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Drops de Churrasco - Ed. 8

Lá vamos nós com mais uma edição e... tira essa teia de aranha pra lá!!!!
Pois é, depois de um tempo chafurdado nas catacumbas do esquecimento, eis que o blogueiro reaparece, coberto de poeira e mofo, com icterícia até no céu da boca. Passei tanto tempo nas catacumbas, que o mais desconfiado leitor já deve estar sugerindo até um teste de carbono 14. Mas agora estou de volta e explico. Basicamente, estou fechando a minha empresa pra trabalhar com uma coisa muito legal, o que me fez correr contra o tempo pra entregar todos os projetos que estavam em andamento e não deixar ninguém na mão, e depois precisei de uns dias de descanso, porque o trampo novo vai ser pauleira. Com isso, faltou-me o tempo e a inspiração necessários pra colocar a casa em ordem aqui. Agradecido pela compreensão, bora pra frente que o drops, dessa vez, é cheio de novidades.

A entrevista
Alguns aqui souberam, via comentários, que dei uma entrevista para O Globo, falando sobre churrasco de apartamento. A jornalista encontrou a série Especial Churrasqueiras que escrevi aqui e entrou em contato. Falei o que penso, da maneira besta que penso, e a jornalista publicou! Algumas pérolas que julgo impublicáveis como a teoria de que, a cada vez que ligamos uma churrasqueira elétrica, apagamos um bairro no Paraguay, foram na íntegra pra matéria. Outra foi aquela de que a fumaça que a sua churrasqueira produz é inversamente proporcional ao humor dos vizinhos dos andares superiores também recheou a matéria. Muito bacana, mas acho incrível como tem gente séria que ainda presta atenção nas abobrinhas que a gente fala. Os comentários, lá nO Globo, são um show à parte. Não pela camaradagem que vemos aqui, mas pela agressividade gratuita. Vista a sua luva de boxe e vai lá ver. É necessário ser assinante do globo, ou fazer um cadastrinho rápido.

Aji-sal
Temos aqui um assunto que já estava preso na minha garganta há muito, muito tempo. O tal Aji-sal. Se você tá boiando na maionese e não sabe do que estamos falando, o Aji-sal é um sal pra churrasco que custa mais do que o triplo do sal normal, e vem cheio do tal glutamato monossódico, que serve pra realçar o sabor das carnes. Funciona assim: você compra carne ruim, e enche de aji-sal para aquele treco pegar gosto de alguma coisa. Só que a carne que você comprou é xumbrega, mas o sal é de patrão. Não seria mais adequado comprar uma carne decente e um sal barato? Bom, dia desses ganhei 1kg do tal aji-sal do meu sempre solícito sogro, e decidi experimentar. Taquei numa picanha e mandei pra churraca. A picanha ficou com gosto de... ajinomoto. Diacho, se eu quisesse ajinomoto, fazia um arroz, e não uma picanha. Alguém aí tem qualquer experiência com esse produto, sabe se ele pode ficar bom em alguma coisa?
Ah, quer saber porque isso estava entalado na minha garganta? Porque a ajinomoto é cliente de um cliente da minha ex-empresa, e eu não queria pisar no calo dos caras e causar bilhões de dólares em prejuízo, mortes e sofrimentos. Mas como a minha empresa acaba de virar pó, eu posso declarar todo o meu amor a um produto caro e que serve pra estragar comida boa. Valeu Aji-sal!

Anonimus Gourmet
Conheçam uma verdadeira pérola da TV brasileira. A mais pura e verdadeira prova de que tem gente cheia de talento na televisão brasileira. E sem precisar de passarinho de borracha, silicone, botox nem escova definitiva. É o verdadeiro entretenimento-raíz.
O Anonimus Gourmet foi dica de algum leitor aqui do blog, que infelizmente não me lembro ao certo quem foi. Trata-se de um programa de televisão, onde dois distintos senhores ligam uma câmera de televisão e começam a churrasquear, manuseando uma bela costela, um carré e uma paleta de cordeiro numa legítima parrilera argentina. Só aqui já temos pano pra uma boa babada, não? Mas a mágica do programa não tá só aí. A capacidade de interação dos dois com a câmera é tão grande, que dá a impressão que eles esquecem que a câmera está lá. Literalmente. Em diversos momentos, os dois param de falar pra comer. Dane-se o programa, a costela tá pronta. Uma fanfarrice. Detalhe pro momento em que eles param pro comercial, e quando volta a peça de carne quase sumiu. Uma prova de que toda a equipe está fazendo a filmagem com as mãos sujas de carne. Divirtam-se e babem muito!

A tradicional charada
Ah, olha lá os publicitários e suas máquinas malucas, trazendo mais um teaser pra animar nossos corações. Como os leitores desse blog são pessoas astutas e providas da mais alta capacidade intelectual quando o assunto é churrasco, decidi tentar mais uma, vamos ver se vocês conseguem identificar, com as pistas abaixo, qual será a receita do próximo post:


  1. Verde na alma, bacon no corpo;
  2. Deus não deu à cobra;
  3. Onkel Helmut recomenda.


Quero ver quem é malaco pra descobrir essa. Valendo um washington olivetto pra chamar de seu!

Perguntas na grelha: Tirando Abel Teixeira da masmorra

Inaugurando tardiamente a série "Perguntas na Grelha", venho encarecidamente solicitar que juntemos nossas forças pra salvar do limbo o nosso colega churrasqueiro Abel Teixeira, que lá de Teresina, no Piauí, clama por socorro. Limbo esse em que se meteu, e por infortúnio, o ajudei a chafurdar, e agora preciso mover os meus pauzinhos para tirá-lo dessa encrenca.

Há mais de uma semana atrás... ... ... Volta tudo.

Há BEM MAIS de uma semana atrás, recebi o chamado do amigo Abel, e após uma rápida troca de e-mails, prometi a pronta apresentação para a solução dos problemas dele. O que, como já tradicionalmente tenho feito neste blog, faço agora, com um atraso considerável. Isso porque o final de semana chegou, Abel continuava com dúvidas, eu não o ajudei, e, mais uma vez, ele fracassou, sucumbiu ao túmulo dos perdedores e tomou vaia da família. E eu, com meu timing britânico, com precisão cirúrgica e fazendo a volta mais rápida, chego numa segunda feira pra evitar que ele se lasque no churrasco do final de semana que vem.

corre, filhinho... porque coelho bom é coelho morto.

