Receitas de boteco: Frango à passarinho

É natal! Época de celebrar, época de felicidade, de alegria, não é mesmo, caro leitor? Época de encher a cara de rabanada e champanhe vagabunda. A gente gosta muito disso, mas aqui na suntuosa redação do DGG, o motivo da comemoração é outro. Aqui não tem vez pra presentinho, não tem bom velhinho barbudo com roupa vermelha de frio no calor e muito menos jingle bells.

O real motivo da comemoração aqui é a vitória intelectual imposta aos nobres leitores, através da última charada, que NENHUM, absolutamente NENHUM leitor conseguiu acertar. Conforme a tradição, nós mandamos 3 dicas, e aguardamos os sabichões, que sabiamente costumavam desvendar os mistérios da produção alimentícia em frações de segundos. Mas desta vez foi diferente, e seja pela inebriável malemolência da proximidade das férias de fim de ano, ou seja pela igualmente inebriável lactência do álcool advindo da festa da firma, do happy hour ou do amigo secreto, a verdade é que nossa charada foi simplesmente indecifrável. Te cuida, Dan Brown, que de enigma aqui a gente entende.

A receita de hoje é, além de figura do indecirável, um verdadeiro teste de lógica. Frango à passarinho, frango à passarinho... Não cabe, não cola, não combina. Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, já diria o lógico leitor. Como que eu vou fazer um frango virar um passarinho? É como passar um camelo pelo buraco de uma agulha, como passar o elefante pelo buraco da fechadura, como passar uma girafa pelo desfibrilador. Ok, desfibrilador não tem nada a ver, mas eu gosto da palavra e acho que poderia ser legal dar uns trancos na girafa. Melhor, faz o seguinte: esquece que eu escrevi isso aí e foco no frango e no passarinho.

Vamos tratar de passarinho. De passarinho você entende, certo? Na hora de bater aquela foto, sempre tem um que manda um "olha o passarinhô!". Quando o zíper da calça escorregava, a mãe sempre mandava um "o passarinho tá querendo fugir", enfim. O fato é que o passarinho faz parte da vida da gente. Agora pensa no frango.

Ao contrário do passarinho, que faceiro e feliz sempre ilustrou nosso imaginário, o frango nunca teve papel relevante em nossa existência. Frango, pra gente, sempre foi comida. Acorda, come milho, engorda, morre e vai pra panela. Vida dura, essa do frango. Salvo a possibilidade de você morar numa granja, aposto um rim como você já viu umas cem vezes mais frangos mortos do que vivos, certo? Isto posto, façamos um dois em um e mandemos esqueleto adentro um frango, à moda do passarinho. O grande do jeito do pequeno, já diria a charada (que ninguém acertou DURMAM COM ESSA, SABICHÕES).

Comecemos pela parte violenta da brincadeira. Como fazer um frango ficar todo picado, parecendo uma carnificina de passarinhos? Simples, temos duas opções. A primeira é comprar um frango e picotar desgovernadamente. A segunda é pedir ao açougueiro (ou granjeiro, ou jason, ou o chuck norris) que o faça. A menos que tenha problemas sérios, muito sérios em relação à sua taxa de colesterol, recomendo veementemente que não retire a pele do frango. É lá que mora a maior parte da alegria de consumir tal iguaria.

O tempero do frango é a primeira parte da nossa aventura. Para 1/2kg de frango, você deve picotar uns 3 dentes de alho, e jogar todo mundo no mesmo balaio numa bacia ou pote, onde você possa operar uma verdadeira lambança posteriormente.

Jogue ao frango e ao alho, uma mãozada moderada de colorau. O colorau é um pó vermelho, feito à base de semente de urucum, levemente apimentado. Vai na fé e manda uma mãozada moderada lá. A mãozada moderada é aquela medida de dosagem, onde você mete e mão e manda pra dentro, mas sem, necessariamente, encher a mão. Afinal, você está fazendo um frango a passarinho, e não um colorau a passarinho.

Pra completar a festa, jogue junto uma golada de azeite. Lembrando que não é necessário encher a boca de azeite para depois cuspí-lo no frango, sob pena de graves consequencias intestinais no caso de ingestão acidental. Apenas tenha em mente o quanto seria uma golada, e despeje diretamente da garrafa para o frango.

Adicione uma porção de sal. Você é um cara sabido, já temperou a própria salada naquele restaurante por quilo, e sabe quanto de sal é necessário pra fazer o seu frango ficar temperado. Não deixe sem sal, não salgue demais. Tenha comedimento nessa sua alma de ogro, eu sei que você consegue.

