Mostrando postagens com marcador espetinho. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador espetinho. Mostrar todas as postagens

Como preparar uma Kafta mutante

No último post, falamos sobre as receitas recicláveis, aquela comida que tem a malemolência e sagacidade do batuta, capaz de ser bolo de banana num dia, e macarrão ao sugo no outro. Coisa de bamba.

Pois hoje vamos falar da comida mutante. Convoque o seu x-men predileto e vem comigo nessa aventura que começa de um jeito e termina de outro, tal e qual o mutante, que tem a perna de pau, o olho de vidro e a cara de mau. Aliás, esse não era bem o mutante, né? Mas enfim, sigamos com a nossa experiência genética que hoje eu quero ver o homem virar mosca.

Eu tenho um amigo chamado Zé. Até aí, morreu Neves, porque todo mundo tem um amigo chamado Zé. Mas segura o Neves aí, porque todo mundo tem um amigo chamado Zé, mas eu tenho um amigo chamado Zé Neves! É o amigo que já vem com trocadilho! E olha que, ao contrário do trocadilho, ele nem morreu, hein!

Zé Neves, mineirim de Cristais (abraço pra MG aí, gente!), certa vez me telefona, comunicando que estaria acompanhado de uma mineirada toda, gente que eu muito prezo, a caminho do famoso bar Mercedez aqui em são paulo. Mas não vou fazer propaganda, até porque eu nem me lembro se era no mercedez ou no mercearia. O fato é que o Zé, como mineirim, sorrateiramente movimentou todos em direção a tal boteco, determinado a fazer todo mundo experimentar um tal de bolinho de carne com canela.

Canelas. Carne. É disso que estamos falando.

Não, não é disso que estamos falando. Estamos falando de um bolinho de carne com canela. E eu, que sempre fui um defensor da comida-roots, da culinária rampeira, não conseguia entender porque não pedir uma porção de bolinho de carne e só carne e pronto. Mas mineirim é aquela coisa, né? Sorrateiramente, o Zé Neves me convenceu de que aquilo ali seria uma boa idéia, e "Ok, você venceu, batatas fritas bolinho de carne com canela" e lá vamos nós.

Quando o bolinho chegou, uma surpresa. E não é que aquele trem era bão mesmo? Bão dimais da conta, sô!

Por fim, tomamos chopp a noite toda, comemos todo o estoque de bolinhos e pagamos uma conta de um bilhão de reais na saída. Mas valeu a pena, porque o Zé Neves é um daqueles caras que sempre valem. Mas eu tive que engolir toda a minha robusteza e assumir que o bolinho temperado com canela era muito bom, ainda que parecesse receita da ana maria braga.

A questão é que não é sempre que a gente tem um bilhão de reais pra gastar numa conta de barzinho, ainda mais quando a gente nem lembra direito se o barzinho é o mercedez ou o mercearia, e decidi tomar coragem e preparar tal iguaria lá na minha cozinha, reduto da mais absoluta macheza e virilidade, que desta vez sucumbira à carne com temperinho doce.

Eis que o mais batuta dos leitores me pergunta mas-porque-diabos-tu-tá-falando-de-bolinho e ainda retruca onde-diabos-está-a-kafta?

onde está wally? onde está a kafta?

Pois é, aí que a porção mutante deste post se revela, porque se fritar vira bolinho de carne, e se enrolar no pau vira kafta. E, ruborizados, temos que admitir que preferimos a porção enrolada no palito.

Sem mais delongas, vamos à receita porque já fomos muito devagar com o andor e o santo é de barro, mas paciência tem limite.

Começamos com meio quilo de patinho moído. O ideal é pedir ao açougueiro que moa na hora, e moa duas vezes. Com isso, todos os nervinhos e afins da carne acabam sendo destruídos também, e carne não fica dura. Não se esqueça de que o patinho não é, exatamente, o orgulho da dona vaca, certo?

De posse do patinho moído, picote muito bem uma cebola pequena e mande pra dentro. Picotar muito bem significa exatamente isso que você leu: larga mão de ser preguiçoso e picota esse trem aí direito. Pensa comigo: você já tá fazendo uma comida meio afrescalhada que mistura doce com salgado, então vê se faz direito, pra ficar bom e te evitar vexame, ao menos.

