Kibe cru pros bons, kibe de forno pros fracos

Esta é uma receita pra alegrar os glóbulos vermelhos do mais hipocondríaco dos leitores. Pode dar aquela conferida no seu plano de saúde, deixa o telefone do SAMU por perto e vem comigo nessa infecta aventura, porque chegou a hora de colocar os seus anticorpos à prova.

Já tivemos a gripe do frango, que ia acabar com o mundo. Não acabou. Depois veio a gripe do porco, e eu como bom palmeirense, nem me preocupei, pois sabia que dessa doença eu já sofria há muito tempo. Agora temos a super bactéria, que tem super no nome mas não é heroína, é vilã. E, enquanto o Maulf queria "botar a ROTA na rua", quem já tava na rua há muito tempo era o ROTA-VÍRUS, aquele que já te pega mandando botar a mão na cabeça malandro se não quiser levar chumbo quente nos cornos. E corre pro banheiro, porque o rota-vírus te deixa, literalmente, no trono.

Se você, caro leitor, anda se sentindo meio fraco, com náuseas, pálpebras pesadas, tá caindo cabelo ou com a língua pesada, essa receita também foi feita com você. Toma um dramin pra segurar esse estômago fraco porque no final você vai se dar bem.

Vamos aos fatos: vamos comer carne crua. Sim, vermelha, fria. Um pedaço de vaca, direto da vaca pra sua mesa.

E, já que estamos nos fatos, conheçam a doença que sorrateiramente nos acompanha neste post: com um nome maneiríssimo, a criatura invisível que ameaça nossas vidas chama-se toxoplasmose.

-  toxoplasmose, dá um alô aí pra galera!
- alo, galeraaaaa

Funciona assim: a bactéria da toxoplasmose gosta muito de carne crua. E quando a gente come alguma carne crua ou mal passada, comemos junto a tal bactéria. Aí, a toxoplasmose dá um jeito de virar um verminho nojento que fica passeando pelo seu corpo, causando muitas confusões num esqueleto do barulho. Se ela chegar no seu olho, você pode ficar cego. Se chegar no teu saco, danifica suas bolas e, Deus me livre, a última coisa que a gente quer é comer carne e ter problemas nas bolas. Além disso, o verminho pode chegar no teu cérebro e causar problemas seríssimos, incluindo aí a antecipação da sua passagem rumo à terra do cabelo deitado.

Por isso, todo cuidado com a higiene é pouca durante a preparação esta receita. Se você não come carne crua, não desista deste blog. No final, você verá que tudo vale a pena quando a alma não é pequena.

Começamos com uma visita a um açougue. Peça pro camarada moer 1/2kg de lagarto limpo. Recomendo seriamente que usemos o lagarto, por ser uma carne com pouca gordura. Quando moemos carne, a gordura faz uma meleca meio amanteigada no bolo de carne, e não é nada gostoso pra comer crua. Além disso, o lagarto é super saboroso, né?

- Saboroso na área, mulherada.

O importante aqui é tentar manter a carne o mais fresca (ui) possível. Então, não adianta pegar aquela bandeja na gôndola do mercado, nada disso. Peça pra moer na hora, e corra pra casa o mais rápido que o código de trânsito lhe permitir. Guarde no freezer. A carne, não o código de trânsito. Você entendeu.

Isso mesmo, no freezer. Não significa que precisamos congelar nossa carne, mas ela ficará gelada enquanto preparamos os temperos. É importante manter gelada, vai por mim.

Guardou a carne no freezer? Agora separe um punhado (umas 3 colheres de sopa) de trigo e coloque num pote com água. O trigo deve ficar ali quietinho, na água, durante uma meia hora, no mínimo. Isso vai amolecer os grãos, e eles vão crescer, enfim. Trigo é assim mesmo.

Aproveite o momento de moleza e abra uma cerveja. Falando nisso, ouvi a melhor definição de todos os tempos sobre a atividade etílica. E veio de um verdadeiro gênio, o Mendonça, chefe do Lineu na repartição d'A Grande Família. Mendonça disse que a "bebida é o laxante da alma". Gênio!

