Drops de Churrasco Ed. 12 - Regime é bom ou ruim?

Caro e rodado leitor, como anda essa sua carroceria? Meio batida, umas marquinhas de estacionamento, um pouco de massa? A funilaria tá em dia aí do seu lado? Pois é, eu não tenho vergonha de assumir que a minha lata aqui anda meio desconcertada sim. E entre uma funilaria e uma pintura, com martelinho de ouro, prata ou bronze, quando o mais esperançoso leitor já imaginava o sepulcro deste, eis que, tal qual o paulo ricardo que ressurge a cada edição do big brother, renasce mais um Drops de Churrasco, pra equilibrar o corpo e a alma, o verdadeiro alinhamento e balanceamento da mente. Ou não. Vamos, pois, aos assuntos da semana:

O Regime
Esse papo de carroceria todo era só pra ilustrar ao nobre leitor que este que vos escreve não se encontra na mais esbelta das formas físicas possíveis, ou sequer imagináveis. Os anos de cerveja, picanha e outras ilegalidades alimentícias fizeram desta surrada carcaça praticamente um desproporcinoal repositório de órgãos, bastante aquém daquilo que podemos compreender pelo nome de gianechinne, seja lá como se escreve o sobrenome do galã.
Diante dos fatos, fui compelido pela minha linda e agradável companheira a entrar num tal de regime, condição à qual não havia me submetido nos ultimos 35 anos, ou seja: todos. Uma vez concretizado o acordo, bastava escolher qual dieta seguir. A dieta da Lua? Da sopa? Do mar, da deusa, da abobrinha, da marília pera? Não, caro leitor.. Econtrei uma tal Dieta da Carne, que consiste em, basicamente, comer carne, e apenas carne, em todas as refeições durante algum período. Isso me soa bastante sedutor, não acha? Escolhida a dieta, vamos adiante.
Desde hoje de manhã, estou seguindo a tal dieta. Até o momento, duvido que eu tenha perdido um único grama, mas estou registrando cada sentimento, cada emoção e cada proteína dessa maluquice, para que você não perca nada nessa verdadeira derrocada a que se submeteu este que vos escreve. No próximo post, entraremos mais a fundo nesta questão vital. Peço ao mais devoto dos leitores que acenda uma vela pela minha alma, e que eu ainda tenha forças para apertar as teclas deste eletrônico aparato, porque lhes digo que a dieta começou no almoço de hoje, e já começou mal. Aguardem!

A volta dos mortos-vivos
Aquele que achava que este blog encontrava-se putrefato, morto, enterrado, velado e entregue para estudos em faculdade de segunda divisão, enganou-se. Estamos completando aqui o segundo post do mês de agosto, o que prova, sem quadro no fantástico e sem exame de DNA, que sim, caro blog: eu sou seu pai. E já que a vida é dura, o bom filho à casa torna e toma que o filho é teu, segura essa bomba aqui que eu vou te provar com quanto bacon se entope uma coronária: Caro leitor, nos próximos posts, eu vou lhe provar como um blogueiro que escreve sobre churrasco é capaz de ser imbecil, louco e inconsequente empreeendedor, e vamos juntos conhecer o último grito quando o assunto é viver, literalmente, de churrasco. Vamos, eu e você, sucumbirmos aos sunstuosos, presunçosos e matrapilhos planos do Gato na Grelha para conquistar o mundo, 24 territórios ou destruir os exércitos brancos. Aguarda que eu já te conto, parceiro.

Receitas dos leitores
Eu me comunico o tempo todo com leitores do blog. Largando o sapatão e o colarinho largo de lado, esse é o maior bônus que esse blog me dá. Já fiz amigos aqui em sp, amigos em minas, no rio, paraná, enfim.. Um monte de churrasqueiros ou amantes das carnes e afins que me enviam emails, e através da troca deles acabamos descobrindo que somos todos o mesmo bando de marmanjos iguaizinhos uns aos outros: comilões, beberrões, falastrões e fanfarrões. Entre confissões, reclamações e afins, acabamos trocando receitas.
Esse hábito acabou por me proporcionar um verdadeiro arsenal de receitas de leitores. Logo nas primeiras, descobri que não tenho condições de preparar todas elas pra depois escrever sobre.. Então, decidi que agora vou publicar as pérolas que vocês, os caros leitores me escrevem, da maneira como me escrevem. Portanto, se tu queres publicar suas receitas aqui nesta espelunca, você pode imprimir suas melhores, ou piores, idéias levianamente nas costas do papel de pão, com a impressora no modo econômico e sem usar corretor automático, que eu publico aqui com o seu nome, seu endereço, seu cpf e a sua declaração de imposto de renda [/cd da receita na santa ifigenia feelings].
E o cara que vai estrear essa série é uma figura que eu conheci justamente assim: ele me mandou um email, eu respondi, trocamos figurinhas e quando percebi, eu tinha ganhado um amigo chamado Murta. Um camarada com um nome de maluco, mas com um coraçãozinho de frango menino, que é o único cara cuja esposa é capaz de ter o MurtaDela, com o perdão do péssimo trocadilho.

