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Churrasco da gente, perigo iminente

 Há quem diga que uma imagem vale mais do que mil palavras. Há quem diga que escreveu e não leu, o pau comeu. E há quem diga que água no imbigo, sinal de perigo.

Cada qual com o seu digamos.

Então eu aproveito o reflexivo momento para ressuscitar o comandante Amilton e PÕE NA TELA essa churrasqueira muito louca aí:

Base madeira sobre base de telha.

Se isso não é viver perigosamente, eu não sei o que é

Essa aí toda lascada na foto é a minha churrasqueira. Cê lembra quando eu falei que era maior legal roubar tijolo e montar churrasqueira tipo Origami? 

Nem precisa lembrar, eu te conto aqui mesmo. Neste mesmo blog velho de guerra, nós já fizemos churrasco em churraca de tijolo roubado. Em churraca elétrica. Em churraca responsa, e pode acreditar: Até em churrasqueira de papel a gente já queimou gato. 

Tá duvidando? Então toma essa, malandrão: https://deitadonagrelha.blogspot.com/search?q=churrasqueira

Não me volte aqui enquanto não ler tudo hein?

Vai lá que o pai espera.

Então, essa churrasqueira da foto é a churraca da minha casa. Ou o melhor que eu consegui fazer no quesito pessoas-não-entendidas-de-engenharia-praticando-engenharia.

Ludicamente e flertando alegremente com a água no imbigo, fui montando a churrasqueira com tudo o que me apareceu pela frente. 

Deu nisso aí.

Porque ela tá em cima da tela de amianto? Não sei.
Porque tem telha de amianto em cima da casinha do cachorro? Pra tampar o cachorro, essa tá fácil.
Porque eu fiz uma base de pallet? Não sei.
Porque eu deixei o pallet manco? Pra tentar nivelar o desnível do telhado da telha de amianto da casa do cachorro.
Porque não ficou nivelada? Porque não sei. Mas sei que sempre damos um jeito, por isso nivelei com pezinhos de tijolo.
Mas porque diabos a base de madeira? Isso não pega fogo?

Pega. As marcas embaixo dela são as cicatrizes de uma idéia mal sucedida num churrasco que tive que apagar na base do desespero. Mas sem estragar a carne e sem os convidados perceberem.

Vou dar uma pausa nessa obra de arte de fazer Niemayer chorar na pia pra contar essa do fogo.

Fazia muito tempo que eu não fazia um churrasco. Eu não tinha uma churrasqueira e tinha sobrado uns tijolos em casa, fruto de uma obra que acabou. 

Então o gênio do Tetris aqui achou que era só sair empilhando tijolo como antes e a churrasqueira simplesmente se materializava. Antes funcionava assim.

Mas eu tou ficando velho, meu geriátrico leitor. E não sei nem mais jogar Ludo, quanto mais montar uma churrasqueira.

Então eu achrei esse pallet perneta na oficina (sim, eu tenho uma oficina!! invejem-me hahaha) e achei que seria uma boa idéia colocar em cima da casinha do cachorro.

O que tem me deixado deveras preocupado, porque bebado é capaz de montar churrasqueira até no berço do bebê se precisar. Mas eu não posso mais beber por conta do transplante, mas continuo fazendo merda. Agora sem a bebida pra botar a culpa. 

Uma vez posicionado o pallet e montado o origami de churrasco em cima, eu vi toda aquela madeira no fundo e realmente achei que não ia ser uma boa idéia simplesmente tacar fogo ali. Então, brilhantemente, decidi colocar lá uma lajota dessas de piso, oriundas de sobras da mesma obra.

Porque pedreiro nunca acerta na quantidade de material hein? Ou eles avaliam pra menos e ficam de braço cruzado esperando vc se virar pra comprar mais, ou te mandam comprar tijolo pra contruir o taj mahal, quando você só quer cobrir uma fossa.

Enfim, cobri com as lajotas e meti fogo na bomba. Sucesso.

De repente, escuto uma explosão PÁ dentro da churrasqueira. 

Todos os convidados olharam, eu disse que foi um sal que caiu na brasa (um sal do tamanho de um abacate, só se for) e enganei todo mundo.

Mas eu sabia que aquele barulho tinha sido alguma cagada que eu fiz. E foi.

Minutos depois do estouro, começa a sair uma fumaça por debaixo da churrasqueira. Era o pallet entrando em inevitável combustão.

Convidados assustados e o churrasqueiro desesperado tentando dizer que tava tudo certo, que era um eucalipto que eu tinha colocado lá só pra dar um cheiro. Mas era o pallet mesmo.

Pinus queimando. Pinus cheio de tratamento anti cupim, anti infiltração, anti isso e tudo que é anti saudável subindo pra carne dos amigos.

Amalacadamente, peguei um regador de plantas, daquele tipo Flit, enchi de água e fui controlando o incêndio.

Me senti na rede globo. Incêndio controlado, tou pronto pra virar dublê. SQN.

Bom, o churrasco acabou, todo mundo comeu muita carne com veneno, conservante, verniz marítimo e tudo que não presta. 

Ninguém morreu. 

Bom, o fato é que neste final de semana a churraca voltou a funcionar. Desta vez, eu cobri o fundo dela de areia e pedrinhas, mais uma vez, fruto da total falta de noção do pedreiro. 

Sem incêndio. Saiu costela bovina, costela suína, linguiça cuiabana, espeto, queijo coalho.

Sem fumaça, sem gosto de Matox, sem perigo e sem glamour.

Agora que esta espelunca voltou a funcionar, além dos amigos, os gatos e a sogra se darem bem, sinto que vou precisar de uma churrasqueira nova. 

Um dia ela vem. Por enquanto, continuamos adicionando emoção à vida dos participantes dos meus churrascos com a combinação telha-madeira-fogo e muita emoção.

Alguém conhece uma loja ou fabricante em promoção?

Especial Churrasqueiras: o semi-deschurrasqueirado

Começamos este fatídico post logo de cara comunicando aos nobres leitores a ocorrência de um prejuízo. Zica, catimba, chulé, chame como quiser, mas a verdade clama, e é com as calças na mão que nós somos obrigados a admitir que Houston, we have a problem, porque a partir de agora, eu sou um semi-deschurrasqueirado. Pernas pra que te quero e salve-se quem puder!

Antes que você possa dizer Adeus, mundo cruel, o escriba aqui castiga as pedras do teclado pra elucidar ao mais enigmático leitor o que é um semi-deschurrasqueirado. Comecemos, ora pois, pelo começo.

Semi é aquele que é quase. Semi-Deus é um cara quase Deus. Semi-analfabeto é um cara que quase não sabe ler, e semitério é o lugar pra onde eu vou, se continuar maltratando o português só pra encaixar o trocadilho. Ou seja, o semi é aquele que chega perto mas não leva. Não leva a medalha de ouro, não vai pro pódio, não tem pedigree, não deixa cheiro e não solta as tiras [/havaianas feelings]. Rubinho Barrichelo é um semi-piloto, por exemplo.

