Receitas de churrasco como ele tem que ser. Sem frescura e sem rodeios.
Porque malandro é o Gato, que já nasceu de bigode.
Drops de Churrasco - Ed. 1
Tamosae com uma nova série neste mal escrito, mal interpretado e, porque não, mal-passado blog. Estamos falando da novíssima seção "Drops de Churrasco".
E antes que o imaginável leitor imagine que o escriba desta porcaria andou experimentando balinhas ilícitas e, entre um elefante de bolinhas e um tapete voador, já se imagina degustando um Halls sabor churrasco, eu acho melhor explicar.
"Drops" é uma expressão de cunho jornalístico, que denomina pequenas informações, que não são exploráveis o suficiente para virarem notícias, e nem desimportantes o suficiente para serem descartadas. Então, os editores costumam agrupar estas informações num boletim, determinado Drops. E aqui comigo eu tenho centenas de pequenas pautas armazenadas, que nem servem pra virarem posts, e nem inúteis o suficiente para me encorajar a apertar o delete.
Sendo assim, nasce esta série. De parto normal, fora do peso ideal e chorando sem levar tapa do médico.
Sem mais delongas, vamos a elas:
Dia desses eu fiz carne de avestruz na churrasqueira, iguaria essa que populava o meu imaginário há tempos. Comprei dois filés de peito, custou uns R$8,00 (R$26,00 o Kg, carinho).
Olha, esquece que ele é um primo grande do frango, porque não tem cara de ave. Quer dizer, tem cara mas não tem gosto de ave. Tem gosto de carne bovina.
O veredito? É bonzinho. Gostoso pra uma carne de ave, porque tem gosto de carne bovina. Mas não é melhor que carne bovina, logo... Se você quer a minha opinião, compre um contra-filé, economize dinheiro e seja feliz.
A Skol tem mandado muito bem na dobradinha cerveja + churrasco, não acham? Já é a quinta ou sexta propaganda que eu vejo deles e a risada é inevitável. Demorou pra desvincular a propaganda de cerveja da gostosona de biquini pra mostrar algo que faça parte da realidade de todos. Não que a gente esteja achando ruim aquele desfile de bundas, mas é que é muito mais fácil você encontrar um amigo dançando lambada de tanga num churrasco do que gostosas com biquini pequeno, cara de safada e vento artificial no cabelo. A gente é fã da gostosa, mas é sempre bom encontrar publicidade inteligente, né?
O caríssimo leitor Carlos Gallo, dia desses me mandou um e-mail. Isso é bem legal, recebo vários e-mails da galera, sempre com coisas interessantes. Dessa vez, era um link do UOL com comemoração dos 61 anos da nossa querida apresentadora matinal, a dona ana maria braga. Um álbum de fotos que, segundo ele, davam pauta pra uns 100 posts. Pois é, logo no primeiro que cliquei, nossa querida anciã inadvertidamente comera uma salada com um verme. E ainda passou por baixo da mesa. Adoramos isso! Adoramos ela! Adoramos ela comendo larva!
E daí que a Glorinha Kalil, aquela que dá dicas de etiqueta no fantástico mandou umas dicas de etiqueta pra um churrasco. O link tá aqui e o tópico no orkut é hilário por si só, mas você nem precisa ler, xá cumigo que eu resumo: No único trecho que meu estômago me permitiu ler, ela sugeriu salada verde, farofa e sobremesa. Oiê, cadê a carne, dona etiquetada? Churrasco é coisa roots, tia. Churrasco a gente come com a mão, tia. Coisa de gente que tem culhão. Etiqueta só serve pra incomodar na cueca, e eu corto todas as minhas com a tesoura. Faz assim, dona Glorinha: não enche o saco alheio e vai pagar R$100,00 por pessoa no fogo de chão, vai.
Saladinha, faça-me o favor.
Tem vários blogs bacanas por aí, que falam não só de churrasco, mas de peripécias gastronômicas masculinas, provando que a gente também esquenta a barriga no fogão. Um dos que eu mais gosto é o Mesa pra 1. É bacana, porque o pessoal deixa a camera ligada enquanto prepara as receitas, toma umas brejas, fala merda... é bem divertido, e um conceito bem diferente do Gato na Grelha, onde eu escrevo muito mais do que deveria pra escrever uma receita. Bom, fiz uma receita deles e será o próximo post no blog. Enquanto isso, visite o site dos caras e veja como faz: Salmão à moda caipira do Mesa pra 1.
[UPDATE]
Escrevi este post ontem, no final da tarde. À noite, o velho Jo entrevistou a dona Palmirinha. Se você está lendo este blog, provavelmente buscou alguma receita no google e acabou caindo aqui. E, se buscou uma receita no google, provavelmente achou o site da Dona Palmirinha.
Pra quem não sabe, a Dona Palmirinha é uma senhora que tem um programa de receitas na televisão. Porém, ao contrário de ooooutra senhora que tem um programa na televisão, eu adoro a Dona Palmirinha. Ela não tenta se mostrar jovial e gostosona, até dá umas furadas no programa dela por conta da idade. Isso é autêntico, isso é dar a cara pra bater, e se a velhinha dá a cara pra bater,a gente bate a gente paga um pau.
A questão é que essa senhorinha roubou a cena ontem. Desculpa ae, seu jo, mas a Dona Palmirinha foi sensacional. A entrevista parecia uma conversa com vovó. Eu me senti assim e você também vai sentir. Além da história de vida dela ser linda, que fez todo mundo ficar emocionado. Incluindo ela, que chorou no programa, e gente que tem a moral de chorar na tv SEM fingir, tem culhão. E, mesmo sendo uma senhorinha, Dona Palmirinha tem culhão que a gente sabe.
