Fogo na bomba: como acender a churraca

Quando você chega num churrasco e vê ali aquela fumaceira, ossos e outros lixos na mesa, gente alegremente bêbada caída pelos cantos e toda aquela atmosfera tipo "o capeta passou por aqui" que fica depois de um churrasco, você, o curioso leitor, se pergunta: Meldels, mas como é que isso foi começar?

Eu te respondo: o churrasco começa, oficialmente, quando mete-se fogo no carvão. É como o tiro pro alto nos 100 metros rasos, o "atenção emissoras da rede globo para o top de 5 segundos", ou a luz verde na fórmula 1 que, tirando o rubinho, bota os pilotos pra correr, o willian bonner pra falar e as nossas queridas e saborosas carninhas pra assar. Risca o fósforo, 1 2 3.. Valendo!

E essa hora de acender a churraca é especialmente peculiar. Cada churrasqueiro tem uma técnica milenar. Algumas interessantes, outras bizarras. Vou comentar aqui algumas, que já vi pessoalmente:
  1. O famoso túnel de jornal: Funciona assim: o camarada pega uma garrafa de cerveja, faz um rolinho com o jornal, enrola na garrafa. Depois tira a garrafa, e coloca aquele negócio na churraca. Joga uma golada de álcool, e despeja o carvão em volta, deixando o meio oco. A técnica é interessante porque utiliza bem a passagem do ar no túnel, mas tem seus pontos fracos. O primeiro é que dá trabalho enrolar a parada, apoiar os carvões e o escambau. O segundo é que usa papel. Acho uma grande bobagem acender o fogo com jornal. Pensa comigo: a fumaça é expelida pra cima, certo? Aí, o caderno de TV queima os resumos de novela, a ana maria braga e o louro josé de uma só vez, e vira uma espécie de fuligem, certo? E o que tem logo acima do fogo, geralmente é a sua carne, certo? E aí essa fuligem gruda na sua carne e você pode aproveitar pra ler as notícias encrustradas na sua picanha. Show!
  2. Uma certa vez, um animal que não me recordo quem era, usou uma técnica qualquer, e na hora de acender, jogou no carvão a bituca do cigarro que ele tava fumando. Não interessa a técnica, se você for porco assim, quem merece ser queimado é você, e não o churrasco. Não se esqueça de que a sua churrasqueira é um local pra fazer COMIDA, e não uma lata de lixo.
  3. A terceira técnica é bastante interessante, o rodapé de latinha. Funciona assim: você pega uma faca e destrói a latinha, de maneira que você consiga retirar apenas o fundinho dela. Aí você joga um pouco de óleo de cozinha no fundinho, acende e monta um predinho de carvão em cima. Olha, essa é uma técnica muito legal, porque o fogo do óleo é muito mais duradouro, vai pegar no carvão de qualquer jeito, mesmo que ele não esteja muito seco. O único probleminha é a perícia metalúrgica necessária à execução. Primeiro você tem que destroir a latinha com uma faca. O que pode, além da latinha, destruir o fio da sua faca. Se você fizer isso com a minha faca, perdeu a amizade, isso é um fato. O segundo problema é que, além de destruir a latinha e, eventualmente, o fio da sua faca, você ainda corre um sério risco de destruir a sua mão. Principalmente se foi você o folião que entornou aquela latinha. Mais ainda se você enxugou aquela latinha e mais algumas iguais a ela. Ou seja: com aquele alumínio fininho e a sua delicadeza de parafuso de trator, corre o risco de se cortar feio antes do churrasco começar, e passar o churras todo na base do band-aid. Mico na certa. Essa técnica é só pros bons. Se tu é tosco, esquece essa.
  4. O incinerador maluco: Essa é pra você descontar aquela raiva extra. Funciona assim: Joga todo o carvão que conseguir carregar dentro da churraca. Depois, empunhe o vidro de álcool (por favor, nada de álcool gel ou outras franguelices. Estou falando de álcool 96 graus, coisa de gente grande). Ok, encharque o carvão. Assim mesmo, sem critério, sem carinho e sem perdão. Agora é só encarnar o Nero e acender o fósforo. Recomendo tomar uma certa distância, pois essa costuma mandar Roma pelos ares. É a técnica preferida dos mais sem-noção, mas admitamos que funciona. Se o objetivo é pegar fogo, essa pega.
  5. A minha preferida: Pão velho. Eu sempre guardo pão velho aqui em casa. Tem uma gavetinha na fruteira onde eu vou guardando os restos de pão. Sempre que preciso acender a churraca, pego um tequinho, jogo um pouco de álcool, coloco no fundo da churraca, cubro com carvão e mando um fósforo, tomando o cuidado necessário pra acender o pão. Cabou-se. O pão demora um tempinho pra terminar de queimar, isso é o suficiente pra pegar no carvão. Além disso, o cheiro do pão queimando é bem mais legal do que jornal ou óleo, né?