Assunto compreendido, cebola picotada, aproveite esse surto de boas intenções e picote uns 3 dentes de alho. De novo, picota pequeno, sem preguiça, enfim. Não tou aqui pra te ensinar boas maneiras, e sim pra ensinar a fazer uma comida maneira. Obedece quem tem juízo (me senti o chuck norris agora).

Agora você vai precisar de um maço de marlboro sem filtro e um plano de saúde robusto hortelã, picada bem pequeninha também. Pro serviço ficar direito, lave o maço de hortelã e separe as folhas dos talos. Pro serviço ficar porco, não lava e não separa nada. Picota tudo de qualquer jeito: lesma, coliforme, talo, folha, tudo pra dentro da carne.

Hoje de manhã, não vi o criado-mudo posicionado ao lado da cama e dei uma bela tropicada seguida do mais temível dos palavrões. Então, faça como eu: meta a canela e mande tudo às favas!

Mete a canela na carne, parceiro. Isso não significa aplicar um round-house-kick no cachorro, e sim depositar o tempero no patinho moído. Não tenha dó, é pra ficar com gosto de canela mesmo. Pra 1/2kg de carne, pode depositar uma colher de sopa cheia, sem medo de ser feliz. Ah, canela em pó, ok? De pau aqui já basta o espetinho.

Sempre que usamos carne moída nessas coisas, a carne tende a ficar densa, e a comida fica pesada. A dica pra deixar mais leve, e render mais, é jogar um pouco de farinha de rosca. Se você é um cara cuidadoso e quer que a sua receita fique realmente gostosa, pode ralar um pão velho, que ele vira uma farinha de rosca bem gostosa. Se não é cuidadoso, mas ainda assim quer que a receita fique boa, veja no mercado mais próximo, geralmente eles vendem pão moído.

Uma boa golada de farinha de rosca, provavelmente uma colher se sopa cheia. Pra ajudar a misturar a farinha com a carne, você pode jogar um ovo la dentro. Mas esta parte pode ser dispensada. Se você acha que esse negócio de botar ovo é coisa de galinha, não bote ovo, a cloaca é sua.

Ponha sal com a parciônia que Deus lhe deu e misture. Tá pronto.

Pronto em partes, claro. Agora a parte mutante da receita entra em ação.

Se quiser fazer pequenas bolinhas e fritar, faça isso. Frite bem, a farinha de rosca fica crocante, bem gostoso.

Se quiser enrolar no palitinho e mandar pra churraca, faça isso. Sirva no ponto, nada de bem passado, e não deixe vermelho, pois o espeto desmonta.

A receita é fácil e gostosa. O amargo mesmo é admitir que o mineirim te levou no bico, te fez comer uma coisa que você não queria e você ainda gostou.

Custo: Aproximadamente R$10,00 no PDA. O maço de salsinha sai a R$1,30 e o resto é irrisório.
Rendimento: Se fritar, rende fácil uns 20 bolinhos. Se enrolar como kafta, rende uns 10 espetos.
Tempo de preparo: 3 latinhas na cozinha, duas latinhas na churraca. Rápido e fácil.

Coraçãozinho temperado

O coraçãozinho de frango é uma carne ingrata. Primeiro porque você tem que limpar, e isso dá um trabalhão. Já mostrei num post anterior como é que faz isso, e é nojento e eu não vou falar nisso de novo. E você compra 1kg e quando limpa, fica com 650g. Isso porque depois de tantos anos nessa indústria vital, os fabricantes de coração (sic!) ainda não entenderam que é uma delícia assar coraçãozinho de frango, mas as artérias e outros presentes do mal que sempre vem junto ficam um lixo. Colocar os coraçõezinhos com artérias na churrasqueira é como se você estivesse assando um pedaço da perna cheia de varizes da bruxa do 71.


- Num vô!


E não é só por isso que o coraçãozinho é uma carne ingrata. Conhece a história do garçom da churrascaria que tem como tarefa servir o coraçãozinho, que ninguém quer e depois o cara é zuado pelos colegas? É bem por aí. Todo mundo olha feio pro coraçõzinho, mas no fundo, no fundo, não tem quem não goste de cerrar os dentes no órgão vital do doce e cacarejante frangote.