O trabalho de agora é picotar uma cebola média, mas tem que picotar em pedaços bem pequenos. E sem chorar, não quero ficar sabendo que uma lágrima lhe correu quando varaste a cebola. Cada teco de cebola precisa ficar do tamanho de meio arroz. Se vira pra chegar nesse resultado, eu sei que você consegue. Use instrumentos, já diria charles darwin.

Num pote, taque a cebola, que já estamos quase lá. À cebola, adicione uma boa golada de azeite. Pode mandar um gole saradão, sem dó. Imagina aquele dia de calor infernal, e de repente aparece aquela brejinha gelada na sua mão... Imagina o tamanho do gole que você daria nesse pequeno pedaço de alegria enlatada. Então, é essa quantidade que deve ir pra sua cebola.

O tempero é super simples. Existe uma pimenta que se chama Pimenta Síria. É mais ou menos como uma mistura de pimenta do reino e canela. Se não tiver pimenta síria, use a do reino que ela serve bem. Não precisa ser muito econômico com a pimenta, não. Manda brasa mesmo.

Tenha em mãos um maço de hortelã. Separe em duas partes, vamos usar metade do maço agora, e metade na hora de comer. Separe as folhas dos talos e picote o meio maço. Manda tudo pra dentro do pote onde estão a cebola, o azeite e a pimenta síria. Ah, jogue um pouco de sal. Um punhado, mas não muito. Sacou? Não?

A esse momento, você deve tirar a água do trigo. Se você usou o instrumento correto pra acomodar o trigo, vai conseguir fazer isso. Ou jogue numa peneira, dá seu jeito. O importante é dar uma prensada no trigo pra ele perder o máximo de água que conseguir. Você está preparando um kibe, e não uma sopa. Quando estiver bem seco, mande o trigo pro pote.

Tire a carne do freezer, taque no pote e mexa. Pode metendo a mão, porque não tem instrumento que consiga mexer direito a carne crua. Não se esqueça de lavar essa patona antes de enfiar isso aí na comida.

A dica é mexer de uma vez, rápido. E pouco. À medida que vamos mexendo, a carne começa a cozinhar em contato com as mãos, e começa a ficar amarronzada. Portanto, pro teu kibe ficar vermelho (kkk), tem que mexer o menos possível.

Pra quem gosta de carne crua, a receita termina aqui. Basta jogar num prato, dar uma bela golada de azeite, jogar algumas folhas de hortelã e mandar pra dentro. Particularmente, eu acho isso uma delícia.

Mas não se esqueça, carne crua pode te transmitir toxoplamose. Pensa no problema das bolas, parceiro.

Se você não come carne crua, continuemos com a preparação de um saborosíssimo kibe de forno. Falei pra você continuar a ler, que aquela nojeira toda de doença ia valer a pena no final?

Teoricamente, basta mandar o kibe pro forno e gol do Brasil. Mas eu vou dar uma dica de ouro, que faz o kibe de forno ficar mais leve e incrivelmente mais saboroso.

Descasque umas 2 batatas grandes, e bote pra cozinhar com um teco de sal. Quando ela estiver bem molinha, a ponto de furar facinho com um garfo, você amassa tudo, como um purê. Uma colherada de manteiga ajuda a coisa toda a ficar melhor.

Agora é só misturar o purê na carne, besuntar um pirex com margarina e colocar no forno.

Depende um pouco do seu forno, mas geralmente, 500g de carne levam uns 30 ou 40 minutos pra ficar bacana. O tempo de você lavar a sua alma com algumas brejas geladas.

Na hora de comer, sapeque limão por cima e bom apetite!

é só meter os dentes e correr pro hospital :-)

Tempo de preparo: 3 latinhas. Se for pro forno, 5 latinhas. Sirva feliz.
Rendimento: Dá uns 700g de comida, deve servir umas 3 pessoas.
Custo: O lagarto custa uns R$15,00, o resto é baratim. Mas você pode usar outras carnes magras.