Técnica muito utilizada pelos exércitos pretos em Omsk, no Aral e no sul da Dudinka.
Compreende segurar cartaz do bigodudo, jogar álcool sobre o próprio corpo,
acender o fósforo e pular na churrasqueira.

Eu acho que todas as técnicas são válidas, desde que respeitem um certo índice de limpeza. Não utilize jornal, querosene, gasolina, essas coisas. Não esqueça que a sua carne vai ficar muito perto desses ingredientes, e qualquer cheiro ou gosto adicional na carne é bobeira.

No final das contas, o que interessa mesmo é conseguir acender. Uma vez acendida a churraca, tá dado o start no seu churras e daí pra frente é só alegria.

E você? Qual a sua técnica milenar pra botar fogo na parada?

Churrasco de berinjela com queijo

Começamos este post com um desafio de torrar os neurônios do mais intelectualmente privilegiado leitor desta espelunca: Você, letrado, vivido e ligeiro leitor, sabe me dizer se o correto é escrevermos Beringela ou Berinjela? Com G ou com J? Tenho certeza de que me dei mal em algum vestibular por conta disso aí. Na verdade, me dei mais nos vestibulares mundo afora por outros N motivos, mas pode colocar uma parte da minha derrocada acadêmica na conta da beringela. Ou da berinjela, você decide.

Você não: o goooogle. Vamos perguntar a ele, porque nessas horas, Deus sabe de tudo.

A beringela (em Portugal) ou berinjela (no Brasil) é o fruto da planta Solanum melongena, uma solanaceae arbustiva, anual, originária da Índia, considerada de fácil cultivo nos trópicos, e que pertence à mesma família do pimentão que em Portugal é chamado de pimento, da batata e do tomate. É sensível ao frio, a geadas e ao excesso de chuva na altura da floração. A época de plantio, no hemisfério norte, é de Setembro a Fevereiro e, em regiões de clima quente, o ano todo.

Tá aí Deus que não nos deixa mentir. Perguntei a ele, Deus me disse que eu estava com sorte e eu cliquei. Deus abriu uma nova aba, e lá a Wikipedia resolveu a questão. Agora não temos mais problemas, e podemos chamar a saborosa acompanhante deste post simplesmente de berinjela.

Daí que churrasco de berinjela é coisa de vegetariano, né? É. E olha, nesse blog aqui a gente não tem viadagem com vegetariano não. Pensa comigo:
  • Se você for convidado pra um churrasco, só você e o vegetariano, proporcionalmente, ele vai comer todo o tabule, e você vai comer toda a carne. Tem relação custo-benefício melhor que essa?
  • Se você convidar um vegetariano pra um churrasco, vai poder tocar um foda-se no cardápio e preparar a carne que bem entender, do jeito que bem entender. Afinal, ele só vai comer o tabule mesmo.
  • Se o vegetariano for uma pessoa merecedora do seu carinho, você pode preparar a receita da abobrinha, que já foi escrita por aqui. Além de agradar o cara, vai agradar a si próprio, porque essa abobrinha aí é boa mesmo.
  • Ou, pode libertar o seu coração de todo o ódio e rancor, sair do lado negro da força e preparar a tal berinjela, da qual falamos tanto e necas de receita. Mas esse blog é assim, a gente enrola pra caramba e depois mete a receita num parágrafo só. Vai vendo.
Falando sério, não tenho o menor problema com vegetarianos. Já tive vários deles nos meus churrascos, já teve vegetariano que leu esse blog e comentou comigo que gostou, e até admito que faz falta mesmo uma verdurinha num churrasco. Se o cara vai num churras e não quer comer carne, respeite e dê a ele todo o broto de bambu, toda acelga e brócolis que conseguir encontrar e encha a sua cara (a sua, não a dele) de carne, afogando-se em proteína enquanto nosso amigo se mantém saudável, protege os animais do terrível açougueiro do inferno e ainda dá uma força pra camada de ozônio.