A idéia dessa receita é fazer um coraçãozinho diferente, que vai dar uma trabalheira e quase nada de carne (já vou avisando), mas fica uma delícia e vai manter a auto-estima do seu garçom em dia.

Bom, partamos do princípio que você é um churrasqueiro cuidadoso e tomou as precauções necessárias em relação às artérias e demais órgãos encontrados, ok? Estou acreditando que você tem aí uns 600g de coração limpo, parceiro. Não vem com churumela pro meu lado, que depois a receita fica ruim e você vem botar a culpa no blog.

O primeiro passo é cortar em pedaços bem pequenos um dente de alho. Pra isso tem uma dica sensacional, direto da patroa lá de casa: deixa o alho sempre no freezer. Quando vc destaca o dente, a casca sai facinho e fica uma moleza cortar ele. Descobri isso sem querer, porque em casa sempre tem alho no freezer e eu nunca tinha me ligado porque. Neste final de semana, uma prima foi fazer um macarrão pras crianças e deixou o alho fora. Quando eu fui cortar, foi uma meleca só. Portanto, deixa o cabeção do alho no freezer que é mais fácil manuseá-lo. Beleza, feito isso, mande pro coração um dente de alho picadinho. 

Agora é a hora da combinação perfeita. A hora do Romário e Bebeto, do Roberto e Erasmo Carlos, do Pica-Pau e Pé de Pano, do William Bonner e Fátima Bernardes do churrasco: a dupla perfeita Azeite e Orégano. Incrível como esses dois ingredientes nasceram um pro outro. Qualquer coisa que receber azeite e orégano fica bom. Portanto, jogue lá uma golada de azeite, e uma tacada de orégano. 

Um bom agrado pra essa receita é um teco de molho shoyu, o melhor trava-linguas da cozinha moderna. Fale mil vezes "moio shoio" que você enlouquece. Mas antes, deixe uma meia golada dele na nossa receita.

Pra finalizar, despeje uma colherada de mostarda, de preferência a preta. Acho que a mostarda preta fica melhor depois de misturada e assada do que a amarela. Mas fica a seu critério. 

Pra finalizar de novo: não faça como eu acabei de fazer, não esqueça de colocar sal. Uma mãozada de leve já tempera todo mundo. Não seja o monstro da salina mal-assombrada, salgue com parcimônia. E pode usar sal fino mesmo, já que tá cheio de molho não faz sentido deixar o sal derreter.

Agora é só misturar tudo e usar da malandragem. Feita a receita, você tem duas opções: Ou espeta os corações e se suja todo, ou usa do bom e velho jeito malaco de ser. Em todas as vezes que fiz essa receita, dei um migué pra cima de alguma mulher (a maior parte das vezes, a minha própria) e disse que ia acendendo o fogo e bla bla bla e deixava ela com a tarefa de espetar, o que, além de sujar as patas, demora pacaramba. 

A partir daí é fácil, basta tomar uma cerveja na frente da churrasqueira enquanto espera a mulher espetar os corações. Quando eles chegarem, deixa na grelha de qualquer jeito e boa. quando o coração tem tempero assim, não tem muita técnica na frente da churraca. Você pode colocar o coração direto no mais quente, deixa lá e vira de vez em quando. Só tira quando estiver bem passado, porque ele vai ter bastante molho dentro dele, que precisa estar seco. Caso contrário, o gosto pode ficar um pouco forte, acentuado pro lado da mostarda.

Aí você vai descobrir que o coraçãozinho é mesmo uma carne ingrata: os 650g que você preparou secam e diminuem drasticamente de tamanho, resultando em uns 400g de carne. Assim que você tira do espeto, as pessoas devoram e ele some em segundos. 

Mas vale a pena tanta ingratidão, já diria a mulher do bandido. Isso porque fica gostoso mesmo e todo mundo elogia depois. 

Custo: R$7,00 a bandeja de coração, balato.
Tempo de preparo: 4 brejas na cozinha, 2 na churraca: sirva feliz.
Rendimento: quase nada, faça outras carnes junto.

