica, a gás, ou queime as cadeiras da sala da sua mãe, você, invariavelmente, precisa de carvão pra fazer um churrasco. O problema é que ninguém se importa com o carvão, a menos que ele falte.

Carvão é coisa séria, parceiro. Você sabia que, nos idos de mil-novecentos-e-vovó-mocinha, usava-se o carvão como combustível para trem? Isso mesmo, o carvão que vai na nossa churrasqueira é capaz de mover um trem. Praticamente uma churrasqueira ambulante. E se ele é capaz de mover um trem, imagina o que ele é capaz de fazer com uma picanha?

Tem indústria que usa carvão pra aquecer seus fornos, tem gente que usa o carvão pra desenhar, e a gente, que não é maquinista, nem metalúrgico e nem artista, mete fogo na parada e bota o carvão mesmo é pra torrar na churrasqueira. Vamos ao mercado, voltamos com o famoso saco de papelão, inserimos as pedrinhas da alegria na churrasqueira, um teco de álcool e pronto: tá feito o inferno na sua churraca e agora é só deitar a sua carne. Sua não, a da vaca, no caso.

Pois é, mas ultimamente, esse carvãozinho no saco de papelão só tem me dado tristeza. Vocês também tem notado como caiu a qualidade do carvão? Pelo menos aqui em são paulo, comprar um carvão bom virou uma atividade dos infernos.

Você vai no mercado e compra as carnes, sal, cerveja e carvão. Sai de lá portando um churrasco inteiro com você. Aí você chega em casa, abre o saco de carvão e percebe que ali tem uma ou outra pedra grande, e o resto é, literalmente, só o pó, uma espécie de farofa de churrasco. E você até consegue acender a churraca com esse pó, mas depois de aceso, basta jogar a maldita farofa de carvão sobre o fogo pra apagá-lo. Mas porque diabos os fabricantes não colocam apenas as pedras grandes no saco? Ora, seus fabricantes, olhem direito para os vossos sacos!!

Pois pode preparar a vinheta das Organizações Tabajara, porque os seus problemas acabaram!! Vou te dar a dica que me deram (sic) e resolver os seus problemas carvorais. Desde que você more em são paulo, claro. Desde que tenha disposição pra se mover até a avenida Tancredo Neves, claro. E desde que tenha 30 cruzeiros nesse bolso furado. Portanto, se você não conseguiu cumprir os 3 requisitos mínimos para continuar lendo este post, lamento, parceiro, mas você vai continuar chorando sangue, suor e cerveja a cada vez que abrir um saco de carvão.

O nome da solução mágica responde ao nome de Carvão Gaúcho. Antes que me pergunte, eu não conheço o Seu Gaúcho, nem sequer sou gaúcho e não tou recebendo nada pra escrever isso aqui, embora agradeceria se o Seu Gaúcho mandasse umas sacas de carvão lá pra casa.

Isso mesmo que você leu: sacas. O Carvão Gaúcho, além de vender nos mercados, açougues e botecos vagabundos Brasil afora, também tem uma loja, cuidadosamente escondida num bairro ruim de São Paulo. E, nessa loja, eles vendem SACAS de carvão. A um preço honestíssimo, que faz valer a pena o perigo de adentrar a região.

E é nesse pequeno parque de diversões do churrasqueiro que você pode ter o prazer de comprar uma saca de 15kg do mais puro carvão, pagando apenas 30 mangos. Ou seja, enquanto o seu Abílio tem coragem de cobrar R$7,00 num saquinho de 2,5kg de um carvão de péssima qualidade, o Seu Gaúcho te olha feio, mas cobra 2 reais o kg. E o mais legal é que o Seu Gaúcho é um cara de visão. Ele separa as pedronas de carvão da farofa, porque ele sabe que a pedreirada nesse mundão de Deus precisa usar alguma coisa pra encher laje, e essa farofa pode muito bem ser usada pra isso. Então, uniu o útil ao agradável e vende um carvão excelente a um preço honestíssimo.