Quer receita de verdade, sem enrolação e com muito mais chances de acerto? Vai no site da Dona Palmirinha.
Bom, tamo dropado, fico por aqui. Pautas, dicas, idéias e reclamações, o meu e-mail tá lá no alto.
Mas olha... Fiquei pensando numa coisa. Bem que um Bubbaloo sabor picanha não seria uma má idéia hein!! #fikdik
E antes que o imaginável leitor imagine que o escriba desta porcaria andou experimentando balinhas ilícitas e, entre um elefante de bolinhas e um tapete voador, já se imagina degustando um Halls sabor churrasco, eu acho melhor explicar.
"Drops" é uma expressão de cunho jornalístico, que denomina pequenas informações, que não são exploráveis o suficiente para virarem notícias, e nem desimportantes o suficiente para serem descartadas. Então, os editores costumam agrupar estas informações num boletim, determinado Drops. E aqui comigo eu tenho centenas de pequenas pautas armazenadas, que nem servem pra virarem posts, e nem inúteis o suficiente para me encorajar a apertar o delete.
Sendo assim, nasce esta série. De parto normal, fora do peso ideal e chorando sem levar tapa do médico.
Sem mais delongas, vamos a elas:
Dia desses eu fiz carne de avestruz na churrasqueira, iguaria essa que populava o meu imaginário há tempos. Comprei dois filés de peito, custou uns R$8,00 (R$26,00 o Kg, carinho).
Olha, esquece que ele é um primo grande do frango, porque não tem cara de ave. Quer dizer, tem cara mas não tem gosto de ave. Tem gosto de carne bovina.
O veredito? É bonzinho. Gostoso pra uma carne de ave, porque tem gosto de carne bovina. Mas não é melhor que carne bovina, logo... Se você quer a minha opinião, compre um contra-filé, economize dinheiro e seja feliz.
A Skol tem mandado muito bem na dobradinha cerveja + churrasco, não acham? Já é a quinta ou sexta propaganda que eu vejo deles e a risada é inevitável. Demorou pra desvincular a propaganda de cerveja da gostosona de biquini pra mostrar algo que faça parte da realidade de todos. Não que a gente esteja achando ruim aquele desfile de bundas, mas é que é muito mais fácil você encontrar um amigo dançando lambada de tanga num churrasco do que gostosas com biquini pequeno, cara de safada e vento artificial no cabelo. A gente é fã da gostosa, mas é sempre bom encontrar publicidade inteligente, né?
O caríssimo leitor Carlos Gallo, dia desses me mandou um e-mail. Isso é bem legal, recebo vários e-mails da galera, sempre com coisas interessantes. Dessa vez, era um link do UOL com comemoração dos 61 anos da nossa querida apresentadora matinal, a dona ana maria braga. Um álbum de fotos que, segundo ele, davam pauta pra uns 100 posts. Pois é, logo no primeiro que cliquei, nossa querida anciã inadvertidamente comera uma salada com um verme. E ainda passou por baixo da mesa. Adoramos isso! Adoramos ela! Adoramos ela comendo larva!
E daí que a Glorinha Kalil, aquela que dá dicas de etiqueta no fantástico mandou umas dicas de etiqueta pra um churrasco. O link tá aqui e o tópico no orkut é hilário por si só, mas você nem precisa ler, xá cumigo que eu resumo: No único trecho que meu estômago me permitiu ler, ela sugeriu salada verde, farofa e sobremesa. Oiê, cadê a carne, dona etiquetada? Churrasco é coisa roots, tia. Churrasco a gente come com a mão, tia. Coisa de gente que tem culhão. Etiqueta só serve pra incomodar na cueca, e eu corto todas as minhas com a tesoura. Faz assim, dona Glorinha: não enche o saco alheio e vai pagar R$100,00 por pessoa no fogo de chão, vai.
Saladinha, faça-me o favor.
Tem vários blogs bacanas por aí, que falam não só de churrasco, mas de peripécias gastronômicas masculinas, provando que a gente também esquenta a barriga no fogão. Um dos que eu mais gosto é o Mesa pra 1. É bacana, porque o pessoal deixa a camera ligada enquanto prepara as receitas, toma umas brejas, fala merda... é bem divertido, e um conceito bem diferente do Gato na Grelha, onde eu escrevo muito mais do que deveria pra escrever uma receita. Bom, fiz uma receita deles e será o próximo post no blog. Enquanto isso, visite o site dos caras e veja como faz: Salmão à moda caipira do Mesa pra 1.
[UPDATE]
Escrevi este post ontem, no final da tarde. À noite, o velho Jo entrevistou a dona Palmirinha. Se você está lendo este blog, provavelmente buscou alguma receita no google e acabou caindo aqui. E, se buscou uma receita no google, provavelmente achou o site da Dona Palmirinha.
Pra quem não sabe, a Dona Palmirinha é uma senhora que tem um programa de receitas na televisão. Porém, ao contrário de ooooutra senhora que tem um programa na televisão, eu adoro a Dona Palmirinha. Ela não tenta se mostrar jovial e gostosona, até dá umas furadas no programa dela por conta da idade. Isso é autêntico, isso é dar a cara pra bater, e se a velhinha dá a cara pra bater,
A questão é que essa senhorinha roubou a cena ontem. Desculpa ae, seu jo, mas a Dona Palmirinha foi sensacional. A entrevista parecia uma conversa com vovó. Eu me senti assim e você também vai sentir. Além da história de vida dela ser linda, que fez todo mundo ficar emocionado. Incluindo ela, que chorou no programa, e gente que tem a moral de chorar na tv SEM fingir, tem culhão. E, mesmo sendo uma senhorinha, Dona Palmirinha tem culhão que a gente sabe.
Quer receita de verdade, sem enrolação e com muito mais chances de acerto? Vai no site da Dona Palmirinha.