Como eu fiz um churrasco pra 40 pessoas com R$175,00

Antes de iniciar, vou avisar: este post é longo, e pra caraio. Trata-se de uma epopéia, e eu tou dando a dica pra você mandar um churrasco responsa pra 40 esfomeados com menos de 200 mangos, ou seja, menos de 5 cruzeiros por pança. Se você não tá afim de ler, leva a sua galera na churrascaria de sua preferência e hipoteque a sua casa quando chegar a conta. Esclarecidos os fatos, vamos aos assuntos que nos interessam.

Eu não sou churrasqueiro profissional. E eu não quero ser churrasqueiro profissional. Me incomoda a idéia de fazer comida pra pessoas que não conheço. Incomoda também a idéia de fazer carne sem nenhum amigo pra bater um papo. Além disso, fazer carne sem enxugar umas boas brejas não faz o menor sentido. Eu, como churrasqueiro profissional ia passar vergonha. Ia encher a cara em todo churrasco, queimar o meu filme, e no final sairia breaco demais e nem ia lembrar de cobrar o meu dinheiro. Por isso que eu faço carne pras pessoas que eu gosto e tá bão por aí. Claro que existem excelentes profissionais por aí e eu acho super bacana. Pra eles. Pra mim, carne e trampo não se misturam.

Só que nesse final de semana eu fui churrasqueiro profissa por um dia. Foi o aniversário da minha queridíssima sobrinha Nicole. Vã, a mãe dela e minha prima-irmã, queria fazer um churras pra chamar a tiarada, primaiada, molecada, padrinhada, vizinhada, hunos, godos e visigodos. E me pediu pra cuidar da parte da carne. Eu não tinha como dizer não. É pra Nick, pô!! E aceitei o desafio de cuidar de um churras pra 40 pessoas. Peguei 200 cruzeiros com a Vã e  bora pro jogo. 

Vem comigo fazer uma continha. Aproveita que a minha filha teve prova de matemática ontem e eu estudei com ela, e a conta tá quentinha na cabeça: 200 fuckin mangos é um dinheirão, né não? Éééééé... opa, então sente o problema chegando:

Pedrinho foi ao açougue comprar carne pra 40 pessoas. Se o preço da picanha anda valendo R$30,00 em média, qual dos dois rins o Pedrinho vai ter que vender pra pagar esse banquete: o direito ou o esquerdo? Sem rim, como ele vai processar a cerveja do churrasco? Tem chance disso dar certo?

Pois então, foi assim que eu me senti. E ao contrário do Pedro Bial, encarei o paredão e dane-se os 300 milhões de votos (a globo acha que a gente tá na china. um paredão tem 50 milhões de votos num país de 200 milhões de habitantes. Um pra cada 4, Bial??). O primeiro passo foi pedir a grana ao vivo pra Vã, e isso teve um motivo. Seu eu faço o velho esquema de eu-pago-e-depois-vc-me-paga, eu ia acabar gastando mais, e absorvendo o preju. Claaaro que eu pagaria o quanto precisasse pela Nick, mas achei que valeria a pena abraçar o desafio. Meti as quatro onças-pintadas na mochila e era aquilo que eu tinha pra gastar. Pois eu fiz o milagre, e vou contar o santo.

Primeiro enfiei na minha cabeça que não ia ter picanha. A piqueta é uma delícia, mas é cara pra diabo e acaba em segundos num churrasco. Optei por fazer outras carnes mais baratas e igualmente saborosas. Minha estratégia se baseava em comprar pequenas peças de um monte de tipos de carnes diferentes. Depois pude ver que essa estratégia foi perfeita, mas foi puro chute. Vou destrinchar as peças compradas uma a uma daqui pra frente.

