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Drops de Churrasco - Ed. 6

Como bem diria o intrépido herói chapolim colorado, sigam-me os bons em mais uma versão do seu periódico churrasquístico, criado exatamente para distrair essa sua mente lépida em mais um dia cinza, nublado e batendo índices olímpicos de poluição. Aí o mais distante leitor imediatamente retruca: Mas qual nada, amigo blogueiro, que piada! Se escreves sob a névoa da fuligem do caminhão, saiba que de minha janela observo um tuiuiú, dois suricatos e um berbigão. No que o blogueiro, como num repente emenda: Amigo leitor, amante da brasa e do calor, churrasqueiro de Bagé, se tua cidade não é poluída, tenho certeza de que tua mente o é.

E assim vamos adiante, mostrando que nem só de carne e carvão vive um churrasqueiro. A gente também entede de rima ruim.

Picanha com sorvete
E por falar em ruim, te prepara que essa receita é simplesmente de embrulhar o estômago. Sabe aquela história de que a primeira impressão é a que fica? Pois é, o cidadão em questão começou mal, e conseguiu terminar ainda pior. Sente o drama:
Minha esposa hoje me acordou, dizendo que havia recebido um spam de um tal site de churrasco. Pô, spam é mancada, mas fiquei curioso, peguei o computador e comecei a navegar. Nada de muito especial, mas bastante didático, vídeos bem feitinhos e tal, até que... De repente eu me deparo com uma daquelas lambanças gastronômicas tão bizarras, mas tão bizarras, que eu perdi o apetite. Coisa de gente grande, de deixar a farofa de bacon com maçã da ana maria braga parecer normal. Tudo começou com uma picanha. O camarada fatiou a picanha, colocou na grelha com sal grosso, virou, tirou no ponto certo e picotou. Pronto, pensei eu, agora é só comer. Que nada, o nosso querido "gourmet" achou que ainda podia ficar melhor e inventou a "picanha com sorvete". Veja a foto ao lado e tire suas próprias conclusões. Não vou dar o link e nem o nome do cidadão que estragou uma picanha e uma taça de sorvete. Use o google, você não vai errar. Pra fazer uma lambança dessas, só tem um.


Carvão São José é 10!
Gosto muito de empresa séria, e quando me deparo com alguém que preste um serviço bacana, não posso deixar de falar aqui.
Semanas atrás, comprei um saco de 4kg de carvão São José pra receber uma galerinha em casa.
Ao virar o saco de carvão dentro da minha churraca, ouço um barulhão seco, "POW". Gente, carvão não faz pow, certo? Pois é, no meio do carvão, havia um pedaço considerável de tijolo. Fiquei bastante decepcionado, pois num saco de 4Kg, havia um tijolo de 1Kg. Guardei a embalagem e o tijolo, imaginando a chateação que teria posteriormente com suporte, 0800 e outras mazelas do atendimento ao consumidor neste país lindo de gente honesta.
Aí começa uma verdadeira saga do atendimento, um épico do suporte, orgulho do PROCON.
Precisamente às 11:47 do dia 30 de julho, enviei um e-mail ao site deles, sem me apresentar como blogueiro nem nada. Apenas relatando o acontecido. Antes que eu pudesse dizer Paranapiacaba não tem otorrinolaringologista, e sei lá porque eu diria isso, meu e-mail foi respondido às 12:17. E não era nenhuma respostinha automática, não. Era a solução do problema, sem delongas, sem xurumelas. Mais rápida que um 747, a atendente Vanessa, o Ayrton Senna do churrasco, me solicitava o endereço de casa e explicava rapidamente que o tijolo pode se desprender das paredes do forno, enfim. Às 12:27, enviei o endereço, agradeci a explicação e fiquei feliz com os dois sacos de 4kg de carvão que me foram ofertados pela atendente.
Fui almoçar. Ao voltar da esbórnia alimentícia a que me submeti, recebo mais um e-mail da eficiente Vanessa, o Usain Bolt das carvoarias, enviado às 14:46, me perguntando se haveria alguém em casa, pois eles gostariam de realizar a entrega ainda naquele dia. Nesse momento comecei a procurar o ET no meu guarda-roupa, porque não existe atendimento como esse neste planeta. Cadê a musiquinha? Porque não questionaram nada? Não perguntaram nem o tamanho do tijolo? Nem meu CPF, RG, tamanho do sapato, nada??? Esquisito....
Enquanto me questionava porque diabos não havia mafagafinhos salvaguardados em araçariguama, eis que o veloz motorista do Carvão São José posiciona o MIG 29 no estacionamento de visitantes do meu prédio e me entrega 8Kg do mais puro e belo carvão, precisamente às 15:30. Ou seja: em menos de 4 horas, meu problema foi solucionado com uma eficiência inacreditável. Por isso estas palavras são o meu mais sincero agradecimento ao carvão mais rápido do oeste: Carvão São José, muito obrigado!


O que vem por aí?
Tenho várias receitas maneiras aqui na manga, pena que não tenho como publicar tudo de uma vez. Num dia de fúria, mandei pra churraca 5,5kg de costelão. Só que convidei apenas 6 pessoas para apreciar tal iguaria, que sobrou aos montes. No dia seguinte, foi transformada numa maravilhosa Vaca Atolada. Não sabe do que se trata? Olhe a foto à sua esquerda e aguarde a receita, amigo.
Já comeu frango de televisão de cachorro? Aquele, que fica na padaria, rodando no forno engordurado, que parece nojento, mas todo mundo come? Pois é, inventei uma traquitana (mais uma gambiarra.. não sei como a minha esposa ainda me suporta), para que possamos realizar tal experimento na nossa própria cozinha. Tenho fotos e tudo mais!
Semana que vem, teremos uma promoção maneiríssima aqui no blog. Pode começar a aquecer esse cabeção aí, que o prêmio é muito bom (sim, o prêmio é de comer), mas você vai ter que gastar muito neurônio para colocar os seus dentes no prêmio que vamos dar. Aliás, não é apenas um prêmio. Serão 3 felizes ganhadores, fiquem atentos!!

Resenha de churrascaria vagabunda: Tramontana Grill

Este post foi escrito a 6 mãos, 30 dedos, 3 cabeças e outras coisas que eu nem quero citar aqui. Nesta empreitada, fui honoravelmente acompanhado pelos meus grandes amigos Luiz Caprioli e VinceVader, que meteram os seus cascos na produção desta resenha. Agradecimentos muito especiais pela boa companhia e pela ajuda com a primeira resenha de churrascaria vagabunda.

Dizem que futebol é uma caixinha de surpresas. Não é. Quem inventou essa bobagem não tem a menor idéia do quão surpreendente é a churrascaria que abre esta série. Uma surpresa atrás da outra, um lugar que, definitivamente, foi criado para alegrar os nossos malpassados coraçõezinhos. Vai vendo.

Se você já andou pelo metrô de São Paulo, provavelmente já passou pela estação Praça da Árvore. Pois o que você nem imagina é que logo acima da terra, nas imediações da estação Praça da Árvore, existe um gênio incompreendido, um verdadeiro templo da comida barata, antro da melhor gastronomia popular. Este mestre da culinária responde pelo nome de Tramontana Grill. Vai por mim, quando estiver no metrô, passando pela Praça da Árvore, cancele os seus compromissos, desça do metrô, caminhe pela rua Guaraú até o número 70 e separe $12,90 pra saborear o melhor churrasco que você pode comer com pouco dinheiro.

E a Tramontana Grill não é só excelente enquanto churrascaria, é um verdadeiro espetáculo, um local de diversão e arte. Entrenimento completo pra você pra toda a sua família.

Comecemos esta resenha pelo local. Pequeno, apertado, não tem placa na porta e não tem nada de mais. Mesas simples, toalha surrada, cadeira velha, enfim. Sinceramente, não esperava nada de luxuoso lá.

Sentamos na única mesa disponível, bem no centro da Tramontana, o que, pra quem conhece churrascarias, é uma boa estratégia, porque sempre tem garçom passando. Porém, na nossa mesa sentou-se também um cara, um desconhecido. Provavelmente devido à falta de lugar nas outras mesas. Azar o dele, teve de almoçar ouvindo a gente falar bobagem e comemorar os gols do paraguay. Mas como notei que, eventualmente ele segurava o riso, tudo beleza.

O atendimento foi um show à parte. Nada disso de fingir que você não existe, passar direto pela mesa, nada disso. Sem miséria, serviço 100%. Assim que chegamos, um simpático garçom paraibano veio nos perguntar, com sotaque gaúcho, quais as bebidas que gostaríamos de apreciar. Como não quis beber em horário comercial, pedi um guaraná com gelo e laranja, a melhor combinação de todos os tempos entre frutas e refrigerantes. Aliás, uma característica peculiar do local: todos os garçons, não importa de onde vierem, precisam ter sotaque gaúcho. Se a Tramontana contratar um garçom holandês, ele vai ter que aprender a falar bah, tche, chamar moleque de guri e levar guampo da patroa. O próprio Luiz notou que um dos garçons era barman do Madame Satã, e lá ele não usava sotaque gaúcho.

Isto posto, fomos checar a mesa das saladas. Peguei um prato, entrei na fila e coloquei nele algumas beterrabas. Foi quando eu me perguntei que diabos eu tava fazendo ali e larguei a fila pra lá, uma vez que eu não tinha ido à Tramontana pra comer salada. Pra quem gosta de desperdiçar espaço no estômago com salada em churrascaria, a mesa parecia bem completa, com folhas, verduras e todas as coisas coloridinhas que os nutricionistas dizem que fazem bem. O Vader foi mais saudável e acabou se servindo de alguns vegetais. Segundo ele, a mesa de saladas estava fabulosa, com picles, farofa e cebola aperitivo dignos de um manjar de rei egípcio, seja lá o que isso possa significar numa churracaria. Danem-se os vegetais, estamos aqui pra falar de CARNE.

