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Como escolher uma picanha

A picanha é a rainha do churrasco. Embora eu discorde fortemente dessa teoria, tenho que engolir o choro: Em 99,9999% dos churrascos que rolam neste país tropical abençoado por Deus, tem a picanha de alguma vaquinha deitada na grelha. E, como já disse em outras oportunidades, isso tem uma explicação lógica.

Picanha é carne for dummies. Você não precisa manjar absolutamente nada de carne pra fazer uma picanha legal. A picanha é uma carne saborosa demais, macia e além de tudo é resistente às suas cagadas. Você, desastrado leitor, precisa ser muito ruim de cozinha pra errar uma picanha. Não tem segredo: salga moderadamente, taca na grelha e tira quando estiver marrom. Picanha fica legal cortada em bifinhos, assada inteira, na churracona, na churraca elétrica, na panela, no forno, até cozinhada na água do miojo. Nem a ana maria braga, a senhora mais doce da televisão brasileira consegue estragar uma carne assim com as suas receitas de misturas mirabolantes e ingredientes duvidosos.

Talvez seja por isso que eu não fale muito de picanha por aqui. Aliás, sinceramente, eu faço pouca picanha nos meus churrascos. Podem me apedrejar por isso, mas eu acho a costela bovina, também chamada de minga ou ponta de agulha, muito mais gostosa do que a picanha. Uma fraldinha bem feita custa 1/3 do preço de uma picanha e fica tão boa quanto. Ou seja, existem alternativas, mas não é todo mundo que sabe como fazer umas carnes assim, e acabam caindo na picanha. Ah, e isso não significa que eu não goste de picanha, eu adoro!! Só que eu sofro da síndrome da churrascaria: Gosto de fazer várias carnes diferentes no mesmo churrasco, e não ficar repetindo sempre a mesma.

Mas o objetivo deste post é evitar que você compre gato por lebre, que te passem a perna, que você vista o nariz de palhaço. E pode anotar aí: isso já aconteceu com você. Certamente já te venderam um coxão duro com um cheiro de picanha, ou aquela picanha linda que você comprou tava dura que nem pedra. Vamos, então, aos X pontos que você precisa verificar antes de adquirir parte da bunda da vaquinha. Comecemos pelo simpático desenho da vaquinha recortada:


Ainda vou tatuar essa vaquinha no braço, vai anotando

Compana, preste atenção ao número 6. Se um dia o seu avião cair nos andes, na índia, na selva amazônica ou na ilha de lost e você der a sorte de encontrar uma vaquinha lá, é bem aí, no número 6 que você deve enfiar os dentes. Recomendo que seja discreto no caso da Índia, pois eles não entendem muito bem essa questão de morder vaca por lá.

Presta atenção também ao número 8. Ele é o coxão duro que, como  o nome diz, é duro.

Ponto 1: o tamanho da picanha.
Você chega no açougue e encontra 300 embalagens de picanha à vácuo. Todas parecem iguais, umas mais mirradinhas, outras mais gordinhas, e de repente você vislumbra a carla peres da bunda bovina: uma picanha grande, bonita, corada... dá uma olhada no peso dela, e, orgulhoso, lê: UM QUILO E NOVECENTOS GRAMAS. Grande achado, pensa o astuto leitor. Mas não. Essa, provavelmente é a pior picanha da prateleira. Dizem que os melhores perfumes estão nos menores frascos. Mas vamos mudar o rumo dessa prosa, porque se você fica passando perfuminho pra fazer churrasco, eu desconfio de você e recomendo que vá procurar a receita da picanha de sol no site da ana maria braga. A picanha dela é de sol, mas fica marinando no leite um dia todo. No leite, meus queridos... no leite.... ai jiusis.

Uma picanha não deve, de jeito nenhum, passar de 1,3kg. Eu sou tão chato com isso que não compro picanha com mais de 1,1kg. Se precisa de muita carne, compra duas, mas não leva a grandona. A picanha vem "grudada" no coxão duro, e separar uma peça da outra requer, além de um olho vivo, honestidade. E como a picanha custa 5x o preço do coxão duro, já dá pra imaginar o que acontece, né? Você compra uma picanha e leva uma picanha e meio coxão duro. Com o detalhe que você pagou tudo pelo preço de picanha. Ou seja: Não tenha o olho maior do que a barriga, e nesse caso, o olho maior do que a bunda. Compre as pequenas e seja feliz.