1 - A costela ponta de agulha: Foi minha primeira idéia. Primeiro porque eu tava com vontade (outra vantagem de não ser profissional, vc escolhe de acordo com a sua gula). Segundo porque é uma carne deliciosa e ridiculamente barata. Nos pão-de-açúcar da vida só vende pedaços pequenos, e eu precisava de um grande, ou seja: tinha que comprar em algum açougue, no horário comercial. Pois então, lá estava eu voltando de uma reunião na casa do chapéu, estressado com o trânsito, quando me surge um mercadinho de bairro que tinha belas peças de ponta de agulha penduradas. Parei o carro, peguei a peça que julguei mais bonita e comecei as compras. Moral da história: Uma belíssima peça de 2,5kg por R$12,50. Sacou?? 12 fuckin reais por 2 quilos e meio de carne fodona!! Na dinâmica de um churrasco de galera, já resolvi o problema do final do churrasco, quando ficam os mais chegados do seu lado. A ponta de agulha demora hoooooras pra ficar pronta e vale a pena tratar os que te acompanharam durante essa peleja com carinho. Ou seja: quando as tias esfomeadas forem embora, vais compartilhar com os amigos 2,5kg de pura felicidade.

Pronto, agora faltavam as outras carnes. A semana de trabalho acabou com meus glóbulos brancos, fez empretejar os meus glóbulos vermelhos e derreteu as minhas plaquetas, e com isso só consegui tempo pra comprar o resto das coisas no próprio sábado, lá pelas 13:00. O churras era às 16:00. Logo, fudeu. Decidi ir até o pão de açúcar da av. Ibirapuera com Rep. do Líbano (quem é de sp sabe, quem não é, trata-se de um dos poucos mercados grandes e com bons produtos do pda, e eu não ganho nada do abílio diniz pra falar isso). Lá, eu sabia que encontraria boas carnes.  Pega carrinho e empurra PDA adentro. Cheguei rapidamente a uma gôndola de congelados que tem brinquedos especialmente divertidos (perdiz, paleta de cordeiro, pernil do porquinho), mas principalmente peças de costela de porco congeladas. 

2 - Costela de porquito: Como o churras seria horas depois, comprei algumas congeladas, mesmo. Dei uma bela sorte de encontrar duas peças altas, com bastante carne, e da parte boa do osso, aquela em que se vê o vãozinho dos ossos direitinho. Em posts futuros, pretendo discorrer mais profundamente sobre a anatomia costelar suína. Por enquanto, entenda que acertei nas duas peças que comprei. Uma custou R$6,80 mangos e a outra R$4,90. Ou seja: mais 12 cruzeiros em carne boa. Costela de porco não tem segredo: hora que sair, geral come feliz e acaba num segundo. Foi o que aconteceu.

3 - A alcatra do porco fez a festa: Achei um belíssimo pedaço de alcatra de porco. Como disse no post sobre a alcatrinha, é uma peça barata, que ninguém sabe o que é, mas todo mundo come lambendo a cara. Comprei uma peça de 1kg e dividi em 3 partes. Servi com intervalos de mais de uma hora entre elas. Na boa, um monte de gente veio lambendo os dedos perguntando que carne era aquela. Disse que era carne de leprechaun e o pessoal desistiu de perguntar. Sabe quanto custou essa peça? R$14,50. Em três levas, fiz a festa com 3 tecos de carne de R$4,80.

4 - Linguiça de pernil ao alho: Neste blog eu nunca falei muito de linguiça. Primeiro porque eu sou espada, e pega mal ficar falando de linguiça. Segundo porque eu não sou um grande fã mesmo. Quando eu preparo linguiça, prefiro umas recheadas, mais caprichadas (e caras, infelizmente). Acho que, no meu tempo de moleque, fiz tanto churrasco de linguiça que enjoei. Bom, comprei uma embalagem de linguiça de pernil ao alho com quase 1Kg por honestíssimos R$6,30. Fui soltando aos poucos no churrasco, fazendo uma por vez. Ajuda a dar volume.

5 - Fraldinha: A fraldinha é uma carne perfeita pra churrascões. Fácil demais de preparar, e é uma carne saborosa, que agrada inclusive aos que acham que churrasco é significado de picanha e mais nada. A pecinha que fiz pesava 400g e custou R$6,10. Cheguei a cogitar a hipótese de preparar o rocambole de fraldinha, mas ia dar um trabalho monstruoso, e meu tempo tava curto. Optei por deitar a peça inteira mesmo, só com sal grosso. Funcionou lindamente.

6 - Drumet: Frango é bom em churrascão porque não dá trabalho e fica pronto logo. Se chegar um grupo de esfomeados, você lança uns drumets na grelha e serve rapidão. No PDA vende um drumet temperado honestíssimo. Nem pensei em preparar nada, comprei aquele mesmo e assim foi. Comprei duas bandejas que, juntas, pesaram 1,1kg e custaram R$9,50. 