Então você entendeu que eu estou quase em alguma coisa, certo? E essa coisa que eu estou quase é deschurrasqueirado. Vem comigo desvendar mais essa fanfarrice morfológica da nossa linda e pulsante língua portuguesa de desportos. O "Des" sempre lembra a perda. O curintia, recentemente, foi DESclassificado da copa Libertadores 2011 pelo Tolima kkkk.

Quando a gente coloca o ado/ada no final da frase, estamos dando um sentido de posse àquela expressão. "Mamãe, estou gripado". Significa que eu tenho, sob minha posse, uma gripe. "Muita cerveja me deixa mamado", significa que eu, após a ingestão de quantidades industriais de cerveja, adquiro mamas. E, como subsequente, nelas mamo, ficando mamado. Não, não mamo nas minhas próprias mamas, mas você entendeu o que eu quis dizer.

Esse é o sentido da coisa. O cara semi-deschurrasqueirado, no caso, EU, está quase sem churrasqueira.

Vou contar a história da minha churraca.

Há alguns anos atrás, eu morava num apartamento muito bacana, que tinha uma sacadinha modesta. Era uma casa muito engraçada, aquela coisa toda, e não me interessava se ela não tinha teto, não tinha nada, ou se as pessoas não podiam fazer xixi. O que importava era a sacadinha. Além da sacadinha, eu tinha uma churrasqueirinha de alumínio, que me acompanhava todo santo final de semana, corajosamente desafiando as leis do condomínio e periculosamente esfumaçando as retinas dos meus vizinhos.

Até que surgiu uma oportunidade e eu fui morar em outro apartamento, este com regras de condomínio mais flexíveis, e no lugar da sacada, um quintal. Pois é, um apartamento com quintal é tão paradoxo quanto uma moto com airbag, um avião com bote salva-vidas ou um tanque de guerra com cd-player e ar condicionado. Mas, se os publicitários vendem carro fazendo propaganda com um cachorro-peixe, eu me dou o direito de morar em apartamento e ter  quintal. E, garanto, tem cachorro. Mas não tem peixe. Enfim, vida que segue.

E, como de bobo eu não tenho quase nada (ou tenho quase tudo, vai saber), antes mesmo de mudar já fiz questão de meter uma churraca no quintal. Fiz tanta questão que meti os pés pelas mãos, pisei no tomate e entrei pelo cano. E o resultado é esse: Meu nome é Daniel, eu sou um semi-deschurrasqueirado e só por hoje, eu ainda não fiz nenhuma lambança. Só por hoje, mas naquele dia, eu fiz.

Assim que a notícia do apartamento novo surgiu, os amigos, no sorrateiro silêncio do msn messenger combinaram que me dariam uma churraca de presente. E não me contaram isso. Eu, com a ansiedade e o auto-controle de uma manada de búfalos em fuga, só conseguia pensar em rechear aquele recinto com uma churrasqueira, fosse ela qual fosse. Os amigos, na sabedoria milenar que só a amizade é capaz de proporcionar, serenemente confabulavam: "tomara que aquele idiota não meta qualquer churrasqueira no quintal, enquanto procuramos a melhor churrasqueira do mundo pra dar pra ele". E, Murphy salva, lá foi o idiota aqui desgovernadamente rumo ao leroy merlin mais próximo, adquirir QUALQUER churasqueira que coubesse no porta-malas do meu automóvel.

Avisados pela minha prestativa senhora, os amigos se uniram às pressas e correram ao meu encontro para, pelo menos, assinar o cheque e me prover tal iguaria. No fim das contas, eu havia escolhido uma churasqueira que não era aquilo que eles queriam me dar, mas deram porque senão eu ia comprar. Coisa de gente equilibrada e serena. Eu sou assim, pode perceber.

Era uma churrasqueira pré-moldada, daquelas de concreto. A churraca em si é uma boa churraca. Mas fica reservada às limitações de um produto de concreto, sem qualquer proteção, depositada ao relento, trabalhando sob chuva e sol (literalmente, por acreditar).

E, tal e qual acontecido com suzana vieira, hebe camargo, cláudia raia, fafá de belem e outras tantas beldades que o tempo enrijeceu, minha churraca sucumbiu ao caminhar do tic-tac. Pela primeira vez, me arrependi por não ter seguido os sábios conselhos da madrinha deste blog, a apresentadora matinal que encheu a face, os seios e sei mais o quê de botox e silicone buscando a juventude eterna; optei por não pintar, e nem recobrir a minha churraca, o que, assim como no caso da apresentadora, poderia representar algum photoshop na sua decadência.

E o fato é que, passados bons 3 anos de trabalhos forçados, comunico que a minha churraca não morreu, mas tá na rampa. Pra morrer, só falta deitar. Fiz churrasco no frio, ela trincou. Choveu, ela encharcou, eu botei fogo de novo, e a trinca aumentou. A sujeira de centenas, milhares de churrascos impregnou nas suas entranhas, que agora não tem nem mais cor. E chegou a hora de adquirir uma nova.

Logo, nada mais justo do que reviver a saga "Especial Churrasqueiras" aqui do blog, registrando a minha busca pela churraca, desta vez, ideal.

Assim sendo, torçamos para que a minha brava companheira não decrete a auto falência múltipla dos próprios órgãos, enquanto eu procuro uma nova.

Aceito dicas, sugestões, palpites e todo tipo de críticas a respeito da minha insuportável falta de controle emocional. Afinal, se tivesse deixado os amigos fazerem o seu trabalho, eu JÁ teria a churraca que estou agora procurando.

Churrasqueira de tijolo roubado 2

Eu moro em São Paulo. Sou paulistano mesmo, de comer pastel na feira com caldo de cana e pegar 170km de engarrafamento pra chegar em casa achando isso normal. Falo "ô loco", chamo os amigos de "meu" erro compulsivamente o plural das palavras. Saio na minha sacada e vejo 8 mil janelas. Isso é ser paulistano. Mas uma coisa que você talvez não saiba é que eu tenho um pezinho na praia. Um pezinho não, tenho até a canela enterrada num pequeno pedaço de areia litorânea que responde pelo singelo nome de Bertioga.

Minha família é de Bertioga, meus amigos são quase todos de Bertioga, meus pais se conheceram em Bertioga, provavelmente me conceberam em algum ponto daquela areia toda (aliás, eu prefiro não tocar nesse assunto, credo!). Conheci a minha esposa lá em Bertioga, e não adianta que não conto o que aconteceu em algum ponto daquela areia toda (ela deu bronca, esquece esse ponto). O nome da rua da minha casa é o nome do meu avô... Aposto que o primeiro português que pisou em Bertioga saboreou algum chucrute lá na casa da minha bisavó, que, pasme, tinha um metro e meio, mas era alemã. Dona Mina, o nome dela.

