O dia em que eu ganhei linguiça

Caro leitor,

Este é, certamente, o post mais atrasado, mais reticente e mais enrolado da história deste blog. Sim, estas linhas já deveriam ter sido escritas há algumas boas semanas. Mas não, eu protelei enquanto pude, enrolei, mastiguei, digeri até sucumbir e cá estou eu, diante do teclado sob o sol desta terça-feira.

Antes que você possa olhar os ponteiros do seu relógio e praticar a tabuada do cinco, cá estou eu, mais uma vez tentando terminar este post. Sim, mais uma vez, porque eu já tentei várias.

Aí o mais criativo leitor logo pensa que tá faltando assunto, que o blogueiro em questão deveria assinar algum jornal, decorar algumas piadas, ou talvez consultar alguma enciclopédia, em busca de algumas palavras que possam ilustrar as vossas mentes nessa grande churrascaria da vida.

Mas não, não está faltando assunto por aqui. Inclusive, acho que nunca tive tanta pauta armazenada pra escrever no blog. Então, qual o problema que fez com que este post saísse assim, tão atrasado? O motivo é um só: vergonha.

Sabe quando você entra numa situação tão complicada, que chega uma hora em que você já não sabe mais como sair? Então, é isso.

Lê rapidinho aí porque eu só vou escrever uma vez:
Tem um cara que me ofereceu a linguiça dele. E não é uma linguicinha qualquer, estamos falando de 7Kg de linguiça. Aí ele trouxe pra mim, e eu experimentei. E sabe o que é pior? Eu gostei!!

E não conta pra ninguém, senão tu vais se ver comigo. Segura esse riso aí, moleque!

Sentiu o tamanho do problema? Isso aí é cilada pra fazer o bruno mazzeo parecer só o filho do chico anysio. Como é que eu ia achar uma maneira de falar isso sem me colocar numa roubada? Quais as palavras pra explicar uma coisa como essa pro ilustre leitor desta porcaria? Aliás, isso tem explicação?

Tem. Senta aí que eu te explico.

Sentou?

Sei.... kkkk

A história é a seguinte: Tudo começou com um e-mail. Eu deixo o meu e-mail aí, disponível na barra lateral, e recebo e-mails frequentemente, de leitores do blog, de empresas querendo vender curso de esperanto, palestra de auto ajuda, de empresas bacanas oferecendo alguma promoção, enfim. Mas desta vez, o e-mail foi inusitado.

O remetente deste e-mail é o Renato, um cara que tem uma fábrica de linguiças especiais lá de Bragança Paulista. O Renato é o tipo do cara que confia no próprio taco. Deixando sempre bem claro que eu não tive nenhum tipo de contato com o referido taco, sendo esta apenas a aplicação de uma força de expressão.

O Renato foi direto ao assunto: traria um pouco da linguiça da sua fábrica pra mim, e eu falaria aqui no blog o que bem entendesse. Muito corajoso, esse cara. Aceitar uma coisa dessas sem ressalvas, sendo eu um estranho? Mas não, o Renato confiou no seu taco, ou melhor, na sua linguiça mais uma vez e levamos a idéia adiante.

Coincidentemente, ele acelerou o seu bólido em direção à nossa poluída capital para me entregar a linguiça justamente no dia em que eu estava num churrasco na casa de um amigo, com um monte de gente que sequer sabia da existência deste blog. Ou seja: se o objetivo é avaliar o produto, não pode ter uma situação mais imparcial do que esta: churras em local neutro, cheio de gente que nem sabe o porque daquela linguiça estar lá. Bota na roda e bora lá ver o que vai dar.

Assim, o Renato gentilmente levou os 7kg de linguiça até a casa de meu amigo, me entregou e a mesma já foi pra grelha naquela mesma hora. O veredito, eu conto daqui a pouco.