Agora, feche a tampa do pote, misture bem. Pra misturar, mande uma macarena naquele rádio velho e comece a chacoalhar o esqueleto segurando um pote cheio de frango. Direto da série "coisas que provam o quanto você é doidão". Misturado, deixe ele de lado. Não, necessariamente de lado, poderia derramar o tempero sobre a pia. Apenas deixe ele ao lado de algum outro objeto à sua escolha. Você entendeu.

Próximo passo: alho frito. Precisamos de alho frito, muito alho frito. Você pode comprar o alho já em tais condições, ou fritar o seu próprio alho, o que sempre garante um toque de qualidade a mais na sua vida [/propaganda de margarina]. Vamos pelo caminho mais longo e tortuoso, fritemos nosso alho.

Picote uns 5 dentes de alho. Sabe quando tem uma pedra no seu sapato? Então, cada tequinho de alho tem que ficar mais ou menos daquele tamanho. Do tamanho de uma pedra de sapato.

Isto posto, pegue a menor frigideira que você tiver. Eu tenho uma pequeninha pra fazer hamburger que é perfeita pra isso. Dê uma pequena golada de azeite nela, e coloque no fogo baixo. O alho queima muito rápido, então você tem que ser ligeiro no gatilho. Jogue os alhos no seu sapato e saia pelo mundo com o pior chulé do mundo na frigideira, e mexa um pouco com uma colher. Um minuto depois, tá todo mundo pronto. Quando eles começarem a ficar marronzinhos, tá no ponto. Você precisa tirá-los dali e colocar todo mundo sobre um guardanapo, ou algum papel que ajude a secar a gordura. Assim, o azeite escorre, e o alho fritinho fica bem seco e crocante. Só isso aí já é um quitute. Um quitute que dá bafo, que dá azia e que te faz transpirar alho por horas. Conforme a charada, destrói relações (CHOREM). Depois de comer alho frito, não beije a sua mãe, não beije o seu pai, não beije a sua namorada... Por favor, não beije ninguém. Nós sabemos que nessa época de natal até o mais viril dos leitores fica cheio de amor pra dar, mas... Amor e alho não se combinam, entenda isso.

amor aos pedaços

Abra uma cerveja. Isso é absolutamente necessário para o bom funcionamento do resto dos procedimentos. Beba e seja feliz. Continuemos com a receita.

O trabalho agora é fritar o frango, que a essa altura, já absorveu bem o tempero. Cuidado, isso faz barulho, faz furdúncio na frigideira, espirra, explode, uma lambança. Na charada, fazia bolha (essa foi fácil. Francamente, viu...). Tenha em mãos uma frigideira funda, com uma boa quantidade de óleo bem quente. Existem umas tampas pra frigideira que te ajudam a fazer muito menos lambança. Se tiver, use. Se não tiver, prepara o pinho sol que a limpeza amanhã vai ser pesada.

Bom, o trabalho de fritar, creio eu, não precisa ser lá muito explicado, não é? Quero acreditar que você já imaginou que basta jogar os pedaços de frango no óleo quente, e deixar lá até que pareçam com um frango à passarinho. Quero acreditar que você já comeu um frango à passarinho. Ou que pelo menos viu um. Uma boa dica é observar a pele, que deve ficar bem crocante. Não a sua, a do frango, parceiro.

Quando chegar nesse ponto, tá pronto. O frango fica bem douradão, com a cor da Juliana Paes. Isso, quando estiver da cor da juliana paes, tá no ponto. Basta arrumar um prato coberto com papel gordura que, ao contrário do nome, não vem cheio de gordura. Jogue lá todo o frango, jogue o alho sobre o frango e seja feliz.

 - tô no ponto!

Se a juliana paes tá no ponto, o nosso frango não faz por menos. Na tela:

eu vô.

Custo: 1/2kg de frango picotado e com pele custa uns R$5,00
Rendimento: Uns 10 pedaços. Dá pra umas duas pessoas.
Tempo de preparo: duas brejas na preparação, uma na fritura. Sirva contente.

Drops de Churrasco - Ed. 9

Hoje me dei conta de que o último post gerou, até o momento, 138 comentários. Além de me dar uma sensação de satisfação muito bacana, o fato me leva, mais uma vez, à conclusão de que, nesta espelunca, os comentários valem mais do que os posts. Me leva também à conclusão de que os ilustres, letrados e lustrosos leitores deste blog andam produzindo muito mais conteúdo que eu. E, como conclusão pouca é bobagem, brilhantemente concluo aqui que, definitivamente, preciso melhorar a frequencia de publicação no blog. Porém, como posso concluir, os sapientes leitores aqui concluirão que não abandonei o blog: apenas estou trabalhando no comércio na época de natal. O couro tá comendo, a coisa tá fedendo e o bicho tá pegando. Mas essa semana eu vou surpreender todos vocês: vou publicar dois posts até o natal. Este e mais um outro. Vai contando.