Eu já falei dessa minha bertioguice aqui no blog uma vez. Na vez em que eu esclareci alguns procedimentos sorrateiramente adotados pela população local. Procedimento este ao qual também aderi, como apresentado no post sobre a churraca de tijolo roubado.

Pois, depois de alguns anos distante, preparei o corpo e a alma pra passar novamente um ano novo em Bertioga. Os acontecimentos foram, como de praxe, insólitos.

O chuveiro queimou, básico. Quando consertamos o chuveiro, a água acabou, básico de novo. Fui descalço pular 7 ondinhas e cortei o pé, básico. Um rojão não subiu e causou pânico na praia, básico. O anelzinho da minha lata quebrou sem que eu conseguisse abrí-la, básico. Um bêbado podraco tentava abrir minha lata com um pedaço de lixo enquanto eu bebia a pinga dele no bico, básico. Ele conseguiu e nos abraçamos como irmãos, básico de novo. Assim é Bertioga. Um lugar onde tudo acontece. Os acontecimentos acima citados são absolutamente verídicos, aconteceram num curto espaço de tempo e, acredite, em Bertioga, não são exceção: são regra. E o pior de tudo; isso é legal DEMAIS!

Bom, assim que entramos em 2011, lembramos que o professor sempre nos ensinou que o que importa são os 3 pontos e decidimos dedicar nossa existência a um único e improvável objetivo: obter sucesso com um churrasco onde ninguém tinha tomado banho, a ser realizado na famosa casa da Rua Manoel Gajo, que não por acaso, foi meu avô. E, já que o corpo tava sujo, decidimos também sujar a alma, a mente e a nossa pouco valiosa reputação.

A questão mais importante era que nós tínhamos cerveja, gelo, carne e carvão, mas.... não tínhamos uma churrasqueira. Seu Manoel Gajo, o engenheiro da casa que, do alto do mais lusitano bigode que o sobrenome possa denotar, fez de tudo na residência, mas não construiu uma churrasqueira.

Pois eu, contrariando o ditado que diz que uma geração constrói e a outra destrói, decidi construir uma churrasqueira na casa. A singela contribuição da minha geração para com as próximas, num imóvel que já abriga a quarta geração luso-germânica que compartilha daquele habitat.

O detalhe é que, tal e qual o costume local, nossa construção seria provisória, e feita sob os mais imorais pilares da construção civil: furto e gambiarra.

Vai ter copa e olimpíada no Brasil logo, logo. Abre o olho pra esse post, porque ainda vem muita gambiarra seguida de furto por aí. Mas isso é assunto pra outro post. Vamos aos fatos que nos permeiam neste momento: eu estava na casa da família, com tudo pra fazer um belo churrasco, menos uma churrasqueira.

Lembrei da obra realizada no barracão há pouco, e perguntei à minha tia sobre os tijolos que haviam sobrado dali. Foram roubados, foi a resposta.

Diante dos fatos, a malufice se apossou da minha alma, e decidi: vou roubar os tijolos. O mais beato dos leitores, seguidor de todos os dez mandamentos, pode abandonar o blog neste momento, porque os fatos que irão seguir ferem mortalmente a moral, os bons e até alguns maus costumes. Vem comigo, prepare o seu habeas corpus, porque a gente ainda vai roubar muito tijolo nesse mundo.

Começando do começo, todo bom ladrão precisa de uma quadrilha. Isso nos coloca alegremente no artigo 288 do código penal, antes que me pergunte. Não se preocupe, você terá direito a um telefonema e advogado, e tudo o que disser poderá ser usado contra você num tribunal!

Olhei em volta e sussurei com certo sarcasmo: "precisamos de tijolo. quem tem coragem?". Antes que você possa discar 190 e fazer uma denúncia anônima, dois cabras da peste se alistaram: Brunão e Fernando da boina. Uma quadrilha que tem um descendente de português, um Brunão e um cara de boina tem periculosidade garantida. A menos que o português faça alguma lambança, mas nós sempre contávamos com a sorte da probabilidade a nosso favor.

Formado o bando, só faltava uma diligência. Pois prontamente surgiu um alazão, fazendo menos de 6km por litro no álcool, e quem faz menos de 6 na cana, merece respeito, parceiro. Aposto que tu dá PT consumindo desse jeito.

Diligência, bandidos, álcool, bandidos dentro da diligência, álcool sendo consumido a 6 por km, lá vamos nós procurando uma obra para, educada e matematicamente, subtrair temporariamente os objetos necessários para a construção da faraônica churraca da casa da rua Manoel Gajo. Tenho certeza que vovô ficaria orgulhoso de mim.

Avistada uma obra, a diligência dirigiu-se ao local mais adequado para tão vil prática. Em questão de segundos, uma pilha de tijolos havia misteriosamente se movido pra dentro da diligência.

Foi quando, de repente, não mais que de repente, um zelador aparece esbravejando contra a diligência que, do alto dos seus cento e poucos, muito poucos, cavalos, desligou o ar condicionado pra ganhar mais um tico de potência, engatou a primeira e quase morreu porque o porta-malas tava cheio de tijolo e pesado pra caramba e dali evadiu-se, de portas abertas e arrastando os meliantes, que, na tentativa de explanar ao zelador todas as boas intenções de seus atos, acabaram por evadir-se. A cena com o pessoal pendurado fechando as portas enquanto descíamos da calçada fez inveja a bruce willis, fez corar angelina jolie e deixou de tanga froxa o governator, alrnold swchrtzeamsncsjnkjndfksndf. o nome é difícil, você entendeu.

O fato é que chegamos em casa munidos de tijolos pra construir uma casa popular, e tudo o que nos faltava ali era brincar de lego. Além do Lego, bastava lançar mão de toda a gambiarra disponível e voilá! Habemos churraca!

As fotos falam por si só. Piso de ardósia, carrinho de feira e grade do forno da vó foram parte integrante dessa verdadeira lambança. Tudo milimetricamente calculado.

Em tempo: todos os tijolos foram, conforme a expectativa, roubados por outrém na segunda semana de 2011. Por isso que eu amo esse lugar. Não há pecado em Bertioga.

Na tela:

Sente só a intensidade de engenharia alternativa aplicada. Gambiarra, se preferir.

Ainda tinha esse probleminha com o tijolo que pendia pro lado, por conta da grelha.

 Como resolver? Gambiarra, claro!
Um pedaço de lajota com cimento coloca tudo no seu devido lugar. Tudo muito seguro!


Agora sim! Já dá pra deitar uma costela de 5,5kg com a grelha do fogão, com toda a segurança.

 Quéops, quefrem, miquerinos e a churraca de bertioga. Patrimônio da humanidade!

O carrinho de feira segurava a lajota de ardósia, que segurava o calor dentro da churraca.
Tudo meticulosamente calculado.

Carrinho, você nunca foi tão útil na sua vida! Esquece o alface, teu trabalho é escorar a costela, parceiro!

Meteu fogo, nada caiu. Mais um empreendimento de sucesso da Gato na Grelha Inc.