Ponto 2: A capa de gordura.
A capa de gordura é o que vai ajudar a sua picanha a ficar gostosa pra valer. Isso porque a carne dela é bem macia, e a gordura fica por cima, derretendo. Parte dela derrete e penetra (ui) na carne, fazendo da picanha o pesadelo das garotas de regime no seu churrasco. A capa deve ser uniforme, com menos de um dedo de espessura (lembre-se, nem dedo de mocinha, nem dedão de ogro), e igual dos dois lados. Como você não pode cortar a picanha no meio dentro do açougue pra ver se tá boa, imagine que uma capa que vai bem do começo à ponta da picanha, e uniforme de um lado a outro da mesma, deve estar legal.

Algumas picanhas tem a capa de gordura meio amarelada. Isso não é, necessariamente, um mau sinal. Apenas significa que o boizinho que ostentava aquele pedaço de bunda quando vivo já era um boi mais velhinho. Sua capa de gordura vai ter uma textura meio mole e amarela. A aparência é meio esquisita, mas não altera muito o sabor da carne. Se você der um azar dos infernos, pegou a picanha do boi de matusalém e aí vai ficar tudo duro mesmo, mas na maioria das vezes, o boi que comemos nem chega a ficar velho.

Ponto 3: A limpeza.
Dizem que roupa suja se lava em casa. No caso da picanha, prefiro deixar essa parte pro açougueiro ou pro frigorífico. Mas peraí, uma picanha tem que ser limpa? Sim, parceiro. Tem que ser limpa. Quando estiver com a piqueta em mãos, veja a parte de trás dela. Se você enxergar ali umas membraninhas, saiba que trata-se de uma picanha suja. Essa membrana do mal vai esquentar, assim como toda a carne. Como a membrana não tem água, ela vai diminuir de tamanho, e vai bagunçar toda a sua carne. E vai ficar dura pra dedéu. Você tem dois caminhos: Ou compra ela assim e limpa, retirando tudo como se fosse uma etiqueta usando uma faca afiada, ou procura uma picanha limpa. Eu prefiro comprar limpa por um motivo simples: quando limpa, vc joga carne fora, e você pagou por essa carne, e não pagou barato. Então os açougues e frigoríficos desse Brasil que se virem e vendam a picanha limpa.

Ponto 4: a maciez.
Embora, no geral, a picanha seja uma carne super macia, você pode dar o azar de pegar uma peça cheia de nervos, ou que endureceu por qualquer motivo. Nesse caso, recomendamos o teste da dedada, uma grande invenção do meu amigo Pão. Funciona assim: você pega a picanha na mão, vira ela com a gordura pra baixo e enfia o dedão na parte da carne. Recomendamos também que o faça discretamente, pois o gerente pode não gostar muito da realização do teste na sua presença. Feito o teste, fica fácil imaginar se a carne tá boa ou não.

Ponto 5: a cor.
Olha, depois que inventaram o photoshop, eu desconfio de tudo o que eu vejo por aí. Taí a Suzana Vieira que não me deixa mentir.



- Sou uma picanha novinha e macia. E sem coxão duro! Pode acreditar.

Mas em alguma coisa a gente tem que acreditar nessa vida. Então tenha em mente que quanto mais vermelha for a carne, mais novo o boi era, ou mais tinta levou pra ficar assim. Se o boi era novo, é certeza de carne macia. se tinha tinta, lamentamos. Mas pode comer assim mesmo, tem tanta tinta na comida da gente hoje em dia que já tá quase virando tempero.

Bom, são essas as dicas pra compra de uma boa picanha. Pequena, macia, limpa e vermelha. Se você conhece algum outro teste, mais alguma dica infalível pra escolha da picanha, comenta aqui!

Bom churrasco. Me convida #prontofalei.