Eram 7kg de linguiças especiais. Mas não apenas uma linguiçona, ou gomos, nada disso. As linguiças da fábrica do Renato, que se chama La Bragantina, são inteiras, em peça. Aquela linguiça tradicional mesmo, enrolada em uma peça de 1kg. Na minha opinião, a melhor maneira de preparar linguiça. Além disso, eram 7 kg, porque eram de 7 e modalidades diferentes. Vamos a eles:

  1. Comecemos pela linguiça tradicional. Ela é a base de todas as outras. Ou seja: Todos os outros 6 tipos de linguiças que me foram ofertados eram a tradicional, acrescida de temperos e acepipes afins. O veredito é muito positivo. Uma saborosíssima mistura de carnes de porco (lombo, coisa fina), muito bem temperada, coisa boa. 
  2. A segunda foi a linguiça calabresa apimentada. Particularmente, não sou fã de linguiças apimentadas. Mas tenho que confessar que, se tem uma coisa que a La Bragantina sabe fazer, é ponderar muito bem a pimenta. Saborosa, mas sou suspeito pra falar.
  3. A terceira foi a de ervas finas. Muito boa. Muito mesmo. Deu pra sentir um sabor bem forte de erva doce, bem saborosa. Recomendo.
  4. Provolone: Isso mesmo que você tá lendo. Linguiça de lombo de porco com provolone. Bastante provolone, não estamos falando de miséria, não.
  5. Linguiça de alho: Essa aqui foi o único ponto de discórdia. O pessoal curtiu, mas eu achei muito pegada no alho. A ponto de conseguir ofuscar os temperinhos da linguiça que, como frisados anteriormente, são muito bem equilibrados. 
  6. Poutz, agora se prepara pra babar no teclado. LINGUIÇA DE PIMENTA BIQUINHA. Gente, vocês não tem noção do que é isso. Recapitulando: a linguiça deles é uma massa de carnes nobres de porco muito bem temperadas, certo? Aí você pega e enche essa massa de pimenta biquinha. Mas não é aquele lance industrial de moer a biquinha junto da carne, não. A pimenta vai INTEIRA. E de monte, sem miséria. Isso significa que você sente a pimenta, uma delícia. E como a biquinha está longe de ser ardida, é muito mais uma pimenta aromática, faz dessa linguiça o grande produto da La Bragantina. Sério, já tenho pedidos de vários amigos aqui pra fazer ao Renato. Recomendo seriamente.
  7. O último produto é inovador, e muito bacana. É uma espécie de hamburguinho quadrado de linguiça. Ou seja: a carne da linguiça, prensada num formatinho quadrado. Essa eu não fiz na churraca. Mas fiz na chapa, num dia de frio. Muito gostosa como aperitivo, fez sucesso.
Por fim, o Renato estava certo em confiar na própria linguiça. O desafio foi vencido.

E se você pretende ficar rindo da cara do blogueiro aqui, que teve que encarar 7kg de linguiça e ainda contar pra todo mundo o que achou, pode começar a suar frio aí na sua poltrona, porque, amigo leitor: vais entrar nesta comigo.

A La Bragantina, representada pela figura do seu presidente-master-dono-patrão Renato, vai sortear mais 2 Kits de 7kg de linguiça para os leitores do blog. Pois estamos quites, caro leitor.

Para participar, basta assinar a nossa newsletter. Note que na barra lateral, agora existe um box para cadastro de newsletter. Quero começar a enviar, de acordo com todas as regras e bom senso que a utilização de e-mail marketing precisa, a enviar para os leitores pequenos resumos do blog, assuntos sobre churrasco que eu não escrevo aqui, enfim. Pode confiar que não vamos mandar spam pra você.

Então está valendo! Para concorrer a 7kg de linguiça, basta deixar seu nominho e e-mail no box que tem na lateral do blog.

O sorteio será na QUARTA-FEIRA, DIA 15 DE SETEMBRO DE 2010.

Participe, aposto que você vai adorar atender a campainha de casa e encontrar um cara com 7kg de linguiça pra você.

Para os que se interessaram, mas não tem sorte e não ganham nem par ou ímpar, segue abaixo o contato da La Bragantina. A visita à Bragança Paulista é sempre agradável, a linguiça é espetacular e o brecinho é de brimo.