Legal, onde eu queria chegar mesmo? Ah, na receita. Vambora que a enrolação aqui já tá passando do limite.

Essa é uma receita que dá um certo trabalho, então não recomendo fazê-la num churrasco muito populoso, sob o risco de ficar apenas cuidando das berinjelas e queimar a carne. Portanto, esta receita compreende a preparação de apenas UMA berinjela grande.

O primeiro passo é cortar a berinjela em rodelas, da espessura de uma salsicha. Estou acreditando que todo mundo aqui sabe a espessura de uma salsicha, ok? Legal.

Importante: não descasque a berinjela. Sério, não faça isso. Descascar a berinjela, além de causar espinha e pelos na mão, estraga a sua receita. Portanto, limpe essa sua mente fétida, guarde a playboy da priscila do BBB e volte pra cozinha. E vê se lava a mão.

Uma vez fatiada a berinjela, jogue todo mundo num pote grande. Pode ser o pote da batedeira, mesmo. O próximo passo é uma golada generosa de azeite. Como já disse mil vezes, larga mão de ser muquirana e compra um azeite decente. A qualidade dos ingredientes que você põe na sua receita está diretamente relacionada à quantidade de elogios que você vai receber depois.

Picote, bem pequeninho, uns 3 dentes de alho. Sem preguiça, descasca o alho, deita na tábua, prepara a faca e manda o kill bill no alho.

Já tem azeite, tem alho, agora você pode mandar umas 2 colheradas de orégano. Já falei que azeite e orégano são o Romário e Bebeto da culinária. Praticamente o pedro e bino do churrasco. Tudo o que você colocar azeite e orégano fica bom.

Dê uma bela borrifada de mostarda preta lá dentro. A mostarda preta é especialmente bacana quando se fala de grelhados. A mostarda queima por fora e protege a carne (no nosso caso, berinjela), fica muito show.

Feito isso, jogue um punhado de sal. Com muita parcimônia. Não seja o monstro da salina maldita, jogue o suficiente pra ficar bacana, e cuidado com a pressão.

Picote um tomate em cubinhos e jogue lá dentro. Um tomate legal pra se usar nessa receita é o tal "tomate cereja", carinhosamente apelidado de tomate-cerveja. Nesse caso, basta cortá-lo ao meio e ele tá no jeito pra se juntar com a berinjela. Tenha em mente que cada fatia de berinjela vai precisar de um tomate lá em cima. Portanto, cuidado pra não sobrar tomate, nem faltar. Faça a conta, rapaz. Jogue o tomate pra dentro do pote.

Na real, você já pode misturar tudo e considerar a parte da cozinha finalizada. Eu, particularmente, gosto de adicionar ainda umas 2 ou 3 pimentas biquinhas, que é a pimenta mais querida do Brasil, tanto no pessoal quanto no profissional. Ou seja: essa é a hora de você dar aquele toque especial na sua receita.

Agora vamos pra brasa. Nós e a berinjela. Tenha em mãos uma bandeja de queijo mussarela fatiada, ok?

Agora deite algumas berinjelas na grelha, e abra uma cerveja. Na verdade, eu acho que depois de todo aquele trabalho na cozinha, você já abriu a cerveja. No caso, abra outra.

O fogo vai queimar a parte de baixo da berinjela. Quando começar a ficar preto, você vira. Dá dois goles de breja e bora pra fase final.