Voltamos à mesa, e o ótimo atendimento já começou a mostrar os seus sinais. Os refris estavam na mesa, já no copo, excelência total. Porém, o meu guaraná com laranja não era um guaraná com laranja, e sim um guaraná com limão. Ficou ruim pra caramba, mas gostei do toque lúdico. Certamente, a primeira fanfarrice de uma equipe de garçons feita pra divertir você. Lembrei da propaganda da skol e achei redondo rir de mim mesmo. Ri redondo.

Imediatamente, um graçom bahiano com sotaque gaúcho me perguntou se eu queria alcatra. Sim, segurei um pedaço com aquele trequinho que eles deixam na mesa, e o garçom cortou um generoso pedaço pra mim enquanto a peça pingava na toalha. Deve ser pra deixar aquele cheirinho de carne no ar, coisa de gente criativa e solícita. Se meu companheiro Luiz sentisse vontade de comer mais alcatra, podia lamber a mesa. A carne, em si, estava razoável. Acho que a peça estava na mão do garçom há algum tempo, porque estava meio fria e, consequentemente, dura. Mas o sabor estava ótimo, carne bem no ponto, nota 7.

Na sequência, passou um garçom pernambucano com sotaque de gaúcho oferecendo um pedaço de fraldinha. Novamente segurei a carne com o trequinho, novamente pingou na toalha, enfim. Aí fomos surpreendidos novamente , porque a fraldinha estava sensacional. Temperada só com sal, sem nenhuma boiolice, mas muito saborosa. Dou a ela uma nota 9, sem pestanejar.

Depois da fraldinha, o japonês bateu o pênalti no travessão e a churrascaria levantou. Sensacional, acho que todo mundo lá na Tramontana estava com o mesmo sentimento que eu, aquele medo de ter que torcer "tcha, tcha" se algum time oriental ganhasse a copa. Enquanto isso, Vader dava nota 10 pra kafta.

Chegou a hora da picanha, trazida por um garçom alagoano com sotaque gaúcho. Enquanto a peça pingava na toalha, escolhi mais um pedacinho e peguei com o trequinho. Aliás, estávamos em 3 na mesa (fora o tiozinho desconhecido), e só tínhamos 2 trequinhos. Deve ser mais uma fanfarrice dos garçons. "Viu aquele cara pegando a picanha com a mão?", devem comentar os garçons no busão de volta pra casa. Entretenimento interno, coisa de gente alegre.

A picanha estava boa, como deveria ser uma picanha de churrascaria. Eles fazem aquele rolinho, espetam, salgam e deixam na churraca. Ela fica boa sempre. Se uma churracaria errar a picanha, corre dali que tem algum muito errado acontecendo. Nem vou avaliar, porque picanha é sempre nota 10.

Foi quando fomos surpreendidos novamente. Novamente. O gerente, um gaúcho com sotaque gaúcho, veio perguntar pra gente se a carne estava boa, se queríamos mais alguma coisa, se o atendimento estava divertido o bastante. Incrível, jamais imaginei que isso aconteceria num restaurante popular. Pedi mais um guaraná com laranja, o Vader pediu coraçãozinho (que depois se revelou outra iguaria) e o Luiz lembrou que não havia visto costela bovina. Quase pedi um pedaço de pão pra passar na toalha, aquilo devia estar delicioso.

O milagre do atendimento trouxe coraçãozinho enquanto o gerente ainda estava na mesa. 10 no coraçãozinho de frango, 10 no coraçãozinho da gente. Telepatia também é entretenimento. Se é entretenimento, é Tramontana Grill. O garçom rapidamente trouxe o meu guaraná, mas entregou ao Luiz. Definitivamente, não era o meu dia de tomar guaraná com laranja. Sorte que ele é um bom camarada e me devolveu o guaraná, desta vez com a laranja. Se fosse o tiozinho desconhecido, acho que eu ficava sem. Trouxe também um javali, que estava muito bom, nota 8. Tinha um temperinho especial nele, fabuloso.

A costela foi o ponto fraco do dia. Acho que, na tentativa de ser solícito, o gerente mandou tirar a costela antes da hora. Um garçom cearense com sotaque gaúcho trouxe um pedaço generoso, mas que não pingou na mesa, e parecia meio durengo, não tava legal, não. Nota 3.
Aqui temos uma discórdia, pois o Vader deu nota 10 à costela bovina. Ou seja: é loteria. No meio da costela boa, eles colocam uma duranga. Entrenimento é isso aí.
Pois é, se você pensa que acabou, fomos surpreendidos novamente, pela terceira vez. Um garçom maranhense com sotaque gaúcho apareceu com uma belíssima peça de cupim. Mais uma vez, repeti o procedimento com o trequinho e, antes que ele pudesse ir embora, gritei pra quem quisesse ouvir: pega um pedaço dessa porra!

A idéia era apenas comunicar ao Vader e ao Luiz que a carne estava muito boa, mas acho que exagerei um pouco no volume, e assustei o tiozinho desconhecido. Mas não pude me conter, aquele foi um dos melhores cupins que eu já comi na vida. Muito, mas muito melhor do que o meu cupim ao alho, famoso nos churrascos que faço. Macio, saboroso, carne bem molhada e com sal na medida, com uma casquinha por fora. Repeti duas vezes. Uma delícia, levou nota 10.

Enfim, chegou a hora de pagar a conta e levantar dali. Nos dirigimos ao caixa com a comanda na mão, dividimos a conta em 3. O custo final ficou em $17,00 pra cada um, uma bagatela. Preço de banana, mas é carne, que é muito melhor do que banana.

E se você pensa que a fanfarrice termina aí, está muito enganado. Eu pedi um cartão da Tramontana pro cara do caixa, que se assustou e deixou a máquina da Visa cair no chão. Sorte que eu já havia acertado a minha parte, porque a partir daí, ninguém mais pagou com visa. Enquanto isso, outro garçom deixava cair um copo d'água no Vader, acredita? Uma fanfarrice atrás da outra, só pra nos alegrar. E alegres ficamos, 100% de aproveitamento.

Pra finalizar, o site da Tramontana Grill é um espetáculo à parte. O preço tá errado (no site mostra 14,99, mas é 12,99), os garçons da fotos são os mesmos, o logo é o mesmo, mas o ENDEREÇO NÃO É O MESMO. Isso mesmo que você leu: o endereço, localização, mapa no site, fotos do local estão todos errados. Mas os garçons que aparecem na foto trabalham mesmo lá. Isso significa que eu não errei de site, o site que errou de churrascaria. Mais uma trapalhada meticulosamente calculada pra nossa diversão. Pensa que é num lugar, vai no outro. Sensacional, adorei! Deve ser por isso que não tem placa na porta.

Tramontana Grill é um lugar que eu recomendo. O Deitando o Gato na Grelha aprova, bate o carimbo e garante com o selo "ESSA CHURRASCARIA VAGABUNDA É 10".

Tramontana Grill, obrigado por você existir.

Como preparar uma picanha invertida, um espetáculo em qualquer churrasco

Merda.

Não, caro leitor. Não estou lamentando a escalação do dunga, nem escolhendo meu candidato para as próximas eleições, e nem tampouco dei uma topada na quina da cama. Até porque, eu estou escrevendo aqui agora, e não creio que seja uma boa prática digitar andando pela casa.

Merda, segundo o gooooooogle, é uma expressão muito utilizada entre artistas de teatro. Fanfarrões, os atores costumam desejar "merda" uns aos outros antes de entrarem em cena, visivelmente camuflando uma vontade iminente de que o companheiro de cena perca um dente, peide em cena ou simplesmente esqueça o texto. Atores gostam disso, sempre faz sucesso depois, nas cenas dos bastidores. Taí o video show que não nos deixa mentir.

Mas que diabos tem a ver esse negócio de merda tem a ver com o nosso combalido Gato na Grelha?

Simples, caro leitor. Eu, o escriba desta merda deste surrado pergaminho, estou lhe desejando MERDA. Muita merda.

Desejo-lhe merda, porque daqui pra frente, o artista é você. Pode liberando esse seu lado toni ramos, pode encarnar a ana maria braga (piada pronta, isso), vista a sua roupa de Freddie Mercury, e tenha parcimônia pra não sair do armário, porque essa carne que vamos fazer aqui é capaz de te colocar nos mais altos patamares da moral que um churrasqueiro pode atingir com a sua platéia.

A picanha invertida é assim: algum afortunado virou uma picanha como uma meia, encheu de coisa dentro, costurou a boquinha dela e mandou pra grelha. Consegue visualizar?

Isso, faça aí o seu exercício de imaginação. Vá imaginando as coisas que eu vou te contando aqui, ok?

Feche os olhos e imagine a Luma de Oliveira pelada, esqueça a picanha e nunca mais abra os olhos.

Abre.
Aaaaaabre.
AAAAABREEEEEEEEE!!!!!
Amigo, sei que a Luma é uma delícia, muito mais gostosa do que qualquer picanha, mas se você não abrir os olhos, não vai conseguir ler o resto da receita, entendeu?

Tá enxergando? Posso continuar? Limpa a remela do canto do olho.

Então, começamos analisando a peça de picanha. Pra fazer essa receita, você não pode usar qualquer picanha não. Ao longo da receita, vou explicando porque. Por enquanto, entenda apenas que a picanha não pode ser muito pequena (menos de 1kg), nem ter muita gordura, e muito menos sujeira na contra-capa. Não sabe o que é sujeira na contra-capa? São aqueles nervos na parte de trás dela.

Ok, de picanha na mão, hora de meter a mão na massa.