Ciente da condição daquele que tarda, mas não falha, segue abaixo um resumo dos problemas de Abel:
Me propus a ser responsável pelo churrasquinho do final de semana, comprei uma churrasqueira elétrica, uma faca, a tábua, o amolador, o sal grosso, etc... Mas já está com dois finais de semana q fracasso. rsrsrsrs 

No primeiro realmente foi muita fumaça, foi quando resolvi recorrer à internet e encontrei teu blog. Mas acho q é por q deixei a água acabar na churrasqueira, deve ser por isso, eu acho. Tenho dúvida se coloco muita água ou pouca, mas acho q estou encontrando um ponto médio. 
Tentei um peixe - pargo - e a pele dele soltou toda, e ficou caindo pedaços, ficou gostoso, mais ficou um prato muito feio. 
No último final de semana tentei a costela de porco, como é da fazenda, não foi de supermercado cortei a carne um pouco grossa, e demorou pra caramba pra assar... O almoço saiu por volta das 14:30, gente já com cara de bicho. 
É por aí, na verdade preciso de umas dicas, umas sugestões pra limpar a minha barra...(gosto de peixe aos sábados e domingo topo o q vier, inclusive as cervas. rsrsrsrs).

Consideremos as situações. Vejo aí 3 problemas distintos.

O primeiro tá fácil de resolver. A churraca elétrica precisa ficar com água na bandeja o tempo todo. O suficiente pra cobrir o fundo dela, mas não pode deixar a água pegar na resistência. Uma dica é deixar uma caneca com água perto de você, assim pode ir completando de pouco em pouco. Honestamente, se deixou a água secar, fico feliz que você nos mandou este e-mail: é um sinal de que você não pegou fogo, pois é deveras perigoso deixar esta churraca seca assim.

Outro ponto é o da costela. A churraca elétrica demora um pouco mesmo, não tem jeito. E carne de porco mal passada, nem pensar. A solução, nesse caso, é pensar o churrasco como um todo, não apenas uma única carne. Costumo fazer assim: Uma carne é a principal, no seu caso, a costela. Tenha outras pequenas peças de carne, ou linguiça, ou queijo-coalho. Coisas que saem rápido e dão aquela forrada no estômago enquanto o principal assa. So tenha o cuidado de não empanturrar seus convidados, e na hora que a costela sair, todos os convidados estarem arrotando linguiça. Aí, compana... Segura o choro e come a costela sozinho.

O terceiro ponto é o do peixe-farofa que você usou e desmontou inteiro. Não conheço, exatamente, o pargo, o que me faz pedir novamente a ajuda dos leitores, universitários ou não. Mas a dica aqui serve pra qualquer peixe. Recomendo que você embrulhe o peixoto em papel alumínio, com os temperinhos dentro dele. Só tire dali quando estiver pronto mesmo. Então abra o papel alumínio e tire o peixe com todo o cuidado e atenção do mundo. Como se estivesse movendo a bunda da juliana paes de uma cadeira pra outra: põe a maozinha embaixo e vai com calma, muita calma nessa hora. Com a diferença que o peixe você come, e a juliana paes, não.

Ah, e não se esqueça de que a sua churrasqueira está ligada na tomada. Todo o cuidado é pouco quando se utiliza papel alumínio numa churraca eletrificada. Bote um chinelo nesse pé e evite a combustão espontânea desse seu esqueleto surrado embebido em álcool.

Um peixe bacana pra churrasqueira elétrica é um que tem um nome infame, mas funciona bem: o carapau. É um peixe relativamente pequeno e consistente, é bem gostoso e fica pronto rapidinho.

Boa sorte nos próximos churras, companheiro. Se eu passar por Teresina um dia, me convido pra um churrasco na sua casa, já sei que tem costela direto da fazenda :-)

Tá com dúvida? O bicho pegou pro seu lado? Tomou vaia, magoou, tá com medo do escuro? Manda um e-mail pra danielwalterrodrigues@gmail.com contando seus problemas. Com uma frequencia irresponsável e o timing apurado de sempre, publicaremos as dúvidas dos leitores aqui no blog.

Costelinha ao molho Barbecue

Amigo, segura firme na latinha de breja mais próxima de você, porque essa receita é de lavar a purpurina da globeleza (é, acabei de assistir à primeira vinheta de carnaval na tv. Apartir de agora, prepare a sua paciência pra toda sorte de sambas-enredo tocando desgovernadamente na tela da sua televisão).

Olha, eu sempre tive um pé atrás com o tal molho barbecue. Mesmo com o pessoal insistindo que a costelinha de porco com barbecue era uma maravilha e tal e coisa. Mas pude descobrir, da melhor maneira possível, que isso só se deve ao fato do mau uso que se faz desta iguaria. Vou explicar melhor:

Você adora batatas fritas onduladas, certo? Sim, eu adoro. Aí, o criativo fabricante da batata frita ondulada inventa uma maneira de vender mais batata, digo, melhorar a sua batata e te pergunta: "Caro consumidor, qual o sabor que mais lhe agrada?", e você responde: "Olha, eu gosto bastante de churrasco, viu, seu fabricante!". E o sabichão enche a batata de cheiro de barbecue, e com toda a sua genialidade, estraga a batata e te engana dizendo que aquilo é de churrasco. Fica terrível, não sei como as empresas ainda insistem nisso.

Ouve isso, amigo fabricante de comida: não faça isso, deixe o molho barbecue em paz, e pare de estragar a sua reputação.

Até que chegou o natal, e como eu fui um bom menino esse ano e comi toda a minha comida, o papai noel me trouxe um brinquedinho, que fatalmente vai agregar muito aos meus churrascos, e acredito que até aos seus, porque pretendo fazer todas as receitas saborosas do livro, transcrevendo-as desse jeito, como toda a delicadeza e finesse que marcam a linha editorial desta espelunca.

Logo na primeira leitura, havia um peito de boi com molho barbecue. Muito legal, mas decidi aproveitar o molho pra lambrecar alegremente uma costelinha de porco.

O mais batuta é que o preparo dessa iguaria é ridiculamente rápido e simples, vai por mim, que você não tem como errar. Além de economizar um caminhão de dinheiro, porque esses melhos prontos, além de serem bem piores do que o caseiro, custam os olhos da cara.

Recomendo que dirija este esqueleto surrado até o mercado mais próximo e adquira um belo tubo de catchup. Esta receita utiliza tal condimento em proporções estrondosas, e todos nós sabemos que a coisa pode ficar preta pro seu lado se a patroa quiser mandar um hotdog pras crianças e descobrir que o figurão aí torrou todo o catchup da casa no molho. Mesmo que ela também tenha se lambuzado no churrasco, ela vai te ferrar. Se você tem uma mulher em casa, sabe que vai. Se não tem, lembre disso quando tiver.