Tá dada a dica. Nem vou dar o endereço, porque o site do Seu Gaúcho é um espetáculo à parte e vale a visita. O site até é bem feitinho, mas tem pequenos detalhes que só um vendedor de carvão é capaz de proporcionar. O endereço da loja está na página "Contato", onde você vai encontrar uma simpática chaminha pegando fogo ao lado do título, e a foto de recepcionista mais mal cortada da história do Photoshop. Deleite-se: www.carvao.com.br.

UPDATE: O nosso amigo André Ogrodoy, que rabisca o conteúdo de sua mente no blog Ogros na Cozinha, mandou uma bela dica para aqueles que gostam de flertar com a gambiarra. Diz ele que aprendeu na argentina. Corre lá pra ver que a dica é boa!

Especial Churrasqueiras: A incrível churrasqueira elétrica

Estamos de volta com mais um capítulo da série Especial Churrasqueiras, que vai te ajudar a escolher o melhor lugar pra deitar o seu bife. Isso é um oferecimento das Organizações Gato na Grelha. 

No último capítulo, experimentamos a tal churraquinha de papel, que tinha tudo pra dar errado... e deu. O acendedor atômico de urânio enriquecido que veio maliciosamente camuflado no meio do carvão chamuscou a minha sombrancelha, torrou a carne e até a própria churrasqueira, acabando com o churrasco e quase causando um incêndio. Ou seja: siga o óbvio, churrasqueira de papel não funciona e não faça isso em casa. Nem fora dela.

Desta vez, vamos experimentar mais uma que tem tudo pra dar errado. Onde já se viu um cara que acha que entende de churrasco confiar numa churrasqueira que tem que enfiar na tomada pra funcionar? Pois é, mas nós torcemos o nariz, demos de ombro, fizemos beicinho (menos a ana maria braga, que fez beição mas ninguém notou porque o botox tava duro), mas acabamos por morder a língua e levar uma bica. E esta anatômica oração só serviu para que morfológica ou sintaticamente admitamos que a churraquinha elétrica surpreendeu os nossos enegrecidos corações e provou que funciona sim senhor. E funciona bem merrrrrmo.

Como já disse num post sobre churrasco de apartamento, o que vai determinar se você vai ter uma churrasqueira elétrica ou a carvão na sua casa é uma razão entre o andar em que você mora e a dureza da sua convenção de condomínio. Se você optou pela elétrica, este post é pra você, iluminado leitor.

O esquema da churraquinha elétrica é bem simples. Tem uma resistência que fica logo abaixo da grelha esquentando a carne. Abaixo dela, uma bandeja armazena a gordura que escorre. E é aí que mora a genialidade deste invento que orgulharia mr. Thomas Alva Edison.


- Oh, my God!! Eles estão deitando o gatinho no grelha!!

Sente a estratégia: a gordura escorre e cai na água. Esta, por sua vez, está próxima da resistência, que encontra-se a meio caminho da água e da grelha. E como pau que bate em Chico bate também em Francisco, se a resistência esquenta a carne, esquenta também a água. Que evapora.. na carne! É, salvo as proporções gastronômicas e astronômicas de ambas, o mesmo princípio que faz a gordura cair no carvão, queimar e subir de volta à carne em forma de fumaça. Essa é a mágica do churrasco. E a churraquinha elétrica cumpre honestamente o seu papel nesse sentido. Mas como a gordura não é queimada, não faz tanta fumaça. Quase nada, pra falar a verdade.

Churracas elétricas consomem uma energia lascada. E um churrasco nunca é um evento rápido. Portanto, se você tem costume de fazer churrasco com frequencia, recomendo procurar outra alternativa. A menos que faça parte dos seus planos sobrecarregar Itaipu e apagar o Paraguay, o que não deixa de ser uma boa idéia. Mas pense na sua conta de luz e evite o greenpeace na porta da sua casa. Essa churrasqueira quebra o galho com propriedade, mas não é pra ser usada com frequencia. 