E já que este é um deles, vem comigo nessa longa estrada da vida, que tem um drops de churrasco aqui prontinho querendo sair da minha cabeça oca direto pras linhas desse mal-falado blog.

Prejuízo à vista
E, já que estamos começando, vamos começar mal. Começamos falando de prejuízo. Já tomaste um prejuízo? Preju é quando o dinheiro que deveria estar na sua carteira, na sua conta bancária ou no seu colchão sai de tal local inerente à sua vontade. É a representação mais clara e possível do "perdeu playboy". E o que mais tem acontecido com o preço da carne nesse final de ano é perdeu playboy. O preço da carne anda muito, muito alto. Ontem mesmo vi uma peça de fraldinha custando 39,90/Kg, quando antes não passava de 18. Uma picanha comum tem custado mais de R$65,00/kg. Ou seja: não anda sendo um bom negócio comprar carne bovina. E porque isso acontece? Sinceramente: não sei. Mas ouvi uma coisa essa semana que me deixou de orelha em pé. O açougueiro do pão de açucar me contou que os frigoríficos tiram muita carne do mercado nessa época de propósito, em função da maior procura pelas outras carnes, fazendo com que o preço suba absurdamente, mantendo o faturamento em dia mesmo vendendo menos. Será que isso procede? Não sei se esse papo é verdade, mas na última semana, comprei cordeiro e salmão pagando menos que carne de segunda. Atenção, senhor dono do boi: tenha piedade dos bolsos destes pobres churrasqueiros!

Moço, tem uma vaca no seu telhado
E eis que ao longo da semana passada aconteceu um acidente no qual eu adoraria estar envolvido. Com o preço da carne nas alturas, um cidadão de Ipatinga MG, teve a singular oportunidade de ter uma vaca caindo do céu. Diretamente no telhado da sua casa. A vaca tava ali no barranco, comendo capim, abanando mosca, peidando e detonando a camada de ozônio, quando pisou em falso e catapimba: rolou barranco abaixo até cair no telhado da casa do cidadão. Eu não chamava nem o bombeiro, mandava logo uma brasa debaixo da mimosa. Ia ser uma fanfarrice buscar a carne do churrasco de escada. Amigô, se cair aqui em casa, vira festa. Veja com seus próprios olhos.

Promoção compre e perca
E, já que estamos falando de coisa errada, seja com preço alto de sacanagem, seja de vaca rolando barranco, vamos falar de uma determinada "promoção" que tá rolando por aí. Uma churrascaria que cobra a bagatela de R$85,00 por pessoa no rodízio, resolveu sacanear duas vezes os seus pobres consumidores. Sim, sacanear duas vezes, porque eu acho uma verdadeira safadeza cobrar R$85,00 por pessoa nun rodízio, fora as bebidas. Enfim, o gênio do marketing resolveu colocar num desses sites de compra coletiva, a benevolência de vender o seu rodízio a R$10,00. Até aí tudo bem, não fosse o fato de que a benevolência só seria válida, caso o comprador estivesse acompanhado de outra pessoa... pagando R$85,00. Ou seja: você economiza setenta e cinco reais, e continua levando um prejuízo. Bacana, né? É o tipo da promoção oba, tou fora!. A dica foi do leitor Markito Mesquita, via twitter. Valeu, broda!
O link é esse aqui.

O que é, o que é?
E, se aqui tem drops de churrasco, tem que ter também o nosso já conhecido "teaser". Uma charada metida a besta, na realidade. Pra quem tá chegando agora, nós, eu e os leitores do blog nos juntamos numa grande alegria, onde eu dou 3 pistas sobre o próximo post, tentando ludibriar os leitores, que sempre mostram toda a sua volumosa intelectualidade e rapidamente desvendam o mistério, acabando imediatamente com a minha graça. Pois hoje tento, mais uma vez, enrolar-vos com 3 pistas que mostrarão qual a próxima receita desse blog. Vamos a elas:

  1. É o grande, do jeito do pequeno;
  2. Faz bolha;
  3. Destruidor de relações.
Quero ver se dessa vez algum espertinho vai conseguir.