Dobre uma fatia de queijo em 4 partes. Coloque em cima da berinjela. Depois, coloque um pedacinho de tomate em cima do queijo.

Deixe lá na grelha até o queijo derreter. Tá pronto, você pode tirar e servir.

Apesar da aparência emboiolada, fica uma delícia. Recomendo.

Custo: ah, preço de berinjela. Vamos dizer que uma berinjela, tomate-cerveja e queijo custaram menos de 10 cruzeiros. Tá bom, né?
Tempo de preparo: 2 brejas na cozinha, e mais umas 3 na churraca. Sirva feliz.
Rendimento: Uma berinjela dá umas 7 ou 8 rodelas.

Como preparar uma costela de cordeiro

Olho pela janela e vejo uma belíssima tarde de sexta feira, e noto que acabei de receber 2 comentários no blog, de 2 leitores das antigas. Boa gente, esse pessoal. Isso me acalentou, porque pude notar que, além de mim, ainda existem outros seres cuja mente diabólica não consegue pensar em outra coisa, a não ser enrolar o máximo possível com o trabalho e poupar o que sobrou da sua mente para arquitetar o churrasco que acontecerá no pós-horário comercial.

Isso me lembrou que eu fui muito confuso no post anterior, e tou devendo uma receita bacana aqui pros churrasqueiros que lêem estas mal-escritas linhas. Mas eu explico a baixa qualidade: eu, ao contrário do que parece, não interrompo o meu trabalho pra escrever aqui. Vou naquelas, escrevo uma frase, ALT+TAB, escrevo outra, ALT+TAB e assim vamos. Num desses alt+tab da vida, aconteceu uma coisa terrível, tão terrível que eu não posso sequer escrever aqui. É como se eu tivesse sido testemunha de um crime horroroso, coisa de polícia mesmo. Quando tudo acabar, eu conto o que aconteceu, agora não posso. Mas então você deve imaginar que fica difícil alguém escrever sobre churrasco enquanto tem contato com a face mais nefasta desse bicho tosco chamado humano. E não, eu não cometi um crime, eu VI um crime. Mas deixemos isso de lado e voltemos ao trabalho porque a tarde está linda.

Ao trabalho, não. A todo o esforço possível a ser empregado na atividade de enrolar para não trabalhar. Com este cérebro condicionado, me veio à memória uma carne bem legal que eu fiz, fotografei, mas não registrei aqui.

Meninos e meninas, com vocês, a Costelinha de Cordeiro!!!!

Pois é, o cordeiro é um bicho ligeiro, e na mente do matreiro, vai direto pro braseiro, com uma pitada de tempeiro, faz a alegria do churrasqueiro, e se o melhor do Brasil é o brasileiro, mete logo num letreiro, a tal receita do cordeiro.

E traz a sanfona que hoje é dia.

Voltando ao assunto, você conhece o cordeiro, não? O cordeiro é o filhote do seu carneiro e da dona ovelha, que fica com esse nominho até os 4 meses, quando vira hominho, cresce a barbicha e o chifrão, e ele ganha o nome de cabrito, seguindo os passos do pai.

Pois bem, passeando tranquilamente pelas gôndolas do supermercado do Seu Abílio, deparei-me com a costelinha do cordeiro, linda e suculenta, olhando pra mim de dentro daquela bandeja de isopor, envolta num frio e sufocante papel-filme. Com os olhos marejados, acalentei a peça, cantei dois nana-nenês e levei pra casa, prometendo-lhe um lugar quentinho para espantar o frio da geladeira do supermercado. Não sem antes passar no caixa, pois aconselho a todos evitar a truculência dos senhores que ganham a vida evitando que pessoas levem coisas sem pagar nos mercados desse mundão afora.

Chegando em casa, preparei a caminha para ela, usando muito carvão vegetal, álcool e um pedaço de pão. Não aquele pão pra quem tem fome, mas sim o pão pra acender a churraca. Fósforos também são bem vindos.

Enquanto isso, achei de bom tom cobrir a pequena e indefesa peça de carneiro-nenem. Pra isso, despejei alguns goles de azeite extra-virgem num recipiente, e picotei 3 dentes de alho lá dentro. Na sequência, joguei um gole de vinho branco, só pra dar um agrado.