La Bragantina
Avenida Norte-Sul, 446
Bragança Paulista - SP
Fone: 11 4032 7087
www.labragantina.com.br

UPDATE => Recebi do Renato algumas fotos dos produtos da La Bragantina. Dêem uma olhada no que eu tou falando:







Como preparar um frango de televisão de cachorro

Televisão é um treco doido, mesmo. A gente fica ali na frente daquela caixa sem mover um músculo, sem piscar, imóvel. Seca a retina, mas não perde a chance de saber quem matou odete roitman. A gente ri dos animais que são nossos políticos durante o horário obrigatório, a gente fica esperando a peruca do patrão cair num aviãozinho de dinheiro, a gente assiste ao JN com o pote de grecin dois mil na mão, esperando um vacilo do willian bonner pra dar uma demão naquele topete. Definitivamente, televisão é um aparelho que faz a gente interagir.

Quando eu era criança, o bozo falava "você aí que tá sentadão no sofá, compre tênis montreal" e eu ficava pirado com isso, me perguntando como-é-que-aquele-palhaço-sabe-que-eu-to-no-sofá. Até que um dia eu resolvi sentar no chão, e ele falou que eu tava no sofá. Perdeu, pleibói. Nesse momento, minha infância perdeu um pouco da magia, mas o importante era que eu podia dizer "te peguei, palhaço!".

Até que meus pais tiveram uma idéia brilhante, um ataque fulminante da mais pura filosofia hippie pé-sujo. Sabe-se lá porque deletaram a televisão da minha casa. Ela já não era lá essas coisas, tinha mais fantasma que poltergheist, tinha bombril até no seletor de canais, fazia chiadão e levava 5 minutos pra ligar. E agora era uma TV desempregada. Foi-se, tchau, abrásss. Lá se foi a nossa telefunken.

A idéia era que falássemos de coisas mais importantes durante os momentos de família, ao invés de ficarmos alienados àquela máquina de fazer louco (palavras de papai). Bom, confesso que de certa forma funcionava. Comecei a ler muito mais, discutimos coisas interessantes, dormia cedo e acordava bem, etc e tal.. Hippie é gente que sabe cuidar de criança. O problema era que na escola, os amiguinhos comentavam TV Colosso, Malandrovski e Thundercats, e eu não sabia nem o que era. Fui descobrir anos depois.

hippies cuidando de crianças.
cuidando de crianças com lsd exalando dos poros.
de crianças que estão na terapia até hoje.

Meu pai, dono de um sarcasmo comovente, sempre me dizia que se eu quisesse ver TV, que fosse à padoca acompanhar a televisão de cachorro. E é dessa TV que vamos falar hoje. O mais alto grau do entretenimento canino, aquela que passa sempre o mesmo filme, aquela que faz gente e cachorro babar como se não houvesse amanhã.

Não tem tela de led, não é plasma e não é lcd. E se fosse hippie, não seria nem de lsd. É de vidro, de metalzão, é feia e é suja. Mas a gente adora. A Televisão de Cachorro é a TV mais legal que tem. Porque além de ver, você pode comer o conteúdo daquela TV. Imagina só, você tá lá vendo a novela, de repente passa a juliana paes, você abre a tampa da tv... e come! Simples assim. Ou então, tá assistindo animal planet, aparece aquele tubarão branco de um bilhão de quilos, abre a tampa da tv e acabou você. Ou coisa pior, melhor deixar pra lá.

Enfim, a televisão de cachorro é aquele fornão que fica na porta da padoca, onde rodam e assam alegrementes exemplares de frango, despejando toda a sua gordura corporal sobre inocentes batatinhas, depositadas na parte de baixo, só bebendo aquela sopa de colesterol. Um crime na nossa coronária, mas um alento à nossa alma. A vida é dura, rapaz. Pra ganhar, tem que perder. E como churrasqueiro não se rende aos apelos do coração até que o infarto nos separe, vem comigo porque nessa receita, além do frango, você vai ter que gastar uma energia na produção da gambiarra que vai simular a televisão de cachorro.

Vamos começar pelas batatas. Ao vencedor, as batatas. Vá até o mercado/quitanda/feira mais próximo e saboreie o verdadeiro sabor da vitória: volte com as batatas. Mas não adianta pegar aquele batatão de 12kg. Preste atenção, você vai encontrar umas batatas pequeninhas, que geralmente estão dentro daquele saquinho de pano meio furado, esquisito. As batatinhas tem mais ou menos o tamanho daquela pedrona de gelo bacana que a gente adora jogar dentro do whisky.