Bom, tamo dropado, fico por aqui. Pautas, dicas, idéias e reclamações, o meu e-mail tá lá no alto.
Mas olha... Fiquei pensando numa coisa. Bem que um Bubbaloo sabor picanha não seria uma má idéia hein!! #fikdik
Peito na cerveja
Putz, o nome dessa receita dá margem pra tanta piada de duplo sentido, que eu confesso que meu coraçãozinho fraqueja, a perna tremelica e o olhinho embaça, e tenho que admitir que eu não sei nem por onde começar.
Bom, dizem por aí que uma imagem vale por mil palavras, certo? Pois então, vamos começar ilustrando esse post com uma foto. Segura ae, na tela!
Por mim, eu terminava o post aqui mesmo. Peito na cerveja, olhe pra foto e fique feliz. Simples assim.
Tá, mas temos um objetivo aqui, que é falar de uma tal receita de peito na cerveja. Vamos tentar manter o foco, mesmo diante de assunto tão, digamos, sugestivo.
Ainda não é disso que eu tenho que falar. Concentra, menino. É peito de vaca, aquela que faz muu, que come capim e quando peida fura a camada de ozônio. VACA, meu filho, entendeu?
Pois é, o astuto leitor já deve ter notado que chegamos perto, mas ainda não é, exatamente assim, a nossa receita.
E é melhor parar com a brincadeira, porque isso aqui é um blog sério (ô!), escrito por um blogueiro sério, a patroa do blogueiro lê o blog e ainda por cima é uma fera. Então, amigo, respira fundo aí e vamos tentar recobrar a concentração pra voltar ao motivo que nos trouxe aqui: a receita.
Bom, falando sério agora, o peito do boi é uma carne extremamente macia, ridiculamente barata, e se você tiver um pouquinho de paciência e cuidado com ela, vai conseguir mandar um churras responsa com bem pouco dinheiro. Ideal pra você que, assim como eu, não ganhou a mega-sena acumulada e anda com as contas de casa meio apertadas. Então pode ir parando de pensar nos atributos da menina da segunda foto, ou na vaca que dá cerveja e escuta as dicas de economia que o titio aqui trouxe pra você.
Dirija-se até o mercado mais próximo, e uma vez lá, encaminhe esse esqueleto surrado até o balcão das carnes. Ok, feito isso, procure pelo peito e ponha as mãos numa peça de 1kg. A carne, queridão. Esquece a loirinha do seu lado e se concentra. Não vai errar de peito e arrumar confusão dentro do supermercado.
O peito, o da vaca, se parece muito com o cupim, na sua composição. Isso porque tem uma carne muito macia, porém cheia de nervos passando pelo meio dela. E o que faz do peito uma carne ridiculamente barata é o fato da maioria das pessoas não terem paciência, ou até mesmo técnica pra detonar esses nervos e saborear uma carne maravilhosa. Aí, é lei da oferta e da demanda: ninguém quer comprar o peito, o preço cai. Todo mundo quer comprar picanha, o preço sobe. E se você quer saber como subverter a regra, compre um belo pedaço de peito, faça uma carne barata ficar mais gostosa que uma picanha e dê plantão na porta do mercado chamando de otário todo mundo que sair de lá com uma carne de $46,00/kg a tiracolo. Vem comigo!
Basicamente, as técnicas milenares usadas pra detonar os nervos que tem dentro da carne são, somente, temperatura e paciência. Pra temperatura, carvão. Pra paciência, cerveja. Partindo desse princípio, a gente sabe que isso aí foi feito pra nós, não?
O primeiro passo é embrulhar a carne no papel celofane. Antes que você comece a desencapar os cadernos das crianças, entenda que existe um celofane especial pra churrasco, que aguenta a temperatura, e serve para que você possa fazer, na churraca, carnes que precisam de temperatura e uma certa pressão.
Antes de fechar, espero que imagine que você precisa colocar sal lá dentro, ok? Senão a carne vai cozinhar (sim, com esse processo ela cozinha, e não, necessariamente, assa) sem sal e ficar sem gosto. Um pouquinho de alho picado também pode ajudar, põe sem medo.
Recapitulando: você cortou um pedaço grande de papel celofane e esticou na pia. Estou contando que você largou de ser mão de vaca e cortou um pedaço grande o suficiente pra dar umas 4 voltas na carne. Feito isso, deitou a carne em cima, jogou um pouco de sal e um pouquinho de alho picado. Aí começa a parte da enrolação, e isso eu sei que você faz bem. Vai lá, enrolão. Levanta essa bunda daí e enrola a carne no celofane.
A carne está, agora, devidamente embrulhada, mas as laterais ainda estão abertas e você me pergunta: Meldels, o que eu faço agora? E eu te respondo: se vira e fecha uma lateral. Só uma.
Pra fechar, eu costumo cortar uma tirinha de papel celofane da largura de 2 salsichas, enrolar e utilizar pra amarrar as laterais. Amarra forte, sem medo de ser feliz.
Agora você tem em mãos um embrulho de celofane, fechado de um lado e com uma carne dentro. Olha só, parece um copo! Legal, e se é copo, desce uma breja que a gente adora isso.
ABRA UMA CERVEJA. agora.
DÊ UM VIGOROSO GOLE.
ME DÁ UM MINUTO QUE A MINHA ACABOU, VOU NA COZINHA E JÁ VOLTO.
VOLTEI.
Pronto, agora que deu um gole, despeje com todo o cuidado e parcimônia que Deus lhe deu, outro gole dentro do celofane. Você vai notar que a cerveja borbulha toda com o sal e a carne. Parabéns, você já está começando o processo de detonar os nervos da carne.