Vamos lá, começamos pela costela. Ela deve ir pra churraca antes do molho, portanto, você ganha um tempinho pra ir preparando o molho.

Basicamente, você deve providenciar uma peça de uns 2,5kg de costela de porco, de preferência inteira, ou seja, sem ter sido cortada em ripas. Faz menos lambança.

Passe um pouco de pimenta do reino sobre ela, despeje sal grosso (despeje com moderação) e manda o porquinho pra churraca com os ossinhos pra baixo, tomando o único cuidado de não deixar as chamas encostarem na costela. É fácil, tenho certeza de que vai conseguir.

Agora, corre pra panela. De preferência uma pequena, pra não ficar muito raso. Jogue lá dentro o correspondente a, mais ou menos, meia lata de breja, só que de catchup. Isso deve dar uns 200ml. Não use catchup picante, você mesmo vai apimentar a sua receita depois.

Bom, agora despeje na panela, uma boa golada de vinagre branco. Se você tiver aí um vinagre de maçã, manda bala. Se, assim como eu, não encontrou essa raridade em nenhum dos mercados do universo, use qualquer vinagre que seja claro. Nem preciso explicar que você deve fugir daqueles vinagres temperados e outras baboseiras, ok? Beleza, vamos ao próximo passo.

Dê uma colherada moderada num tempero chamado "Páprica doce". Fica esperto, porque existe uma tal páprica picante, e não é ela que você tem que usar. Sapeque a páprica doce na panela.

Agora, coloque a mesma quantidade de pimenta do reino. Mas fique com a pimenta do reino por perto, pode ser que você precise dela lá na frente.

Coloque na panela uma quantidade generosa de cominho. Conhece o cominho? Te conto quem é o cara: é um tempero que vende no mercado, e é ele que vai dar todo o gosto legal pro Barbecue. Uma dica legal é abrir o tempero, dar uma bela cheirada na embalagem. Você vai reconhecer o cheirinho do BBQ ali. Isso vai te ajudar a ir temperando sem exagerar, e sem faltar.

Pra variar um pouco, jogue um pouquinho de sal grosso. Nem precisa ser muito, uma salpicada só.

Vamos entrar numa parte complicada da receita. Moralmente complicada. Imagina um camarada andando na rua com uma camisa do Palmeiras de um lado, e do curintia do outro. Poderíamos denominar este cara como um cidadão controverso. Ou xarope, mas continuemos com a receita.

Você acabou de adicionar um teco de sal na receita, pois então chegou a hora de mandar o bom senso pro alto e mandar logo umas 5 colheres de açucar mascavo, que é um açucar menos doce, meio marrom, feito pra fazer doces especiais.

A função desse açucar é, além do sabor, dar a textura de caramelo do BBQ. Vai por mim, funciona.

Agora acende o fogo debaixo da panela. Não deixa o fogo muito alto porque pode torrar a sua receita. Você deve ficar mexendo o tempo todo com uma colher de pau. Com a colher, e não com... bom, deixa pra lá, você entendeu.

O milagre acontece rapidinho. O vinagre evapora primeiro, e faz um cheiro ruim pra caramba. Assim que o cheiro ruim passa, você começa a pirar no cheiro bom que vem da panela. Isso acontece, porque os temperos são bastante cheirosos, e o açucar começa a derreter, engrossando o caldo todo. Muito bom, continue mexendo.

Tenha em mãos um vidro de pimenta "Tabasco". No meu caso, utilizei a pimenta Tabasco verde.

O processo é muito rápido, não fique enrolando por aí. Você vai mexendo, e de vez em quando passa o dedo na colher pra sentir o sabor. Vá jogando uns golinhos de Tabasco, até o molho ficar meio picante, meio doce. Isso se chama "agridoce".

Hora que estiver saboroso, tá pronto o seu molho. Voltemos à costela, que já estava no fogo e, a essa altura do campeonato, já deve estar meio assada.

Passe uma bela camada de molho sobre a costela. Essa é a parte mais legal da brincadeira. Lambuze aquele treco lá, até a costela inteira ficar melada. Só tome o cuidado de guardar um pouco do molho. Tome uma latinha de cerveja enquanto deixa o molho "entrar" na carne.  Cerveja terminada, vire a costela com a parte da carne e do molho pra baixo, pra queimar mesmo.

O lance é que o fogo faz uma casquinha sobre a costela, por conta do açucar que tem no molho. Quando estiver meio sequinho, e a costela estiver com aquela cara de pronta, tire e picote em ripas.

O que sobrou do molho, deixe num pote perto da churrasqueira, pra que as pessoas possam chuchar os pedaços lá à vontade.

É uma receita muito gostosa, que todo mundo gosta e te ajuda a recuperar a auto-estima do molho Barbecue, surrada pela ganância dos fabricantes de batata frita ondulada e outras porcarias industrializadas.




O detergente que saiu na foto não deve ser adicionado à receita, ok?



Note que preparei a minha utilizando uma fabulosa... churrasqueira elétrica!


A peça toda, depois de lambuzada.



Esse foi o pedaço que foi parar na minha mão. Hora de meter os dentes!


Especial Churrasqueiras: A incrível churrasqueira elétrica

Estamos de volta com mais um capítulo da série Especial Churrasqueiras, que vai te ajudar a escolher o melhor lugar pra deitar o seu bife. Isso é um oferecimento das Organizações Gato na Grelha. 

No último capítulo, experimentamos a tal churraquinha de papel, que tinha tudo pra dar errado... e deu. O acendedor atômico de urânio enriquecido que veio maliciosamente camuflado no meio do carvão chamuscou a minha sombrancelha, torrou a carne e até a própria churrasqueira, acabando com o churrasco e quase causando um incêndio. Ou seja: siga o óbvio, churrasqueira de papel não funciona e não faça isso em casa. Nem fora dela.

Desta vez, vamos experimentar mais uma que tem tudo pra dar errado. Onde já se viu um cara que acha que entende de churrasco confiar numa churrasqueira que tem que enfiar na tomada pra funcionar? Pois é, mas nós torcemos o nariz, demos de ombro, fizemos beicinho (menos a ana maria braga, que fez beição mas ninguém notou porque o botox tava duro), mas acabamos por morder a língua e levar uma bica. E esta anatômica oração só serviu para que morfológica ou sintaticamente admitamos que a churraquinha elétrica surpreendeu os nossos enegrecidos corações e provou que funciona sim senhor. E funciona bem merrrrrmo.