[update] O leitor Raphael Neiva, se São Bernardo do Campo, me deu uma bronca e ele tem razão. Além disso, é dono de açougue e neste blog a gente enche a bola desses caras mesmo. A questão é que neste post estou falando das picanhas que encontramos em supermercados e açougues comuns. No caso de uma carne classe A, tipo exportação, a picanha pode ser muito maior do que 1,2kg. Portanto, se você tiver a sorte de experimentar uma dessas pra comprar, pode ser mais flexível quanto ao tamanho.
Essa foi a minha bronca. E eu retribuo: O Raphael escreveu isso como comentário lá no post do queijo coalho. Queridão, errou por pouco, hein!
Aliás, manda pra gente o endereço do açougue, faço questão de divulgar quem vende carne boa.
Valeu!

[update 2] Mais um leitor conhecedor das picanhas e maravilhas do mundo das mimosas e sua saborosa lataria me procurou para avisar que, respeitosamente, utilizou um pedaço deste parco pergaminho num post para o seu blog. Colocou os créditos e tudo mais. Mas, ao conferir, pude notar que ele escreveu muito bem sobre as grandes peças de picanha, as quais reneguei neste post. Recomendo a todos que o visitem e conheçam mais este lado tão palpitante desta peça de carne que tanto amamos: a picanha. Conheçam o blog do Alexandre Mitre

Uma maneira infernal de preparar o drumet

Já falamos aqui sobre o drumet com maionese e sopa de cebola, que fica uma delícia. Mas faz uma sujeirada danada, é maionese pra todo lado e sopa de cebola até no branco do olho. Se você tá com a mão no drumet e não tá afim de fazer sujeira (sem duplo sentido,ok?), te mando uma receitinha bico de preparar e que fica do jeito que o diabo gosta.

O drumet, como você já sabe, é uma espécie de coxinha pequeninha, que fica junto da asa, cheia de carne e pele. E frango, quando tem pele (no peito não tem, por exemplo), merece ser tostado pra deixar a pele crocante. E qual o segredo pra tostar a pele sem queimar a coxa? Já diria o hebreu, o mesopotâmio, o romano e o paraguaio: azeite, minha gente.

O azeite vem da azeitona, que vem da oliveira, que vem lá da Era Terciária, bem antes da gente aparecer na face da Terra. É um tempero porreta, qualquer coisa fica boa com um bom azeite. E pra você, que toma cerveja aos litros e fica com aquela pança sexy, pode encher a cara à vontade: tem gente dizendo por aí que azeite é bom até pra perder barriga. Além disso, o azeite é um símbolo presente em diversas religiões, o que me faz quase arrepender de dizer que a receita ficaria boa pra diabo. Mas como o blog aqui é meu e nem o seu Bento, o XVI, vai me tirar o capeta do corpo, vai ficar assim mesmo. Uma receita dos infernos!!

A oliveira também tem seu simbolismo. É a planta símbolo da paz. Quando acabou o dilúvio, Noé, o da Arca, além de reclamar da prefeitura recebeu uma pomba branca que o presenteou com um ramo de oliveira. Olha, eu também gosto da oliveira. Da Luma de Oliveira.

E no sétimo dia, Deus criou a Luma de Oliveira.

Agora que já sabemos tudo de olivas, oliveiras e azeite (valeu goooogle!), vamos ao franguinho que vai ficar o cão! 

Mete uma bandeja de drumet num pote. Uma bandeja costuma ter uns 10 ou 12 pedacinhos. Joga azeite, mais ou menos umas 4 colheres. Não vai medir com a colherinha que pega mal, tenha noção e despeja o azeite direto da garrafa/lata. Só de maldade, jogue um pouco de orégano, mais ou menos uma chacoalhada de pacote. Pra garantir o seu lugar no inferno, picote umas 5 folhinhas de manjericão fresco (de fresco, só o manjericão, pode tirar essa fantasia de Freddy Mercury) e misture tudo.

Agora vem a parte boa, vamos queimar isso tudo no mármore do infeeeeeeerno!!!! Uahahahahahaaaaa!!!!

Esse drumet é bom pro começo do churrasco, quando o carvão ainda não pegou pra valer. Isso porque algumas gotas do azeite inevitavelmente caem na brasa, atiçando o fogo, puxando o rabo do capeta e fazendo o inferno lá dentro. Então pode te poupar um certo esforço na hora de acender, e se o bicho já estiver pegando, você não taca mais combustível. 