Um adendo: essa receita fica especialmente gostosa se feita com cerveja preta. Tomando todo o cuidado pra não mandar lá pra dentro uma malzebier ou coisa do tipo. Essas cervejas são doces, não me vá fazer um serviço desses, hein. Quando fiz, utilizei uma caracu mesmo. Não vale comprar aquela schin ou a cerveja mais barata do mercado por um motivo muito simples: você manda só um gole pra dentro da carne, o resto você toma. E uma economia de 20 centavos na hora de comprar a cerveja pode significar uma série de caretas e trejeitos na hora de beber o resto, que podem te comprometer moralmente e te fazer motivo de chacota. E a gente não tá aqui pra ver homem chorar, então manda logo uma breja responsa aí.
Se você for rápido, vai conseguir fechar a outra lateral do celofane enquanto a cerveja ainda borbulha, o que vai fazer com que o embrulho fique cheio de gás dentro, parecendo uma bombinha. Bacana, tá pronta pra ir pro fogo.
Ah, seria legal você acender a churraca antes de preparar o embrulho. Por dois motivos:
1 - Quase sempre que se acende a churraca, ela levanta labareda por conta do combustível, que depois abaixa. Então, o celofane é especial pra churrasco, mas você não pode deixar, de jeito nenhum labareda encostar nele. É incêndio na hora, cerveja derramada e plástico derretido na carne. Perda total, papelão, vexame. Não faça isso.
2 - Você enrolou, amarrou direitinho e tal, mas o embrulho não tá vedado. O ideal é mexer nele o menos possível. Fechar a embalagem, meter na churraca e não mexer mais, pra evitar que a breja saia de lá. Então, deixe o fogo aceso, a churraca quente, esperando o embrulhinho da alegria chegar.
Bacana, deixa lá, no local mais quente possível longe das chamas. Você vai notar que a breja vai ferver, a embalagem vai inchar, vai fazer o capeta lá dentro. Esse é o objetivo.
Esqueça que a carne tá lá. Não fique mexendo, não vire, não fale com estranhos e vai buscar uma cerveja porque isso aqui vai demorar. Umas 3 horas, pra ser mais exato. Sem ansiedade, saiba esperar que vai valer a pena.
Passado esse tempo todo, pode abrir a embalagem. Recomendo que faça um furinho com uma faca, e posicione uma lata vazia logo abaixo. O caldo que cai dela é uma mistura de cerveja com gordura, uma verdadeira nojeira, e recomendo que não deixe aquilo cair na sua churraca.
Retirada a peça, basta deixá-la alguns minutos bem perto do fogo. Assim ela ganha uma corzinha, um cheirinho de fumaça e ainda dá aquela torradinha por fora que faz a alegria de qualquer um que já tenha metido os dentes num animal que já mugiu.
Basta cortar e comer, não tem segredo.
Pela proximidade com a costela, particularmente acho que o peito fica com um sabor muito parecido com da ponta de agulha. Mas isso é só uma opinião minha. Pra saber mesmo, vais ter que preparar uma, parceiro.
Rendimento: quase toda a carne que você comprou. O peito não perde muita gordura, não tem osso, nada disso. Aproveitamento máximo.
Tempo de preparo: 1 breja na cozinha, 10 na churraca. Sirva embriagado e feliz.
Custo: 13 mangos. mas estou contando que você tem o tal celofane, ok?
E essa foto aqui é só pra alegrar a sua vida.
Bom, dizem por aí que uma imagem vale por mil palavras, certo? Pois então, vamos começar ilustrando esse post com uma foto. Segura ae, na tela!
amamos muito tudo isso.
Por mim, eu terminava o post aqui mesmo. Peito na cerveja, olhe pra foto e fique feliz. Simples assim.
Tá, mas temos um objetivo aqui, que é falar de uma tal receita de peito na cerveja. Vamos tentar manter o foco, mesmo diante de assunto tão, digamos, sugestivo.
tem peito, tem cerveja. tou dentro.
Ainda não é disso que eu tenho que falar. Concentra, menino. É peito de vaca, aquela que faz muu, que come capim e quando peida fura a camada de ozônio. VACA, meu filho, entendeu?
peito de vaca e cerveja.
Pois é, o astuto leitor já deve ter notado que chegamos perto, mas ainda não é, exatamente assim, a nossa receita.
E é melhor parar com a brincadeira, porque isso aqui é um blog sério (ô!), escrito por um blogueiro sério, a patroa do blogueiro lê o blog e ainda por cima é uma fera. Então, amigo, respira fundo aí e vamos tentar recobrar a concentração pra voltar ao motivo que nos trouxe aqui: a receita.
-tô de olho em você, cidadão
Bom, falando sério agora, o peito do boi é uma carne extremamente macia, ridiculamente barata, e se você tiver um pouquinho de paciência e cuidado com ela, vai conseguir mandar um churras responsa com bem pouco dinheiro. Ideal pra você que, assim como eu, não ganhou a mega-sena acumulada e anda com as contas de casa meio apertadas. Então pode ir parando de pensar nos atributos da menina da segunda foto, ou na vaca que dá cerveja e escuta as dicas de economia que o titio aqui trouxe pra você.
Dirija-se até o mercado mais próximo, e uma vez lá, encaminhe esse esqueleto surrado até o balcão das carnes. Ok, feito isso, procure pelo peito e ponha as mãos numa peça de 1kg. A carne, queridão. Esquece a loirinha do seu lado e se concentra. Não vai errar de peito e arrumar confusão dentro do supermercado.