Antes que você saque a calculadora, relaxa que eu faço as contas no fim do post. Mas vai vendo, só comprei coisa barata até agora.

7 - Coraçãozinho de frango: Esses dias vi uma reportagem sobre um inglês que mora no Brasil, e faz torta de rim de boi. O cara dizia assim: "Como vocês tem nojo do rim? Vocês comem coração de frango!!". Eu digo, companheiro: no coração do frango só passou colesterol e os mais puros sentimentos pela galinha sua mãe. No rim, passou mijo e eu tou fora disso. Pensando assim, comprei uma bandeja de coração que, incrivelmente, estava limpinho. Se eu tivesse que limpar não ia dar tempo. Foram 530g por R$5,80. 

8 - O famoso espetinho de contra-filé: esse já virou um clássico. Dá um mega trabalho preparar, mas vale a pena demais. E espetinho em churrascão é legal porque sai rápido. Chegou monstro faminto? Mete dois espetos, vira duas vezes e serve. Comprei 1,2kg de contra-filé por R$21,80, três embalagens de 150g de tomate-cer(v)eja por R$9,00. Tá, azeite e orégano eu não comprei, e ainda usei uma mostarda preta que eu tinha em casa. Dediquei todo o tempo que eu teria em casa a esta carne, porque eu sabia que ia fazer sucesso na festa. E, realmente, fez. A veiarada ficou doida hora que experimentou. 

Tanto para o coraçãozinho, quanto para o espetinho, eu comprei 3 embalagens de espetos de bambu (e pra que serve o bambu? haha). Custaram R$1,25 cada, totalizando R$3,75.

9 - O pão com alho do Daninho: Essa foi uma receita que veio em boa hora. O Daninho veio com essa idéia no meio da semana passada, e eu aproveitei pra arrebentar no churrasco. Fez um baita sucesso, o povo ficava louco com o pãozinho com alho e catupiry. Minha estratégia era ter pão saindo o tempo todo, intercalado com qualquer carne. Ajuda a encher as panças, e como é caprichado você não parece um picareta, que convidou a galera pra um churrasco mas tá enfiando pão goela abaixo. Usei um pote inteiro de maionese (R$2,80), um pote de 250g de catupiry (R$4,99), azeite e alho eu tinha em casa e comprei 20 pães (R$9,15). Como eu sabia que na casa da Vã só tem mulher e se tem coisa que mulher compra pra churrasco é pão, comprei só 20, mas na real acabei preparando uns 50. 

Parei o carrinho num corredor sossegado, e fiz rapidamente as contas. Fiquei surpreso ao perceber que ainda sobrava uma nota preta. Já tinha carne pra caramba no carrinho, os 200 mangos iam dar e sobrar. Diante disso, abri mão da minha estratégia de pão-durice. 

10 - Linguiça calabresa com provolone e orégano: Essa linguiça é legal mesmo. A marca é Rei da Linguiça, que apesar no nome infame, tem umas carnes bacanas. Depois vou escrever melhor sobre isso. A embalagem tinha 500g e custou R$12,50. 

11 - Aí sim, a picanha!! Bom, como tinha dinheiro sobrando, bora lá procurar se tem uma picanha pequeninha e barata. E olha só, não é que tinha uma sorrindo pra mim? A lindoca tinha 850g, uma capa de gordura perfeita e custava R$19,00. Não dá pra resistir, né? Bom, eu a preparei em bifes grossos, com o esquema do alho. Ficou sensacional.

12 - A breja, claro: Olha, eu também sou filhinho de Deus. Saindo do supermercado, teria uma trabalheira na cozinha pra preparar os espetinhos, e quando chegasse no churrasco eu tava verdadeiramente lascado. Já vou te avisando, num churrasco pra 40 pessoas, você não consegue parar um minuto, nem pra fazer xixi. Sabendo da labuta que me aguardava, comprei uma caixa de Itaipava pra tomar enquanto preparava tudo. Com o dinheiro da minha prima. Mas aí que vem o legal da coisa: verificando o ticket aqui, acabei de perceber que a garota do caixa passou apenas UMA cerveja. Ou seja: Abíliô, valeu pelas 11 de graça, parceiro!