Como ela é bem pequena, deve ser acomodada em cima de uma mesinha. Nessa hora, recomendo atenção ao tipo da mesa. No apartamento da praia, temos uma dessas, e no primeiro churrasco, apoiei a churrasqueira na mesa da sacada. A mesa era de ferro, e eu tava descalço. Não preciso nem contar o que aconteceu, né? Foi um choque atrás do outro. Como nós gostamos de tomar cerveja durante os churrascos, e não tomamos pouca, o risco de levar um choque e pegar fogo é grande. E eu não acho que seja uma visão agradável pros seus convidados verem um churrasqueiro em chamas num churrasco onde, teoricamente, nem deveria haver fogo. Portanto, mesa de madeira e um chinelão podem ajudar a salvar a tua vida.

Se pegar fogo, não dirija.

Quanto às carnes, dá pra fazer uma porção delas. Picanha em bifes fica perfeita. Costelinha de porco também já fiz, e fica legal. Linguiças em geral, frango, fraldinha, maminha. Até peixe eu já fiz e ficou muito bom. Apenas evite carnes que precisam de um longo tempo de churraca, como costela bovina e cupim. Primeiro porque elas tendem a queimar por fora e não assar direito por dentro, e outra porque uma churraquinha dessas ligada durante muito tempo pode causar um blecaute na sua cidade.

Veredito: tá aprovada. Descobrimos que as resistências servem, além de fazer chuveiro, aquecedor e chocadeira, pra fazer churrasco. Essa sim foi uma experiência bacana.

Comparando, é como o Palmeiras contratar o Obina: você tem certeza de que não vai dar certo, mas no fim.... Bom, no fim eu não quero nem ver. E esse papo de obina me fez perder a fome.

Especial Churrasqueiras: Churrasqueira de tijolo roubado

Tiozão economicamente privilegiado mostrando como é que se faz.
Agora, me responda: de que adianta ter um porsche se você faz churrasco de linguiça e hambúrger?
Explica pra gente, tiozão!


No post anterior, falei sobre as férias na praia, e o quanto me considero um privilegiado pelas coisas e pessoas maravilhosas que a adolescência em Bertioga me proporcionou. Enquanto escrevia o post, uma memória me veio à tona, mas decidi não fugir muito do assunto, o camarão, e deixei a tal memória pra outro post. Este aqui, no caso.

Mas antes, preciso fazer uma rápida explanação sobre como funcionam as coisas naquele sagrado pedaço de solo. Bertioga não é lá uma grande cidade, cheia de indústrias, hotéis de luxo e motel com cavalinho rampante na porta. Basicamente, vive de turismo, pastel, bar e igreja envagélica. E com todo o respeito aos Bertioguenses, turistas, pasteleiros, bêbados e evangélicos, concordemos: Bertioga vive extremos. No final de semana, vemos enxurradas de SUVs e outros carrões nas ruas. Nos dias normais, apenas bicicletas e Gurgéis. Resumindo: o caiçara de lá é, via de regra, um cara pobre. Além de pobre, brasileiro. Além de pobre e brasileiro, é ladrão de tijolo. E isso inclui a minha pessoa, mas já chegamos nessa parte. 

Durante muito tempo, nós ficávamos hospedados na casa de uma tia, que não se incomodava de emprestar seu confortável imóvel para uma horda de bárbaros, que chamaremos hipoteticamente de "nós". Horda essa que gostava, entre outras coisas, de fazer churrasco. Mas a casa não tinha churrasqueira, e não dava pra comprar uma churraca portátil a cada vez que pisássemos por lá. Então surgiu a brilhante idéia de montar uma com tijolos. E aí vem a pergunta: mas que tijolos, honorável escriba? Respondo: roubados, meu honesto leitor.