O primeiro passo é limpar a picanha. Tire o máximo que puder da capa de gordura da picanha. Normalmente, as picanhas com uma boa capa são bem vindas, mas dessa vez, recomendo deixá-la mais magrinha. Pegue uma faca, cuidado com essa mão e vai retirando lascas da gordura. Ao contrário da Luma, você não deve deixar a picanha pelada, apenas retire o excesso. Um pouco de gordurinha vai fazer bem.

Se você é meio louco como eu, guarde essas lascas de gordura pra fazer linguiça posteriormente. Se você é louco inteiro, pode botar a gordura na grelha, esperar ficar douradinha e mandar a sua coronária pras cucuias. Se você é muito louco mesmo, misture chantilly, uva passa e maionese e saboreie na cozinha da ana maria braga.

- menina, sente o cheirinho dessa gororoba!

Isso mesmo, dona ana. Vai já pra baixo da mesa que a receita aqui é bruta.

Enfim, você tirou bem a gordura da picanha, certo? Ok, vire ela do outro lado, e certifique-se de que ela está limpa. Mas a picanha nem caiu no chão, pergunta-se o auspicioso leitor. Não, amigo, ela não precisa cair na lama e nem andar na boca do cachorro pra estar suja. Se ela tiver nervos, membranas e afins, tá suja. Larga de preguiça, afia a faca e começa a retirar essa caca toda. Isso tudo vai deixar a sua picanha dura. E você não quer servir uma picanha dura num churrasco, quer? Eu não quero, e não quero que você queira. Então engole esse choro e limpa logo esse negócio.

Beleza, de picanha limpa e magra, deite ela na tábua. A sua missão é fazer um corte nela, paralelo à gordura. Difícil explicar sem fotos, porque eu não tirei fotos, pra variar. Então vou ter que improvisar, sente o cheiro de photoshop chegando:

recomendo substituir a tesoura por uma faca.
no photoshop, foi o que deu pra fazer.

O lance é o seguinte, você mete a faca no bucho da picanha, e vai abrindo o corte por dentro. A picanha tem que fica como um envolope, mas tome muito, muito cuidado pra não rasgar as laterais e nem o bico. Use toda a sensibilidade que ouvir Love of My Life na adolescência lhe deu e chegue o mais próximo possível das extremidades, mas sem rasgar a picanha. Se rasgar, esquece que vai dar merda. Não no sentido da sorte, no sentido da merda mesmo.

A picanha vai ficar parecendo uma luva daquelas de cozinha. Aquela, que a gente usa pra tirar as coisas do forno.

E, já que ficou uma luva, meta a mão dentro dela. Isso mesmo, experimente e veja se serve na sua mão.

No meu caso, a mão de raquete do garotão aqui não deu, não. Tive que chamar a patroa e pedir a ela que emprestasse sua doce e delicada mãozinha pra enfiar dentro da picanha. Exatamente por isso que a picanha não pode ser pequena. Senão sua mão não cabe dentro dela. Ou você tem mãozinha do mickey, ou vai ter que comprar uma picanha de mais de 1kg. Vai no açougue, mede a picanha, compara com o tamanho da mão e compra uma decente.

Legal, uma vez que a picanha serviu, literalmente, como uma luva, começa a parte mais difícil: virar a bicha do avesso. O plano é o seguinte: um mete a mão dentro da picanha e tenta trazer o bico dela, enquanto outro empurra o bico pra dentro. Como virar uma meia, com a diferença que você não come a sua meia depois de virar. Pelo menos é o que eu espero.

Assim que o bico entrar, venha virando a picanha com cuidado, bem devagar. Não tenha pressa e não seja um ogro, pois a carne pode ter algum ponto mais frágil nas laterais, e rasgar. Aí, dá merda, conforme explicações anteriores.

na hora de virar, deixamos algum ponto mais frágil na lateral.
na hora abrir, rasgou e o queijo fugiu. Dane-se, ficou bom assim mesmo :-)

Agora tá fácil, você deve recheá-la. Você pode enfiar o que quiser dentro da picanha (não, necessariamente, o que quiser, mente suja do capeta). Recomendo seriamente queijo provolone cortado em cubinhos, com bacon e um pouco de orégano. Mas já vi gente que coloca pimentão, cebola, farofa, enfim, um monte de coisa. Minha próxima receita vai ser com catupiry e ervas. Ou seja: use a imaginação. Se você não tem imaginação, encha a picanha com provolone e bacon que funciona. Não precisa lotar a picanha, senão vai vazar e fazer lambança. Encha, mas seja comedido. No caso do provolone, nem precisei colocar sal, pois o queijo já é bastante salgado. Se usar coisas sem sal, salgue as coisas.

Chama a vó aí.

Hora da costura. Para que aquele recheio todo não vaze, você precisa dar um jeito de costurar a boca da picanha. Não me venha com essa história de que não sabe cozinhar. Eu sei. E sabe porque eu sei? Porque no meu tempo as camisas de futebol não vinham com os números impressos nas costas, como hoje. A gente tinha que comprar o número na papelaria, e costurar na marra. E como minha mãe não era, exatamente, uma serzideira, ela ignorava meus pedidos e se eu quisesse jogar com um número nas costas, tinha que me virar. Assim aprendi que espetar o dedão dói, descobri que tenho hipermetropia e, por fim, aprendi a fazer uns pontos porcos que prendiam o número na camisa, e agora prendem o recheio dentro da picanha.

Tal e qual o 10 nas costas do artilheiro, costure a boca da picanha. Uns 6 pontos já são suficientes, nem precisa ser muito bem feito. Como na famosa macumba, lembre-se daquele chefe chato, e pense que tá costurando o nome dele na boca do sapo.

A picanha tá quase pronta pra ir pra churraca. Na verdade, se você é ansioso e não acha ruim o velho ditado que diz que o apressado come cru (CRU, mente suja), manda ela pro fogo. Se você quer dar um agrado nela, esprema uns dentes de alho e passe por fora na gordinha (sim, ela fica gordinha, parece um bebezinho).

Ah, é interessante passar um pouco de sal grosso por fora dela.

Deixa na churraca, perto do calor, e sem deixar que as chamas encostem nela e abre uma breja. Mais outra. E mais outra. Pronto, se a tua churraca é quente e funciona direito, tá na hora de tirar.

Pra experimentar, retire um pedacinho do bico tomando cuidado pra não chegar no recheio, e veja a cor da carne. Se estiver muito vermelha, volte pra churraca. Essa carne não é legal malpassada, não.

Ok, se a cor estiver legal, retire, fatie e manda bala. Nesse momento, abrem-se as cortinas e começa o espetáculo. A picanha invertida te faz artista.

tá duvidando? dá uma olhada nisso.
não dá vontade de bater palmas pra ela?

Duas histórias engraçadas sobre a picanha invertida:


  1. Tenho um filho de 4 anos, que adora me acompanhar nos churras, prepara as carnes comigo, maior barato. No dia da picanha invertida, ele foi comigo no açougue, ajudou a escolher a peça, queria saber como fazia, a coisa toda. Na volta do açougue, ele começa a rir sozinho no carro. Perguntei qual era a graça, ele falou: "Pai, legal esse negócio de picanha DIVERTIDA!" hehehe. Aqui em casa a receita mudou de nome, chama-se agora Picanha Divertida.
  2. Minha prima, e melhor cliente da churrascaria lá de casa, me decepcionou. Disse que a picanha invertida ficou com gosto de pano de chão. Fila da mãe, pode deixar que eu vou aprontar uma pra ela no próximo churrasco. Se alguém tiver uma boa idéia de vingança, agradeço.
  3. Semana passada, estive em Penápolis, cidade da saborosa Sabrina Sato, e da respeitável família de uma amiga nossa. Fizemos a picanha invertida juntos, a N mãos, maior barato. Ficou todo mundo tão pilhado com a picanha, que quando ela saiu, o amigo que estava cortando a carne teve que desviar dos dedos na tábua, de tanto que o pessoal voou pra cima da picanha. Foi a primeira vez que eu vi uma peça inteira de picanha sumir em menos de 4 minutos. Taí a foto pra provar:

sente o enxame pra cima da picanha


Tempo de preparo: 2 breja na cozinha, 3 na churraca. Sirva feliz.
Custo: meio carinho, $30 da picanha e mais $10 do queijo. Mas vale a pena.
Rendimento: complicado, porque o pessoal acaba comendo mais do que comeria normalmente. Serve bem umas 5 pessoas. Mas sempre pode aparecer aquela prima magrinha que se revela uma ogra e come tudo sozinha.

Como escolher uma picanha

A picanha é a rainha do churrasco. Embora eu discorde fortemente dessa teoria, tenho que engolir o choro: Em 99,9999% dos churrascos que rolam neste país tropical abençoado por Deus, tem a picanha de alguma vaquinha deitada na grelha. E, como já disse em outras oportunidades, isso tem uma explicação lógica.

Picanha é carne for dummies. Você não precisa manjar absolutamente nada de carne pra fazer uma picanha legal. A picanha é uma carne saborosa demais, macia e além de tudo é resistente às suas cagadas. Você, desastrado leitor, precisa ser muito ruim de cozinha pra errar uma picanha. Não tem segredo: salga moderadamente, taca na grelha e tira quando estiver marrom. Picanha fica legal cortada em bifinhos, assada inteira, na churracona, na churraca elétrica, na panela, no forno, até cozinhada na água do miojo. Nem a ana maria braga, a senhora mais doce da televisão brasileira consegue estragar uma carne assim com as suas receitas de misturas mirabolantes e ingredientes duvidosos.

Talvez seja por isso que eu não fale muito de picanha por aqui. Aliás, sinceramente, eu faço pouca picanha nos meus churrascos. Podem me apedrejar por isso, mas eu acho a costela bovina, também chamada de minga ou ponta de agulha, muito mais gostosa do que a picanha. Uma fraldinha bem feita custa 1/3 do preço de uma picanha e fica tão boa quanto. Ou seja, existem alternativas, mas não é todo mundo que sabe como fazer umas carnes assim, e acabam caindo na picanha. Ah, e isso não significa que eu não goste de picanha, eu adoro!! Só que eu sofro da síndrome da churrascaria: Gosto de fazer várias carnes diferentes no mesmo churrasco, e não ficar repetindo sempre a mesma.