Deita os drumets na grelha mais baixa, mais perto do fogo... onde o diabo gosta, você sabe. Deixa lá até começar a queimar por baixo. Vira e deixa ficar com cara de queimando do outro lado. Sem queimar, obviamente.. seja malandro e tire do fogo antes, ok?

Pronto. Agora basta procurar a primeira encruzilhada, mandar um Blues e esperar o cramulhão. Ofereça um pedaço a ele e mande lembranças por mim.

Se eu não fui direto pro inferno com essa, ninguém mais vai.

UPDATE: Muito bem lembrado pelo leitor Carlos, e muito mal esquecido pelo escriba deste ficheiro; eu esqueci de por sal no frango. Sabe o que é, Carlão.. É a Luma de Oliveira que me desorienta, parceiro. Faz uma busca no goooogle por Luma de Oliveira pra você ver se não vai esquecer o sal, o açúcar, o rumo de casa e a cor do cavalo branco de Napoleão. Bom, diante dos fatos, faço um adendo aqui: ponha sal fino na hora de misturar o frango com os demais ingredientes. Com moderação, não salgue demais, e não seja bichinha. Sem essa de cuidado com a pressão. Churrasco não tem isso, salga até ficar bom. 

E dá-lhe Porco!! Alcatra de porco levanta a torcida

Eu já gritei "porco" o mais alto que pude. As pessoas à minha volta também fizeram o mesmo. Umas 80 mil, todo mundo gritando porco, porco, porco.. É, eu já me emocionei com o porco. Já chorei de alegria, de tristeza, já me descabelei. Quando criança, meu sonho era fazer parte do porco. Vestir as suas cores e sair por aí, correndo na relva. Aliás, frequentemente eu me visto de porco. Foi meu pai que me ensinou a ser assim, e eu também ensinei os meus filhos. Definitivamente, o porco faz parte da minha vida. Amar a um porco dessa maneira é um sentimento que só uma categoria da população sabe o que é: os palmeirenses!

E diante disso, hoje este blog vai sangrar a própria carne, trazer o assunto de volta ao que nos interessa e escrever um post antropófago. Vamos falar de deitar o porco na grelha.

Quando se fala de churrasco de porco, logo vem à mente a famosa costelinha, ou a bisteca. Pois o porco tem carnes saborosíssimas a serem exploradas. Uma delas é a ALCATRA SUÍNA.

A alcatrinha do porco é uma peça de, mais ou menos, 1kg. O sabor parece muito com o da costelinha, mas não tem quase nada de gordura, o sabor é um pouco mais leve e a carne é super macia. Receita de sucesso pra qualquer churrasco, não?

Pra preparar, não tem segredo. É mais um tipo de carne for dummies, que qualquer um consegue fazer sem se mijar. Vamos à receita.

Costumo cortar a peça da alcatra suína em duas partes, e preparar só uma delas. Mas isso é uma opção pessoal, porque costumo fazer churrasco com várias carnes diferentes. Então, a menos que você receba um time de rugbi no seu churrasco, vale a pena fazer apenas meia peça pra ter variedade. Além disso, a outra meia peça vira pretexto pra outro churrasco.

De posse da meia peça, não fatie. Manda ela inteirinha pra grelha. Pode ser na parte de baixo, mais próxima da brasa. só cuide pra não subir labareda na carne, pra não torrar. Coloque sal grosso. A alcatra tem um sabor suave, não é pra fazer aquela camada bizarra de sal grosso em cima da carne. Não seja um animal, porque o porco já o é.

Deixe aquecer alguns minutos (uma meia latinha de breja), e vire do outro lado. De novo, ponha sal com toda a parcimônia que Deus lhe deu. Deixa ela ae. Vai virando ela de tempos em tempos, pra assar por igual.

A alcatra do porco, quando crua, é meio branca, meio rosa e macia até demais. Quando ela vai ficando pronta, escurece e fica um pouco mais dura. Dá pra perceber o ponto dela facinho. 