Como preparar uma Kafta mutante

No último post, falamos sobre as receitas recicláveis, aquela comida que tem a malemolência e sagacidade do batuta, capaz de ser bolo de banana num dia, e macarrão ao sugo no outro. Coisa de bamba.

Pois hoje vamos falar da comida mutante. Convoque o seu x-men predileto e vem comigo nessa aventura que começa de um jeito e termina de outro, tal e qual o mutante, que tem a perna de pau, o olho de vidro e a cara de mau. Aliás, esse não era bem o mutante, né? Mas enfim, sigamos com a nossa experiência genética que hoje eu quero ver o homem virar mosca.

Eu tenho um amigo chamado Zé. Até aí, morreu Neves, porque todo mundo tem um amigo chamado Zé. Mas segura o Neves aí, porque todo mundo tem um amigo chamado Zé, mas eu tenho um amigo chamado Zé Neves! É o amigo que já vem com trocadilho! E olha que, ao contrário do trocadilho, ele nem morreu, hein!

Zé Neves, mineirim de Cristais (abraço pra MG aí, gente!), certa vez me telefona, comunicando que estaria acompanhado de uma mineirada toda, gente que eu muito prezo, a caminho do famoso bar Mercedez aqui em são paulo. Mas não vou fazer propaganda, até porque eu nem me lembro se era no mercedez ou no mercearia. O fato é que o Zé, como mineirim, sorrateiramente movimentou todos em direção a tal boteco, determinado a fazer todo mundo experimentar um tal de bolinho de carne com canela.

Canelas. Carne. É disso que estamos falando.

Não, não é disso que estamos falando. Estamos falando de um bolinho de carne com canela. E eu, que sempre fui um defensor da comida-roots, da culinária rampeira, não conseguia entender porque não pedir uma porção de bolinho de carne e só carne e pronto. Mas mineirim é aquela coisa, né? Sorrateiramente, o Zé Neves me convenceu de que aquilo ali seria uma boa idéia, e "Ok, você venceu, batatas fritas bolinho de carne com canela" e lá vamos nós.

Quando o bolinho chegou, uma surpresa. E não é que aquele trem era bão mesmo? Bão dimais da conta, sô!

Por fim, tomamos chopp a noite toda, comemos todo o estoque de bolinhos e pagamos uma conta de um bilhão de reais na saída. Mas valeu a pena, porque o Zé Neves é um daqueles caras que sempre valem. Mas eu tive que engolir toda a minha robusteza e assumir que o bolinho temperado com canela era muito bom, ainda que parecesse receita da ana maria braga.

A questão é que não é sempre que a gente tem um bilhão de reais pra gastar numa conta de barzinho, ainda mais quando a gente nem lembra direito se o barzinho é o mercedez ou o mercearia, e decidi tomar coragem e preparar tal iguaria lá na minha cozinha, reduto da mais absoluta macheza e virilidade, que desta vez sucumbira à carne com temperinho doce.

Eis que o mais batuta dos leitores me pergunta mas-porque-diabos-tu-tá-falando-de-bolinho e ainda retruca onde-diabos-está-a-kafta?

onde está wally? onde está a kafta?

Pois é, aí que a porção mutante deste post se revela, porque se fritar vira bolinho de carne, e se enrolar no pau vira kafta. E, ruborizados, temos que admitir que preferimos a porção enrolada no palito.

Sem mais delongas, vamos à receita porque já fomos muito devagar com o andor e o santo é de barro, mas paciência tem limite.

Começamos com meio quilo de patinho moído. O ideal é pedir ao açougueiro que moa na hora, e moa duas vezes. Com isso, todos os nervinhos e afins da carne acabam sendo destruídos também, e carne não fica dura. Não se esqueça de que o patinho não é, exatamente, o orgulho da dona vaca, certo?