Por falar em whisky... abra uma cerveja e fique mais feliz.

Foi no mercado, venceu e voltou com as batatas? Pois volte ao mercado e não me apareça aqui se não tiver em mãos um frango sem pé nem cabeça. Mas que diabos é isso de frango sem pé nem cabeça? Pergunte ao fabricante:

Sem pé nem cabeça é isso: kinder-frango com um pogobol, duas aspirinas, um colete salva-vidas, parafuso de balsa e 4 marionetes.
E, já que a televisão é de cachorro, olha o bicho cabreiraço aí.

Se o otimizado leitor preferir, pode aproveitar a viagem inicial ao mercado e voltar com as batatas E o frango. Opção sua.

O primeiro passo é colocar as batatas-bebê para cozinhar. Jogue as batas numa panela grande, com casca e tudo. Se a sua mulher (ou mãe) estiver por perto, lave as batatas. Caso contrário, acredite na força dos seus anticorpos e bora pra panela. Complete com água. A dica do século vem agora: Quando se cozinha batatas, é bastante comum adicionar sal ao cozimento, certo? Pois então, vamos dar uma melhorada nesse negócio. Sapeque lá dentro um cubinho de caldo de galinha. Isso vale pra qualquer batata cozida. O caldo já ajuda a dar um gostinho nas batatas. Vai por mim que fica bom.

Enquanto elas cozinham, vamos cuidar do frango. Mais especificamente, do tempero do frango.

Num pequeno pote, jogue 3 dentes de alho, e 3 pimentas biquinho, algumas folhas de manjericão, orégano, páprica picante e colorau. Nem precisa picotar nada, daqui a pouco a gente faz o terror dentro desse pote e a coisa funciona. A proporção dos ingredientes? A gente aprendeu com os publicitários que uma imagem vale mais do que mil palavras, não é? Pois olha só o que eu tenho aqui pra você: MAIS DE MIL PALAVRAS pra te mostrar quanto você tem que colocar de cada ingrediente.

Recomendo colocar o alho primeiro, ajuda a fazer a proporção, sabe?

Viu? Beleza, agora vem a hora do massacre. Jogue uma golada generosa de azeite dentro desse potinho, prepara o socador de caipirinha e arrebenta com tudo aí, garotão. Quebra tudo, arrepia!!

faço isso com meus inimigos HUAHUAHUAHUHA

Virou isso aí. O cheiro desse temperinho é fabuloso. Dê uma colherada de leve aí, experimente e coloque o sal de acordo com o seu gosto. Eu imagino que umas duas ou três colheres de sobremesa sejam suficientes. Tou confiando que você vai saber quanto sal é necessário pra estragar uma receita.

Próximo passo: operar o frango. É isso, caro leitor. Vais, a partir de agora, encarnar o Dr. Pitanguy e botar uns peitões maneiros de silicone fazer uma incisão subcutânea longitudinal abdominal no paciente. Entendeu? Não? Sem problemas, basta pegar o tesourão de frango e abrir a barriga do bichinho. Não se preocupe, ele não sentirá dor alguma. Não pelo fato de estar anestesiado, mas pelo fato de ter vindo a óbito em procedimentos anteriores. Procedimento este que não é de nossa responsabilidade, eximindo-nos de quaisquer aborrecimentos no que tange o trato aos animais durante a preparação desta receita. O fato é que deve-se abrir a tesoura e adentrar o frango com uma das lâminas, num local que certamente lhe faria corar, e vir cortando até que esteja aberto. Faça uma forcinha e abra o frangote mesmo. Vais enxergar os ossinhos, a coluna, uma cena realmente dantesca. Mas não fique impressionado, tem gente que faz coisa muito pior :-)

Bom, agora basta passar o tempero sobre o frango. Por dentro e por fora, numa grande festa da pimenta doida. Besunta o galináceo aí.