Pra ter certeza do ponto, tire uma lasquinha dela. Por dentro, a carne tem que estar branquinha. Se você notar que tem sangue, ou que tá meio rosa no meio, manda de volta pro fogo. Carne de porco, definitivamente, não dá pra comer mal-passada. Além de ficar ruim, ainda tem o problema do verminho que prefiro não comentar aqui. Você entendeu: assa até ficar assado. E a carne de porco tem uma vantagem: se você deixar passar um pouquinho, ela não fica ruim. só fica mais seca.

Tá bom? Experimentou? Tá branquinho e sequinho por dentro? Então tá pronto!! 

Corta ela em tirinhas bem fininhas, joga num prato e espreme limão em cima. Querido churrasqueiro, prepare-se pra conquistar garotas, fazer amigos e influenciar pessoas! Essa carne é tudo de bom.

A alcatra de porco é o tipo da carne barata, fácil de fazer e saborosa, mas que ninguém faz. Aposto um rim como o pessoal vai falar assim: "Uau, que delícia! Que carne é essa?". Aí nessa hora você faz aquela cara de que conhece um segredo que ninguém mais conhece e diz: "Alcatra de porco, meu caro Watson". E todos vão invejar a sua astúcia e sagacidade. Há!

Com essa carne, até corintiano grita PORCO!

IPDA: R$13,80 a peça inteira. E dá pra 2 churrascos. Logo, R$6,90. Brecinho de brimo.
Tempo de preparo: Umas 3 latinhas. 
Rendimento: Serve umas 4 pessoas, se não for a única carne do churrasco e se não forem 4 ogros.

Coraçãozinho de frango no espeto

Um pacote de 500g de coraçãozinho de frango tem, mais ou menos, uns 40 corações. Estamos falando de 40 ex-frangos, que tiveram família, amigos, sentiram, amaram.. Toda vez que eu vejo um coraçãozinho de frango eu fico me perguntando... por qual galinha aquele frangote teria se apaixonado antes de ir pro espeto? Será que existe uma galinha triste, em alguma granja nesse mundão de Deus, botando ovo todo dia e sonhando com a volta do seu frango amado? Será??
A Rádio Atividade leva até vocês
Mais um programa da séria série
"Dedique uma canção a quem você ama"
Eu tenho aqui em minhas mãos uma carta
Uma carta d'uma ouvinte que nos escreve
E assina com o singelo pseudônimo de
"Mariposa Apaixonada de Guadalupe"
Ela nos conta que no dia que seria
O dia do dia mais feliz de sua vida
Arlindo Orlando, seu noivo
Um caminhoneiro conhecido da pequena e
Pacata cidade de Miracema do Norte
Fugiu, desapareceu, escafedeu-se
Oh! Arlindo Orlando volte
Onde quer que você se encontre
Volte para o seio de sua amada
Ela espera ver aquele caminhão voltando
De faróis baixos e pára-choque duro

Agora uma canção canta pra mim
Eu não quero ver você triste assim

Ei, ei, o que é isso? Isso aqui é blog de macho e a gente não tem dó de mandar neguinho pro espeto aqui, não!! Pode engolir esse choro e enxugar essa lágrima aí e vamos dar início à receita: coraçãozinho de frango na grelha.

Antes de assar, você tem que limpar os coraçõezinhos. Prepare-se para uma das coisas mais nojentas que um churrasco pode te proporcionar. Isso porque você nunca vai encontrar um lugar que os venda decentemente limpos. Nesta receita, vamos ilustrar uma bandeja comum do Pão de Açúcar. Ou seja: tive que limpar.

Na granja, quando eles separam as partes do frango, geralmente arrancam o coração de qualquer jeito, e junto com ele vem todo tipo de tranqueira. O mais comum é o coração vir com artérias, o que dá um gosto ruim ao coração, caso sua preguiça te impeça de limpá-lo.


Dá uma olhada nesse coração de cima.
O primeiro que adivinhar que órgão é esse que veio anexo ganha um saco de vômito da Xuxa.

Nessa foto tem todo tipo de tranqueira. Alguns, como o penúltimo, tem uma membrana de gordura que o envolve, outros tem a artéria e tem até um fígado ou qualquer outra porra de brinde. Concordamos que não dá pra meter isso aí na grelha desse jeito, né?