Mas o objetivo deste post é evitar que você compre gato por lebre, que te passem a perna, que você vista o nariz de palhaço. E pode anotar aí: isso já aconteceu com você. Certamente já te venderam um coxão duro com um cheiro de picanha, ou aquela picanha linda que você comprou tava dura que nem pedra. Vamos, então, aos X pontos que você precisa verificar antes de adquirir parte da bunda da vaquinha. Comecemos pelo simpático desenho da vaquinha recortada:


Ainda vou tatuar essa vaquinha no braço, vai anotando

Compana, preste atenção ao número 6. Se um dia o seu avião cair nos andes, na índia, na selva amazônica ou na ilha de lost e você der a sorte de encontrar uma vaquinha lá, é bem aí, no número 6 que você deve enfiar os dentes. Recomendo que seja discreto no caso da Índia, pois eles não entendem muito bem essa questão de morder vaca por lá.

Presta atenção também ao número 8. Ele é o coxão duro que, como  o nome diz, é duro.

Ponto 1: o tamanho da picanha.
Você chega no açougue e encontra 300 embalagens de picanha à vácuo. Todas parecem iguais, umas mais mirradinhas, outras mais gordinhas, e de repente você vislumbra a carla peres da bunda bovina: uma picanha grande, bonita, corada... dá uma olhada no peso dela, e, orgulhoso, lê: UM QUILO E NOVECENTOS GRAMAS. Grande achado, pensa o astuto leitor. Mas não. Essa, provavelmente é a pior picanha da prateleira. Dizem que os melhores perfumes estão nos menores frascos. Mas vamos mudar o rumo dessa prosa, porque se você fica passando perfuminho pra fazer churrasco, eu desconfio de você e recomendo que vá procurar a receita da picanha de sol no site da ana maria braga. A picanha dela é de sol, mas fica marinando no leite um dia todo. No leite, meus queridos... no leite.... ai jiusis.

Uma picanha não deve, de jeito nenhum, passar de 1,3kg. Eu sou tão chato com isso que não compro picanha com mais de 1,1kg. Se precisa de muita carne, compra duas, mas não leva a grandona. A picanha vem "grudada" no coxão duro, e separar uma peça da outra requer, além de um olho vivo, honestidade. E como a picanha custa 5x o preço do coxão duro, já dá pra imaginar o que acontece, né? Você compra uma picanha e leva uma picanha e meio coxão duro. Com o detalhe que você pagou tudo pelo preço de picanha. Ou seja: Não tenha o olho maior do que a barriga, e nesse caso, o olho maior do que a bunda. Compre as pequenas e seja feliz.

Ponto 2: A capa de gordura.
A capa de gordura é o que vai ajudar a sua picanha a ficar gostosa pra valer. Isso porque a carne dela é bem macia, e a gordura fica por cima, derretendo. Parte dela derrete e penetra (ui) na carne, fazendo da picanha o pesadelo das garotas de regime no seu churrasco. A capa deve ser uniforme, com menos de um dedo de espessura (lembre-se, nem dedo de mocinha, nem dedão de ogro), e igual dos dois lados. Como você não pode cortar a picanha no meio dentro do açougue pra ver se tá boa, imagine que uma capa que vai bem do começo à ponta da picanha, e uniforme de um lado a outro da mesma, deve estar legal.

Algumas picanhas tem a capa de gordura meio amarelada. Isso não é, necessariamente, um mau sinal. Apenas significa que o boizinho que ostentava aquele pedaço de bunda quando vivo já era um boi mais velhinho. Sua capa de gordura vai ter uma textura meio mole e amarela. A aparência é meio esquisita, mas não altera muito o sabor da carne. Se você der um azar dos infernos, pegou a picanha do boi de matusalém e aí vai ficar tudo duro mesmo, mas na maioria das vezes, o boi que comemos nem chega a ficar velho.

Ponto 3: A limpeza.
Dizem que roupa suja se lava em casa. No caso da picanha, prefiro deixar essa parte pro açougueiro ou pro frigorífico. Mas peraí, uma picanha tem que ser limpa? Sim, parceiro. Tem que ser limpa. Quando estiver com a piqueta em mãos, veja a parte de trás dela. Se você enxergar ali umas membraninhas, saiba que trata-se de uma picanha suja. Essa membrana do mal vai esquentar, assim como toda a carne. Como a membrana não tem água, ela vai diminuir de tamanho, e vai bagunçar toda a sua carne. E vai ficar dura pra dedéu. Você tem dois caminhos: Ou compra ela assim e limpa, retirando tudo como se fosse uma etiqueta usando uma faca afiada, ou procura uma picanha limpa. Eu prefiro comprar limpa por um motivo simples: quando limpa, vc joga carne fora, e você pagou por essa carne, e não pagou barato. Então os açougues e frigoríficos desse Brasil que se virem e vendam a picanha limpa.

Ponto 4: a maciez.
Embora, no geral, a picanha seja uma carne super macia, você pode dar o azar de pegar uma peça cheia de nervos, ou que endureceu por qualquer motivo. Nesse caso, recomendamos o teste da dedada, uma grande invenção do meu amigo Pão. Funciona assim: você pega a picanha na mão, vira ela com a gordura pra baixo e enfia o dedão na parte da carne. Recomendamos também que o faça discretamente, pois o gerente pode não gostar muito da realização do teste na sua presença. Feito o teste, fica fácil imaginar se a carne tá boa ou não.

Ponto 5: a cor.
Olha, depois que inventaram o photoshop, eu desconfio de tudo o que eu vejo por aí. Taí a Suzana Vieira que não me deixa mentir.



- Sou uma picanha novinha e macia. E sem coxão duro! Pode acreditar.

Mas em alguma coisa a gente tem que acreditar nessa vida. Então tenha em mente que quanto mais vermelha for a carne, mais novo o boi era, ou mais tinta levou pra ficar assim. Se o boi era novo, é certeza de carne macia. se tinha tinta, lamentamos. Mas pode comer assim mesmo, tem tanta tinta na comida da gente hoje em dia que já tá quase virando tempero.

Bom, são essas as dicas pra compra de uma boa picanha. Pequena, macia, limpa e vermelha. Se você conhece algum outro teste, mais alguma dica infalível pra escolha da picanha, comenta aqui!

Bom churrasco. Me convida #prontofalei.

[update] O leitor Raphael Neiva, se São Bernardo do Campo, me deu uma bronca e ele tem razão. Além disso, é dono de açougue e neste blog a gente enche a bola desses caras mesmo. A questão é que neste post estou falando das picanhas que encontramos em supermercados e açougues comuns. No caso de uma carne classe A, tipo exportação, a picanha pode ser muito maior do que 1,2kg. Portanto, se você tiver a sorte de experimentar uma dessas pra comprar, pode ser mais flexível quanto ao tamanho.
Essa foi a minha bronca. E eu retribuo: O Raphael escreveu isso como comentário lá no post do queijo coalho. Queridão, errou por pouco, hein!
Aliás, manda pra gente o endereço do açougue, faço questão de divulgar quem vende carne boa.
Valeu!

[update 2] Mais um leitor conhecedor das picanhas e maravilhas do mundo das mimosas e sua saborosa lataria me procurou para avisar que, respeitosamente, utilizou um pedaço deste parco pergaminho num post para o seu blog. Colocou os créditos e tudo mais. Mas, ao conferir, pude notar que ele escreveu muito bem sobre as grandes peças de picanha, as quais reneguei neste post. Recomendo a todos que o visitem e conheçam mais este lado tão palpitante desta peça de carne que tanto amamos: a picanha. Conheçam o blog do Alexandre Mitre

Linguiça de picanha

Neste blog eu nunca escrevi sobre linguiça (exceto a cuiabana, que é outra história). E isso tem um motivo bastante lógico: linguiça não tem receita. Quer dizer, até tem, mas a gente não vai chegar no ponto de comprar tripa, moer a carne e colocar lá dentro e tal. Esse é um processo mega trabalhoso, meio nojento e nem um pouco amigável. Além disso, existem vários tipos legais de linguiça à venda por preços honestíssimos por aí. Ou seja: Não espere que nós vamos estimulá-lo a moer a carne, temperar, enfiar tripa de carneiro abaixo pra depois fazer o nozinho na ponta. Nada disso, corre no açougue, no supermercado, na geladeira de sogra e compre uma boa linguiça (exceção feita à geladeira da sogra, onde deve-se praticar o furto, mesmo).

Pois a boa notícia quando se fala de linguiça vem de um cara que tem um nome infame, mas um coração de ouro: O Rei da Linguiça. É, o Rei da Linguiça é aquele cara que começou de baixo, montou seu negocinho de encher tripa, cresceu e hoje é um cara foda nesse meio (sem trocadilhos, ok?). A única coisa em que ele não pensou foi que ele faria tanto sucesso, mas tanto sucesso, que o nome besta que ele escolheu pro negócio dele pudesse virar motivo de chacota. E virou. Pô, seu Linguiça, vacilou feio hein!



- Eu já falei pro Bill que lá em casa só entra a linguiça do Rei.

E eu resolvi experimentar a linguiça do Rei da Linguiça. E gostei.

ATENÇÃO: Antes de continuar a ler este blog, certifique-se de que está em dia com a sua sexualidade, seja lá ela qual for, e tire da sua cabeça todo e qualquer pensamento maldoso e/ou capicioso. O editor deste pergaminho informa que "experimentar a linguiça", no nosso vocabulário, significa única e exclusivamente ato ou efeito de saborear um alimento. Toda e qualquer interpretação diferente desta citada, será considerada inapropriada, afronta, provocação, PALHAÇADA E QUERO VER VIR AQUI FALAR ISSO NA MINHA CARA PORQUE AQUI O SISTEMA É BRUTO, MOROU!!