O peito, o da vaca, se parece muito com o cupim, na sua composição. Isso porque tem uma carne muito macia, porém cheia de nervos passando pelo meio dela. E o que faz do peito uma carne ridiculamente barata é o fato da maioria das pessoas não terem paciência, ou até mesmo técnica pra detonar esses nervos e saborear uma carne maravilhosa. Aí, é lei da oferta e da demanda: ninguém quer comprar o peito, o preço cai. Todo mundo quer comprar picanha, o preço sobe. E se você quer saber como subverter a regra, compre um belo pedaço de peito, faça uma carne barata ficar mais gostosa que uma picanha e dê plantão na porta do mercado chamando de otário todo mundo que sair de lá com uma carne de $46,00/kg a tiracolo. Vem comigo!
Basicamente, as técnicas milenares usadas pra detonar os nervos que tem dentro da carne são, somente, temperatura e paciência. Pra temperatura, carvão. Pra paciência, cerveja. Partindo desse princípio, a gente sabe que isso aí foi feito pra nós, não?
O primeiro passo é embrulhar a carne no papel celofane. Antes que você comece a desencapar os cadernos das crianças, entenda que existe um celofane especial pra churrasco, que aguenta a temperatura, e serve para que você possa fazer, na churraca, carnes que precisam de temperatura e uma certa pressão.
Antes de fechar, espero que imagine que você precisa colocar sal lá dentro, ok? Senão a carne vai cozinhar (sim, com esse processo ela cozinha, e não, necessariamente, assa) sem sal e ficar sem gosto. Um pouquinho de alho picado também pode ajudar, põe sem medo.
Recapitulando: você cortou um pedaço grande de papel celofane e esticou na pia. Estou contando que você largou de ser mão de vaca e cortou um pedaço grande o suficiente pra dar umas 4 voltas na carne. Feito isso, deitou a carne em cima, jogou um pouco de sal e um pouquinho de alho picado. Aí começa a parte da enrolação, e isso eu sei que você faz bem. Vai lá, enrolão. Levanta essa bunda daí e enrola a carne no celofane.
A carne está, agora, devidamente embrulhada, mas as laterais ainda estão abertas e você me pergunta: Meldels, o que eu faço agora? E eu te respondo: se vira e fecha uma lateral. Só uma.
Pra fechar, eu costumo cortar uma tirinha de papel celofane da largura de 2 salsichas, enrolar e utilizar pra amarrar as laterais. Amarra forte, sem medo de ser feliz.
Agora você tem em mãos um embrulho de celofane, fechado de um lado e com uma carne dentro. Olha só, parece um copo! Legal, e se é copo, desce uma breja que a gente adora isso.
ABRA UMA CERVEJA. agora.
DÊ UM VIGOROSO GOLE.
ME DÁ UM MINUTO QUE A MINHA ACABOU, VOU NA COZINHA E JÁ VOLTO.
VOLTEI.
Pronto, agora que deu um gole, despeje com todo o cuidado e parcimônia que Deus lhe deu, outro gole dentro do celofane. Você vai notar que a cerveja borbulha toda com o sal e a carne. Parabéns, você já está começando o processo de detonar os nervos da carne.
Um adendo: essa receita fica especialmente gostosa se feita com cerveja preta. Tomando todo o cuidado pra não mandar lá pra dentro uma malzebier ou coisa do tipo. Essas cervejas são doces, não me vá fazer um serviço desses, hein. Quando fiz, utilizei uma caracu mesmo. Não vale comprar aquela schin ou a cerveja mais barata do mercado por um motivo muito simples: você manda só um gole pra dentro da carne, o resto você toma. E uma economia de 20 centavos na hora de comprar a cerveja pode significar uma série de caretas e trejeitos na hora de beber o resto, que podem te comprometer moralmente e te fazer motivo de chacota. E a gente não tá aqui pra ver homem chorar, então manda logo uma breja responsa aí.
Se você for rápido, vai conseguir fechar a outra lateral do celofane enquanto a cerveja ainda borbulha, o que vai fazer com que o embrulho fique cheio de gás dentro, parecendo uma bombinha. Bacana, tá pronta pra ir pro fogo.
Ah, seria legal você acender a churraca antes de preparar o embrulho. Por dois motivos:
1 - Quase sempre que se acende a churraca, ela levanta labareda por conta do combustível, que depois abaixa. Então, o celofane é especial pra churrasco, mas você não pode deixar, de jeito nenhum labareda encostar nele. É incêndio na hora, cerveja derramada e plástico derretido na carne. Perda total, papelão, vexame. Não faça isso.
2 - Você enrolou, amarrou direitinho e tal, mas o embrulho não tá vedado. O ideal é mexer nele o menos possível. Fechar a embalagem, meter na churraca e não mexer mais, pra evitar que a breja saia de lá. Então, deixe o fogo aceso, a churraca quente, esperando o embrulhinho da alegria chegar.
Bacana, deixa lá, no local mais quente possível longe das chamas. Você vai notar que a breja vai ferver, a embalagem vai inchar, vai fazer o capeta lá dentro. Esse é o objetivo.
Esqueça que a carne tá lá. Não fique mexendo, não vire, não fale com estranhos e vai buscar uma cerveja porque isso aqui vai demorar. Umas 3 horas, pra ser mais exato. Sem ansiedade, saiba esperar que vai valer a pena.
Passado esse tempo todo, pode abrir a embalagem. Recomendo que faça um furinho com uma faca, e posicione uma lata vazia logo abaixo. O caldo que cai dela é uma mistura de cerveja com gordura, uma verdadeira nojeira, e recomendo que não deixe aquilo cair na sua churraca.
Retirada a peça, basta deixá-la alguns minutos bem perto do fogo. Assim ela ganha uma corzinha, um cheirinho de fumaça e ainda dá aquela torradinha por fora que faz a alegria de qualquer um que já tenha metido os dentes num animal que já mugiu.
Basta cortar e comer, não tem segredo.
Pela proximidade com a costela, particularmente acho que o peito fica com um sabor muito parecido com da ponta de agulha. Mas isso é só uma opinião minha. Pra saber mesmo, vais ter que preparar uma, parceiro.