É assim: em Bertioga, se você comprar uma dúzia de tijolos para montar uma churrasqueira, assim que você desocupar a casa, algum espertão entra lá e rouba. Funciona com roupas no varal, capacho, vassoura e até vaso de planta: o que estiver no quintal, é roubado. Então a única maneira de fazer os churrascos serem economicamente viáveis era utilizando-se da mesma estratégia local. Chegávamos, roubávamos os tijolos, fazíamos churrascos e assim que deixávamos a casa, éramos roubados. Como se fosse combinado.

E hoje este blog veste a touca de meia-calça e corre que a polícia vem aí pra te mostrar como se faz uma churraca de tijolo roubado. 

O primeiro ponto está na escolha dos tijolos. Pense em tijolos leves, grandes e fáceis de carregar, uma vez que é bom pensar que o ato ilícito pode acarretar em consequencias. No mínimo, é bom estar preparado pra correr. Um tijolo leve pode ser carregado junto na fuga. Tijolo grande significa que você vai precisar de poucos. Logo, o ato do roubo tem maiores chances de de transformar num sucesso. Depois você reza umas ave-marias e bate um papo com o papai do céu que tá tudo em casa. Voltemos, pois, aos tijolos.

Diga não ao tijolo de barro. Ele é leve e fácil de carregar, mas não é lá muito resistente. Não se esqueça de que vais meter fogo lá, e nós não queremos que a churraca desmonte na frente dos seus convidados, queimando o seu pé, espalhando as carnes pelo chão e te transformando em motivo de piada por toda a eternidade.

Falando em enternidade, fuja dos tijolos ou quaisquer outras peças do tipo Eternit, de amianto. O amianto vai esquentar e explodir na sua cara. Já tive uma experiência terrível com uma jardineira da minha mãe. Então estamos entendidos? Nada de barro, nada de amianto. E eu não pretendo me alongar sobre o caso da jardineira.


Esse quebra, não recomendo.
Esse aí de cima explode. Não invente moda e conserve seus dentes na boca.


Esse é o cara. Com vocês, o Bloco!


Simples, use tijolo de cimento. E você precisa de um número exato: 14. Só isso. 14 tijolos fazem uma churraca.

Inicialmente construa os pés da churraca. Você precisará de 6 tijolos de pé. 4, um em cada extremo e dois no meio. Agora deite 4 tijolos sobre esta estrutura. Eles devem ficar apoiados nas extremidades de cada base, e no meio. Ou seja: os tijolos do meio vão compartilhar o peso com os outros. Ok, terminada essa parte você já tem uma espécie de "mesinha", que é a base da sua churraca. Utilize, então, mais 4 tijolos para fazer o fundo e as laterais. Não precisa fechar na frente, pode deixá-la aberta mesmo. 

Tá pronta a tua churraca. A parte chata é que você tem que comprar uma grelha. Se o espírito de Hobin Hood se apossou da sua carne, pode roubá-la também. Mas este blog não recomenda, ok? Taque uma grelha em cima e manda brasa. 

Lembrando que este blog não se responsabiliza por hematomas, pontos e fraturas decorridas de tentativas mal-sucedidas de furto de tijolos. Se você encontra-se desprovido de aparato físico para atos ilícitos, recomendamos que compre os tijolos. 

Esta é uma obra de ficção. O fatos ocorridos aqui não têm, necessariamente relação com fatos reais. Ou não. 

Peixe na churrasqueira: Corvina


- Qual o seu último pedido, dona Corvina?
- Um espetinho de camarão, por favor.

Dando uma busca gooogle afora sobre a linda e faceira personagem desse post, a corvina, descobri um lance que me cortou o coração: pra pescar a corvina, recomenda-se utilizar como anzol camarão vivo ou morto. Que que é isso, meu querido... Eu não sou adepto de jogar nem cerveja na carne, porque minha cerveja bebo eu e carne nenhuma vai tomar por mim, imagina só se eu vou dar um camarão pro peixe... Sem chance! Mesmo que eu pesque o sabichão pra mandar pra grelha, ainda assim perco o camarão. Isso porque não dá pra pegar o peixe e deitar na grelha logo de cara. Tem que limpar a nojenta barrigada, e aí, amigo.. Bau bau camarão. Deixa o Forrest Gump saber disso.