[Este site ficará fora do ar por motivos de força maior. Pedimos que aguardem o tempo da maracujina fazer efeito e releiam as regras acima dispostas, afim de evitar novos problemas]

Ok, acalmados os ânimos, voltemos ao assunto que nos interessa.

As linguiças do Rei da Picanha são diferenciadas, e é por isso que ele é Rei. Já viu o Pelé jogando? O cara era diferenciado, não? Por isso que é rei. E o Robertão? Cê acha que ele faz especial no fim de ano desde que a globo é globo porque? Porque é diferenciado! Lá em Cachoeiro do Itapemirim não tinha UM capaz de dar aquela risadinha sem-graça como ele, não tinha UM que usava uma pena no meio do cabelo que nem ele, e não tinha UM capaz de usar calça branca, camisa branca e paletó azul que nem ele, nem cantar de ladinho no microfone, nem dar aquela levantadinha brega na sombrancelha, enfim. Por isso que o cara é rei. Porque ele, o Pelé e o Rei da Linguiça são capazes de fazer um monte de coisas que eu e você não conseguimos fazer, e ainda meter gol, descer a Augusta a 120 por hora e enfiar a calabresa... bom, deixa pra lá.


- Deita na brasa, mora?

Essa conversa mole toda (sem trocadilhos, a brincadeira tá começando a ficar chata) era pra dizer que o seu Linguiça inventou um monte de tipos diferentes de linguiças recheadas muito bacanas. O preço não é dos mais baratos, mas a gente não tá falando de uma linguiça qualquer. É a linguiça do Rei, porra!

Neste post, estamos falando da linguiça de picanha. Comprei uma embalagem contendo 4 linguiças grandes (limpa essa mente AGORA), pesando 400g. O que eu mais gostei foi o tempero, dosado na medida, e a honestidade na picanha. Porque muitas vezes você vê produtos (hamburgeres e outras merdas) de picanha que não tem nem o cheiro da mesma, e aí os caras entopem de tempero pra enganar. Essa linguiça parece bem honesta nesse sentido, por isso o tempero é bem suave.

Pra preparar, é a coisa mais besta do mundo. Mete a linguiça na grelha (pensa bobagem agora, pensa) e deixa lá esquentando. Quando começar a ficar escura embaixo, é hora de virar. Como não é uma linguiça gordurosa, recomendo virar com cuidado pra não furar, senão ela pode perder todo o pouco líquido que tem e secar. Ficou escura do outro lado, mete na tábua, corta (tá vendo? pensou bobagem, ficou de linguiça cortada) e come.

Custo:
R$11,00 o pacote com 400g. Caro, mas trata-se de um produto de primeira. Não é pra servir num mega churras.
Rendimento: Ah, alimenta umas 4 pessoas, mas você tem que ter outras carnes.
Tempo de preparo: Umas 3 brejas de um lado, mais 2 brejas do outro: sirva alegre.

Como eu fiz um churrasco pra 40 pessoas com R$175,00

Antes de iniciar, vou avisar: este post é longo, e pra caraio. Trata-se de uma epopéia, e eu tou dando a dica pra você mandar um churrasco responsa pra 40 esfomeados com menos de 200 mangos, ou seja, menos de 5 cruzeiros por pança. Se você não tá afim de ler, leva a sua galera na churrascaria de sua preferência e hipoteque a sua casa quando chegar a conta. Esclarecidos os fatos, vamos aos assuntos que nos interessam.

Eu não sou churrasqueiro profissional. E eu não quero ser churrasqueiro profissional. Me incomoda a idéia de fazer comida pra pessoas que não conheço. Incomoda também a idéia de fazer carne sem nenhum amigo pra bater um papo. Além disso, fazer carne sem enxugar umas boas brejas não faz o menor sentido. Eu, como churrasqueiro profissional ia passar vergonha. Ia encher a cara em todo churrasco, queimar o meu filme, e no final sairia breaco demais e nem ia lembrar de cobrar o meu dinheiro. Por isso que eu faço carne pras pessoas que eu gosto e tá bão por aí. Claro que existem excelentes profissionais por aí e eu acho super bacana. Pra eles. Pra mim, carne e trampo não se misturam.

Só que nesse final de semana eu fui churrasqueiro profissa por um dia. Foi o aniversário da minha queridíssima sobrinha Nicole. Vã, a mãe dela e minha prima-irmã, queria fazer um churras pra chamar a tiarada, primaiada, molecada, padrinhada, vizinhada, hunos, godos e visigodos. E me pediu pra cuidar da parte da carne. Eu não tinha como dizer não. É pra Nick, pô!! E aceitei o desafio de cuidar de um churras pra 40 pessoas. Peguei 200 cruzeiros com a Vã e  bora pro jogo. 

Vem comigo fazer uma continha. Aproveita que a minha filha teve prova de matemática ontem e eu estudei com ela, e a conta tá quentinha na cabeça: 200 fuckin mangos é um dinheirão, né não? Éééééé... opa, então sente o problema chegando:

Pedrinho foi ao açougue comprar carne pra 40 pessoas. Se o preço da picanha anda valendo R$30,00 em média, qual dos dois rins o Pedrinho vai ter que vender pra pagar esse banquete: o direito ou o esquerdo? Sem rim, como ele vai processar a cerveja do churrasco? Tem chance disso dar certo?

Pois então, foi assim que eu me senti. E ao contrário do Pedro Bial, encarei o paredão e dane-se os 300 milhões de votos (a globo acha que a gente tá na china. um paredão tem 50 milhões de votos num país de 200 milhões de habitantes. Um pra cada 4, Bial??). O primeiro passo foi pedir a grana ao vivo pra Vã, e isso teve um motivo. Seu eu faço o velho esquema de eu-pago-e-depois-vc-me-paga, eu ia acabar gastando mais, e absorvendo o preju. Claaaro que eu pagaria o quanto precisasse pela Nick, mas achei que valeria a pena abraçar o desafio. Meti as quatro onças-pintadas na mochila e era aquilo que eu tinha pra gastar. Pois eu fiz o milagre, e vou contar o santo.

Primeiro enfiei na minha cabeça que não ia ter picanha. A piqueta é uma delícia, mas é cara pra diabo e acaba em segundos num churrasco. Optei por fazer outras carnes mais baratas e igualmente saborosas. Minha estratégia se baseava em comprar pequenas peças de um monte de tipos de carnes diferentes. Depois pude ver que essa estratégia foi perfeita, mas foi puro chute. Vou destrinchar as peças compradas uma a uma daqui pra frente.

1 - A costela ponta de agulha: Foi minha primeira idéia. Primeiro porque eu tava com vontade (outra vantagem de não ser profissional, vc escolhe de acordo com a sua gula). Segundo porque é uma carne deliciosa e ridiculamente barata. Nos pão-de-açúcar da vida só vende pedaços pequenos, e eu precisava de um grande, ou seja: tinha que comprar em algum açougue, no horário comercial. Pois então, lá estava eu voltando de uma reunião na casa do chapéu, estressado com o trânsito, quando me surge um mercadinho de bairro que tinha belas peças de ponta de agulha penduradas. Parei o carro, peguei a peça que julguei mais bonita e comecei as compras. Moral da história: Uma belíssima peça de 2,5kg por R$12,50. Sacou?? 12 fuckin reais por 2 quilos e meio de carne fodona!! Na dinâmica de um churrasco de galera, já resolvi o problema do final do churrasco, quando ficam os mais chegados do seu lado. A ponta de agulha demora hoooooras pra ficar pronta e vale a pena tratar os que te acompanharam durante essa peleja com carinho. Ou seja: quando as tias esfomeadas forem embora, vais compartilhar com os amigos 2,5kg de pura felicidade.

Pronto, agora faltavam as outras carnes. A semana de trabalho acabou com meus glóbulos brancos, fez empretejar os meus glóbulos vermelhos e derreteu as minhas plaquetas, e com isso só consegui tempo pra comprar o resto das coisas no próprio sábado, lá pelas 13:00. O churras era às 16:00. Logo, fudeu. Decidi ir até o pão de açúcar da av. Ibirapuera com Rep. do Líbano (quem é de sp sabe, quem não é, trata-se de um dos poucos mercados grandes e com bons produtos do pda, e eu não ganho nada do abílio diniz pra falar isso). Lá, eu sabia que encontraria boas carnes.  Pega carrinho e empurra PDA adentro. Cheguei rapidamente a uma gôndola de congelados que tem brinquedos especialmente divertidos (perdiz, paleta de cordeiro, pernil do porquinho), mas principalmente peças de costela de porco congeladas. 

2 - Costela de porquito: Como o churras seria horas depois, comprei algumas congeladas, mesmo. Dei uma bela sorte de encontrar duas peças altas, com bastante carne, e da parte boa do osso, aquela em que se vê o vãozinho dos ossos direitinho. Em posts futuros, pretendo discorrer mais profundamente sobre a anatomia costelar suína. Por enquanto, entenda que acertei nas duas peças que comprei. Uma custou R$6,80 mangos e a outra R$4,90. Ou seja: mais 12 cruzeiros em carne boa. Costela de porco não tem segredo: hora que sair, geral come feliz e acaba num segundo. Foi o que aconteceu.

3 - A alcatra do porco fez a festa: Achei um belíssimo pedaço de alcatra de porco. Como disse no post sobre a alcatrinha, é uma peça barata, que ninguém sabe o que é, mas todo mundo come lambendo a cara. Comprei uma peça de 1kg e dividi em 3 partes. Servi com intervalos de mais de uma hora entre elas. Na boa, um monte de gente veio lambendo os dedos perguntando que carne era aquela. Disse que era carne de leprechaun e o pessoal desistiu de perguntar. Sabe quanto custou essa peça? R$14,50. Em três levas, fiz a festa com 3 tecos de carne de R$4,80.