E, como cama de criança tem que ser colorida, picotei um maço inteiro de hortelã bem verdinha e misturei com o molho.

Uma dica importante: quando a carne é de cordeiro, todo o hortelã do mundo é pouco. Portanto, vá ao mercado e compre todo o hortelã que você puder carregar. Cordeiro e hortelã nasceram um para o outro.
Feito isso tudo, picotei duas bolinhas de pimenta biquinha, joguei uma mãozada de sal grosso e misturei. Coloquei a criança sobre uma bandeja, e cobri com carinho.

Enquanto isso, a caminha lá na minha churrasqueira já estava quentinha, faltava só deitar o bebezinho. Assim procedi.

Deitei na grelha, cobri cuidadosamente com o cobertorzinho que fiz pra ela, cantei um ou dois bois-da-cara-preta e deixei ela ali, descansando e se aquecendo.

Quando se fala de costela, não interessa se é de porco, de boi, de cordeiro, de taturana ou da luciana gimenez. Você sempre tem que deitar na churraca com os ossos virados pra baixo. Isso porque a membrana que liga os ossos vai endurecer levemente e proteger a carne das labaredas, e ajudar a armazenar os líquidos lá dentro. Além disso, os ossos vão esquentar muito, e assar a carne a partir deles. A tudo isso, deve-se aliar boas doses de paciência, pois costelas costumam demorar. Portanto, deita com os ossos pra baixo, abre uma cerveja e espera. Abre outra e espera mais um pouco. Cabou? Abre outra e espera mais um pouco.

No caso dessa costela, como era uma peça pequena, ficou de ossos pra baixo, mais ou menos umas 6 brejas, quase o tempo de um jogo de futebol.

Vai acompanhando, você vai notar que, à medida que a costelinha vai ficando pronta, a carne começa a querer soltar do osso.

Quando meu sexto-sentido me disse "i see dead people" eu me borrei todo. Não, nada disso, ele disse: "vira ela, filho". E eu virei, só pra deixar tostar um pouquinho a carne e o tempero que estava em cima. Alguns minutos depois, estava pronta para a degustação.

Recomendo seriamente. Facinho de fazer, e pode te ajudar a conquistar garotas, fazer amigos e influenciar pessoas.


Coisinha linda do pai.


Olha o bebê querendo levantar do osso.


Só virar com o osso pra cima, pra dar uma torradinha e o bebê tá pronto.


Custo: não lembro mais, desculpa ae. Mas não foi caro, não. Quer dizer, é uma carne cara, mas como o pedaço era pequeno, custou pouco dinheiro. Não faria num churrasco pra 200 pessoas.
Tempo de preparo: 2 brejas na cozinha e umas 7 na churraca. Todas na cabeça, na alma e no coração.
Rendimento: pouco mesmo, serve duas pessoas e olhe lá. É uma carne magrela, com bastante gordura e ainda tem o osso. Faça como eu: seja esperto e prepare para a sua garota :-)

Uma maneira explosiva de preparar uma costela de boi

Começamos a semana nesta terça-feira, o que é um fato bacana, mas perigoso. Bacana porque a semana é mais curta, mas perigoso porque tenho um prazo cascudo pra cumprir, e essa segunda sem trabalhar vai me fazer falta.

Falando nisso, na tal segunda de sol eu também fiz algo perigoso, ao mesmo tempo bacana. Vamos começar ilustrando um pouco melhor essa questão do "perigoso e gostoso". Vem comigo conhecer melhor o conceito de alguma coisa que pode ser bacana e perigosa ao mesmo tempo. Falemos hipoteticamente:


Feiticeira é uma gostosa. Creio que concordamos se tratar de uma verdadeira delícia.


Agora vem a parte do perigo. A garota em questão atualmente encontra-se casada com o Vitor Belfort, que, caso você não saiba, é um dos expoentes do Jiu-Jitsu, pancadaria e começão de couro aqui no Brasil.


Isso tem um nome: bicuda.