Não tem outra saída: respire fundo e meta a mão na meleca. Tenha em mãos uma faca afiada, senão você acaba destruindo cada coração que limpar. Além disso, uma faca afiada vai te ajudar a acabar essa nojeira mais rápido.

O principal é fazer um corte bem no meio da gordurinha dele, tomando cuidado pra não tirá-la completamente. 


Mantenha um pouco da gordura, você vai precisar dela.


Olha eles aí. Nem parecem os 4 elementos do mal da primeira foto.

Se você tirar toda a gordura, o coração vai secar completamente, e aí ele fica uma borracha. Ao contrário do que parece, o coraçãozinho demora um tempo pra assar. Além disso, churrasco sem gordura é coisa de vegetariano, e esses aí a gente manda visitar o site da ana maria braga, que lá tem um hamburger vegetariano que é Oh! Uma merda!

Depois de limpos os coraçõezinhos, você tem que colocá-los no espeto. Se você for um mestre na arte do equilíbrio, pode deixá-los sobre a grelha, mas garanto que carvão não precisa de coraçãozinho pra viver.

Recomendo utilizar o espeto duplo, porque assa uma montanha de coraçõezinhos de uma vez. Isso é importante, porque coração costuma fazer sucesso no churrasco, e a galera come de monte.


Todo mundo no mesmo sentido. Uma dinastia inteira de frangos no seu espeto.

Uma vez cheio o espeto, manda pro fogo, de preferência no segundo andar, que fica a uns 30cm do fogo! E com a gordurinha pra cima. Primeiro porque a parte de baixo demora mesmo pra assar. Segundo porque a gordurinha derrete pra dentro do coração, dando um sabor muito bom. Terceiro, porque é sobre a gordurinha que você deve colocar o sal. Logo, ele também derrete pra dentro do coração.

Quando a parte de baixo começar a parecer mais marrom, e ter uma aparência mais "sequinha", é hora de virar e deixar a gordura pra baixo. O espeto duplo quebra um galhão nesse lance de virar. Depois de uma cervejinha, pode descer o coração mais pra perto do fogo, com a gordura pra baixo. 

Sirva e faça o mundo feliz. Coraçãozinho é o tipo da comida que faz sucesso com todo mundo. A menos que você conte a história do amor do frangote pela galinha do vizinho...

IPDA: marromeno R$4,00 um pacote com 500g. Metade das 500g são lixo que você tira dele quando limpa. Mas ainda sim é barato. 
Tempo de preparo: 2 brejas na cozinha, e 4 brejas na grelha.
Rendimento: 500g faz uns 40 ou 50 coraçõezinhos. Serve como aperitivo.

Picanha ao alho sem nhaca

No post anterior, falamos sobre como preparar a picanha em bifes, a coisa mais simples do mundo depois da pipoca de microondas. Então vamos dificultar essa receita um pouco, pra fazer uma delícia de lavar a alma.

Alho é bom pra caralho, mas te deixa com o estômago em frangalho e te faz virar um espantalho? Espante a rima ruim da sua vida, leia essa receita e seja feliz!

A Lu Monte, do Dia de Folga, já tinha me falado sobre um alho assado que ela certa vez experimentou. Segundo palavras dela, perfeito pra passar na torrada. Como esse negócio de torrada é coisa de mulherzinha e aqui o sistema é bruto, fiquei de inventar alguma coisa pra fazer com esse alho assado. E tinha que ser carne, senão podia pegar mal.

Pensei comigo mesmo: bora lá tacar esse alho na picanha, porque picanha com alho a gente sabe que funciona. E o resultado ficou animal, diferente da picanha com alho que a gente come na churrascaria, porque o alho é assado antes de grudar na picanha. Então ele fica levinho, dá um sabor muito bom à carne e você não fica com aquela sensação de que comeu um javali. vivo.

Prepara a picanha como indicado no post anterior. Só não põe ela no fogo, criatura. Vamos preparar o alho primeiro.

A idéia é assar o alho na churraca com casca, talo, tudo o que tem direito.  Aproveitei pra dar uns toques demoníacos ao cabeção do alho. Sigam-me os bons!