4 - Linguiça de pernil ao alho: Neste blog eu nunca falei muito de linguiça. Primeiro porque eu sou espada, e pega mal ficar falando de linguiça. Segundo porque eu não sou um grande fã mesmo. Quando eu preparo linguiça, prefiro umas recheadas, mais caprichadas (e caras, infelizmente). Acho que, no meu tempo de moleque, fiz tanto churrasco de linguiça que enjoei. Bom, comprei uma embalagem de linguiça de pernil ao alho com quase 1Kg por honestíssimos R$6,30. Fui soltando aos poucos no churrasco, fazendo uma por vez. Ajuda a dar volume.

5 - Fraldinha: A fraldinha é uma carne perfeita pra churrascões. Fácil demais de preparar, e é uma carne saborosa, que agrada inclusive aos que acham que churrasco é significado de picanha e mais nada. A pecinha que fiz pesava 400g e custou R$6,10. Cheguei a cogitar a hipótese de preparar o rocambole de fraldinha, mas ia dar um trabalho monstruoso, e meu tempo tava curto. Optei por deitar a peça inteira mesmo, só com sal grosso. Funcionou lindamente.

6 - Drumet: Frango é bom em churrascão porque não dá trabalho e fica pronto logo. Se chegar um grupo de esfomeados, você lança uns drumets na grelha e serve rapidão. No PDA vende um drumet temperado honestíssimo. Nem pensei em preparar nada, comprei aquele mesmo e assim foi. Comprei duas bandejas que, juntas, pesaram 1,1kg e custaram R$9,50. 

Antes que você saque a calculadora, relaxa que eu faço as contas no fim do post. Mas vai vendo, só comprei coisa barata até agora.

7 - Coraçãozinho de frango: Esses dias vi uma reportagem sobre um inglês que mora no Brasil, e faz torta de rim de boi. O cara dizia assim: "Como vocês tem nojo do rim? Vocês comem coração de frango!!". Eu digo, companheiro: no coração do frango só passou colesterol e os mais puros sentimentos pela galinha sua mãe. No rim, passou mijo e eu tou fora disso. Pensando assim, comprei uma bandeja de coração que, incrivelmente, estava limpinho. Se eu tivesse que limpar não ia dar tempo. Foram 530g por R$5,80. 

8 - O famoso espetinho de contra-filé: esse já virou um clássico. Dá um mega trabalho preparar, mas vale a pena demais. E espetinho em churrascão é legal porque sai rápido. Chegou monstro faminto? Mete dois espetos, vira duas vezes e serve. Comprei 1,2kg de contra-filé por R$21,80, três embalagens de 150g de tomate-cer(v)eja por R$9,00. Tá, azeite e orégano eu não comprei, e ainda usei uma mostarda preta que eu tinha em casa. Dediquei todo o tempo que eu teria em casa a esta carne, porque eu sabia que ia fazer sucesso na festa. E, realmente, fez. A veiarada ficou doida hora que experimentou. 

Tanto para o coraçãozinho, quanto para o espetinho, eu comprei 3 embalagens de espetos de bambu (e pra que serve o bambu? haha). Custaram R$1,25 cada, totalizando R$3,75.

9 - O pão com alho do Daninho: Essa foi uma receita que veio em boa hora. O Daninho veio com essa idéia no meio da semana passada, e eu aproveitei pra arrebentar no churrasco. Fez um baita sucesso, o povo ficava louco com o pãozinho com alho e catupiry. Minha estratégia era ter pão saindo o tempo todo, intercalado com qualquer carne. Ajuda a encher as panças, e como é caprichado você não parece um picareta, que convidou a galera pra um churrasco mas tá enfiando pão goela abaixo. Usei um pote inteiro de maionese (R$2,80), um pote de 250g de catupiry (R$4,99), azeite e alho eu tinha em casa e comprei 20 pães (R$9,15). Como eu sabia que na casa da Vã só tem mulher e se tem coisa que mulher compra pra churrasco é pão, comprei só 20, mas na real acabei preparando uns 50. 

Parei o carrinho num corredor sossegado, e fiz rapidamente as contas. Fiquei surpreso ao perceber que ainda sobrava uma nota preta. Já tinha carne pra caramba no carrinho, os 200 mangos iam dar e sobrar. Diante disso, abri mão da minha estratégia de pão-durice. 

10 - Linguiça calabresa com provolone e orégano: Essa linguiça é legal mesmo. A marca é Rei da Linguiça, que apesar no nome infame, tem umas carnes bacanas. Depois vou escrever melhor sobre isso. A embalagem tinha 500g e custou R$12,50. 

11 - Aí sim, a picanha!! Bom, como tinha dinheiro sobrando, bora lá procurar se tem uma picanha pequeninha e barata. E olha só, não é que tinha uma sorrindo pra mim? A lindoca tinha 850g, uma capa de gordura perfeita e custava R$19,00. Não dá pra resistir, né? Bom, eu a preparei em bifes grossos, com o esquema do alho. Ficou sensacional.

12 - A breja, claro: Olha, eu também sou filhinho de Deus. Saindo do supermercado, teria uma trabalheira na cozinha pra preparar os espetinhos, e quando chegasse no churrasco eu tava verdadeiramente lascado. Já vou te avisando, num churrasco pra 40 pessoas, você não consegue parar um minuto, nem pra fazer xixi. Sabendo da labuta que me aguardava, comprei uma caixa de Itaipava pra tomar enquanto preparava tudo. Com o dinheiro da minha prima. Mas aí que vem o legal da coisa: verificando o ticket aqui, acabei de perceber que a garota do caixa passou apenas UMA cerveja. Ou seja: Abíliô, valeu pelas 11 de graça, parceiro!

Ainda corri num mercadinho próximo de casa e comprei 4 sacos de carvão por R$5,60 cada um, totalizando R$22,40.

Agora soma tudo isso ae que eu tou cansado de digitar. Vai dar marromeno R$175,00, porque eu ainda devolvi R$25,00 pra Vã, que acabaram se transformando em cerveja. E eu bebi.

Bom, o churras foi bem legal, trabalhei pra cacete, tive companhia o tempo todo (esse é o medidor: se tem muita gente em volta de você, é porque a carne tá boa, vai por mim). Tive uma grande ajuda do Hugo, que também manja de carne e matou a ponta de agulha comigo, e me ajudava quando eu precisava largar a churraca pra mandar um pipi.

Felizes leitores, taí a dica. Agora nós sabemos que você não precisa ir à falência pra mandar um churras densamente populado. Com R$200,00, você pode comprar 4 picanhas grandes, ou esse monte de coisa aí.

Esse post é especialmente dedicado à Ni, pelos seus 11 aninhos. Parabéns, lindinha. Você merece muito mais do que esse monte de carne aí, você merece o mundo!! Aliás, você descobre que tá sabendo fazer churrasco quando uma criança de 11 anos te pede um churrasco de aniversário :-)

Pìcanha no rechaud

Rechaud é um nome meio esquisito. Isso é um fato, e se você não concorda comigo, nem precisa continuar a ler isso aqui. Rechaud me lembra gourmet, que me lembra coiffeur, que me lembra champignon, que me lembra abajour, que me lembra charles aznavour, que me lembra michel platini. O francês pode ser um cara legal, mas essa coisa de falar de biquinho a gente desconfia. Então começo esse post chamando o rechaud de rechô. Ponto, macho e viril: rechô.


Esse é o rechô. E, já que eu roubei a foto, retribuo com o link.
 Se for comprar, 
clique aqui.


Aqui em são paulo tá cheio de botequinhos iguais: eles têm cara de antiguinhos, têm mesa de madeira, televisão pra passar futebas, boas porções, garçons gente fina, cerveja Original e... picanha no rechô. Eles acendem o fogareiro embaixo do rechô, esquentam a chapa e queimam o teu bolso: te vendem a picanha inteira a R$60,00. Embora as picanhas de boteco sejam excelentes, esse lance de picanha inteira e meia picanha é uma sacanagem. A picanha inteira nunca passa de 500g, e a meia nunca passa de 300g. Ou seja: seu Manoel do boteco, seja honesto e venda meia 1/2 picanha e 1/4 de picanha, respectivamente, óquei?

Pois é, eu tinha um rechô. Um bom rechô. E o perdi da maneira mais ridícula possível; eu esqueci o rechô em casa. Aí você me pergunta: como assim, escriba? E eu te respondo, fiel escudeiro. Eu esqueci o rechô em casa... e mudei de casa! Ele ficou lá, desamparado no fundo do armário da lavanderia, vendo a mudança toda esvaziar o apartamento, esquecido.  Espero que o novo dono esteja honrando o nome do meu ex-rechô, assim como eu o fazia (Essa me comoveu. Se eu não fosse macho pacas eu tinha até chorado).

Em todos esses meses na casa nova, eu queria muito fazer uma picanha no rechô. Mas não queria comprar outro rechô, em respeito ao antigo. Então encontrei a solução para o meu dilema: comprei uma chapa de ferro!

É isso mesmo, rechô tem que ser de ferro. Nada de inox, nem teflon e nenhum metalzinho anti-aderente. Ferrão, parceiro, chapa pesada, é disso que eu tou falando.


Definitivamente, preciso de uma máquina fotográfica melhor.
Na última foto que o fogo apareceu, tava azul. Esse, tá rosa. Fogo rosa é complicado...

Funciona assim, basta acender o carvão, colocar a chapa de ferro logo acima e fazer a picanha. Se você já comeu uma picanha assim no barzinho, deve ter percebido que o rechô faz um furdúncio de tanto que espirra. Afinal, carne + gordura + chapa quente = lambança. O legal de fazer dentro da churraca é que a lambança ocorre lá dentro, e não te transforma num balde de sebo. 