Isso faz o ato ou efeito de investir na Dona Joana, uma experiência de altíssimo índice de periculosidade. Sacou? Joana Prado é, ao mesmo tempo, gostosa e perigosa. Tal e qual a nossa receita de hoje, esta perigosa terça que não é segunda, embora ontem tenha sido domingo. Esqueçamos a joana prado, de agora em diante. Caso não consiga esquecê-la, chamaremos Vitor Belfort, que ele te ajuda a esquecer.

Esquecer o que?

Ah, vamos a receita. A verdade é que, por conta dela, quase o escriba desta espelunca passou desta para uma melhor, foi para a terra do pé-junto ou comeu capim pela raíz. Quase, não fosse o famoso e aclamado Santo de Bêbado, que me tirou da cena do crime na hora da explosão. Explico:

Trata-se de uma maneira alternativa e muito bacana de assar a costela do boi na churrasqueira. Como você já sabe, e se não sabe clica aqui, a costela do boi é uma carne extremamente saborosa, mas dá uma trabalheira do capeta prepará-la. Isso porque ela precisa ficar no alto da churrasqueira por muitas horas, e bla bla bla.

No caso da costelinha-bomba, o lance é fazer alguns furinhos na peça, adicionar sal e um gole de cerveja, embrulhá-la no papel celofane e deixar descansando no alto da churraca. A carne fica muito, muito macia e saborosa, e além de tudo faz deste que vos escreve um grande exemplo de como a contradição sempre acaba fazendo parte da retórica.

Desde o início deste blog, eu sempre disse que a "cerveja é minha e nenhuma comida vai tomá-la por mim". Pois é, mas ultimamente eu tenho adicionado tanto vinho e outros gorós aos pratos que faço, que decidi que eu prefiro ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela opinião formada sobre tudo e desdizer hoje aquilo tudo que eu lhe disse antes.

Pois é, vou te explicar os porques das coisas. Você faz pequenos furinhos na peça. Depois, deita ela sobre um pedaço grande de papel celofane. E estou imaginando que você saiba a diferença entre o celofane de churrasco e o celofane da embalagem de ovo de páscoa, ok? Beleza, deita a peça de costela bovina lá, e dá um jeito de fazer uma canoa pra cerveja não esparramar pela pia. Ah, você entendeu: tem que derramar um pouco de cerveja na carne sem lambrecar a pia da sua casa, nem molhar o pé e, pelamordedeus, não desperdiçar cerveja. E pode jogar pouca cerveja, é só uma molhadinha de leve.

Ok, feito isto, você começa a embrulhar a carne com o celofane, dando várias voltas. Use sem dó, toda a economia que você fizer agora vai se transformar em perigo lá na frente. Na hora de fechar, você tem que dar um nó na ponta do celofane, pra vedar. Atenção, é aí que mora o perigo: A peça precisa estar bem fechada, mas é importante você deixar um dos lados levemente mais solto do que o outro, pra funcionar como uma válvula de emergência.

Assim que deitar a pecinha de carne no alto da churraca e meter um fogo bom ali, a cerveja vai começar a ferver, ajudando a cozinhar a carne. Esta, por sua vez, perde bastante líquido e derrete bastante gordura, que vai ferver junto, fazendo o capeta dentro do celofane. Então, aquilo tudo vira uma espécie de panela de pressão. Você pode até ver as bolhas da gordura fritando tudo lá dentro.

Com isso tudo, a carne deve ficar na churraca, por mais ou menos 1 hora por Kg de carne, além de umas 3 horas iniciais. Ou seja, se você tem 1kg de costela, deixa lá por 3 horas. Se tem 2 kg de costela, deixa lá por 4 horas. Sacou? Essa cozinhada toda vai fazer da carne ficar muito macia. Passado esse tempo, basta abrir a embalagem, retirar toda a peça e deixá-la mais perto do fogo, pra dourar por fora. Depois corta e come, simples assim.

Onde tá a parte do perigo, aí? O vitor belfort por trás da feiticeira, no nosso caso, é a gordura fervendo dentro do celofane. Aquilo ali é de plástico, e fino.

