Afinal, caro leitor, vamos combinar que os nomes das carnes são de uma fanfarrice ímpar. Sujeito controverso, este. Controverso, no sentido da antagonia da sua própria fanfarrice, seja lá o que isso signifique. Controverso porque ele encheu a cara, abriu o boi e deu nomes esdrúxulos e bizarros pras carnes, mas o inusitado se fez presente, e aí todo mundo acreditou no que ele tava dizendo, e os nomes continuam sendo falados nos açougues desse nosso Brasil varonil afora, comprovando a controvérsia da coisa. Controverso, côncavo e convexo. Ou não.
Sério, eu queria muito bater 15 minutos de conversa com esse cara, que abriu o primeiro boi e mandou logo um "Caracas, tem um pato aqui dentro. Tem um lagarto, também. Ou seria um tatu? E tem uma agulha, e um cupim, e um peixinho, uma fralda e uma raquete!!! Maneiro!".
Sigamos adiante.
Aí eu me lembro que meu nome é Daniel Walter, e quem um cara que tem dois nomes tão diferentes pensa que é pra questionar uma peça de carne de BOI que chama LAGARTO? Logo depois eu me lembro que a isso se deve o fato de Walter ser sobrenome, e não nome, e me dou conta da sorte que tenho de ter nascido homem, porque a minha irmã se chama Monica Walter, e minha prima Carol ganhou na escola o apelido de CaWalter durante o duro e cruel período da adolescência. Me lembro também que o sobrenome Walter é de origem germânica, e, definitivamente alemão não é um povo bom pra dar nome às coisas, taí a Volkswagen pra provar. Então, mais uma vez, me lembro da sorte que tenho da minha mãe ter me dado o simples e comum nome de Daniel e abdicado da criatividade chucrútica impregnada na nossa corrente cromossômica. Eu poderia tar matando, eu poderia tar roubando, eu poderia me chamar Hans, Wolfgang ou Fritz, e isso seria bastante ruim. Mas isso me faz lembrar de que a minha avó não teve esse ato de bondade e deu o nome de Gudrun pra minha mãe. Mas a grande sacanagem é que a minha avó se chamava Joanna, o que mostra que a nossa família, geração sim, geração não, sacaneia os filhos com nome de cerveja. Mas eu não passei adiante, meus filhos são Júlia e Rodrigo.
Cada coisa que eu tou me lembrando hoje. Sigamos com a história.
Já que é pra lembrar, lembrei de mais uma, e quando a gente fala de nomes de coisas, tem uma pessoa que é imbatível, uma autoridade no quesito nomes-bizarros-pra-coisas. Estamos falando da Baby do Brasil.
capa de disco com peitola de fora, colar de talheres,
pintura de índio e bebê mamando: é disso que eu tou falando.
pintura de índio e bebê mamando: é disso que eu tou falando.
Primeiro porque a Baby do Brasil se lançou na carreira artística sob o nome de Baby Consuelo, mesmo se chamando Bernardete Dinorah. O que, por si só, já nos mostra que estamos tratando de uma pessoa dotada de altos índices de noção.
Em determinado momento da carreira, Baby Consuelo achou que algo ia mal, e que era a hora de dar uma mudada nesse nome. E aí, quando todo mundo pensava que ela ia trocar o Baby por Juliana, Alessandra, Fernanda ou algo do tipo... ela tira o Consuelo e põe Do Brasil.
ééééééééé...... do brasilllllll!!!!!!!!!!!!!
Baby do Brasil é o tipo de pessoa que chamaria um pedaço de carne de raquete. Vai por mim.
Mas isso não é tudo, nossa feliz colaboradora não terminou por aí. Preocupada em perpetuar o seu legado de criatividade e alegria na arte de nomear pessoas, Baby do Brasil se uniu ao seu guitarrista pepeu gomes, copulou e se reproduziu, daí a capa do disco. Hippies e bebês foram feitos um pro outro. Assim nasceram pessoas da mais fina elegância, gente que merece o nosso respeito pelo simples fato de ter respondido chamada durante a vida escolar sob a alcunha de "Riroca", "Zabelê", "Nana Shara", "Pedro Baby", entre outras pérolas.
E isso não é apelido. É nome. Cidadão chamava Pedro Baby. Envelhecia, tinha filhos, ganhava profissão, e continuava chamando Pedro Baby. Você contrataria um advogado chamado Pedro Baby? Como você se sentiria ao ouvir "boa tarde, passageiros, aqui é o comandante Pedro Baby, estamos viajando a 8.000 pés sobre o oceano pacífico e..."?
Enfim, aí a Riroca, revoltada, atingiu a maioridade e correu para o cartório mais próximo da sua residência, embuída da missão de se livrar desse nome mezzo doce do interior, mezzo apelido de vó. E assim procedeu, trocando o nome Riroca por... Sara Sheeva.
SARA. SHEEVA.
Isso, assim se faz as coisas com perspicácia e sapiência. Trocando um nome ridículo por um nome feio. É como se o Patinho, infeliz com o nome que o tiozão que abriu o boi lhe deu, corresse no cartório pra mudar o nome de Patinho pra Roda Gigante. Ou Abajour. Ou Alfazema, ou abacaxi, ou berinjela.
Bom. Muito bom.
Muito bom que não foi a baby do brasil, nem a riroca baby que deram o nome às carnes.
Enfim, agora que todo mundo já tá curioso, eu aproveito pra contar que isso não é um post, é uma série, e aos poucos eu pretendo pesquisar sobre os nomes divertidos das nossas carnes, e contar aqui, uma a uma. Leitores cultos e letrados são muito bem vindos nessa epopéia em busca
Uma dica importante: Se você está grávida (o) e ainda não decidiu que nome dar a seu rebento, recomendo veementemente que mantenha toda a distância possível deste post. Tememos que más idéias impregnem a sua mente e façam uma criança infeliz por toda a sua existência. Grato.