Como já disse num post sobre churrasco de apartamento, o que vai determinar se você vai ter uma churrasqueira elétrica ou a carvão na sua casa é uma razão entre o andar em que você mora e a dureza da sua convenção de condomínio. Se você optou pela elétrica, este post é pra você, iluminado leitor.

O esquema da churraquinha elétrica é bem simples. Tem uma resistência que fica logo abaixo da grelha esquentando a carne. Abaixo dela, uma bandeja armazena a gordura que escorre. E é aí que mora a genialidade deste invento que orgulharia mr. Thomas Alva Edison.


- Oh, my God!! Eles estão deitando o gatinho no grelha!!

Sente a estratégia: a gordura escorre e cai na água. Esta, por sua vez, está próxima da resistência, que encontra-se a meio caminho da água e da grelha. E como pau que bate em Chico bate também em Francisco, se a resistência esquenta a carne, esquenta também a água. Que evapora.. na carne! É, salvo as proporções gastronômicas e astronômicas de ambas, o mesmo princípio que faz a gordura cair no carvão, queimar e subir de volta à carne em forma de fumaça. Essa é a mágica do churrasco. E a churraquinha elétrica cumpre honestamente o seu papel nesse sentido. Mas como a gordura não é queimada, não faz tanta fumaça. Quase nada, pra falar a verdade.

Churracas elétricas consomem uma energia lascada. E um churrasco nunca é um evento rápido. Portanto, se você tem costume de fazer churrasco com frequencia, recomendo procurar outra alternativa. A menos que faça parte dos seus planos sobrecarregar Itaipu e apagar o Paraguay, o que não deixa de ser uma boa idéia. Mas pense na sua conta de luz e evite o greenpeace na porta da sua casa. Essa churrasqueira quebra o galho com propriedade, mas não é pra ser usada com frequencia. 

Como ela é bem pequena, deve ser acomodada em cima de uma mesinha. Nessa hora, recomendo atenção ao tipo da mesa. No apartamento da praia, temos uma dessas, e no primeiro churrasco, apoiei a churrasqueira na mesa da sacada. A mesa era de ferro, e eu tava descalço. Não preciso nem contar o que aconteceu, né? Foi um choque atrás do outro. Como nós gostamos de tomar cerveja durante os churrascos, e não tomamos pouca, o risco de levar um choque e pegar fogo é grande. E eu não acho que seja uma visão agradável pros seus convidados verem um churrasqueiro em chamas num churrasco onde, teoricamente, nem deveria haver fogo. Portanto, mesa de madeira e um chinelão podem ajudar a salvar a tua vida.

Se pegar fogo, não dirija.

Quanto às carnes, dá pra fazer uma porção delas. Picanha em bifes fica perfeita. Costelinha de porco também já fiz, e fica legal. Linguiças em geral, frango, fraldinha, maminha. Até peixe eu já fiz e ficou muito bom. Apenas evite carnes que precisam de um longo tempo de churraca, como costela bovina e cupim. Primeiro porque elas tendem a queimar por fora e não assar direito por dentro, e outra porque uma churraquinha dessas ligada durante muito tempo pode causar um blecaute na sua cidade.

Veredito: tá aprovada. Descobrimos que as resistências servem, além de fazer chuveiro, aquecedor e chocadeira, pra fazer churrasco. Essa sim foi uma experiência bacana.

Comparando, é como o Palmeiras contratar o Obina: você tem certeza de que não vai dar certo, mas no fim.... Bom, no fim eu não quero nem ver. E esse papo de obina me fez perder a fome.

Peixe na churrasqueira: Corvina


- Qual o seu último pedido, dona Corvina?
- Um espetinho de camarão, por favor.

Dando uma busca gooogle afora sobre a linda e faceira personagem desse post, a corvina, descobri um lance que me cortou o coração: pra pescar a corvina, recomenda-se utilizar como anzol camarão vivo ou morto. Que que é isso, meu querido... Eu não sou adepto de jogar nem cerveja na carne, porque minha cerveja bebo eu e carne nenhuma vai tomar por mim, imagina só se eu vou dar um camarão pro peixe... Sem chance! Mesmo que eu pesque o sabichão pra mandar pra grelha, ainda assim perco o camarão. Isso porque não dá pra pegar o peixe e deitar na grelha logo de cara. Tem que limpar a nojenta barrigada, e aí, amigo.. Bau bau camarão. Deixa o Forrest Gump saber disso.

Resumindo: o que os olhos não vêem o coração não sente. Vá à peixaria mais próxima e compre a corvina pré-pescada, pré-mortinha da silva e limpa. Assim você economiza um camarão e se livra da nojeira.

De corvina em punho, vamos preparar o tempero dela. É um molho bem simples e sem segredo nenhum: sal grosso, limão e salsinha.


Simples assim: cobre o fundo do pote com sal grosso, põe bastante salsinha e espreme dois limões.

Tem gente que não gosta de colocar limão, porque, uma vez na churraca, escurece a carne do peixe. Não ligo muito pra isso, porque fica muito gostoso de qualquer jeito.

Com uma folha grande de papel alumínio embaixo do comedor de camarões, coloque o molho na barrigada, e passe por fora dele. Admito que não precisamos de todo esse molho que eu coloquei na pança do peixe. Poder ser mais comedido.

Tá aí a bichinha embrulhada, pronta pra deitar na grelha.

Uma vez temperado, embrulhe o peixe em papel alumínio e coloque na lancheira das crianças. Há! Imagina o susto da criançada abrindo a lancheira no recreio e encontrar um peixe lá dentro? Depois ninguém vai querer brincar de passa-anel. Uma fanfarrice!

Tá, voltando ao preparo do nosso shrimp-killer. Embrulhe com papel alumínio e manda pra churraca, que já deve estar acesa e quente. Põe num andar intermediário. Nem lá no alto (demora) e nem perto da brasa (torra por fora). Deixe por lá umas 8 latinhas. Vire com muuuuuuuito cuidado e tome mais umas 2 brejas.

Quando a sua intuição disser: "Vai filho. Faz o teu melhor", faça o teu melhor: abra o papel alumínio. Experimente dar uma garfada de leve pra ver como ficou o tempero. Se tiver pedaços de sal grosso, pode passar uma faca de leve pra tirar.

Momento Freddy Krueger: De um só golpe, arranque a cabeça do peixe, embrulhe numa caixa de veludo e mande para a sua sogra. Se quiser mandar para a minha, me procura que eu passo o endereço. Uma vez decapitado, abra o peixe pela barrigada, se possível retire toda a espinha (normalmente ela solta fácil), sapeque bastante limão na carne e tá pronto.