Pra preparar não tem muito erro, não. Escolha uma picanha pequena. Se for preparar pra muita gente,  pense em comprar duas picanhas pequenas, no lugar de uma grande. Isso porque a picanha fica ali, coladinha no coxão duro, na alcatra e no filé mignon. Em picanhas grandes, você pode ter sido premiado com um pedacinho de outras dessas carnes, que endurecem no rechô (duplo sentido?). Corte a picanha em fatias finas, de pouco mais de um dedo de largura. Lembre-se: nem dedo de moça, nem cacho de banana. Estamos falando de dedos normais.

Tem gente que tira a gordura antes dela ir pra chapa, mas eu prefiro deixar. A gordura endurece no rechô (opa!) e não fica legal de comer, mas ainda assim ela derrete e deixa um gostinho bom. Então eu preparo a carne com a gordura e depois tiro na hora de servir. 

Pra assar, passe uma colherada de manteiga de qualidade sobre a chapa. Nada de margarina e outras merdas light. Se é pra ser light, prepara uma saladinha e dá o fora daqui.  Quando você jogar a manteiga, ela deve derreter fazendo aquele barulhinho legal de chapa quente. Se não fizer, deixe esquentar um pouco mais. Quanto mais quente a chapa estiver, melhor fica a sua picanha. 

Deitou a manteiga? Fez barulhinho? Hora da picanha, rapá!!!! Faça bife por bife, sem essa de tacar um monte de carne. Cada bife que você joga na chapa troca calor com ela, e a faz esfriar. Tenha paciência. Carne deitada, é hora de jogar o sal. Utilize sal fino, a carne vai ficar pronta muito antes de derreter o sal grosso. Deixa ela ali alguns segundos e vire, passe sal. Salgue com moderação, já diria a propaganda.

Agora faça a sacanagem, dê um pouquinho mais de manteiga pra ela beber. Um pouco, nem precisa caprichar, sob o risco de entupir as coronárias dos seus convidados. Fique atento à picanha até ela parecer marronzinha do lado de baixo, com umas marquinhas de queimado onde tem mais contato com a chapa. Vire e aguarde até ficar igual.

Pronto, é só cortar em fatias bem fininhas que vc ganha a galera. Não deixe esfriar, mande o pessoal comer rápido. O que não é difícil, diga-se de passagem.

Preço: preço de picanha, uai. Uns 20 cruzeiros uma picanha de 700g.
Tempo de preparo: rapidinho, meia lata pra cada fatia de carne.
Rendimento: o da picanha. 700 gramas forram 3 panças.

Churrasco de apartamento: o que fazer?


É, não dá pra fazer um boi no rolete, mas vá lá.
Isso é uma churraca. Imagina a gordura pingando nos andares de baixo.
Compre isso aqui.

Certa vez escrevi aqui neste boteco sobre churrasco de apê. Naquele momento, dei a primeira dica, sobre a decisão de compra entre a churrasqueirinha elétrica ou a de carvão. Vale a pena dar uma lida, uma decisão errada nessa hora pode te custar um carão na reunião de condomínio. Ou uma multa, o que é pior ainda.

Leu? Já sabe que tipo de churraca usar? Pois hoje vamos lustrar as nossas mentes e descobrir quais são as carnes mais adequadas pra se fazer em churraquinhas pequenas. E olha que disso eu entendo, pois morei muito tempo no penúltimo andar e fazia churrasco de sacada toda santa semana. Sem multas e sem reclamação, praticamente um recorde. Tá, a amizade com os porteiros do prédio contaram um pouco, mas tá valendo.

Vamos imaginar a seguinte e hipotética situação: Você vai receber um grupo de 4 amigos em casa, fora você e a sua patroa. Se você for solteiro, recomendo que convide uma garota. Se não tiver patroa, e sim patrão, recomendo que vá imediatamente ao site da ana maria braga ou do chef alex atala, que lá eles decoram os pratos com folhinhas.

Então temos 6 barrigas famintas para alimentar, correto? E apenas uma churraca pequena pra preparar tudo, correto? Pense, então, em carnes que ficam prontas rapidamente e que podem ficar perto da grelha. Pense nisso aqui:
  1. A picanha em fatias é perfeita. Fica pronta rapidinho, todo mundo gosta e fica boa de fazer o gato miar. Uma dica que funciona bem na picanha fatiada de churraquinha é dar uma passada de manteiga nela. Outra dica é usar sal fino, pois, dependendo do calor da churraca ela fica pronta muito rápido e não dá tempo do sal grosso derreter, deixando tecos de sal pro pessoal morder, o que não é educado e não conserva os dentes na boca. E não ponha ela na churraca se não estiver bem quente, senão ela endurece, óquei? 
  2. Linguiça. Não vou linkar o post da linguiça cuiabana porque ela não pode ficar tão perto do fogo, e demora pra sair. Mas uma boa linguiça fica legal na churraca pequena. Em qualquer supermercado você encontra umas linguiças legais, daquelas tipo premium. Tem uma, em especial, do "Rei da Linguiça" (ô nominho infame, dotô), recheada com queijo e orégano que é muito legal. Custa mais caro do que uma linguiça normal, mas não chega a ser um absurdo. Só precisa ficar atento pra não furar linguiça recheada (o nome recheada te diz alguma coisa? Mantenha o recheio lá dentro) e pra ela não vazar ao virar.
  3. Queijo coalho, particularmente, tem vocação pra ficar muito bom nas churraquinhas pequenas. 
  4. Coraçãozinho de frango fica bom, mas tem que tomar um certo cuidado, pois ele fica o tempo todo perto do fogo. Recomendo usar sal fino nele também.
  5. Ah, a abobrinha.. Se não fosse as garotas (leia o post das abobrinhas até o fim), eu jamais teria olhado uma abobrinha com respeito nessa vida.. Obrigado por vocês existirem (as garotas, não as abobrinhas, que fique claro). Fica bom na churraquinha e não precisa de nenhum cuidado especial. Só demora um pouco, então não encha a churraca disso. Reserve um espaço pra ir colocando outras coisas.
Tá feito: só nessas dicas você já tem um churrasco pra 6 pessoas, até um pouco mais. Ainda dá pra tentar outras coisas, até costelinha de porco eu já fiz. 

Só não tente fazer carnes grandes ou que necessitem de muito tempo na churraca. Essas, geralmente tem que ficar lá no alto. E quando eu falei "lá no alto", li a sua mente e vou me antecipar à merda: não tente fazer gambiarra, meu filho. Entenda que a churraca pequena tem seus limites, quando quiseres fazer uma ponta de agulha, um cupim ou um cordeiro, use uma churraca decente.

Picanha ao alho sem nhaca

No post anterior, falamos sobre como preparar a picanha em bifes, a coisa mais simples do mundo depois da pipoca de microondas. Então vamos dificultar essa receita um pouco, pra fazer uma delícia de lavar a alma.

Alho é bom pra caralho, mas te deixa com o estômago em frangalho e te faz virar um espantalho? Espante a rima ruim da sua vida, leia essa receita e seja feliz!

A Lu Monte, do Dia de Folga, já tinha me falado sobre um alho assado que ela certa vez experimentou. Segundo palavras dela, perfeito pra passar na torrada. Como esse negócio de torrada é coisa de mulherzinha e aqui o sistema é bruto, fiquei de inventar alguma coisa pra fazer com esse alho assado. E tinha que ser carne, senão podia pegar mal.

Pensei comigo mesmo: bora lá tacar esse alho na picanha, porque picanha com alho a gente sabe que funciona. E o resultado ficou animal, diferente da picanha com alho que a gente come na churrascaria, porque o alho é assado antes de grudar na picanha. Então ele fica levinho, dá um sabor muito bom à carne e você não fica com aquela sensação de que comeu um javali. vivo.

Prepara a picanha como indicado no post anterior. Só não põe ela no fogo, criatura. Vamos preparar o alho primeiro.

A idéia é assar o alho na churraca com casca, talo, tudo o que tem direito.  Aproveitei pra dar uns toques demoníacos ao cabeção do alho. Sigam-me os bons!

Pegue uma cabeça inteira de alho. Não desmonte ela, nem tire a casca, nem lave, nada. Só pra fazer uma maldade, passe uma colher de manteiga Aviação no exterior da cabeça (do alho, mente suja). Use manteiga Aviação, vale a pena gastar 2 reais a mais numa manteiga de qualidade. Se passou pela sua cabeça passar margarina ou qualquer merda light, pode parar de ler este blog agora mesmo e vai pro site da ana maria braga. Certamente você vai achar alguma receita de alho com mel e temperos indianos e outras merdas.


Assim que se faz a maldade. Põe uma manteiga boa e deixa todo mundo assar juntinho. 

Ok, passada a manteiga na cabeça, e embrulha com papel alumínio e joga na churraca pra assar. Pra funcionar mais rápido, você pode colocá-lo lá dentro da churraca mesmo, junto do carvão, numa beiradinha onde o fogo não vai torrá-lo. 

Deixa lá por aproximadamente 4 cervejas. Quando começar a ficar pronto, vai dar pra sentir o cheirinho de alho com manteiga.. bão demais!!

Quando você não agentar mais a tortura, retire do calor e abra o papel alumínio. Retire um dente do alho e abra pra ver a textura. O dente tem que sair facinho, e o alho em si tem que estar uma pasta, parecendo um patê. Se ainda estiver durinho, fecha e manda de novo pra brasa.


Essa foto nojenta é pra você saber a textura certa pro alho.
Se não estiver com essa aparência feiosa, ainda não tá bom.