Pegue uma cabeça inteira de alho. Não desmonte ela, nem tire a casca, nem lave, nada. Só pra fazer uma maldade, passe uma colher de manteiga Aviação no exterior da cabeça (do alho, mente suja). Use manteiga Aviação, vale a pena gastar 2 reais a mais numa manteiga de qualidade. Se passou pela sua cabeça passar margarina ou qualquer merda light, pode parar de ler este blog agora mesmo e vai pro site da ana maria braga. Certamente você vai achar alguma receita de alho com mel e temperos indianos e outras merdas.


Assim que se faz a maldade. Põe uma manteiga boa e deixa todo mundo assar juntinho. 

Ok, passada a manteiga na cabeça, e embrulha com papel alumínio e joga na churraca pra assar. Pra funcionar mais rápido, você pode colocá-lo lá dentro da churraca mesmo, junto do carvão, numa beiradinha onde o fogo não vai torrá-lo. 

Deixa lá por aproximadamente 4 cervejas. Quando começar a ficar pronto, vai dar pra sentir o cheirinho de alho com manteiga.. bão demais!!

Quando você não agentar mais a tortura, retire do calor e abra o papel alumínio. Retire um dente do alho e abra pra ver a textura. O dente tem que sair facinho, e o alho em si tem que estar uma pasta, parecendo um patê. Se ainda estiver durinho, fecha e manda de novo pra brasa.


Essa foto nojenta é pra você saber a textura certa pro alho.
Se não estiver com essa aparência feiosa, ainda não tá bom.

Se estiver pastoso, basta passar no filé de picanha, dos dois lados. Não deixe o excesso de alho lá, não precisamos dele. Só o fato da pasta de alho passar sobre a carne já faz o milagre. E como o alho, uma vez assado, perde aquele ardido e fica até docinho (sério, experimenta um pouquinho), a carne fica com o sabor do bicho, mas sem aquela maldita nhaca que dá quando a gente come muito alho.

Espalha a pasta na carne e tira esses excessos.

Daqui pra frente o processo é normal: mete a carne na grelha, põe sal, vira, tira, corta e come. 

Depois vc me diz o resultado. É outro tipo de carne for dummies, porque a picanha não tem como errar, e nem o alho.  Só demora um pouquinho pra ficar pronto, porque tem que assar o alho antes. 

Mas vale a pena a espera, vai te fazer arrancar elogios das donzelas, vai por mim.

IPDA: quase o mesmo da picanha, o custo do alho é irrisório.
Tempo de cozimento: o alho leva umas 4 ou 5 brejas. A picanha, tá no post anterior.
Rendimento: depende do tamanho da picanha. Mas se prepara que fica bom e a galera avança!