Em pleno funcionamento. Recomendo aos incautos que protejam também a frente.
Esse buraco queimou a minha coxa. Mas pra quem não tinha churraca, o que é uma passada de hipoglós?

malandro é o gato que já nasce de bigode. Na minha terra, malandrage tira foto contra a luz pra não deixar B.O. compana. 

Drops de Churrasco - Ed. 8

Lá vamos nós com mais uma edição e... tira essa teia de aranha pra lá!!!!
Pois é, depois de um tempo chafurdado nas catacumbas do esquecimento, eis que o blogueiro reaparece, coberto de poeira e mofo, com icterícia até no céu da boca. Passei tanto tempo nas catacumbas, que o mais desconfiado leitor já deve estar sugerindo até um teste de carbono 14. Mas agora estou de volta e explico. Basicamente, estou fechando a minha empresa pra trabalhar com uma coisa muito legal, o que me fez correr contra o tempo pra entregar todos os projetos que estavam em andamento e não deixar ninguém na mão, e depois precisei de uns dias de descanso, porque o trampo novo vai ser pauleira. Com isso, faltou-me o tempo e a inspiração necessários pra colocar a casa em ordem aqui. Agradecido pela compreensão, bora pra frente que o drops, dessa vez, é cheio de novidades.

A entrevista
Alguns aqui souberam, via comentários, que dei uma entrevista para O Globo, falando sobre churrasco de apartamento. A jornalista encontrou a série Especial Churrasqueiras que escrevi aqui e entrou em contato. Falei o que penso, da maneira besta que penso, e a jornalista publicou! Algumas pérolas que julgo impublicáveis como a teoria de que, a cada vez que ligamos uma churrasqueira elétrica, apagamos um bairro no Paraguay, foram na íntegra pra matéria. Outra foi aquela de que a fumaça que a sua churrasqueira produz é inversamente proporcional ao humor dos vizinhos dos andares superiores também recheou a matéria. Muito bacana, mas acho incrível como tem gente séria que ainda presta atenção nas abobrinhas que a gente fala. Os comentários, lá nO Globo, são um show à parte. Não pela camaradagem que vemos aqui, mas pela agressividade gratuita. Vista a sua luva de boxe e vai lá ver. É necessário ser assinante do globo, ou fazer um cadastrinho rápido.

Aji-sal
Temos aqui um assunto que já estava preso na minha garganta há muito, muito tempo. O tal Aji-sal. Se você tá boiando na maionese e não sabe do que estamos falando, o Aji-sal é um sal pra churrasco que custa mais do que o triplo do sal normal, e vem cheio do tal glutamato monossódico, que serve pra realçar o sabor das carnes. Funciona assim: você compra carne ruim, e enche de aji-sal para aquele treco pegar gosto de alguma coisa. Só que a carne que você comprou é xumbrega, mas o sal é de patrão. Não seria mais adequado comprar uma carne decente e um sal barato? Bom, dia desses ganhei 1kg do tal aji-sal do meu sempre solícito sogro, e decidi experimentar. Taquei numa picanha e mandei pra churraca. A picanha ficou com gosto de... ajinomoto. Diacho, se eu quisesse ajinomoto, fazia um arroz, e não uma picanha. Alguém aí tem qualquer experiência com esse produto, sabe se ele pode ficar bom em alguma coisa?
Ah, quer saber porque isso estava entalado na minha garganta? Porque a ajinomoto é cliente de um cliente da minha ex-empresa, e eu não queria pisar no calo dos caras e causar bilhões de dólares em prejuízo, mortes e sofrimentos. Mas como a minha empresa acaba de virar pó, eu posso declarar todo o meu amor a um produto caro e que serve pra estragar comida boa. Valeu Aji-sal!

Anonimus Gourmet
Conheçam uma verdadeira pérola da TV brasileira. A mais pura e verdadeira prova de que tem gente cheia de talento na televisão brasileira. E sem precisar de passarinho de borracha, silicone, botox nem escova definitiva. É o verdadeiro entretenimento-raíz.
O Anonimus Gourmet foi dica de algum leitor aqui do blog, que infelizmente não me lembro ao certo quem foi. Trata-se de um programa de televisão, onde dois distintos senhores ligam uma câmera de televisão e começam a churrasquear, manuseando uma bela costela, um carré e uma paleta de cordeiro numa legítima parrilera argentina. Só aqui já temos pano pra uma boa babada, não? Mas a mágica do programa não tá só aí. A capacidade de interação dos dois com a câmera é tão grande, que dá a impressão que eles esquecem que a câmera está lá. Literalmente. Em diversos momentos, os dois param de falar pra comer. Dane-se o programa, a costela tá pronta. Uma fanfarrice. Detalhe pro momento em que eles param pro comercial, e quando volta a peça de carne quase sumiu. Uma prova de que toda a equipe está fazendo a filmagem com as mãos sujas de carne. Divirtam-se e babem muito!

A tradicional charada
Ah, olha lá os publicitários e suas máquinas malucas, trazendo mais um teaser pra animar nossos corações. Como os leitores desse blog são pessoas astutas e providas da mais alta capacidade intelectual quando o assunto é churrasco, decidi tentar mais uma, vamos ver se vocês conseguem identificar, com as pistas abaixo, qual será a receita do próximo post:


  1. Verde na alma, bacon no corpo;
  2. Deus não deu à cobra;
  3. Onkel Helmut recomenda.


Quero ver quem é malaco pra descobrir essa. Valendo um washington olivetto pra chamar de seu!

Especial Churrasqueiras: a churrasqueira pré-moldada

Voltamos com as nossas pesquisas de cunho altamente científico, onde nossos heróis, ávidos por conhecimento, reviram mundos e fundos atrás dos mais diversos tipos de churrasqueiras para você deitar o seu gato. Nos últimos posts da série, falamos sobre a honestíssima churraquinha elétrica, escapamos de um incêndio de proporções catastróficas com uma invenção genial que responde pelo nome de churrasqueira de papel (vê se tinha chance de dar certo, né?), ensinamos a roubar a quantidade e tipo certo de tijolo pra improvisar uma churraca, e agora vamos falar sobre uma das mais geniais invenções que a preguiça humana conseguiu inventar depois do controle remoto, da direção hidráulica e da cerveja em lata. Estamos falando de mais uma campeã de audiência: a churrasqueira pré-moldada.


Oi, eu sou a churrasqueira pré-moldada e preciso de um lar.

A churrasqueira pré-moldada é o Lego do churrasqueiro, um verdadeiro brinquedo de adulto. Isso porque ela vem desmontada, e tudo o que você tem a fazer é montar e usar. Fácil assim. Tá, não é tãããão fácil assim, porque ela pesa pra caramba. Mas a gente tá contando que você é um cara fortão e vai conseguir montar uma dessas sem fazer biquinho. 

Funciona assim: você vai na loja, escolhe os milhares de modelos disponíveis, compra. Os caras levam na tua casa, você monta e tem uma churrasqueira responsa sem cimento, sem tijolos e por um preço honestíssimo. A minha churraca é dessas, então vai por mim que eu sei do que tou falando.