A melhor maneira de servir é promover a famosa pia de porco; dê um garfo pra cada participante e cada um vai tirando um pedacinho. 

Essa receita faz o gato miar!

Dica1: Quando fizer peixe, nem pense em fazer carne também. Mesmo embrulhado, o peixe pode perder líquidos, que caem na brasa e fica cheirando. Definitivamente, cheiro de carne e peixe misturado é lambança.

Dica 2: Dá pra fazer de boa na churraquinha elétrica, eu mesmo já fiz. Na pequena de carvão, dá pra fazer, se a brasa não estiver com chamas. Só não recomendo fazer em apartamento por causa do cheiro de peixe. Se você tem estômago forte, vai em frente.

Obs: Tenho um filho de 3 anos, o Rodrigo. Inocentemente, peguei o garoto no colo pra mostrar o peixe na pia. Ele se cagou todo, saiu chorando e correndo. Portanto, evite pesadelos e não sacaneie seus filhos: não deixe ao alcance das crianças. Mas que foi daí que nasceu a idéia da lancheira, foi.

IPDA: Essa corvina custou R$11,00. Uma bagatela.
Tempo de preparo: Uma lata na cozinha, 11 na churraca. Sirva bêbado.
Rendimento: Essa aí encheu 4 panças.

Churrasco de apartamento: o que fazer?


É, não dá pra fazer um boi no rolete, mas vá lá.
Isso é uma churraca. Imagina a gordura pingando nos andares de baixo.
Compre isso aqui.

Certa vez escrevi aqui neste boteco sobre churrasco de apê. Naquele momento, dei a primeira dica, sobre a decisão de compra entre a churrasqueirinha elétrica ou a de carvão. Vale a pena dar uma lida, uma decisão errada nessa hora pode te custar um carão na reunião de condomínio. Ou uma multa, o que é pior ainda.

Leu? Já sabe que tipo de churraca usar? Pois hoje vamos lustrar as nossas mentes e descobrir quais são as carnes mais adequadas pra se fazer em churraquinhas pequenas. E olha que disso eu entendo, pois morei muito tempo no penúltimo andar e fazia churrasco de sacada toda santa semana. Sem multas e sem reclamação, praticamente um recorde. Tá, a amizade com os porteiros do prédio contaram um pouco, mas tá valendo.

Vamos imaginar a seguinte e hipotética situação: Você vai receber um grupo de 4 amigos em casa, fora você e a sua patroa. Se você for solteiro, recomendo que convide uma garota. Se não tiver patroa, e sim patrão, recomendo que vá imediatamente ao site da ana maria braga ou do chef alex atala, que lá eles decoram os pratos com folhinhas.

Então temos 6 barrigas famintas para alimentar, correto? E apenas uma churraca pequena pra preparar tudo, correto? Pense, então, em carnes que ficam prontas rapidamente e que podem ficar perto da grelha. Pense nisso aqui:
  1. A picanha em fatias é perfeita. Fica pronta rapidinho, todo mundo gosta e fica boa de fazer o gato miar. Uma dica que funciona bem na picanha fatiada de churraquinha é dar uma passada de manteiga nela. Outra dica é usar sal fino, pois, dependendo do calor da churraca ela fica pronta muito rápido e não dá tempo do sal grosso derreter, deixando tecos de sal pro pessoal morder, o que não é educado e não conserva os dentes na boca. E não ponha ela na churraca se não estiver bem quente, senão ela endurece, óquei? 
  2. Linguiça. Não vou linkar o post da linguiça cuiabana porque ela não pode ficar tão perto do fogo, e demora pra sair. Mas uma boa linguiça fica legal na churraca pequena. Em qualquer supermercado você encontra umas linguiças legais, daquelas tipo premium. Tem uma, em especial, do "Rei da Linguiça" (ô nominho infame, dotô), recheada com queijo e orégano que é muito legal. Custa mais caro do que uma linguiça normal, mas não chega a ser um absurdo. Só precisa ficar atento pra não furar linguiça recheada (o nome recheada te diz alguma coisa? Mantenha o recheio lá dentro) e pra ela não vazar ao virar.
  3. Queijo coalho, particularmente, tem vocação pra ficar muito bom nas churraquinhas pequenas. 
  4. Coraçãozinho de frango fica bom, mas tem que tomar um certo cuidado, pois ele fica o tempo todo perto do fogo. Recomendo usar sal fino nele também.
  5. Ah, a abobrinha.. Se não fosse as garotas (leia o post das abobrinhas até o fim), eu jamais teria olhado uma abobrinha com respeito nessa vida.. Obrigado por vocês existirem (as garotas, não as abobrinhas, que fique claro). Fica bom na churraquinha e não precisa de nenhum cuidado especial. Só demora um pouco, então não encha a churraca disso. Reserve um espaço pra ir colocando outras coisas.
Tá feito: só nessas dicas você já tem um churrasco pra 6 pessoas, até um pouco mais. Ainda dá pra tentar outras coisas, até costelinha de porco eu já fiz. 

Só não tente fazer carnes grandes ou que necessitem de muito tempo na churraca. Essas, geralmente tem que ficar lá no alto. E quando eu falei "lá no alto", li a sua mente e vou me antecipar à merda: não tente fazer gambiarra, meu filho. Entenda que a churraca pequena tem seus limites, quando quiseres fazer uma ponta de agulha, um cupim ou um cordeiro, use uma churraca decente.

Abobrinha na churrasqueira

Se o teu carnaval foi como o meu, aposto um rim (o que sobrou, porque o outro derreteu) como essa quinta feira está sendo o dia mais comprido da história da humanidade, certo? A sensação é que durante os quatro dias de carnaval, quem foi assado foi o meu fígado, o meu baço, o meu estômago e o meu cérebro, e não as carnes deliciosas que fizemos na churraca. Mesmo tendo sido dilacerado pela cerveja e afins, posso garantir que foi um feriado daqueles que valem a pena.

E, pra um estômago desfigurado, nada melhor do que uma comida leve, não? E como aqui a gente fala de churrasco e saladinha é coisa de coiffeur e a gente desconfia desse pessoal, vou mandar aqui uma receita saudável, que fica uma delícia e as gatas piram: Abobrinha na churraca.