De posse do patinho moído, picote muito bem uma cebola pequena e mande pra dentro. Picotar muito bem significa exatamente isso que você leu: larga mão de ser preguiçoso e picota esse trem aí direito. Pensa comigo: você já tá fazendo uma comida meio afrescalhada que mistura doce com salgado, então vê se faz direito, pra ficar bom e te evitar vexame, ao menos.

Assunto compreendido, cebola picotada, aproveite esse surto de boas intenções e picote uns 3 dentes de alho. De novo, picota pequeno, sem preguiça, enfim. Não tou aqui pra te ensinar boas maneiras, e sim pra ensinar a fazer uma comida maneira. Obedece quem tem juízo (me senti o chuck norris agora).

Agora você vai precisar de um maço de marlboro sem filtro e um plano de saúde robusto hortelã, picada bem pequeninha também. Pro serviço ficar direito, lave o maço de hortelã e separe as folhas dos talos. Pro serviço ficar porco, não lava e não separa nada. Picota tudo de qualquer jeito: lesma, coliforme, talo, folha, tudo pra dentro da carne.

Hoje de manhã, não vi o criado-mudo posicionado ao lado da cama e dei uma bela tropicada seguida do mais temível dos palavrões. Então, faça como eu: meta a canela e mande tudo às favas!

Mete a canela na carne, parceiro. Isso não significa aplicar um round-house-kick no cachorro, e sim depositar o tempero no patinho moído. Não tenha dó, é pra ficar com gosto de canela mesmo. Pra 1/2kg de carne, pode depositar uma colher de sopa cheia, sem medo de ser feliz. Ah, canela em pó, ok? De pau aqui já basta o espetinho.

Sempre que usamos carne moída nessas coisas, a carne tende a ficar densa, e a comida fica pesada. A dica pra deixar mais leve, e render mais, é jogar um pouco de farinha de rosca. Se você é um cara cuidadoso e quer que a sua receita fique realmente gostosa, pode ralar um pão velho, que ele vira uma farinha de rosca bem gostosa. Se não é cuidadoso, mas ainda assim quer que a receita fique boa, veja no mercado mais próximo, geralmente eles vendem pão moído.

Uma boa golada de farinha de rosca, provavelmente uma colher se sopa cheia. Pra ajudar a misturar a farinha com a carne, você pode jogar um ovo la dentro. Mas esta parte pode ser dispensada. Se você acha que esse negócio de botar ovo é coisa de galinha, não bote ovo, a cloaca é sua.

Ponha sal com a parciônia que Deus lhe deu e misture. Tá pronto.

Pronto em partes, claro. Agora a parte mutante da receita entra em ação.

Se quiser fazer pequenas bolinhas e fritar, faça isso. Frite bem, a farinha de rosca fica crocante, bem gostoso.

Se quiser enrolar no palitinho e mandar pra churraca, faça isso. Sirva no ponto, nada de bem passado, e não deixe vermelho, pois o espeto desmonta.

A receita é fácil e gostosa. O amargo mesmo é admitir que o mineirim te levou no bico, te fez comer uma coisa que você não queria e você ainda gostou.

Custo: Aproximadamente R$10,00 no PDA. O maço de salsinha sai a R$1,30 e o resto é irrisório.
Rendimento: Se fritar, rende fácil uns 20 bolinhos. Se enrolar como kafta, rende uns 10 espetos.
Tempo de preparo: 3 latinhas na cozinha, duas latinhas na churraca. Rápido e fácil.

Ganhando cerveja na faixa

Dá uma pensada aqui comigo: o que você faria por cerveja grátis? Antes que você comece a cogitar a possibilidade de sair de dentro desse armário aí, eu respondo. Faço chover. Escalo o Himalaia, enfrento o tigre-dente-de-sabre, entro na Delorean e volto no tempo pra fazer o meu pai pegar a minha mãe, ensino álgebra pro capitão caverna e vou à lua de sunga de crochê ensaiando passos de lambada!

E você? Faria o que? Aliás, sempre tem uma resposta idiota pra essa pergunta do você faria, né? "Eu não faço, mas o Reginaldo Faria". Ainda tem outros clássicos: "Eu não vou furar, o Juca Kfouri"! Adoro sabedoria popular.