Rendimento: quase toda a carne que você comprou. O peito não perde muita gordura, não tem osso, nada disso. Aproveitamento máximo.
Tempo de preparo: 1 breja na cozinha, 10 na churraca. Sirva embriagado e feliz.
Custo: 13 mangos. mas estou contando que você tem o tal celofane, ok?
E essa foto aqui é só pra alegrar a sua vida.
epa, mas peraí! isso não é peito na cerveja, é cerveja no peito!
Receitas de panela: Homus, um prato tipicamente árabe
Já comeu homus? Sabe do que se trata? Então aproveita que na páscoa tem aquele lance de não poder comer carne e bota uma receita maneira no cardápio.
O homus é um rango árabe, feito com grão de bico e mais uma meia dúzia de temperos maneiros que, inacreditavelmente, funcionam bem juntos. O homus é comida típica do mundo islâmico, que é uma região muito complexa socialmente e bacana, mas infelizmente tudo o que chega de notícias pra gente é o imenso e interminável quebra-pau que aquele bando de doido promove lá naquelas bandas. Às vezes nem tão lá.
Isso, não abandona nunca.
E entre um camelo aqui e uma tempestade de areia ali, quando a labuta se finda e nosso destemido mohammed pode adentrar o seu lar, doce, lar, sempre encontra um ranguinho preparado carinhosamente pela sua dedicada e carinhosa patroa que, debaixo da burca, o aguarda ansiosamente e cheia de amor pra dar. E, acredite: o rango desses caras é muito, muito gostoso.
Morar no oriente médio é isso, é amor no coração, é dizer eu sou afegão e não desisto nunca, é pegar um lance sem graça como o grão de bico, meter na panela e deixar lá um tempão e depois comer frio, é fazer um rango de fazer a ana maria braga passar por debaixo do rio nilo. Com todo o respeito ao crocodilo, que não come plástico nem silicone.
O lance é o seguinte, o homus é uma pasta de grão de bico que se come fria, com o pão sírio. E hoje, vamos chafurdar nas catacumbas da babilônia atrás das delícias e sabores da culinária lá de longe.
Bom, se você conhece o grão de bico sabe que ele é uma espécie de semente (ou ele É a semente?) dura pra dedéu, e se tentares meter os dentes nele sem o devido preparo, não mais meterá dentes em nada nessa vida. Portanto, atenção aos detalhes pode fazer toda a diferença a favor da sua arcada dentária.
O primeiro passo é adquirir um pacote de 1/2 kg de grão de bico. Isso você consegue no mercado mais próximo, ou no mais longe da sua residência.
Feito isso, abra o pacote e despeje o grão de bico numa tigela. Cubra com água e deixe lá.
Abra uma cerveja. Avalie ponderada e auspiciosamente a condição do nosso pobre amigo mohammed, que morre de calor mas não é chegado numa breja. Que chega na copa e tem que torcer pelo brasil, enfim. Vida dura, essa.
Acabou a cerveja? Abra outra.
Proceda assim, tomando uma cerveja atrás da outra por, aproximadamente, uma hora. Futebolzinho na TV é extremamente providencial nessa hora.
Legal, tomaste uma bela quantidade de cerveja, o mundo encontra-se, nesse momento, melhor. Pelo menos eu fico assim quando tomo mais de uma cerveja. Na verdade, o mundo melhora a cada cerveja que eu tomo. Dia desses, tomei tantas que eu achei que tava no céu. E quase que eu fui mesmo pro céu, se é que é pra lá.
Agora, dê uma lavada no grão de bico. Isso, jogue fora aquela água toda, e passe os grãos debaixo da torneira.
Essa é uma receita demorada, mas não difícil. A parte mais chata é essa que vem agora. Você vai notar que algumas casquinhas começam a se soltar dos grãos. Sim, esse grão tem uma casquinha, e quanto mais você conseguir retirá-las, melhor. Depois você vai moer tudo no liquidificador, então dane-se as cascas, pensa o mais preguiçoso dos leitores. Mas como sei que você é preguiçoso, mas não é o mais preguiçoso, e sim uma pessoa pró-ativa, bacana e trabalhadora, então seja brasileiro e não desista nunca: vá tirando, com as mãos, as cascas dos grãos, até onde a sua paciência permitir. Entenda que o homus vai ficar mais suave à medida que você vai tirando as cascas.
Uma vez cumprido o trabalho de hércules, mete todo mundo numa panela de pressão, com água o suficiente pra cobrir 2x os grãos.
Vixe, olha que difícil: abra outra cerveja. Mais outra, e depois mais outra. Até o relógio completar uma volta inteira de ponteiro grande. Não fique olhando pro relógio, olhe pra cerveja. Quando ela acabar, olhe pra outra. Cerveja é assim mesmo, elas não tem ciúmes.
A essa hora, você já deve estar pra lá de Bagdá, e vai por mim: esse é mesmo o local. E, estando em bagdá, o grão de bico já deve estar bombando na panela de pressão. Desligue, deixe sair a pressão e abra a panela. O que tem lá dentro? Grão de bico amolecido e uma água com cara de água de poça. Mas vai por mim, não jogue essa água fora, você vai precisar dela.
Prepare o liquidificador. O segredo, agora, é bater em várias levas. Ou seja, como é uma pasta consistente, você não pode ser apressadinho e jogar tudo no liquidificador. Assim você vai acabar travando o referido eletrodoméstico, o que só vai trazer alegria pro gerente das casas bahia.
Pense que você vai bater em 4 levas. Isso ajuda muito, porque você pode ir sentindo o tempero e corrigindo o gosto.