Faz assim, pega uma abobrinha grande, lava e corta ela em rodelas. Essas rodelas precisam ser meio largas, mais ou menos dois dedos de espessura, e eu estou contando que você não tem dedinhos de moça, nem um cacho de bananas. Estou falando de dedos normais. É importante que ela não seja fininha por dois motivos: o primeiro, porque a cereja do bolo tá dentro da abobrinha; segundo, porque ela diminui drasticamente de tamanho, e não queremos que ela caia pela grelha e torre no carvão, certo? Já que você vai preparar comida de mulherzinha, faz direito.

Bom, uma vez cortada a abobrinha, coloque numa bacia grande, pra você poder mexer sem fazer sujeira. Põe aí um pouco de azeite, de preferência um azeite bom, porque faz diferença. Não se esqueça de que a abobrinha não tem gosto de nada, e são os temperos que você coloca que fazem ela funcionar.

Agora, o segredo tá no alho frito. Coloque um pouco de alho frito, aqueles que vêm torradinhos, sabe? Não confunde com o alho assado, é o frito mesmo, aquele do frango à passarinho. Pra uma abobrinha grande, uma colher de sobremesa cheia já é o suficiente. Põe também um pouco de orégano, uma chacoalhada de pacote só. Costuma funcionar bem com alecrim e manjericão fresco também. Ou seja, assalta o armário dos temperos e sapeca na abobrinha, com moderação. O principal está no azeite, alho frito e orégano. O resto, você adiciona de acordo com o seu gosto. Só não vai me encher a abobrinha de frescurada, senão fica com gosto de armário dos temperos.

Mistura tudo, coloca um pouco de sal fino (o sal grosso não fica legal) e manda pra brasa. Pode colocar no meio da brasa, no mais quente da churraca. A abobrinha demora pacas pra ficar pronta, porque primeiro ela perde bastante água, pra depois começar a amolecer.

Como ela fica mais perto do fogo, a chance de ter alguma carne assando nos andares superiores da churraca é imensa, né? Então vou te mostrar o pulo do gato: posicione a abobrinha embaixo de alguma carne suculenta, daquelas que ficam perdendo líquido o tempo todo. Com isso, você faz a abobrinha com todos os temperos, além de um caldo natural de carne que dá o tchan na brincadeira.

Quando estiver ficando escura de um lado, vire pro outro utilizando um pegador. Garfo não ajuda muito, porque a abobrinha fica lisa como um bagre ensaboado, e porque ela diminui e passa no meio dos vãos da grelha. Bom, vira pro outro lado e monitora. Quando estiver escurecendo, tira, corta em pedaços pequenos e come. O melhor ponto pra ela é deixar ela tostar levemente por fora, e deixar molhada por dentro. 


essa abobrinha da esquerda tá querendo ficar pronta.
Se deixar tostar um pouco mais desse lado e virar, fica ótima.
Essa foto veio da receita de rocambole de fraldinha.

Fica muito, muito bom, por mais que doa a um amante da carne dizer isso de um maldito vegetal.
  • Dica 1: a melhor grelha pra fazer isso é aquela que tem um monte de buracos em forma de bolinha, mas em compensação é a mais chata de limpar. Mas é certeza de que a abobrinha não cai lá pra baixo.
  • Dica 2: Se você tem apenas daquelas grelhas de arames paralelos, pode colocar uma em cima da outra, em sentido invertido, fazendo uma grelha em X. 
  • Dica 3: Se a abobrinha cair lá no fogo, engole o choro e finge que não viu, torcendo pra ela queimar antes que alguém note a sua falta. Todas as tentativas de salvamento só vão aumentar a sua vergonha. Abobrinha no carvão é abobrinha morta.
  • Dica 4: Funciona bem em churraca responsa, em churraquinha pequena, em churraca elétrica, qualquer coisa.
  • Dica 5: decore essa receita (no sentido de gravar, não vai meter galhinho de planta em cima do prato), principalmente se você costuma fazer churrasco para mulheres. Elas adoram, dão gritinhos, pulinhos e batem palminhas quando você faz isso. Coisa de mulher, você sabe como é.
IPDA: Baratíssimo, uma abobrinha custa uns R$2,00, se você pagar caro.
Tempo de cozimento: umas 4 latinhas.
Rendimento: nunca faça só um churrasco de abobrinha. Além de dar um trabalho dos infernos, pega mal fazer churrasco sem carne. Então, como acompanhamento, uma abobrinha grande serve umas 2 pessoas.

Lembrando que este post é uma homenagem à mulherada que frequenta os churrascos lá de casa, e homenagear garotas sempre rende bom ibope. A idéia de preparar a abobrinha assim é totalmente delas, eu apenas deito na grelha e espero ficar pronto. Agradecimentos mais do que especiais à patroa Dani, Déa, Vandrope, Dani do Pão e Carlinha.

UPDATE: As garotas acima leram este post e me puxaram a orelha. Portanto, neste momento o escriba deste manuscrito encontra-se funcionando em mono. Se você é um leitor solidário, feche seu olho direito e leia-me assim como escrevo-o: em função mono.
O problema estava no alecrim, que, com 78% dos votos, foi eliminado nesse paredão. Aí, como a gente manda nessa casa mais do que o Boninho, botamos o Tomilho na receita. Conhece o tomilho? 
Se você pensou que é uma mistura de tomate com milho, errou. O tomate está para o milho como a Alessandra Negrini está para o Tiririca. Tá certo que ela é sem noção e casou com o Oto, mas é uma mistura que não funciona. O Tomilho é um farbusto aromático da família das labiadas. Grandes merdas, goooogle nos disse e agora sabemos. 

O que importa é que é um temperinho maneiro que vc pode achar em supermercados, ou plantar na sua casa e usar fresco, que é fresco mas é legal. Ou seja: tire o alecrim e bota o tomilho que ele é mais legal. 

Coraçãozinho de frango no espeto

Um pacote de 500g de coraçãozinho de frango tem, mais ou menos, uns 40 corações. Estamos falando de 40 ex-frangos, que tiveram família, amigos, sentiram, amaram.. Toda vez que eu vejo um coraçãozinho de frango eu fico me perguntando... por qual galinha aquele frangote teria se apaixonado antes de ir pro espeto? Será que existe uma galinha triste, em alguma granja nesse mundão de Deus, botando ovo todo dia e sonhando com a volta do seu frango amado? Será??
A Rádio Atividade leva até vocês
Mais um programa da séria série
"Dedique uma canção a quem você ama"
Eu tenho aqui em minhas mãos uma carta
Uma carta d'uma ouvinte que nos escreve
E assina com o singelo pseudônimo de
"Mariposa Apaixonada de Guadalupe"
Ela nos conta que no dia que seria
O dia do dia mais feliz de sua vida
Arlindo Orlando, seu noivo
Um caminhoneiro conhecido da pequena e
Pacata cidade de Miracema do Norte
Fugiu, desapareceu, escafedeu-se
Oh! Arlindo Orlando volte
Onde quer que você se encontre
Volte para o seio de sua amada
Ela espera ver aquele caminhão voltando
De faróis baixos e pára-choque duro

Agora uma canção canta pra mim
Eu não quero ver você triste assim

Ei, ei, o que é isso? Isso aqui é blog de macho e a gente não tem dó de mandar neguinho pro espeto aqui, não!! Pode engolir esse choro e enxugar essa lágrima aí e vamos dar início à receita: coraçãozinho de frango na grelha.