Ficando por aqui, assim ficamos. Este drops não tem charada, não tem mistério e não tem churumela: é direto e reto. Estamos em processo de emagrecimento, termos novidades e sabemos que o Murta tem receita de responsa a caminho. Aguarde e verá :-)

Receitas de panela - Batatas Rústicas

Ao mais bronco dos leitores desta maltratada espelunca, eu pergunto: tu és um cara rústico? Se tu és uma mina e não um cara, pergunto mesmo assim: tu és uma mina rústica?

Manja rústico? Na concepção mais asséptica da palavra, seja lá o que isso signifique? Não? Então vamos ao conceito da coisa.

Rústico é aquele indivíduo que não chega no sapatinho, que não tem voz de veludo e não sai bonito na foto.  Rústico não pede licença, não lava as mãos antes das refeições e não recolhe o cocô do cachorro. Rústico dirige sem direção hidráulica, não usa desodorante roll-on e não beija a mocinha no final. A vida é dura pra quem é rústico, amigo.

Pra esclarecer essa misteriosa celeuma, vamos, hipoteticamente, a um exemplo prático: A mocinha está em perigo no estacionamento do shopping com 5 mal-feitores, mal-encarados e mal-intencionados.
  1. O super-homem chega, manda os cinco pra cadeia e ainda leva a mocinha pra um vôo panorâmico. Aquele cabelinho não nega: o super-homem pode ser super, mas não é rústico.
  2. O batman chega, enfia a porrada em todo mundo e ainda dá uma bitoca na mocinha. Não sei como ele consegue ouvir se as orelhas estão dentro da touca, mas o batman ainda não compreende totalmente o nosso conceito de rústico. 
  3. O chuck norris termina de quebrar uns dez vietcongues, pega bazuca, mira no shopping e explode a porra toda. Manda mocinha, bandido, cinema 3D e casa do pão de queijo pelos ares. É disso que estamos falando. Definitivamente, chuck norris é um cara rústico. 
Eu tenho um amigo rústico. O nome dele é Brunão, mas pode chamar de Brutão que ele atende. Mas chama devagar, vai no sapatinho você, porque ele não vai, ok? Bom, Brutão machucou a unha do dedão do pé. Chutando um busão. A unha, por óbvio, necrosou. Ele arrancou a unha à forceps, usando um abridor de vinhos. Sangrou, limpou com papel higiênico. Naquele dia, tínhamos um jogo importante. Brunão não se fez de rogado: tomou um yakult, cortou a boca do potinho, enfiou o dedão dentro, meião, chuteira, e bora pro jogo. E correu como se não houvesse amanhã. Isso é coisa de gente rústica.

Assim é a nossa receita. Rústica, feita nas coxas, do jeito mais bronco, sem muito carinho e nenhum traquejo.

Batata rústica é, na essência uma batata frita. Mas a batata frita é aquela coisa delicada, palitinho, french fries, como diriam os americanos. Nossa batata não tem essa de cortar em palitinho, não tem frigideirinha, nada disso.. Ops, não tem frigideirinha? Como assim? Vai vendo.

O lance é o seguinte, você vai precisar óleo, batata e mais um ou outro instrumento rústico, claro.

Quando for comprar as batatas, recomendo escolher aquelas que são grandes e lisas. Isso porque pode facilitar na hora de descascar as batatas. Isso para o caso de você querer descascar, porque se a batata é rústica, você pode se eximir da terrível e desagradável missão de lavar as mesmas.

Na verdade, você pode valer da mesma desculpa que eu, e concluir que já que o óleo vai ferver, vai fritar tudo que é bactéria, fungo e toda sorte de malfeitores que porventura habitarem a casca da nossa linda e saborosa batatinha.

Fica aqui um adendo: se você fritar as batatas com casca, elas tendem a ficar um pouco mais amargas. Eu estou acreditando que o nobre leitor é um cara rústico, mas pensando no caso de você receber aquela tia mais frutinha na sua casa, então neste caso, e somente neste caso, eu recomendo que descasque as batatas. Brunão não descascaria, tenho certeza. Nem chuck norris. Bola pra frente.