Jogue no LD (nome difícil do cão, vou chamar o liquidifoaakjdajk de LD) o primeiro 1/4 de grão de bico, junto com um quarto da água de poça que ficou na panela.
Nessa primeira leva, eu costumo carregar nos temperos, e ir só corrigindo nas outras. Isto posto, esprema (não digite errado, senão vira esperma e pelamordedeus, sua comida vira um lixo) um limão inteiro, jogue 3 dentes de alho, uma golada sarada de azeite, um bom punhado de sal e uma golada de um tempero chamado Tahine. Ligue o LD.
Se o seu LD é vagabundo como o meu, vai acontecer o seguinte: as lâminas vão moer o grão de bico que tá embaixo, vai começar a rodar sozinha e o resto do grão de bico não desce. Se tu meteres uma colher lá dentro, corre o risco de gerar um acidente compatível com a imbecilidade de meter uma colher dentro de um liquidificador em movimento. A dica do século é ficar chacoalhando o LD enquanto ele bate. Vai por mim, parece loucura, mas evita que se forme uma camada de ar entre o grão batido e o grão inteiro. Demorei alguns anos pra descobrir essa maravilha da força centrífuga.
Beleza, uma vez batida a primeira leva, deposite elanuma poupança da caixa num pote grande e meta uma dedada. Esse é o segredo, vai dando umas dedadas pra sentir o tempero. Recomendo seriamente desligar o LD antes de meter o dedo, ok?
Sinta, com esse paladar de ogro que deus lhe deu, se está bom de sal, de limão, de alho e de tahine. O ideal é que o homus não seja forte demais em nenhum dos temperos. Equilíbrio é o nome que você tem que lembrar.
Na segunda leva o procedimento é igual, mas acho que você entendeu que só deve ir calibrando os temperos, e não acrescentando tudo de novo. O mesmo com a terceira e com a quarta leva. Tudo isso torcendo pro seu liquidufadssdfsdfsdsd não queimar.
O rango tá quase pronto.
Você pode esperar esfriar e servir. Na hora de comer, tenha na mesa um vidro de azeite. Azeite bom, parceiro. Gasta uns reais aí e compra um azeite decente, senão você deixa um prato maneiro com gosto da pizza da padaria. Tenha também um belo punhado de salsinha e cebolinha picadas. Tem gente que gosta de cebola picada pequeninha pra acompanhar, mas... olha os gases aí, amigo.
No prato, as pessoas devem adicionar azeite e salsinha, misturar e comer com o pão sírio.
Desta vez, me animei a fazer algumas fotos, acho que, diante do meu histórico de péssimo fotógrafo, até que tá enganando, não?
Comandante Amílton, põe na tela:
Rendimento: Rende pacas. Vai por mim, desperdício zero. Pode chamar uns 5 monstros pra compartilhar.
Tempo de preparo: um monte, umas 10 brejas. sirva bêbado e feliz.
O homus é um rango árabe, feito com grão de bico e mais uma meia dúzia de temperos maneiros que, inacreditavelmente, funcionam bem juntos. O homus é comida típica do mundo islâmico, que é uma região muito complexa socialmente e bacana, mas infelizmente tudo o que chega de notícias pra gente é o imenso e interminável quebra-pau que aquele bando de doido promove lá naquelas bandas. Às vezes nem tão lá.
"aqui tem um bando de locoooo
loco por ti mohammed"
Isso, não abandona nunca.
E entre um camelo aqui e uma tempestade de areia ali, quando a labuta se finda e nosso destemido mohammed pode adentrar o seu lar, doce, lar, sempre encontra um ranguinho preparado carinhosamente pela sua dedicada e carinhosa patroa que, debaixo da burca, o aguarda ansiosamente e cheia de amor pra dar. E, acredite: o rango desses caras é muito, muito gostoso.
O lance é o seguinte, o homus é uma pasta de grão de bico que se come fria, com o pão sírio. E hoje, vamos chafurdar nas catacumbas da babilônia atrás das delícias e sabores da culinária lá de longe.
Bom, se você conhece o grão de bico sabe que ele é uma espécie de semente (ou ele É a semente?) dura pra dedéu, e se tentares meter os dentes nele sem o devido preparo, não mais meterá dentes em nada nessa vida. Portanto, atenção aos detalhes pode fazer toda a diferença a favor da sua arcada dentária.
O primeiro passo é adquirir um pacote de 1/2 kg de grão de bico. Isso você consegue no mercado mais próximo, ou no mais longe da sua residência.
Feito isso, abra o pacote e despeje o grão de bico numa tigela. Cubra com água e deixe lá.
Abra uma cerveja. Avalie ponderada e auspiciosamente a condição do nosso pobre amigo mohammed, que morre de calor mas não é chegado numa breja. Que chega na copa e tem que torcer pelo brasil, enfim. Vida dura, essa.
Acabou a cerveja? Abra outra.
Proceda assim, tomando uma cerveja atrás da outra por, aproximadamente, uma hora. Futebolzinho na TV é extremamente providencial nessa hora.
Legal, tomaste uma bela quantidade de cerveja, o mundo encontra-se, nesse momento, melhor. Pelo menos eu fico assim quando tomo mais de uma cerveja. Na verdade, o mundo melhora a cada cerveja que eu tomo. Dia desses, tomei tantas que eu achei que tava no céu. E quase que eu fui mesmo pro céu, se é que é pra lá.
Agora, dê uma lavada no grão de bico. Isso, jogue fora aquela água toda, e passe os grãos debaixo da torneira.