Mas a sabedoria mesmo teve morada na minha mente no sábio dia em que decidi seguir o perfil da Heineken no twitter. Antes que você levante do sofá pra averiguar se a heineken da vez está embaixo o seu sofá, eu vou assoprar, assoprar e a sua casa eu vou derrubar. meu deus, de onde eu tirei isso? conto o segredo. Pára tudo o que você tá fazendo agora e te prepara pra uma caçada muito louca numa internet do barulho e segue esses caras aqui: @heinekenbr. Vai na fé, eles sempre tem novidades e promoções no twitter.

Bom, a útima nova era a seguinte: você ganhava um barril de 5 litros de heineken, e em troca entregava a sua alma tinha que fazer um pequeno favor a eles... contar como foi tomar os 5L. Simples assim, nada de cruzar o atlântico de pedalinho nem dar beijo de língua na vovó mafalda. Bastava buscar o barrilzinho num determinado sipermercado, beber, e contar como foi. Consegui fazer meu cadastro, busquei o barrilzão e o resto do meu depoimento, transcrevo abaixo. E não consegui essa boiada por conta do blog, nada disso. Qualquer um do twitter teve a mesma chance que eu. Aliás, eles nem sabiam que eu tinha isso aqui.

As linhas abaixo não foram escritas pra este blog, e sim para a própria Heineken, porque eu sou um cara de palavra e se eles me deram cerveja pra eu contar onde estão os dólares na suíça como foi, eu conto. Do meu jeito, mas conto. Na tela:

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De: Daniel
Para: Heineken
Assunto: Obrigado por vocês existirem!


Tudo começa na ensolarada sexta-feira de 10 de setembro. Uma breve consulta ao Google Maps e lá vou eu desbravar essa cidade de loucos rumo ao supermercado Mambo dos confins da Lapa.

Logo que saí, já notei que a coisa não ia ser assim, tão fácil. O trânsito fervia, parado, claro, sobre o asfalto. Era uma típica tarde quente de sexta-feira, e naquele dia me parecia que todos os 6 milhões de automóveis da cidade haviam saído das garagens: nada andava, e a distância até o Mambo era grande.

Tudo vale a pena quando a alma não é pequena, já diria o poeta, não é mesmo? Pois foi com esse pensamento que prossegui minha empreitada. Quando a alma não é pequena, quando a alma não é pequena... Mas a alma, no caso, não era pequena, não. Estamos falando de 5 litros da mais pura e imaculada alma enlatada, então, não seriam 6 milhões de automóveis engarrafados na minha frente que  me fariam esmorecer.

Algumas horas depois, encontro o tal Mambo. Aliás, me lembrei que o Raulzito, o maluco-beleza, tinha uma música que dizia que "dentro do mambo e da consciência está o segredo do universo". Logo, respira fundo e bora lá desvendar esse universo que eu só saio dali com 5 litros de alegria enlatada.

Lá no Mambo, encontrei rapidamente o box onde estavam sendo distribuídas as latonas. Algumas pessoas aguardando, e um companheiro alegremente distribuía a alegria para os que haviam, como eu, se cadastrado pelo twitter. Clima de alegria, todo mundo feliz por ganhar 5L de cerveja.

Chegou a minha vez, uma fotografia e um pequeno questionário pra preencher, no qual eu fiz questão de fazer a minha melhor letra, afinal, temos que agradar a quem nos dá cerveja. A Heineken nos dá cerveja, então, agradeçamos a Heineken dando aquele trato na caligrafia. Simples assim, uma relação justa e honesta.

Bacana, saí de lá sorrindo, com um barril de 5L de cerveja, que depois eu fui descobrir que se chamava KEG. Show, keg é legal. Se eu tivesse um cachorro, eu chamaria de keg. Meus filhos já tem nome, senão eu chamaria de KEG também. Os dois.