A esse momento, as suas batatas devem estar tinindo. Vá até a panela, espete com um garfo. Se estiver macia como a ovelha-nuvem da propaganda (ah, os publicitários), tá pronta. Joga a água fora e guarda as batatas do lado esquerdo do peito.

A gambiarra necessária é bem simples de fazer. Mas é gambiarra, e quando se trata de gambiarra, sabemos todos que sempre tem chance de dar merda. Não dê chance à merda, mantenha-se atento aos detalhes e todo mundo vai sair bem desta.

Recapitulando: Na TV de cachorro, o frango fica ali assando, com gordura pingando na batata, certo?

A gambiarra consiste numa bandeja, onde ficarão as batatas acomodadas, e uma grelha da sua churrasqueira sobre as batatas. E um frango pós-operado e devidamente besuntado sobre ela. Sacou?

Batatas dentro bandeja, grelha em cima da bandeja, frango em cima da grelha, com a barriguinha que você operou pra baixo. O frangote vai assar, a gordura vai escorrer, e quem vai estar lá embaixo pra receber o elixir da obesidade? As batatas! Na tela:

frango sobre a grelha, sobre as batatas, dentro da bandeja, dentro do forno, dentro da cozinha, dentro de casa.... maldita relatividade.

Nós queremos televisão de cachorro? Sim, queremos. Nós queremos que você apareça na televisão com cara de cachorro? Não, não queremos. Então entenda a diferença entre uma gambiarra e um incêndio e verifique se a sua grelha utiliza alguma parte de madeira, ou algo que possa queimar e mantenha-se em segurança.

Agora basta acender o forno da sua casa no médio e mandar todo mundo pra dentro.

Ainda no quesito mandar pra dentro, mande umas 5 latinhas pra dentro. Quando terminar, abra o forno sem queimar a cútis e retire todo mundo de lá. O frango deve estar douradíssimo (o colorau é o responsável por isso. Pratincamente o sundown da sua comida), as batatas engorduradas, e o cheiro deve estar enlouquecedor.

Se estiver enloquecedor, retire do forno, e destrua o frango. Honestamente, não conheço uma técnica especial para desmontar o frangote. O que fiz foi retirar as coxas, as asas e cortar o resto aleatoriamente. Dane-se a técnica, faz assim que a família vai gostar.

Pra finalizar o nosso ilustrado post, sintoniza a sua tv nessa fotinho aqui ao top de cinco segundos!

O que é, o que é?

Das coisas que aprendi com os publicitários: o TEASER. 

Funciona assim: Os caras vão lançar um produto hiper-extra-super-ultra-massa-total, e querem arrancar uma grana antecipada do cliente deixar o consumidor com aquela baita vontade de comprar aquele negócio, mesmo sem saber o que é. Aí eles fazem um anúncio enigmático, dando a entender ao espectador que vem aí um produto capaz de resolver TODOS OS SEUS PROBLEMAS. Todo mundo trocando cotovelada na gôndola, só pra ser o primeiro a comprar aquele treco. Publicitário é gente que faz, publicitário é malaco, publicitário faz o cliente acreditar nessas idéias geniais e ainda gastar um dinheirão com pérolas da mais pura malandragem da comunicação, coisas do tipo manhê-quero-fazer-cocô-na-casa-do-pedrinho. Vida que segue, quem mandou não nascer malandro?

Aí eu queria escrever aqui no blog sobre a nova receita que eu bolei, mas como não sou publicitário, a vida é dura comigo e me fez trabalhar este sábado inteirinho, e eu fiquei cansadão, e decidi deixar a receita pra semana que vem. Mas não sem antes deixar aqui um verdadeiro petardo da filosofia publicitária: o primeiro TEASER do Deitando o Gato na Grelha. Segura aí que agora a gente ficou patrão.

Voltando à vaca fria, a receita em si eu não bolei, não. Mas a traquitana necessária para a execução da mesma... essa sim, merece uma página dupla na Veja, um outdoor 3D (???) e uma inserção de 1:30'' no domingão daquele gordo ex-gordo, que agora tá magro, mas tá cabeçudo. Proporção é pra quem tem.