Antes que você instale uma no meio da sala da sua mãe, vamos às vantagens e desvantagens deste modelito:

Vantagens:
  1. É barata. A minha tem um tamanho razoável e custou, há um ano atrás, cerca de 300 reais. Se você comparar com os quase 100 mangos que uma churraca de metal, daquelas bem sem-vergonha que vende no mercado, é uma pechincha.
  2. É grande. Você pode preparar cupim, costela de boi e outras delícias que são impensáveis em churracas menores. Na verdade você só não pode preparar um boi no rolete, de resto vai tudo.
  3. Existem, no mercado, zilhões de modelos dessas churracas. Tem algumas que já vem com o forno de pizza acoplado, enfim. Dá um pulo no leroy merlin mais próximo e divirta-se.
  4. Você ainda pode pintá-la, pode passar uma massa bacana, pode cobrir de tijolinho, de azulejo, colar um pôster da Luma de Oliveira... Dá pra fazer o capeta com uma dessas. E ela fica bem bacana, desde que você respeite as regras do bom-senso visual. 
  5. Ela pode ficar no quintal, na chuva, com o cachorro roendo o pé que demora muito pra estragar. A churraca é feita de concreto, e a menos que você tenha um dinossauro no seu quintal, ela segura bem a bronca.
Como nem tudo é doce nessa vida, ela tem algumas poucas desvantagens, mas tem:
  1. É feia como o cão. Se você não pintá-la, ao menos, o concreto vai escurecer, sujar, manchar. Ou seja, sua churraca vai ficar com cara de muro velho. Digo por experiência própria, a minha tá assim :-P
  2. Pesa muito. Se você faz o tipo He-man, além de ter cabelo chanel, tanga e uma aparência boiolona, você tem o dom de mudar coisas de concreto do lugar. Agora, se você não é o He-man, nunca visitou Greyscow e não tem uma treta com um magrelo chamado Esqueleto, decida muito bem onde vai montar a sua churraca. Não é nada fácil movê-la de lugar. 

Pelos poderes de Greyscow, pelas barbas do profeta e pela hora da morte.

Olha, essa churraca pré-moldada é tão porreta que eu só consegui me lembrar dessas duas desvantagens. Que nem são tããão desvantajosas assim. E, como eu tenho uma dessas em casa, separei aqui algumas dicas pra quem tá afim de aboletar um brinquedo desses no quintal:
  • Alguns modelos têm uma gavetinha embaixo, pra tirar a cinza. Na real, essa gavetinha nem é tão útil assim pra tirar cinza, mas pra tirar água é perfeito. No meu quintal, posicionei a churraca estrategicamente em frente à TV da sala. Assim, posso assistir o verdão na TV assando uma carninha. A desvantagem é que, quando chove, inunda a churraca. Se ela tivesse a gavetinha, a água escorria por ali e rapidinho ela secava. Como a minha é fechada, ficava com aquela poça lá, e pra acender depois era um parto de ouriço. Resolvi fazendo 3 pequenos furos embaixo dela.
  • Recomendo comprar um pacotinho de tijolo refratário. São uns tijolos quadradinhos, que suportam bem o calor. Minha churraca era muito funda, e pra fazer o calor chegar legal até a carne, era um saco de carvão por churrasco. Comprei os tijolos e montei um Lego dentro dela, de maneira que ficasse mais rasa. Economiza um carvão danado, e você ainda pode tirá-los fora pra limpar.
  • E recomendo pintar, ou revestir com alguma coisa. A minha tá feia que dá dó.
Veredito final: Aprovadíssima. Gato, capivara, sapo ou jacaré, qualquer coisa pode ser assada numa churraca dessas. E ainda custa relativamente barato, então não tem o que falar. Ponto pra ela!!

Especial Churrasqueiras: A incrível churrasqueira elétrica

Estamos de volta com mais um capítulo da série Especial Churrasqueiras, que vai te ajudar a escolher o melhor lugar pra deitar o seu bife. Isso é um oferecimento das Organizações Gato na Grelha. 

No último capítulo, experimentamos a tal churraquinha de papel, que tinha tudo pra dar errado... e deu. O acendedor atômico de urânio enriquecido que veio maliciosamente camuflado no meio do carvão chamuscou a minha sombrancelha, torrou a carne e até a própria churrasqueira, acabando com o churrasco e quase causando um incêndio. Ou seja: siga o óbvio, churrasqueira de papel não funciona e não faça isso em casa. Nem fora dela.

Desta vez, vamos experimentar mais uma que tem tudo pra dar errado. Onde já se viu um cara que acha que entende de churrasco confiar numa churrasqueira que tem que enfiar na tomada pra funcionar? Pois é, mas nós torcemos o nariz, demos de ombro, fizemos beicinho (menos a ana maria braga, que fez beição mas ninguém notou porque o botox tava duro), mas acabamos por morder a língua e levar uma bica. E esta anatômica oração só serviu para que morfológica ou sintaticamente admitamos que a churraquinha elétrica surpreendeu os nossos enegrecidos corações e provou que funciona sim senhor. E funciona bem merrrrrmo.

Como já disse num post sobre churrasco de apartamento, o que vai determinar se você vai ter uma churrasqueira elétrica ou a carvão na sua casa é uma razão entre o andar em que você mora e a dureza da sua convenção de condomínio. Se você optou pela elétrica, este post é pra você, iluminado leitor.

O esquema da churraquinha elétrica é bem simples. Tem uma resistência que fica logo abaixo da grelha esquentando a carne. Abaixo dela, uma bandeja armazena a gordura que escorre. E é aí que mora a genialidade deste invento que orgulharia mr. Thomas Alva Edison.


- Oh, my God!! Eles estão deitando o gatinho no grelha!!

Sente a estratégia: a gordura escorre e cai na água. Esta, por sua vez, está próxima da resistência, que encontra-se a meio caminho da água e da grelha. E como pau que bate em Chico bate também em Francisco, se a resistência esquenta a carne, esquenta também a água. Que evapora.. na carne! É, salvo as proporções gastronômicas e astronômicas de ambas, o mesmo princípio que faz a gordura cair no carvão, queimar e subir de volta à carne em forma de fumaça. Essa é a mágica do churrasco. E a churraquinha elétrica cumpre honestamente o seu papel nesse sentido. Mas como a gordura não é queimada, não faz tanta fumaça. Quase nada, pra falar a verdade.

Churracas elétricas consomem uma energia lascada. E um churrasco nunca é um evento rápido. Portanto, se você tem costume de fazer churrasco com frequencia, recomendo procurar outra alternativa. A menos que faça parte dos seus planos sobrecarregar Itaipu e apagar o Paraguay, o que não deixa de ser uma boa idéia. Mas pense na sua conta de luz e evite o greenpeace na porta da sua casa. Essa churrasqueira quebra o galho com propriedade, mas não é pra ser usada com frequencia. 