Como preparar uma picanha simples

Se você ainda está iniciando a sua vida de churrasqueiro e não tem lá tantas habilidades, tá aqui uma carne que, além de ser uma delícia, não tem como errar: Com vocês, a picanha!! (barulho de tambores e cornetas nessa hora, ok?) 
Esses dias eu ouvi uma sensacional de um amigo não-churrasqueiro (aquele que come, mas não prepara o churras). O cara disse assim: "eu só sei que tem que por a carne no fogo e tirar quando ficar marrom". A picanha é assim: simples e rápida de preparar e, a menos que você seja um orangotango, fica sempre gostosa. 
Podemos dizer que a picanha é a Paula Burlamaqui das carnes: você pode vê-la de qualquer jeito, que sempre vai estar uma delícia.
Claro que existem receitas mais complexas envolvendo a picanha. Inclusive, se procurar algum site de culinária mais chique e elegante, vai certamente encontrar tosqueiras como "picanha ao molho de maracujá com begônias" ou merdas no estilo-ana-maria-braga de cozinhar. Mas aqui não tem essa frescurada e a gente faz carne pra ficar gostosa, e não pro prato ficar bem decorado.
Tá com a picanha na mão? Então vamos começar a preparar a Picanha for Dummies mais simples do mercado: Picanha em bifes.
Estou presumindo que você adquiriu uma peça decente de carne. Vamos imaginar que a picanha tá vermelhinha, pequena e limpa. Não vou discorrer muito sobre a compra de uma boa picanha, porque isso aí é assunto pra outro post. No caso das fotos deste post, estou fazendo uso de uma picanha-bebê de 450g e pouca gordura, perfeita pra ser colocada alegremente na grelha na forma de bifes.
Bom, deita a piqueta numa tábua, com a capa de gordura pra cima. Fica mais fácil cortar, porque a faca tende a escorregar na gordura, e se estiver por baixo, vc não vai conseguir separar os bifes direito. Tenha em mãos uma faca afiada. A-F-I-A-D-A, tá entendido? Faca ruim mastiga a carne dá 10x mais trabalho e sujeira.
Apóie a mão esquerda sobre a capa de gordura (sim, churrasqueiro tem que sujar a mão, mesmo), e corte a picanha em bifes largos, de aproximadamente 2 dedos de largura. Se você for canhoto, pode apoiar com a direita e realizar os cortes com a esqueda, ok? Ah, e vê se lava essa mão antes de encher a carne que seus amigos vão comer com os coliformes fecais daquela mijada da décima cerveja.
A picanha deve ficar assim: dividida em pequenos pedaços de felicidade.
Agora você deve, carinhosamente, levar cada bifinho à grelha, perto do fogo, mas sem deixar que as chamas a peguem. Faça assim: com a grelha quente, deite o bife e ponha sal grosso do lado virado pra cima. Conte até 5, vire o bifinho e ponha sal do outro lado. Você vai notar que a picanha muda um pouco de cor no lado que estava pra baixo. Isso serve pra "selar" a carne. Ou seja, fazendo isso dos dois lados, você fez com que a camada de carne superficial seque levemente. Com isso, o líquido saborosíssimo que tem dentro da picanha não escorre facilmente, e a bichinha vai ficar molhadinha quando ficar pronta.
Quanto ao sal, reitero a teoria de que QUALQUER UM que já temperou a própria salada uma vez na vida sabe quanto sal colocar na carne. E o sal grosso vai derreter com o calor, e penetrar na carne. Então imagine que cada pedrinha de sal que jogar vai derreter e temperar a carne ao seu redor. Vai sem medo, na hora você vai saber como fazer.
Não fique virando o filezim. Quando você vira, ela perde líquido, e é o líquido que deixa ela macia. Deixa o filezim lá, e de vez em quando dá uma levantadinha pra ver a cor dele. Realmente, a picanha fica marrom, o sal derrete e as bordinhas do filé ficam mais escurinhas. Se estiver assim, pode virar e repetir o processo. 
O legal da picanha é que ela fica gostosa até muito mal passada. Então, se você tá na dúvida sobre o ponto dela, tira uma pontinha dela e experimenta. Se estiver mal-passada demais, volta ela pra caminha e deixa nanar mais um pouquinho. Mais ou menos como o botão "soneca" do despertador: não tá bom, dorme mais 5 minutinhos e acorda legal.
Na hora de servir, corte cada filé em fatias fininhas. Gosto muito de cortar fininho porque não dá aquela sensação de que vc tá se enchendo de carne, dá a impressão de que a carne fica mais leve. 
Eu, particularmente gosto da picanha mal-passada-quase-ao-ponto. É assim, se você cortar o primeiro pedacinho dela, e a carne estiver branquinha meio rosada por dentro, mas ao mesmo tempo escorrer  aquele sanguinho tudo-de-bom, tá no ponto perfeito.
Recomendo fazer de 2 em 2 bifes, a menos que você esteja fazendo churrasco pra muita gente. Esses bifinhos ficam prontos rapidinho, e se você fizer muito de uma vez, corre o risco de empanturrar o pessoal e alguns pedaços esfriarem sobre a mesa, o que é, no mínimo, um sacrilégio.
Se você tem carinho pela coronária dos seus amigos e familiares, pode tirar o excesso de gordura antes de servir. Convém consultar os convidados antes, tem gente que não gosta que tirem. 

Tempo de preparo: Uma breja na cozinha, cortando a picanha. E uma breja a cada 2 bifes na churraca. 
Rendimento: Uma picanha de 450g, como a que foi usada como exemplo, alimentou 2 pessoas. mas eu comia sozinho uma peça dessas, fácil.