Bora pro teaser? Sente-se confortavelmente na sua poltrona e tente desvendar o enigma:

O que é, o que é?
Tem cachorro de olho, fica esperto. Tem mais cachorro de olho, fica mais esperto ainda que esse é grande. Tem temperinhos no pote. Tem socador de caipirinha quebrando tudo no meio dos temperos, e tem bicho sem pé nem cabeça. E os cachorros ainda têm pé, quatro cada um, e tem cabeça, somando oito pés, duas cabeças, dois rabos e nenhum juizo. E nenhum animal foi molestado na produção desta receita. Pelo menos, nenhum vivo. E, jisuis, tem batatas na minha janela!!!!

E como publicitário sempre diz que uma imagem vale por mil palavras, segue aí 6.000 palavras pra ilustrar o nosso teaser.






Quem desvendar o mistério do nosso teaser, ganha um washington olivetto pra chamar de seu.

Drops de Churrasco - Ed. 6

Como bem diria o intrépido herói chapolim colorado, sigam-me os bons em mais uma versão do seu periódico churrasquístico, criado exatamente para distrair essa sua mente lépida em mais um dia cinza, nublado e batendo índices olímpicos de poluição. Aí o mais distante leitor imediatamente retruca: Mas qual nada, amigo blogueiro, que piada! Se escreves sob a névoa da fuligem do caminhão, saiba que de minha janela observo um tuiuiú, dois suricatos e um berbigão. No que o blogueiro, como num repente emenda: Amigo leitor, amante da brasa e do calor, churrasqueiro de Bagé, se tua cidade não é poluída, tenho certeza de que tua mente o é.

E assim vamos adiante, mostrando que nem só de carne e carvão vive um churrasqueiro. A gente também entede de rima ruim.

Picanha com sorvete
E por falar em ruim, te prepara que essa receita é simplesmente de embrulhar o estômago. Sabe aquela história de que a primeira impressão é a que fica? Pois é, o cidadão em questão começou mal, e conseguiu terminar ainda pior. Sente o drama:
Minha esposa hoje me acordou, dizendo que havia recebido um spam de um tal site de churrasco. Pô, spam é mancada, mas fiquei curioso, peguei o computador e comecei a navegar. Nada de muito especial, mas bastante didático, vídeos bem feitinhos e tal, até que... De repente eu me deparo com uma daquelas lambanças gastronômicas tão bizarras, mas tão bizarras, que eu perdi o apetite. Coisa de gente grande, de deixar a farofa de bacon com maçã da ana maria braga parecer normal. Tudo começou com uma picanha. O camarada fatiou a picanha, colocou na grelha com sal grosso, virou, tirou no ponto certo e picotou. Pronto, pensei eu, agora é só comer. Que nada, o nosso querido "gourmet" achou que ainda podia ficar melhor e inventou a "picanha com sorvete". Veja a foto ao lado e tire suas próprias conclusões. Não vou dar o link e nem o nome do cidadão que estragou uma picanha e uma taça de sorvete. Use o google, você não vai errar. Pra fazer uma lambança dessas, só tem um.