Como ela é bem pequena, deve ser acomodada em cima de uma mesinha. Nessa hora, recomendo atenção ao tipo da mesa. No apartamento da praia, temos uma dessas, e no primeiro churrasco, apoiei a churrasqueira na mesa da sacada. A mesa era de ferro, e eu tava descalço. Não preciso nem contar o que aconteceu, né? Foi um choque atrás do outro. Como nós gostamos de tomar cerveja durante os churrascos, e não tomamos pouca, o risco de levar um choque e pegar fogo é grande. E eu não acho que seja uma visão agradável pros seus convidados verem um churrasqueiro em chamas num churrasco onde, teoricamente, nem deveria haver fogo. Portanto, mesa de madeira e um chinelão podem ajudar a salvar a tua vida.

Se pegar fogo, não dirija.

Quanto às carnes, dá pra fazer uma porção delas. Picanha em bifes fica perfeita. Costelinha de porco também já fiz, e fica legal. Linguiças em geral, frango, fraldinha, maminha. Até peixe eu já fiz e ficou muito bom. Apenas evite carnes que precisam de um longo tempo de churraca, como costela bovina e cupim. Primeiro porque elas tendem a queimar por fora e não assar direito por dentro, e outra porque uma churraquinha dessas ligada durante muito tempo pode causar um blecaute na sua cidade.

Veredito: tá aprovada. Descobrimos que as resistências servem, além de fazer chuveiro, aquecedor e chocadeira, pra fazer churrasco. Essa sim foi uma experiência bacana.

Comparando, é como o Palmeiras contratar o Obina: você tem certeza de que não vai dar certo, mas no fim.... Bom, no fim eu não quero nem ver. E esse papo de obina me fez perder a fome.

Especial Churrasqueiras: a churraquinha de papel

Sabe quando você tá fazendo alguma coisa com a certeza de que não tem chance nenhuma daquilo dar certo, mas ainda assim continua? Vai vendo...

Este post é a prova concreta de que Deus errou ao nos dar o livre arbítrio, porque com ele, cometemos este tipo de cagada. Se fôssemos todos condicionados como as crianças no The Wall (Pink Floyd, fantástico, tá tocando agora) a gente fazia tudo do jeito pré-programado e o livre arbítrio não nos levaria a inventar moda. Se você já leu o título desse post, e eu gosto de acreditar que leu, certamente pensou "esse aí fez merda". E você, astuto leitor, encontra-se coberto da mais pura e cremosa razão. Fiz merda. 

Conhece o que é uma situação FAIL? É quando as coisas dão errado por pura e simples cagada. O vídeo abaixo é um ótimo exemplo:


Estava eu caminhando e cantando e seguindo a canção pelos supermercados da vida quando me deparo com esta maravilha da preguiça moderna: a churrasqueira descartável. É, isso mesmo, uma churrasqueirinha pequena, de papelão. Li rapidamente a embalagem, e já pensei na fanfarrice que seria fazer um churrasco com isso. O preço, menos de 5 reais, não me deixava outra opção, eu TINHA que levar esse brinquedo pra casa. E assim procedi.

Chegando em casa, bora fazer uma análise mais detalhada na invenção. A embalagem é bonitinha, fotos bem feitas.. mas o redator que escreveu os textos da embalagem é um pândego. "Perfeita para camping", "prática", "ecológica", coisas normais que publicitário adora escrever. Mas um dizer me chamou a atenção: "Cuidado, pois o calor é imenso". Assim mesmo, imenso. Chegou a dar um frio na espinha. Então me dei conta de que ali não tinha apenas a churraca, mas também carvão, acendedor, fósforos, 4 pratos, 4 facas, 4 garfos, 4 guardanapos, espetos, sal e pimenta. Calcula, Ivette, como diria o meu avô. Uma embalagenzinha pequena, R$4,95 e tinha um churrasco inteiro lá dentro. Faltava só a carne. 

Os acessórios. Vê se dá pra comer com esse grafo.
Mil e uma utilidades: Churrasqueirinha pra sequestro-relâmpago.
Basta deixar uma dessas sempre no porta-malas do seu carro. Quando o bandido te abordar, basta entregar o seu cartão do banco com a senha pra ele e se recolher ao porta-malas, local destinado à vítima em tal situação. Tudo o que você precisa fazer é pedir ao ladrão que passe num açougue pra comprar um bifinho, já que ele tá com o seu cartão mesmo. Tem sequestros-relâmpago que duram horas, você arruma alguma coisa pra fazer no porta-malas enquanto o safado dilacera a sua conta bancária, e um churrasquinho ainda ajuda a relaxar a tensão um pouco. Taí a dica, fabricante. 

Bom, abri a embalagem e não parava de sair coisa de lá de dentro. Tava tudo quaaase certinho. Não encontrei o tal acendedor. Ok, sem problemas. Tinha um tubo branco, aberto e vazio lá dentro, parecido com um tubo de acetona. Não constava no manual, joguei fora. 

A montagem foi mamão com açúcar. Não precisa nem ler o manual. Junta as duas laterais, mete o araminho no meio e ela tá de pé. O carvão vem numa bandeja daquelas de alumínio, de marmita, e você posiciona sobre o araminho com marmita e tudo. E no alto você encaixa a grelha. Po, bico, né?

Ela é pequeninha, compara com o tamanho da lata.

Como gato escaldado tem medo de água benta, eu imaginei que a chance disso ser sem-vergonha era imensa, e preparei alguns espetinhos que saem bem rápido e não tem risco de torrar, já que o calor seria imeeeeensoooo.

Beleza, sem acendedor, taquei um pouquinho de álcool gel e usei a primeira parte do produto: o fósforo. Funcionou, sem sustos, acendeu direitinho. Taquei a grelha em cima e bora esperar um tiquinho pra ver se pegou. Pegou rápido. 

Pó falá: puta espeto bunitu, nénão?

Começo a achar que o redator tinha razão, o calor é considerável mesmo no começo do churrasco. As paredes de papelão são forradas por dentro com papel alumínio, e a bandeja do carvão tb é de alumínio. Ou seja, qualquer calor gerado ali não tem pra onde dispersar, e sobe pra grelha e esquenta pra dedéu. Inteligente, não?

Deitei os espetos. De repente subiu uma chaminha na carne, e eu tirei ela dali, como se faz quando sobe chama. Provavelmente pingou uma gordurinha e acendeu, pensei eu. Ledo engano. A chama subiu, subiu e virou uma labareda. Senti que o churrasco tinha grandes chances de acabar mais cedo.

Rescaldo de incêndio

Aí eu matei a charada: o acendedor tava lá sim. mas olha que idéia genial!! O acendedor tava no meio do carvão, por isso eu não vi, embora tenha mexido bastante no meio dele à procura do mesmo. Deixa eu dar uma dica, seu fabricante: Eu não preciso de um tubo de acetona vazio, mas se o senhor puder mandar o acendedor separado da próxima vez, vai ser bem legal. Se fosse um acendedor normal, tava valendo. Mas não, era um acendedor grande. Aí não tem jeito: era matar formiga com tiro de canhão.  Mesmo se eu tivesse posicionado ele direitinho e não tivesse usado álcool ia levantar labareda.