Resumindo: o que os olhos não vêem o coração não sente. Vá à peixaria mais próxima e compre a corvina pré-pescada, pré-mortinha da silva e limpa. Assim você economiza um camarão e se livra da nojeira.

De corvina em punho, vamos preparar o tempero dela. É um molho bem simples e sem segredo nenhum: sal grosso, limão e salsinha.


Simples assim: cobre o fundo do pote com sal grosso, põe bastante salsinha e espreme dois limões.

Tem gente que não gosta de colocar limão, porque, uma vez na churraca, escurece a carne do peixe. Não ligo muito pra isso, porque fica muito gostoso de qualquer jeito.

Com uma folha grande de papel alumínio embaixo do comedor de camarões, coloque o molho na barrigada, e passe por fora dele. Admito que não precisamos de todo esse molho que eu coloquei na pança do peixe. Poder ser mais comedido.

Tá aí a bichinha embrulhada, pronta pra deitar na grelha.

Uma vez temperado, embrulhe o peixe em papel alumínio e coloque na lancheira das crianças. Há! Imagina o susto da criançada abrindo a lancheira no recreio e encontrar um peixe lá dentro? Depois ninguém vai querer brincar de passa-anel. Uma fanfarrice!

Tá, voltando ao preparo do nosso shrimp-killer. Embrulhe com papel alumínio e manda pra churraca, que já deve estar acesa e quente. Põe num andar intermediário. Nem lá no alto (demora) e nem perto da brasa (torra por fora). Deixe por lá umas 8 latinhas. Vire com muuuuuuuito cuidado e tome mais umas 2 brejas.

Quando a sua intuição disser: "Vai filho. Faz o teu melhor", faça o teu melhor: abra o papel alumínio. Experimente dar uma garfada de leve pra ver como ficou o tempero. Se tiver pedaços de sal grosso, pode passar uma faca de leve pra tirar.

Momento Freddy Krueger: De um só golpe, arranque a cabeça do peixe, embrulhe numa caixa de veludo e mande para a sua sogra. Se quiser mandar para a minha, me procura que eu passo o endereço. Uma vez decapitado, abra o peixe pela barrigada, se possível retire toda a espinha (normalmente ela solta fácil), sapeque bastante limão na carne e tá pronto.

A melhor maneira de servir é promover a famosa pia de porco; dê um garfo pra cada participante e cada um vai tirando um pedacinho. 

Essa receita faz o gato miar!

Dica1: Quando fizer peixe, nem pense em fazer carne também. Mesmo embrulhado, o peixe pode perder líquidos, que caem na brasa e fica cheirando. Definitivamente, cheiro de carne e peixe misturado é lambança.

Dica 2: Dá pra fazer de boa na churraquinha elétrica, eu mesmo já fiz. Na pequena de carvão, dá pra fazer, se a brasa não estiver com chamas. Só não recomendo fazer em apartamento por causa do cheiro de peixe. Se você tem estômago forte, vai em frente.

Obs: Tenho um filho de 3 anos, o Rodrigo. Inocentemente, peguei o garoto no colo pra mostrar o peixe na pia. Ele se cagou todo, saiu chorando e correndo. Portanto, evite pesadelos e não sacaneie seus filhos: não deixe ao alcance das crianças. Mas que foi daí que nasceu a idéia da lancheira, foi.

IPDA: Essa corvina custou R$11,00. Uma bagatela.
Tempo de preparo: Uma lata na cozinha, 11 na churraca. Sirva bêbado.
Rendimento: Essa aí encheu 4 panças.

Churrasco de apartamento: o que fazer?


É, não dá pra fazer um boi no rolete, mas vá lá.
Isso é uma churraca. Imagina a gordura pingando nos andares de baixo.
Compre isso aqui.