Carvão São José é 10!
Gosto muito de empresa séria, e quando me deparo com alguém que preste um serviço bacana, não posso deixar de falar aqui.
Semanas atrás, comprei um saco de 4kg de carvão São José pra receber uma galerinha em casa.
Ao virar o saco de carvão dentro da minha churraca, ouço um barulhão seco, "POW". Gente, carvão não faz pow, certo? Pois é, no meio do carvão, havia um pedaço considerável de tijolo. Fiquei bastante decepcionado, pois num saco de 4Kg, havia um tijolo de 1Kg. Guardei a embalagem e o tijolo, imaginando a chateação que teria posteriormente com suporte, 0800 e outras mazelas do atendimento ao consumidor neste país lindo de gente honesta.
Aí começa uma verdadeira saga do atendimento, um épico do suporte, orgulho do PROCON.
Precisamente às 11:47 do dia 30 de julho, enviei um e-mail ao site deles, sem me apresentar como blogueiro nem nada. Apenas relatando o acontecido. Antes que eu pudesse dizer Paranapiacaba não tem otorrinolaringologista, e sei lá porque eu diria isso, meu e-mail foi respondido às 12:17. E não era nenhuma respostinha automática, não. Era a solução do problema, sem delongas, sem xurumelas. Mais rápida que um 747, a atendente Vanessa, o Ayrton Senna do churrasco, me solicitava o endereço de casa e explicava rapidamente que o tijolo pode se desprender das paredes do forno, enfim. Às 12:27, enviei o endereço, agradeci a explicação e fiquei feliz com os dois sacos de 4kg de carvão que me foram ofertados pela atendente.
Fui almoçar. Ao voltar da esbórnia alimentícia a que me submeti, recebo mais um e-mail da eficiente Vanessa, o Usain Bolt das carvoarias, enviado às 14:46, me perguntando se haveria alguém em casa, pois eles gostariam de realizar a entrega ainda naquele dia. Nesse momento comecei a procurar o ET no meu guarda-roupa, porque não existe atendimento como esse neste planeta. Cadê a musiquinha? Porque não questionaram nada? Não perguntaram nem o tamanho do tijolo? Nem meu CPF, RG, tamanho do sapato, nada??? Esquisito....
Enquanto me questionava porque diabos não havia mafagafinhos salvaguardados em araçariguama, eis que o veloz motorista do Carvão São José posiciona o MIG 29 no estacionamento de visitantes do meu prédio e me entrega 8Kg do mais puro e belo carvão, precisamente às 15:30. Ou seja: em menos de 4 horas, meu problema foi solucionado com uma eficiência inacreditável. Por isso estas palavras são o meu mais sincero agradecimento ao carvão mais rápido do oeste: Carvão São José, muito obrigado!


O que vem por aí?
Tenho várias receitas maneiras aqui na manga, pena que não tenho como publicar tudo de uma vez. Num dia de fúria, mandei pra churraca 5,5kg de costelão. Só que convidei apenas 6 pessoas para apreciar tal iguaria, que sobrou aos montes. No dia seguinte, foi transformada numa maravilhosa Vaca Atolada. Não sabe do que se trata? Olhe a foto à sua esquerda e aguarde a receita, amigo.
Já comeu frango de televisão de cachorro? Aquele, que fica na padaria, rodando no forno engordurado, que parece nojento, mas todo mundo come? Pois é, inventei uma traquitana (mais uma gambiarra.. não sei como a minha esposa ainda me suporta), para que possamos realizar tal experimento na nossa própria cozinha. Tenho fotos e tudo mais!
Semana que vem, teremos uma promoção maneiríssima aqui no blog. Pode começar a aquecer esse cabeção aí, que o prêmio é muito bom (sim, o prêmio é de comer), mas você vai ter que gastar muito neurônio para colocar os seus dentes no prêmio que vamos dar. Aliás, não é apenas um prêmio. Serão 3 felizes ganhadores, fiquem atentos!!

Como fazer o seu próprio catchup

Ultimamente, eu vinha sendo incomodado por uma equação. Na verdade, desde a quinta série, equações me incomodam, mas não é destas, exatamente que estou falando agora. Estou falando daquela equação que acontece na vida real, quando um grupo de fatores acaba influenciando, de alguma maneira, na sua vida. E você percebe que a influência vem do conjunto desses fatores, e não de um isolado.

Pois é, quem vem tirando o meu sono nos últimos tempos é a razão que existe entre a quantidade absurda de catchup que meus filhos consomem, o preço impagável do único catchup bom do mercado e o abismo de qualidade que há entre esta marca e as outras, mais baratas.

Imagina a situação: Se eu corto o catchup das crianças, terei filhos tristes, e isso não é legal. Se eu compro o melhor catchup, gasto muito dinheiro e aí triste fico eu, isso também não é legal. Se eu compro o catchup mais barato, meu x-salada fica menos gostoso, e aí fica todo mundo triste, e eu não quero deixar pessoas tristes.

Sacou a equação? Chama o Aristóteles e pergunta pra ele se tem matemática que resolva isso. Nem precisa, eu já chamei e ele disse que conta assim não dá pra resolver nem usando método kumon, ábaco ou calculadora científica.