Mil e uma utilidades: Churrasqueira de primeiros socorros pra Lost.
Quando o pessoal do Lost caiu de avião na ilha, eles se lascaram pra conseguir fazer fogo. Fez bolha na mão, o véio gordinho teve que esfregar pauzinho durante um tempão.. Imagina se tivesse uma dessas embaixo de cada poltrona? O Sawyer ia roubar todas pra ele, enterrar, esconder e depois trocar tudo por favores sexuais da garota sardenta gatinha. Além disso, eles poderiam chamar o pessoal da Iniciativa Dharma pra um churras de confraternização e evitar a maior treta com Os Outros. Ah, e ela também faz uma fumaça sinistra.

Então veio o pior. Um horrível cheiro de coisa química queimando. O acendedor, além de estar genialmente posicionado no meio do carvão devia ter uma embalagem, que derreteu e ficou fedendo a plástico. Comer carne assada assim te leva pro hospital na hora. E vai explicar pro doutor que você tá passando mal porque comeu carne de churrasqueira de papel. Tá na lama.

Olha a proporção descomunal do tamanho do acendedor em razão da
quantidade de carvão e o tamanho da churraca. É acender e correr!

Foi o fim do churrasco. Mandei um copo d'água lá dentro e acabei com a brincadeira. Como não sou bobo nem nada, tinha um saco de carvão na manga, acendi a churraca de verdade e terminei os espetinhos. Que estavam uma delícia, por sinal.

Assim que esfriou, desmontei a grelha, joguei fora as partes queimadas e dei a estrutura de papelão pro meu filhinho brincar de churrasco no quarto dele. O moleque ficou feliz, valeu os R$4,95.

Obs1: Não tive coragem de usar a pimenta, temperei os espetos normalmente. Eu já não gosto muito de pimenta, e achei que aquela ali poderia ser xumbrega demais.

Obs2: Achei o site do fabricante, os caras têm também um forno de pizza de papel, que deve ser outra fanfarrice da criatividade humana. Maldito departamento de marketing.

Obs3: Tem um cara no mercado livre vendendo a churraquinha por R$19,95. Picareeeeta... Po, cumpadi. Onde que você acha que isso aí vale vinte mangos?

Obs4: Visite o FailBlog e comprometa os músculos da sua cara de tanto rir. Ana maria braga, recomendo cuidado com o botox. Ah, o vídeo da comemoração do gol saiu de lá.

Avaliação final: Olha, não deu pra fazer um churras, não. Então, enquanto churrasqueira, ela é inútil. Mas custou muito barato e virou brinquedo do meu filho. Valeu o investimento. Claro que eu não vou mais gastar dinheiro com esse treco, mas eu acho que se comprasse outra, descartaria o acendedor nuclear que veio nela, e aí eu acho que daria pra fazer um churrasco sim. Mas eu chamusquei a sombrancelha e magoei: não arrisco mais.

Especial Churrasqueiras


Uma das coisas que vai determinar como vai funcionar o seu churrasco é o tipo de churrasqueira que você tem em mãos. Churraca de tijolo, pré-fabricada, montada na gambiarra, elétrica, de metal, a bafo, de roda de caminhão, carcaça de computador, George Foreman, e se deixar essa conversa vai longe. A criatividade do povo voa quando o assunto é assar uma mimosa.

Pretendo, nessa série de posts que começa agora, experimentar todos os tipos de churrasqueiras que conseguir. E, claro, fotografar, registrar, rotular, carimbar e reconhecer firma de cada carvão queimado neste pergaminho.

Eu já falei aqui de churrasqueiras pra apartamentos. Um leitor brasileiro morando na Suíça me contou sobre a churraca a gás que ele tava usando lá na terra onde as vacas são loiras e têm tetões. Eu já contei como improvisava churracas com tijolo roubado lá em Bertioga... Tem bastante assunto pra explorar aí, não acha?

Aliás, dicas são sempre bem-vindas. Se você tem alguma churraca diferente, inventou algum novo modelo revolucionário, fez uma gambiarra que funcionou tão bem que nunca mais desfez... Conta a história aqui que a gente publica e ainda dá os créditos.

Venham, caras! A linguiça de plástico está quase no ponto, hã!

Especial Churrasqueiras: Churrasqueira de tijolo roubado

Tiozão economicamente privilegiado mostrando como é que se faz.
Agora, me responda: de que adianta ter um porsche se você faz churrasco de linguiça e hambúrger?
Explica pra gente, tiozão!


No post anterior, falei sobre as férias na praia, e o quanto me considero um privilegiado pelas coisas e pessoas maravilhosas que a adolescência em Bertioga me proporcionou. Enquanto escrevia o post, uma memória me veio à tona, mas decidi não fugir muito do assunto, o camarão, e deixei a tal memória pra outro post. Este aqui, no caso.

Mas antes, preciso fazer uma rápida explanação sobre como funcionam as coisas naquele sagrado pedaço de solo. Bertioga não é lá uma grande cidade, cheia de indústrias, hotéis de luxo e motel com cavalinho rampante na porta. Basicamente, vive de turismo, pastel, bar e igreja envagélica. E com todo o respeito aos Bertioguenses, turistas, pasteleiros, bêbados e evangélicos, concordemos: Bertioga vive extremos. No final de semana, vemos enxurradas de SUVs e outros carrões nas ruas. Nos dias normais, apenas bicicletas e Gurgéis. Resumindo: o caiçara de lá é, via de regra, um cara pobre. Além de pobre, brasileiro. Além de pobre e brasileiro, é ladrão de tijolo. E isso inclui a minha pessoa, mas já chegamos nessa parte. 

Durante muito tempo, nós ficávamos hospedados na casa de uma tia, que não se incomodava de emprestar seu confortável imóvel para uma horda de bárbaros, que chamaremos hipoteticamente de "nós". Horda essa que gostava, entre outras coisas, de fazer churrasco. Mas a casa não tinha churrasqueira, e não dava pra comprar uma churraca portátil a cada vez que pisássemos por lá. Então surgiu a brilhante idéia de montar uma com tijolos. E aí vem a pergunta: mas que tijolos, honorável escriba? Respondo: roubados, meu honesto leitor.

É assim: em Bertioga, se você comprar uma dúzia de tijolos para montar uma churrasqueira, assim que você desocupar a casa, algum espertão entra lá e rouba. Funciona com roupas no varal, capacho, vassoura e até vaso de planta: o que estiver no quintal, é roubado. Então a única maneira de fazer os churrascos serem economicamente viáveis era utilizando-se da mesma estratégia local. Chegávamos, roubávamos os tijolos, fazíamos churrascos e assim que deixávamos a casa, éramos roubados. Como se fosse combinado.