Antes de assar, você tem que limpar os coraçõezinhos. Prepare-se para uma das coisas mais nojentas que um churrasco pode te proporcionar. Isso porque você nunca vai encontrar um lugar que os venda decentemente limpos. Nesta receita, vamos ilustrar uma bandeja comum do Pão de Açúcar. Ou seja: tive que limpar.

Na granja, quando eles separam as partes do frango, geralmente arrancam o coração de qualquer jeito, e junto com ele vem todo tipo de tranqueira. O mais comum é o coração vir com artérias, o que dá um gosto ruim ao coração, caso sua preguiça te impeça de limpá-lo.


Dá uma olhada nesse coração de cima.
O primeiro que adivinhar que órgão é esse que veio anexo ganha um saco de vômito da Xuxa.

Nessa foto tem todo tipo de tranqueira. Alguns, como o penúltimo, tem uma membrana de gordura que o envolve, outros tem a artéria e tem até um fígado ou qualquer outra porra de brinde. Concordamos que não dá pra meter isso aí na grelha desse jeito, né?

Não tem outra saída: respire fundo e meta a mão na meleca. Tenha em mãos uma faca afiada, senão você acaba destruindo cada coração que limpar. Além disso, uma faca afiada vai te ajudar a acabar essa nojeira mais rápido.

O principal é fazer um corte bem no meio da gordurinha dele, tomando cuidado pra não tirá-la completamente. 


Mantenha um pouco da gordura, você vai precisar dela.


Olha eles aí. Nem parecem os 4 elementos do mal da primeira foto.

Se você tirar toda a gordura, o coração vai secar completamente, e aí ele fica uma borracha. Ao contrário do que parece, o coraçãozinho demora um tempo pra assar. Além disso, churrasco sem gordura é coisa de vegetariano, e esses aí a gente manda visitar o site da ana maria braga, que lá tem um hamburger vegetariano que é Oh! Uma merda!

Depois de limpos os coraçõezinhos, você tem que colocá-los no espeto. Se você for um mestre na arte do equilíbrio, pode deixá-los sobre a grelha, mas garanto que carvão não precisa de coraçãozinho pra viver.

Recomendo utilizar o espeto duplo, porque assa uma montanha de coraçõezinhos de uma vez. Isso é importante, porque coração costuma fazer sucesso no churrasco, e a galera come de monte.


Todo mundo no mesmo sentido. Uma dinastia inteira de frangos no seu espeto.

Uma vez cheio o espeto, manda pro fogo, de preferência no segundo andar, que fica a uns 30cm do fogo! E com a gordurinha pra cima. Primeiro porque a parte de baixo demora mesmo pra assar. Segundo porque a gordurinha derrete pra dentro do coração, dando um sabor muito bom. Terceiro, porque é sobre a gordurinha que você deve colocar o sal. Logo, ele também derrete pra dentro do coração.

Quando a parte de baixo começar a parecer mais marrom, e ter uma aparência mais "sequinha", é hora de virar e deixar a gordura pra baixo. O espeto duplo quebra um galhão nesse lance de virar. Depois de uma cervejinha, pode descer o coração mais pra perto do fogo, com a gordura pra baixo. 

Sirva e faça o mundo feliz. Coraçãozinho é o tipo da comida que faz sucesso com todo mundo. A menos que você conte a história do amor do frangote pela galinha do vizinho...

IPDA: marromeno R$4,00 um pacote com 500g. Metade das 500g são lixo que você tira dele quando limpa. Mas ainda sim é barato. 
Tempo de preparo: 2 brejas na cozinha, e 4 brejas na grelha.
Rendimento: 500g faz uns 40 ou 50 coraçõezinhos. Serve como aperitivo.

Drumet crocante

Taí um título trava-língua. Duvido você falar "drumet crocante" mais de 3 vezes sem mandar um "cocrante" sequer.  E aqui funciona assim: se o título é ruim, a receita é boa. 

Essa é mais uma daquelas receitas campeãs de audiência (te cuida, plim-plim!!), que você deveria fazer em todo churrasco. Além de ser barata e leve, você ainda pode receber todos os personagens da novela das 8 na sua casa, porque é frango e não vaca.

Aliás, desviando um pouco do assunto, sou só eu que tenho pensamentos altamente gastronômicos quando passa aquele pessoal dando comidinha na boca da vaca na novela?

Tá, mas o assunto aqui é frango e não vaca, e se é vaca, a gente COME! Prepare-se pra fazer um fordúncio na sua pia. Essa receita FAZ MELECA. Mas impressiona as garotas, então faça a meleca, se limpe e receba os elogios. 

A receita consiste em drumet de frango chafurdado na maionese misturada com sopa de cebola. É, isso mesmo que você ouviu: sopa de cebola. E não, nós não vamos fazer a sopa, ok? Estou falando da sopinha de pacote, daquelas que você mistura água quente e tá feita a parada. E nem precisa preparar nada, vamos usar só o pó (maradona style?)

Mas, afinal, que porra é essa de drumet? E Deus salve o Gooooogle:

Drumet, no contexto da culinária, é a parte da asa de frango, muito apreciada em churrascos e molhos. Diferente da Tulipa, que refere-se a mesma parte, só que com a asa desossada. Muito apreciada em churrascos e almoços de família. Temperadas com canela em pó e molho curry. Para o churrasco ser completo colocar também alcatra e contra filé temperados só com sal grosso.

O camaradinha que escreveu essa explicação na Wikipedia já se meteu onde não devia: esquece essa merda de canela em pó no frango porque isso aqui não é a ana maria braga. Aqui a gente põe coisa SALGADA pra temperar a carne. O que importa é que você descobriu o que é drumet. O nome é gay, mas o frango é bom.