Certa vez escrevi aqui neste boteco sobre churrasco de apê. Naquele momento, dei a primeira dica, sobre a decisão de compra entre a churrasqueirinha elétrica ou a de carvão. Vale a pena dar uma lida, uma decisão errada nessa hora pode te custar um carão na reunião de condomínio. Ou uma multa, o que é pior ainda.

Leu? Já sabe que tipo de churraca usar? Pois hoje vamos lustrar as nossas mentes e descobrir quais são as carnes mais adequadas pra se fazer em churraquinhas pequenas. E olha que disso eu entendo, pois morei muito tempo no penúltimo andar e fazia churrasco de sacada toda santa semana. Sem multas e sem reclamação, praticamente um recorde. Tá, a amizade com os porteiros do prédio contaram um pouco, mas tá valendo.

Vamos imaginar a seguinte e hipotética situação: Você vai receber um grupo de 4 amigos em casa, fora você e a sua patroa. Se você for solteiro, recomendo que convide uma garota. Se não tiver patroa, e sim patrão, recomendo que vá imediatamente ao site da ana maria braga ou do chef alex atala, que lá eles decoram os pratos com folhinhas.

Então temos 6 barrigas famintas para alimentar, correto? E apenas uma churraca pequena pra preparar tudo, correto? Pense, então, em carnes que ficam prontas rapidamente e que podem ficar perto da grelha. Pense nisso aqui:
  1. A picanha em fatias é perfeita. Fica pronta rapidinho, todo mundo gosta e fica boa de fazer o gato miar. Uma dica que funciona bem na picanha fatiada de churraquinha é dar uma passada de manteiga nela. Outra dica é usar sal fino, pois, dependendo do calor da churraca ela fica pronta muito rápido e não dá tempo do sal grosso derreter, deixando tecos de sal pro pessoal morder, o que não é educado e não conserva os dentes na boca. E não ponha ela na churraca se não estiver bem quente, senão ela endurece, óquei? 
  2. Linguiça. Não vou linkar o post da linguiça cuiabana porque ela não pode ficar tão perto do fogo, e demora pra sair. Mas uma boa linguiça fica legal na churraca pequena. Em qualquer supermercado você encontra umas linguiças legais, daquelas tipo premium. Tem uma, em especial, do "Rei da Linguiça" (ô nominho infame, dotô), recheada com queijo e orégano que é muito legal. Custa mais caro do que uma linguiça normal, mas não chega a ser um absurdo. Só precisa ficar atento pra não furar linguiça recheada (o nome recheada te diz alguma coisa? Mantenha o recheio lá dentro) e pra ela não vazar ao virar.
  3. Queijo coalho, particularmente, tem vocação pra ficar muito bom nas churraquinhas pequenas. 
  4. Coraçãozinho de frango fica bom, mas tem que tomar um certo cuidado, pois ele fica o tempo todo perto do fogo. Recomendo usar sal fino nele também.
  5. Ah, a abobrinha.. Se não fosse as garotas (leia o post das abobrinhas até o fim), eu jamais teria olhado uma abobrinha com respeito nessa vida.. Obrigado por vocês existirem (as garotas, não as abobrinhas, que fique claro). Fica bom na churraquinha e não precisa de nenhum cuidado especial. Só demora um pouco, então não encha a churraca disso. Reserve um espaço pra ir colocando outras coisas.
Tá feito: só nessas dicas você já tem um churrasco pra 6 pessoas, até um pouco mais. Ainda dá pra tentar outras coisas, até costelinha de porco eu já fiz. 

Só não tente fazer carnes grandes ou que necessitem de muito tempo na churraca. Essas, geralmente tem que ficar lá no alto. E quando eu falei "lá no alto", li a sua mente e vou me antecipar à merda: não tente fazer gambiarra, meu filho. Entenda que a churraca pequena tem seus limites, quando quiseres fazer uma ponta de agulha, um cupim ou um cordeiro, use uma churraca decente.