Certa vez, estava eu ansiosamente aguardando os minutos finais, observando as borbulhas e peripécias de uma costela muito louca num celofane do barulho [/sessão da tarde], quando algo me chamou a atenção. Assim que saí da frente da churrasqueira, aquela bomba explodiu, jorrando a gordura quente a mais de um metro de distância. Certamente, se eu não tivesse saído naquele exato instante, teria sofrido queimaduras gravíssimas. Por isso que eu recomendo deixar um nozinho mais frágil que o outro, pois assim você cria uma válvula de escape e evita que a costela-bomba faça jus ao próprio nome.

Caso consiga cumprir com todas as exigências e normas de segurança para a produção desta iguaria, é certeza de bom churrasco. A carne da costela bovina, também conhecida como minga ou ponta de agulha, é uma das mais saborosas.

Devaneios pré-feriadão

Estamos ansiosamente às portas com mais um feriadão, onde vamos comemorar efusivamente o berro que o dom pedro, que não era barrichelo mas era segundo de orleans e bragança, deu às margens do ipiranga, às margens plácidas.

Aí, isso me lembra do presente que a Vanusa nos deu essa semana, cagando-se toda ao cantarolar o hino nacional, aparentemente com a cara cheia de cana. Não sabe do que eu tou falando? Ah, pergunta pra Deus assim: Vanusa + hino nacional. De preferência no youtube, vai lá.

Voltou? Gostou? Eu adorei. Não vejo a hora de terminar esse dia útil de 4 de setembro de 2009 pra dar início ao que realmente é útil e, tal e qual Vanusa, mandar o refrão em mandarim.

E daí que isso não tem nada a ver com churrasco.

Então eu abro uma nova aba e meto logo um Terra nela. E como o terra só tem reportagem trash, vem essa aqui na minha frente: "Preso suspeito de esconder carne e linguica na cueca". Nem precisa clicar que eu te explico: cidadão brasileiro, vacinado e maior de 18 anos vai no supermercado, enfia 1,8kg de alcatra e duas linguiças na cueca e acha que ninguém tá vendo. Depois pega uma bisnaguinha seven boys e passa pelo caixa achando que tá tudo bão sebastião.
Esse caso merece uma reflexão mais aprofundada. Vamos a ela, NA TELA.
  1. Tiozão, se tu vai roubar, rouba logo uma picanha, rapá;
  2. Alguém me diz o nome desse cara, porque na casa dele eu não tomo nem água da pia. Isso lá é lugar de guardar comida, fiote?
  3. Quem descobriu o roubo tava olhando a mala do tiozinho?
  4. Abriram as cuecas dele e encontraram 2 linguiças, mas a câmera de segurança só registrou o furto de uma. Quantas ele roubou, quantas já estavam lá? Quantas linguiças encontram-se atualmente nas dependências cuecais de tiozinho?
É, mas isso aí, apesar de falar de carne, nem é assunto pra churrasco.

E daí que a xuxa entrou no twitter e deu o maior bafão essa semana, e nesse meio tempo eu descobri que a xuxa não gosta de churrasco. Diante disso, a rainha dos baixinhos adentra honrosamente a nossa galeria, tornando-se membro denemérito da sociedade desorganizada Gato na Grelha. Dona xuxa, prepara o advogado que agora tu viraste personagem por aqui.

Mas isso aí também não é, assim... um baita assuntão, né?

E sabe porque a coisa tá desse jeito? Porque eu li a previsão do tempo para o feriado que lentamente se aproxima, e a previsão de chuva é nefasta, passa dos 100% de probabilidade. Ou seja, vai chover o tempo todo e mais um pouco. Vai chover o tempo todo e muito.

O que nos faz trocar momentaneamente a churrasqueira pelo guarda-chuva, e lamentar a ausência de carne e fumaça no nosso organismo até a volta do calor, do tempo bom, da moral e dos bons costumes.

Bons tempos mesmo era quando a previsão do tempo era feita na base do chute, e a chance de você ter boas surpresas era bem grande. Maldita tecnologia.

Bom feriado.