E hoje este blog veste a touca de meia-calça e corre que a polícia vem aí pra te mostrar como se faz uma churraca de tijolo roubado. 

O primeiro ponto está na escolha dos tijolos. Pense em tijolos leves, grandes e fáceis de carregar, uma vez que é bom pensar que o ato ilícito pode acarretar em consequencias. No mínimo, é bom estar preparado pra correr. Um tijolo leve pode ser carregado junto na fuga. Tijolo grande significa que você vai precisar de poucos. Logo, o ato do roubo tem maiores chances de de transformar num sucesso. Depois você reza umas ave-marias e bate um papo com o papai do céu que tá tudo em casa. Voltemos, pois, aos tijolos.

Diga não ao tijolo de barro. Ele é leve e fácil de carregar, mas não é lá muito resistente. Não se esqueça de que vais meter fogo lá, e nós não queremos que a churraca desmonte na frente dos seus convidados, queimando o seu pé, espalhando as carnes pelo chão e te transformando em motivo de piada por toda a eternidade.

Falando em enternidade, fuja dos tijolos ou quaisquer outras peças do tipo Eternit, de amianto. O amianto vai esquentar e explodir na sua cara. Já tive uma experiência terrível com uma jardineira da minha mãe. Então estamos entendidos? Nada de barro, nada de amianto. E eu não pretendo me alongar sobre o caso da jardineira.


Esse quebra, não recomendo.
Esse aí de cima explode. Não invente moda e conserve seus dentes na boca.


Esse é o cara. Com vocês, o Bloco!


Simples, use tijolo de cimento. E você precisa de um número exato: 14. Só isso. 14 tijolos fazem uma churraca.

Inicialmente construa os pés da churraca. Você precisará de 6 tijolos de pé. 4, um em cada extremo e dois no meio. Agora deite 4 tijolos sobre esta estrutura. Eles devem ficar apoiados nas extremidades de cada base, e no meio. Ou seja: os tijolos do meio vão compartilhar o peso com os outros. Ok, terminada essa parte você já tem uma espécie de "mesinha", que é a base da sua churraca. Utilize, então, mais 4 tijolos para fazer o fundo e as laterais. Não precisa fechar na frente, pode deixá-la aberta mesmo. 

Tá pronta a tua churraca. A parte chata é que você tem que comprar uma grelha. Se o espírito de Hobin Hood se apossou da sua carne, pode roubá-la também. Mas este blog não recomenda, ok? Taque uma grelha em cima e manda brasa. 

Lembrando que este blog não se responsabiliza por hematomas, pontos e fraturas decorridas de tentativas mal-sucedidas de furto de tijolos. Se você encontra-se desprovido de aparato físico para atos ilícitos, recomendamos que compre os tijolos. 

Esta é uma obra de ficção. O fatos ocorridos aqui não têm, necessariamente relação com fatos reais. Ou não. 

Especial Churrasqueiras: Churrasco de apartamento

Antes de começar a ler este post, confira a convenção de condomínio do seu prédio, ok? Não nos responsabilizamos por nenhuma multa aplicada aos leitores deste blog.

Tá, agora que você leu e tá de acordo com nossos termos e condições, chega de passar vontade: você, morador de apê, também tem o direito de assar uma carninha quando bem entender. Afinal, os campeonatos regionais já começaram, e não tem nada melhor do que fazer um churrasquinho enquanto assiste futebol pela TV. Se o teu apê tem sacada, ótimo. Se não tem, use a lavanderia. O que importa é acender uma churraca e curtir uma carne nos dentes.

A primeira coisa que você tem a fazer é escolher o tipo de churrasqueira: de carvão ou elétrica.  E o que vai te ajudar a escolher entre uma e outra é um fator muito simples: o andar onde você mora.

A churrasqueira de carvão tem combustão, no caso, do carvão, e isso gera fumaça. A gordura da carne cai no carvão quente, o que gera ainda mais fumaça. Essa fumaça com cheiro de gordurinha queimada subindo, defuma a carne e é por isso que fica gostoso. O problema é que ela não pára na carne, e continua subindo, subindo, impesteando os apartamentos superiores ao seu. É, o seu também fica impesteado, mas isso aí são os ossos do ofício, parceiro.

Já a churrasqueira elétrica não tem combustão, e sim uma grande resistência que fica logo abaixo da grelha. Assa a carne direitinho, até. Pra tentar simular a questão da gordurinha caindo no carvão, vc coloca um pouco de água na bandeja dela. A gordura cai na água, que evapora, vai subindo e pega na carne. Mas não sobe tanto quando no caso do carvão. No máximo, a churraquinha elétrica vai deixar o seu apê com cheiro de churrasco, mas definitivamente, a lambança de fumaça que faz é muito menor do que a de carvão. É uma churraquinha honesta, mas pra ser bão mesmo tem que ter carvão queimando. 

OBS importante: Se vale como opinião, limpar uma churrasqueira elétrica é uma das experiências mais nojentas a que você pode se submeter. Isso porque a gordura cai na água, que evapora deixando aquela borra nojenta, com tecos de carne.. eca, perdi o apetite.

Diante dos fatos, vamos simular algumas situações:
  1. Você mora no segundo andar, e seu prédio tem 11.
    Se você usar carvão, vai defumar 9 apartamentos, além do seu. A chance de algum vizinho se revoltar é beeeem grande. Nesse caso, recomendo a elétrica, que vai deixar, no máximo, um cheirinho de carne no apartamento de cima. 
  2. Você mora no décimo andar, do mesmo prédio de 11.
    Nesse caso, você vai incomodar apenas um apartamento, o de cima do seu. Recomendo tentar a sorte, usando uma churraca de carvão. Se o vizinho reclamar, convide-o para compartilhar do churras. Se ele ficar puto, use uma elétrica e seja feliz.
  3. Você mora do décimo primeiro andar, do prédio de 11.
    Foda-se, mete a churraca de carvão, constrói, faz no chão, arrepia que o mundo é teu.
A maioria dos condomínios não permite que você construa uma churraca de cimento na sacada. Portanto, você precisa de uma portátil. Fuja daquelas porcarias que vende no supermercado, as churrasqueiras de latão. Elas são feitas pra durar dois ou três churrascos. Recomendo procurar uma casa de churrasqueiras mesmo, e isso é facinho de achar, e comprar uma de alumínio. Se você tomar poucos cuidados como limpá-la após os churras e tal, ela dura muito mais.

Agora tá fácil. Basta acender (ou ligar na tomada), tacar a carne e ser feliz.

Dica: como as churracas de apê são sempre pequenas, procure fazer carnes pequenas e que fiquem prontas rápidas. Uma picanha em bifes funciona muito bem. Costelinha de porco, se for magrinha, também. Coração, queijo coalho e linguiça.. Só não vai tentar fazer um cupim ou uma costela de boi que você vai se dar mal.

Ah, e boa sorte com o seu síndico :-)