Essa é uma receita demorada, mas não difícil. A parte mais chata é essa que vem agora. Você vai notar que algumas casquinhas começam a se soltar dos grãos. Sim, esse grão tem uma casquinha, e quanto mais você conseguir retirá-las, melhor. Depois você vai moer tudo no liquidificador, então dane-se as cascas, pensa o mais preguiçoso dos leitores. Mas como sei que você é preguiçoso, mas não é o mais preguiçoso, e sim uma pessoa pró-ativa, bacana e trabalhadora, então seja brasileiro e não desista nunca: vá tirando, com as mãos, as cascas dos grãos, até onde a sua paciência permitir. Entenda que o homus vai ficar mais suave à medida que você vai tirando as cascas.
Uma vez cumprido o trabalho de hércules, mete todo mundo numa panela de pressão, com água o suficiente pra cobrir 2x os grãos.
Vixe, olha que difícil: abra outra cerveja. Mais outra, e depois mais outra. Até o relógio completar uma volta inteira de ponteiro grande. Não fique olhando pro relógio, olhe pra cerveja. Quando ela acabar, olhe pra outra. Cerveja é assim mesmo, elas não tem ciúmes.
A essa hora, você já deve estar pra lá de Bagdá, e vai por mim: esse é mesmo o local. E, estando em bagdá, o grão de bico já deve estar bombando na panela de pressão. Desligue, deixe sair a pressão e abra a panela. O que tem lá dentro? Grão de bico amolecido e uma água com cara de água de poça. Mas vai por mim, não jogue essa água fora, você vai precisar dela.
Prepare o liquidificador. O segredo, agora, é bater em várias levas. Ou seja, como é uma pasta consistente, você não pode ser apressadinho e jogar tudo no liquidificador. Assim você vai acabar travando o referido eletrodoméstico, o que só vai trazer alegria pro gerente das casas bahia.
Pense que você vai bater em 4 levas. Isso ajuda muito, porque você pode ir sentindo o tempero e corrigindo o gosto.
Jogue no LD (nome difícil do cão, vou chamar o liquidifoaakjdajk de LD) o primeiro 1/4 de grão de bico, junto com um quarto da água de poça que ficou na panela.
Nessa primeira leva, eu costumo carregar nos temperos, e ir só corrigindo nas outras. Isto posto, esprema (não digite errado, senão vira esperma e pelamordedeus, sua comida vira um lixo) um limão inteiro, jogue 3 dentes de alho, uma golada sarada de azeite, um bom punhado de sal e uma golada de um tempero chamado Tahine. Ligue o LD.
Se o seu LD é vagabundo como o meu, vai acontecer o seguinte: as lâminas vão moer o grão de bico que tá embaixo, vai começar a rodar sozinha e o resto do grão de bico não desce. Se tu meteres uma colher lá dentro, corre o risco de gerar um acidente compatível com a imbecilidade de meter uma colher dentro de um liquidificador em movimento. A dica do século é ficar chacoalhando o LD enquanto ele bate. Vai por mim, parece loucura, mas evita que se forme uma camada de ar entre o grão batido e o grão inteiro. Demorei alguns anos pra descobrir essa maravilha da força centrífuga.
Beleza, uma vez batida a primeira leva, deposite ela
Sinta, com esse paladar de ogro que deus lhe deu, se está bom de sal, de limão, de alho e de tahine. O ideal é que o homus não seja forte demais em nenhum dos temperos. Equilíbrio é o nome que você tem que lembrar.
Na segunda leva o procedimento é igual, mas acho que você entendeu que só deve ir calibrando os temperos, e não acrescentando tudo de novo. O mesmo com a terceira e com a quarta leva. Tudo isso torcendo pro seu liquidufadssdfsdfsdsd não queimar.
O rango tá quase pronto.
Você pode esperar esfriar e servir. Na hora de comer, tenha na mesa um vidro de azeite. Azeite bom, parceiro. Gasta uns reais aí e compra um azeite decente, senão você deixa um prato maneiro com gosto da pizza da padaria. Tenha também um belo punhado de salsinha e cebolinha picadas. Tem gente que gosta de cebola picada pequeninha pra acompanhar, mas... olha os gases aí, amigo.
No prato, as pessoas devem adicionar azeite e salsinha, misturar e comer com o pão sírio.
Desta vez, me animei a fazer algumas fotos, acho que, diante do meu histórico de péssimo fotógrafo, até que tá enganando, não?
Comandante Amílton, põe na tela:
no prato, o homus, azeite e salsinha.
salsinha, manda um OE aí pra rapaziada
mas não pense que você vai comer um prato todo decoradinho e boioladinho assim.
Mistura tudo e chafurda o pão sírio antes de comer.
Mistura tudo e chafurda o pão sírio antes de comer.
Rendimento: Rende pacas. Vai por mim, desperdício zero. Pode chamar uns 5 monstros pra compartilhar.
Tempo de preparo: um monte, umas 10 brejas. sirva bêbado e feliz.
Custo: R$5,00 o grão de bico, mais salsinha, alho, uns goles de azeite, limão. Fica barato, você não gasta nem 12 mangos.
UPDATE:
Fiz um update neste post graças ao questionamento feito pelo leitor Raphael, o nosso querido Personal Grill lá de BH. A brincadeira é a seguinte: a partir de agora, toda vez que eu falar de preço de qualquer coisa, abrirei um carrinho de compras num famoso supermercado online da cidade, pra que possamos ter a noção exata do custo de cada receita.
O legal disso é que eu trabalho com e-commerce e sei o quanto de trabalho dá abrir um carrinho de compras e não comprá-lo. Chora, Abílio Diniz!! kkkk.
Note que:
- Compramos 100g de alho, mas só vamos usar dois ou três dentes;
- O mesmo ocorre com a salsinha;
- Só vamos usar um limão;
- Só vamos usar um golinho de tahine;
- Vai sobrar mais de meia lata de azeite.
Agora a equipe do site já pode fechar o meu carrinho e devolver os produtos ao estoque, porque eu não vou fazer isso não. hehehe
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