Se já não fosse o bastante a gente ter que se preocupar com qual estádio vai sediar a abertura da copa de 2014, com a minha operadora de celular que agora me dá minutos em dobro quando eu preferia a conta pela metade, e com a cor da lata da nossa cerveja que é branca e a televisão fica me dizendo que deveria ser vermelha (??), agora me vem esse dilema do catchup querendo atrasar o meu lado.

Eu não podia deixar uma situação como essa ficar me atormentando, e decidi cortar o mal pela raiz: decidi que era hora de mandar o imperialismo ianque procurar a sua turma e preparar o meu próprio catchup. Assim procedi, mandei os ianques go home e chora, tio heinz, a coisa aqui vai ficar feia pro teu lado.

Seguinte, você vai precisar de tomates, uns 5. Se quiser facilitar um pouco o processo, pode comprar uma tal "massa de tomate" no mercado. Um pimentão vermelho pequeno. Um dente de alho.

Aí joga os tomates, metade do pimentão e o dente de alho, todo mundo picadinho numa panela com umas 3 xicaras de água, bota no fogo e tampa a panela. De vez em quando, dá uma abrida ali e dá aquela mexida básica, e completa com água, se necessário. Tem que deixar cozinhar mesmo, a idéia é que tomates e pimetão derretam. Não tenha dó, deixa virar uma pasta mesmo.

fiz a rapa nos tomates da geladeira, tem todo tipo deles aí.
Ei, tira o olho da sujeira no fogão!

Quando cansar de esperar, ou quando achar que tá legal, você tem que passar a coisa toda na peneira. Uma peneira grossa mesmo. Aproveita que esta provavelmente vai ser a única oportunidade que terá de liberar aquele garimpeiro que existe dentro de você. Sinta-se na Serra Pelada e manda todo mundo pra peneira. Recomendo veementemente que não confunda a serra pelada com o Serra pelado, isso aí deve ser uma visão do capeta, capaz de azedar qualquer tomate.

Ok, esqueçamos o político desnudo e passemos aquilo tudo na peneira, com a ajuda de uma colher. Esfrega a parada, o que vai sobrar na peneira é só casca de tomate e pimentão, uns tecos feiosos, enfim. Ah, não é isso que vai na receita, você precisa mesmo é da outra parte, aquela que PASSOU pela peneira, ok? Então não esquece de colocar uma panela embaixo antes de começar a peneirar. Dali, vai sobrar aquele molho forte de tomate, certo? O que sobra na peneira é casca e semente, taca no lixo sem dó.

Tamos quase la'

Aí você pega uma outra panela e põe pra ferver uma xícara de vinagre branco, uma folha de louro, um pedacinho de pau de canela, uns dois cravos e... um pedação de rapadura. Pode ser açucar mascavo, mas como tinha rapadura sabe-Deus-por-que na minha geladeira, tirei um pedaço dela e mandei pra panela.

A idéia é deixar ferver (sempre mexendo) até a rapadura se desfazer.

Agora manda o molhão do tomate lá pra dentro. A coisa já vai começar a cheirar bem.

Deixa ferver um pouco pra dar aquela reduzida. O legal é o catchup ser consistente.

Dá uma colherada, seu instinto animal vai te dizer o que falta. Vai adicionando um pouco mais de sal, ou um pouco mais de vinagre, ou açucar.. você acaba achando o ponto.

Um detalhe: catchup quente engana, por conta da canela quente. Se possível, deixe uma colherzinha fora da panela, coloca na geladeira, dá um jeito de esfriar quando for experimentar. Aí é só corrigir as coisas e manda brasa.

Quando eu fiz, eu coloquei num potinho fechado e mandei pro freezer, pra ele esfriar antes de usar.

Vai na fé, parceiro, é facinho de fazer e numa boa.... anota aí: deixa o heinz no CHINELO. Por um detalhe bem simples: Os ingredientes são frescos (ui!), e coisa fresca é sempre melhor, né?

sente a consistência do bichano. pura matemática!

A dica é fazer pouco (coisa de 3 ou 4 tomates), e consumir no dia seguinte, ou assim que esfriar. Como você não está usando nenhum produto químico pra conservar, ele estraga em três ou quatro dias, mesmo na geladeira.