Pronto pra encarar mais algumas horas de trânsito? Não sem antes eleger meu mais novo amigo, o KEG, pra me fazer companhia. Sentei o KEG no banco do passageiro, e lá fomos nós enfrentar essa selva de asfalto.


Tenho que confessar que um ônibus emparelhou-se ao meu carro no trajeto, e eis que ouço lá de dentro "Ih, olha lá o cara com a cerveja no carona!" e as gargalhadas chacoalharam aquele ônibus. Tomara que tenha sido um momento de alegria para aquelas pessoas, porque se estava ruim pra mim no carro, com sonzinho e ar condicionado, pra eles devia estar bem pior. Mas chega de sentimentalismo barato, não seria por isso que eu dividiria a minha cerveja com eles. Já pra casa, Daniel!

Antes de chegar, uma passadinha no posto, e eu já tinha quase tudo o que eu precisava: cerveja e gelo. providenciei uma geladeira, e botei as crianças pra nanar: cervejinha na caminha coberta com gelinho, dois nana-nenéns e um beijinho do papai. Agora é só deixá-la quietinha esperando os convidados. Que convidados?


Agora era a hora de abusar do telefone, pra contar a todo mundo que estávamos prestes a realizar uma façanha: encher a alma de Heineken, na conta da Heineken. À medida que eu ia contando, os amigos não acreditavam.

- Isso mesmo, aparece em casa hoje que temos 5L de Heineken pra tomar.
- caraca, vc pagou caro?
- nada, zero reais. Ganhei deles, temos que beber e depois contar como foi.
- tá vencida!

Assim procedi. Mas consegui convencer a todos que não tinha nada de errado com a cerveja. Não, não era a pegadinha do malandro. 

Claro que eu ajudei a convencer todo mundo, né? Já fui logo avisando que a churrasqueira iria receber 4kg da mais linda costela ponta de agulha pra acompanhar tão nobre elixir.

Findo o horário comercial, os amigos começaram a aparecer. Primeiro o Pão e a Dani, depois Brunão e Bel, depois chegou o Daninho e por fim, Gil e Vanessa. Não perca a conta, essa vai pra ficha técnica:

- Gustavo, o Pão.
- Daniela, esposa dele
- Bruno
- Isabel
- Daniel Daninho
- Gil
- Vanessa
- Além de mim, Daniel Rodrigues e da minha esposa Daniela. 

Muitos danis nessa turma, não acha? Nós conseguimos façanhas como estar entre 8 pessoas e apenas 3 nomes. Acontece.

Quando o pessoal chegou, o lindo e lustroso KEG já estava tinindo dentro da geladeira. Ficara lá umas boas 4 horas. Ajeitei o gelo de maneira que o KEG ficasse de pé rodeado de pedras de gelo, dentro da geladeira. 

O milagre todo aconteceu em segundos. Sorry, pessoal, mas esse pessoal relacionado aí em cima não é do tipo que brinca em serviço quando o assunto é tomar cerveja, não. Os 5L duraram uns bons 40 minutos. E quando eu digo bons, eu não estou brincando, porque tudo o que eu ouvia eram elogios "nossa, uau, que delícia", e assim por diante. Fizemos brinde, levantamos o KEG tal e qual o Ayrton no GP Brasil de 93. Só não pude tirar fotos naquele momento, pois dividia todo o meu tempo entre compartilhar a cerveja e cuidar do churrasco. Me desculpem, não sou exatamente um exemplo de multitarefa. 

Pra finalizar o KEG, saiu a costela. Aí, sim. Cerveja de qualidade pede comida de qualidade. E, modéstia à parte, a minha costela (não, necessariamente, a minha, você entendeu) é simplesmente fabulosa. 

Deu tempo de tirar uma foto dela. Afinal, se vocês nos fazem salivar por 5L de cerveja gelada e gostosa, eu me sinto no direito de fazer uma pequena vingança, e mandar de volta uma pequena imagem da costela que consumimos junto do KEG. E mando assim, no meio do expediente, mesmo. Só pra dar vontade.



Obrigado pela experiência, Heineken!

Abs
Daniel Rodrigues