Não vou, e nem sei como te ensinar a descascar batatas, no caso da visita supracitada. Você pode pegar uma faca e decepar os membros superiores do seu corpo acidentalmente e se virar pra retirar a casca. Pode pedir pra algum outro vívere da sua residência fazer isso pra você. Pode obrigar algum desses víveres, o que é um pouco mais rústico. Pode também sair na rua vestido de taliban e obrigar alguém a descascar pra você. Isso seria tão rústico quanto perigoso. Mas creio que você é bem grandinho e sabe o que pode e o que não pode te mandar pra cadeia. Enfim, se tu quer descascar batatas, te vira e não me aparece aqui com essas batatas cascudonas.

O próximo passo é cortar as batatas. Aí entra o lado bronco da coisa. Você pode usar uma faca, uma machadinha, uma serra elétrica ou uma locomotiva a vapor. Cortar batata rústica é igual a futebol de várzea: não tem regra. Mete e faca, corta do jeito que quiser, do tamanho que quiser. Fecha o olho e mete a marretada desgovernadamente aí. O que importa é que as batatas, que antes eram redondinhas e bonitinhas, agora encontram-se desfiguradas, decepadas, dilaceradas. Nessa hora, violência pouca é bobagem. Chora, Kill Bill.

Picotadas as nossas personagens, mete todo mundo na panela de pressão. Falei que a receita era bruta? Aqui não tem batatinha cortadinha em palitinho, fritinha no olinho (isso foi licença poética, você entendeu), gostosinha colocadinha na caixinha. Aqui o sistema é bruto, parceiro.

Depositadas as nossas vítimas na panela de pressão, cubra todas com óleo limpo. Se você se preocupa com a sua coronária, mete ali um óleo de canola. Caso se manter vivo não esteja entre as suas prioridades, pode mandar ali um óleo de milho, de girassol, de soja, de câmbio ou de caminhão. A decisão é sua, o que interessa é que tem que cobrir as batatas com o óleo.

Agora, preste muita atenção a essa parte. Eu não quero, e creio que você também não queira, explodir a sua cozinha, sua casa e todo o quarteirão, certo? Lembra do chuck norris? Então, nós não queremos que a sua panela se transforme na bazuca do vietcongue, não queremos que a sua cozinha seja mais perigosa que o afeganistão, certo? Então, presta atenção:

Sabe aquele pininho de segurança que tem na tampa da panela de pressão? Então, levanta o pininho, solta a trava, libera a pressão, amigo.

Vou explicar de novo, pra ter certeza que não te bateu aquela preguiça safada e vc tá lendo só os parágrafos ímpares:

Sabe aquele pininho de segurança que tem na tampa da panela de pressão? Então, levanta o pininho, solta a trava, libera a pressão, amigo.

Mais uma vez:

Sabe aquele pininho de segurança que tem na tampa da panela de pressão? Então, levanta o pininho, solta a trava, libera a pressão, amigo.

Bom, se a tua cozinha explodir agora, não me vem reclamando na caixa de comentários do além, estamos entendidos?

Agora que todo o procedimento de segurança foi compreendido, fecha a tampa, e fogo na bomba [/bob marley].

A batata frita rapidinho, e como tá na pressão, fica macia por dentro. Fica esperto, abre uma cerveja e aproveite o tempo livre pra refletir sobre a cabeça ruim da carminha, o pernil da nina e a bunda mole do tufão. Mas não gasta muito tempo pensando, porque essa batata fica pronta em 10 minutos.

Passados os dez minutos, que deve ser o tempo suficiente pra você tomar, ao menos, uma cerveja, desliga o fogo, espera o terror acabar dentro da panela e abre. Saca de lá uma batata e experimenta. Se achar necessário, deixe mais um tempinho na fritura, com a panela aberta mesmo.

Depois, é só retirar as batatas de lá utilizando um instrumento adequado (recomendo abandonar a ogrice e virilidade nessa hora, larga mão de ser machão e use instrumentos), e coloca lá naquele papel de gordura, salga e pronto.

Como elas fritam rapidamente, a batata rústica assim tende a ficar sequinha, costuma fazer sucesso. Confia :-)

Rendimento: depende quantas batatas você fritar, espertão.
Tempo de preparo: umas 2 brejas no preparo, e uma pra fritura. Beba comendo e seja feliz.
Custo: batatas e óleo. isso é barato, vai por mim.