Se estiver pastoso, basta passar no filé de picanha, dos dois lados. Não deixe o excesso de alho lá, não precisamos dele. Só o fato da pasta de alho passar sobre a carne já faz o milagre. E como o alho, uma vez assado, perde aquele ardido e fica até docinho (sério, experimenta um pouquinho), a carne fica com o sabor do bicho, mas sem aquela maldita nhaca que dá quando a gente come muito alho.

Espalha a pasta na carne e tira esses excessos.

Daqui pra frente o processo é normal: mete a carne na grelha, põe sal, vira, tira, corta e come. 

Depois vc me diz o resultado. É outro tipo de carne for dummies, porque a picanha não tem como errar, e nem o alho.  Só demora um pouquinho pra ficar pronto, porque tem que assar o alho antes. 

Mas vale a pena a espera, vai te fazer arrancar elogios das donzelas, vai por mim.

IPDA: quase o mesmo da picanha, o custo do alho é irrisório.
Tempo de cozimento: o alho leva umas 4 ou 5 brejas. A picanha, tá no post anterior.
Rendimento: depende do tamanho da picanha. Mas se prepara que fica bom e a galera avança!

Como preparar uma picanha simples

Se você ainda está iniciando a sua vida de churrasqueiro e não tem lá tantas habilidades, tá aqui uma carne que, além de ser uma delícia, não tem como errar: Com vocês, a picanha!! (barulho de tambores e cornetas nessa hora, ok?) 
Esses dias eu ouvi uma sensacional de um amigo não-churrasqueiro (aquele que come, mas não prepara o churras). O cara disse assim: "eu só sei que tem que por a carne no fogo e tirar quando ficar marrom". A picanha é assim: simples e rápida de preparar e, a menos que você seja um orangotango, fica sempre gostosa. 
Podemos dizer que a picanha é a Paula Burlamaqui das carnes: você pode vê-la de qualquer jeito, que sempre vai estar uma delícia.
Claro que existem receitas mais complexas envolvendo a picanha. Inclusive, se procurar algum site de culinária mais chique e elegante, vai certamente encontrar tosqueiras como "picanha ao molho de maracujá com begônias" ou merdas no estilo-ana-maria-braga de cozinhar. Mas aqui não tem essa frescurada e a gente faz carne pra ficar gostosa, e não pro prato ficar bem decorado.
Tá com a picanha na mão? Então vamos começar a preparar a Picanha for Dummies mais simples do mercado: Picanha em bifes.
Estou presumindo que você adquiriu uma peça decente de carne. Vamos imaginar que a picanha tá vermelhinha, pequena e limpa. Não vou discorrer muito sobre a compra de uma boa picanha, porque isso aí é assunto pra outro post. No caso das fotos deste post, estou fazendo uso de uma picanha-bebê de 450g e pouca gordura, perfeita pra ser colocada alegremente na grelha na forma de bifes.
Bom, deita a piqueta numa tábua, com a capa de gordura pra cima. Fica mais fácil cortar, porque a faca tende a escorregar na gordura, e se estiver por baixo, vc não vai conseguir separar os bifes direito. Tenha em mãos uma faca afiada. A-F-I-A-D-A, tá entendido? Faca ruim mastiga a carne dá 10x mais trabalho e sujeira.
Apóie a mão esquerda sobre a capa de gordura (sim, churrasqueiro tem que sujar a mão, mesmo), e corte a picanha em bifes largos, de aproximadamente 2 dedos de largura. Se você for canhoto, pode apoiar com a direita e realizar os cortes com a esqueda, ok? Ah, e vê se lava essa mão antes de encher a carne que seus amigos vão comer com os coliformes fecais daquela mijada da décima cerveja.
A picanha deve ficar assim: dividida em pequenos pedaços de felicidade.
Agora você deve, carinhosamente, levar cada bifinho à grelha, perto do fogo, mas sem deixar que as chamas a peguem. Faça assim: com a grelha quente, deite o bife e ponha sal grosso do lado virado pra cima. Conte até 5, vire o bifinho e ponha sal do outro lado. Você vai notar que a picanha muda um pouco de cor no lado que estava pra baixo. Isso serve pra "selar" a carne. Ou seja, fazendo isso dos dois lados, você fez com que a camada de carne superficial seque levemente. Com isso, o líquido saborosíssimo que tem dentro da picanha não escorre facilmente, e a bichinha vai ficar molhadinha quando ficar pronta.
Quanto ao sal, reitero a teoria de que QUALQUER UM que já temperou a própria salada uma vez na vida sabe quanto sal colocar na carne. E o sal grosso vai derreter com o calor, e penetrar na carne. Então imagine que cada pedrinha de sal que jogar vai derreter e temperar a carne ao seu redor. Vai sem medo, na hora você vai saber como fazer.
Não fique virando o filezim. Quando você vira, ela perde líquido, e é o líquido que deixa ela macia. Deixa o filezim lá, e de vez em quando dá uma levantadinha pra ver a cor dele. Realmente, a picanha fica marrom, o sal derrete e as bordinhas do filé ficam mais escurinhas. Se estiver assim, pode virar e repetir o processo. 
O legal da picanha é que ela fica gostosa até muito mal passada. Então, se você tá na dúvida sobre o ponto dela, tira uma pontinha dela e experimenta. Se estiver mal-passada demais, volta ela pra caminha e deixa nanar mais um pouquinho. Mais ou menos como o botão "soneca" do despertador: não tá bom, dorme mais 5 minutinhos e acorda legal.
Na hora de servir, corte cada filé em fatias fininhas. Gosto muito de cortar fininho porque não dá aquela sensação de que vc tá se enchendo de carne, dá a impressão de que a carne fica mais leve. 
Eu, particularmente gosto da picanha mal-passada-quase-ao-ponto. É assim, se você cortar o primeiro pedacinho dela, e a carne estiver branquinha meio rosada por dentro, mas ao mesmo tempo escorrer  aquele sanguinho tudo-de-bom, tá no ponto perfeito.
Recomendo fazer de 2 em 2 bifes, a menos que você esteja fazendo churrasco pra muita gente. Esses bifinhos ficam prontos rapidinho, e se você fizer muito de uma vez, corre o risco de empanturrar o pessoal e alguns pedaços esfriarem sobre a mesa, o que é, no mínimo, um sacrilégio.
Se você tem carinho pela coronária dos seus amigos e familiares, pode tirar o excesso de gordura antes de servir. Convém consultar os convidados antes, tem gente que não gosta que tirem. 

Tempo de preparo: Uma breja na cozinha, cortando a picanha. E uma breja a cada 2 bifes na churraca. 
Rendimento: Uma picanha de 450g, como a que foi usada como exemplo, alimentou 2 pessoas. mas eu comia sozinho uma peça dessas, fácil.

Queijo coalho não é carne, mas é bom

 INFORMAÇÃO: Conteúdo readequado às novas diretrizes editoriais do nosso gerente em outubro de 2022 

Churrasco sem carne não existe. Mas isso não significa que você não possa ajudar a compor o seu churrasco com outras coisas. E uma que faz bastante sucesso é o queijo coalho.
Trata-se de um queijinho pasteurizado, meio durinho, espetado num palito. Comer cru deve ser meio esquisito por conta da textura, mas se vc esquentar um pouquinho fica de lavar a alma.
Uma embalagem de queijo coalho costuma ter 7 ou 8 espetinhos. Recomendo que se faça de 2 em 2 espetinhos. A explicação disso é muito simples: quando ele ficar pronto, retire o cabinho de madeira, e corte em pedacinhos. Um espetinho dá uns 5 ou 6 pedaços do tamanho de uma borracha escolar. Se você fizer um espetinho por vez, corre o risco de ver seus convidados se degladiarem. Se fizer mais de 2, corre o risco de empanturrar o pessoal, deixando alguns pedaços sobrarem na mesa. Aí tá feita a merda, pois o queijo coalho, depois de frio, fica uma borracha, terrível de comer. E mandar de volta pra grelha pra requentar é serviço porco.
Pra preparar é muito simples: retire o espetinho do pacote e coloque inicialmente numa parte mais fria da grelha. Perto das extremidades, por exemplo. O segredo é deixar o queijo aquecer gradativamente, pois direto no fogo, você corre o risco de tostá-lo por fora, e não derreter totalmente por dentro.
Você vai perceber que ele tá ficando bom, pois ele dá umas derretidinhas nas bordas. O chato do queijo coalho é que tem que virar o tempo todo, pra derreter por igual. Ou seja: dá trabalho. Mais um motivo pra não meter mais de 2 na churraca, pq você vai ter que ficar tomando conta.
Ok, então você conseguiu deixar os 4 lados deles meio derretidinhos. Hora de meter ele mais perto do fogo. Assim, ele vai torrar de leve por fora, formando uma casquinha. Não deixe queimar, é só uma casquinha.  O segredo tá no palitinho, que deixa de ficar firme quando o miolo dele estiver mais derretido.
Deu a torradinha nos 4 lados? Então ele tá derretido por dentro e com uma casquinha por fora, pronto pra servir. É só colocar na tábua, tirar o palitinho e cortar pequeno.
Dica 1: por ser mais leve, faz sucesso com a criançada, que não tem estômago de ogro como a gente. Portanto, se no seu churrasco aparecer o filho da vizinha, aquele sobrinho mala ou até mesmo os seus próprios filhos, mande um queijo coalho e faça a moral com a molecada.
Dica 2: se você é como eu, que detesta ver suja a tábua onde você corta a carne, utilize o queijo coalho pra limpar. Quando você corta uma picanha no ponto, por exemplo, ela perde bastante líquido sobre a tábua. Esse líquido é caldo de picanha, já temperado. Uma iguaria pra ser desperdiçada assim, não acha? Então experimente passar o queijo coalho, ajuda a dar um temperinho no queijo e mantem o seu chiqueiro em ordem. 
Não tempere com nada. Nem sal. Mete o queijão lá e tá redondo.
Tempo na churraca: 1 lata de cerveja.
Rendimento: é acompanhamento, porra.