Bom, vamos começar pelo molho. Lance mão de uma boa maionese. Se você souber como faz a maionese caseira, melhor ainda. Na minha receita, usei uma maionese chamada "caseira" da marca Liza. Não vou colocar link e nem nada porque eu não tou aqui pra vender maionese. Te vira, marmanjão. Ah, e pra você ter uma noção, utilizei marromeno 500g de drumet, o que deu umas 7 pecinhas. 

Taca num pote umas 3 colheres de sopa de maionese. Não precisa exagerar, certo? Agora, pegue o pacote da sopa de cebola. Taca lá dentro marromeno 3 colheres, que deve dar meio pacotinho. 


Pra você ter uma idéia, isso aqui temperou 7 drumets. Não exagere, isso faz uma sujeira do capeta.

Beleza, mistura tudo. Virou uma pastinha meio esquisita. Agora taca os frangos lá dentro, e mistura bastante, até os frangos ficarem todos besuntados e isso aí virar uma verdadeira gororoba.

Se quiser, pode mandar os franguetes pra churraca agora mesmo. Ou pode adicionar um elemento a mais que costuma ser um UP pra qualquer comida: manjericão fresco.


Vendo assim, é a imagem do cão. Mas põe no fogo que eles ficam uma delícia.

Pra assar, é fácil. Frango não tem muito segredo. Pode virar, pode deixar perto do fogo que ele assa legal, pode deixar longe que só demora mais, faça o que tu queres, há de ser tudo da lei.. é só ficar ligado na casquinha dele, quando começar a ficar queimadinha, vai virando até queimar por igual. Se você já comeu um frango assado uma vez na vida, sabe qual é o ponto. Posso contar com isso, hã?

O legal é que a maionese seca, e o pozinho da sopa faz uma camada levemente crocante sobre o drumet, e o tempera por igual. Fica super gostoso, agrada as garotinhas, o sogrão, as crianças e os vizinhos. Recomendo agradar as garotinhas com moderação, principalmente se o sogrão estiver por perto.

Uma dica: tenha por perto um monte de guardanapos. Tem maionese pra caray aí, e vai, invariavelmente, sujar todo o seu instrumental. E você não vai ser burro de sujar outras carnes com maionese, não?

Ah, funciona legal nas churraquinhas de apartamento, tanto as pequenas de carvão quanto as elétricas.

IPDA: Menos de 10 reais pra 1k de frango. Baratim!!
Tempo de preparo: 1 latinha pra preparar o molho, 2 latinhas pra assar. 
Rendimento: 500g deu 7 coxinhas. Serve umas 2 pessoas, mas é bom ter outras opções.

Especial Churrasqueiras: Churrasco de apartamento

Antes de começar a ler este post, confira a convenção de condomínio do seu prédio, ok? Não nos responsabilizamos por nenhuma multa aplicada aos leitores deste blog.

Tá, agora que você leu e tá de acordo com nossos termos e condições, chega de passar vontade: você, morador de apê, também tem o direito de assar uma carninha quando bem entender. Afinal, os campeonatos regionais já começaram, e não tem nada melhor do que fazer um churrasquinho enquanto assiste futebol pela TV. Se o teu apê tem sacada, ótimo. Se não tem, use a lavanderia. O que importa é acender uma churraca e curtir uma carne nos dentes.

A primeira coisa que você tem a fazer é escolher o tipo de churrasqueira: de carvão ou elétrica.  E o que vai te ajudar a escolher entre uma e outra é um fator muito simples: o andar onde você mora.

A churrasqueira de carvão tem combustão, no caso, do carvão, e isso gera fumaça. A gordura da carne cai no carvão quente, o que gera ainda mais fumaça. Essa fumaça com cheiro de gordurinha queimada subindo, defuma a carne e é por isso que fica gostoso. O problema é que ela não pára na carne, e continua subindo, subindo, impesteando os apartamentos superiores ao seu. É, o seu também fica impesteado, mas isso aí são os ossos do ofício, parceiro.

Já a churrasqueira elétrica não tem combustão, e sim uma grande resistência que fica logo abaixo da grelha. Assa a carne direitinho, até. Pra tentar simular a questão da gordurinha caindo no carvão, vc coloca um pouco de água na bandeja dela. A gordura cai na água, que evapora, vai subindo e pega na carne. Mas não sobe tanto quando no caso do carvão. No máximo, a churraquinha elétrica vai deixar o seu apê com cheiro de churrasco, mas definitivamente, a lambança de fumaça que faz é muito menor do que a de carvão. É uma churraquinha honesta, mas pra ser bão mesmo tem que ter carvão queimando. 

OBS importante: Se vale como opinião, limpar uma churrasqueira elétrica é uma das experiências mais nojentas a que você pode se submeter. Isso porque a gordura cai na água, que evapora deixando aquela borra nojenta, com tecos de carne.. eca, perdi o apetite.

Diante dos fatos, vamos simular algumas situações:
  1. Você mora no segundo andar, e seu prédio tem 11.
    Se você usar carvão, vai defumar 9 apartamentos, além do seu. A chance de algum vizinho se revoltar é beeeem grande. Nesse caso, recomendo a elétrica, que vai deixar, no máximo, um cheirinho de carne no apartamento de cima. 
  2. Você mora no décimo andar, do mesmo prédio de 11.
    Nesse caso, você vai incomodar apenas um apartamento, o de cima do seu. Recomendo tentar a sorte, usando uma churraca de carvão. Se o vizinho reclamar, convide-o para compartilhar do churras. Se ele ficar puto, use uma elétrica e seja feliz.
  3. Você mora do décimo primeiro andar, do prédio de 11.
    Foda-se, mete a churraca de carvão, constrói, faz no chão, arrepia que o mundo é teu.
A maioria dos condomínios não permite que você construa uma churraca de cimento na sacada. Portanto, você precisa de uma portátil. Fuja daquelas porcarias que vende no supermercado, as churrasqueiras de latão. Elas são feitas pra durar dois ou três churrascos. Recomendo procurar uma casa de churrasqueiras mesmo, e isso é facinho de achar, e comprar uma de alumínio. Se você tomar poucos cuidados como limpá-la após os churras e tal, ela dura muito mais.

Agora tá fácil. Basta acender (ou ligar na tomada), tacar a carne e ser feliz.

Dica: como as churracas de apê são sempre pequenas, procure fazer carnes pequenas e que fiquem prontas rápidas. Uma picanha em bifes funciona muito bem. Costelinha de porco, se for magrinha, também. Coração, queijo coalho e linguiça.. Só não vai tentar fazer um cupim ou uma costela de boi que você vai se dar mal.

Ah, e boa sorte com o seu síndico :-)