Ainda corri num mercadinho próximo de casa e comprei 4 sacos de carvão por R$5,60 cada um, totalizando R$22,40.

Agora soma tudo isso ae que eu tou cansado de digitar. Vai dar marromeno R$175,00, porque eu ainda devolvi R$25,00 pra Vã, que acabaram se transformando em cerveja. E eu bebi.

Bom, o churras foi bem legal, trabalhei pra cacete, tive companhia o tempo todo (esse é o medidor: se tem muita gente em volta de você, é porque a carne tá boa, vai por mim). Tive uma grande ajuda do Hugo, que também manja de carne e matou a ponta de agulha comigo, e me ajudava quando eu precisava largar a churraca pra mandar um pipi.

Felizes leitores, taí a dica. Agora nós sabemos que você não precisa ir à falência pra mandar um churras densamente populado. Com R$200,00, você pode comprar 4 picanhas grandes, ou esse monte de coisa aí.

Esse post é especialmente dedicado à Ni, pelos seus 11 aninhos. Parabéns, lindinha. Você merece muito mais do que esse monte de carne aí, você merece o mundo!! Aliás, você descobre que tá sabendo fazer churrasco quando uma criança de 11 anos te pede um churrasco de aniversário :-)

Espetinho de camarão com areia da praia

Ah, as férias na praia.. Quem nunca passou férias inesquecíveis na praia que atire a primeira água-viva. 

Pois eu me considero um privilegiado. Como minha família tem raízes litorâneas, passei férias e mais férias na praia. Por muitas vezes, eu pisei descalço em poça de lama, naquelas intermináveis semanas de chuva. Comi muito pastel no Pezão, que depois criou a franquia Pastel do Trevo (e estragou tudo). Visitei númeras vezes o Forte São João e adorava admirar a orla do terraço, vendo os canhões e imaginando batalhas épicas naquele canal. Também fiz balada na Vila,  tomei batida no Oásis do Pedrão, pulei carnaval completamente embriagado e andei de banana. Pesquei no pontão, atravessei o canal de barco e fui de bonde até Itatinga. Atravessei o mesmo canal de balsa e peguei a trilha da Prainha. Visitei o SESC, tomei rabo de galo no Bud. Tomei outro rabo de galo no Bud, e mais outro. Tomei ponto e gesso precário no hospital. Isso tudo aconteceu numa época mágica da vida chamada adolescência. E o local mágico que me acolheu nessas aventuras foi um pedaço do paraíso bem pertinho do inferno chamado Bertioga


Bertioga, onde coisas estranhas acontecem. Aprecie com moderação.

Pois este blog mergulha nas profundezas do oceano pra degustar uma típica receita de praia: o espetinho de camarão. 

Pode ter certeza: em qualquer praia deste Brasil varonil, tem alguém de bermuda, chinelo e uma bandejinha de alumínio coberta com pano de prato, vendendo pequenos pedaços de felicidade frita e espetada. Do Oiapoque ao Chuí, tem. Em São Paulo, no Rio, na Bahia, tem. Se Minas tivesse praia, vendedor de espetinho de camarão também teria. 

A diferença é que nós não vamos fritar o camarão, e sim assá-lo na churrasqueira. Por dois motivos: o primeiro é que aqui a gente não fala de fritura, as coisas por aqui são feitas na churraca; o segundo é que fritar o camarão faz um furdúncio na cozinha da patroa, e na  brasa fica muito gostoso também. 

E o melhor de tudo é que essa receita chega a ser ridícula de fácil: espete o camarão, passe sal, coloque na churraca, conte até 10 e coma. Tá, vamos detalhar melhor esse processo pra não parecer que eu tou enrolando alguém aqui. Neste blog funciona assim: a gente promete, a gente entrega!

Fiz essa receita no auge da crise, quando o preço da carne encontrava-se impagável. Enquanto 1kg de picanha custava uns R$60,00, comprei uma bandeja com uns 300g de camarão vermelho com casca, congelado, por R$7,00. O legal do camarão vermelho é que ele é grandinho, e dá pra meter no espeto sem lambança. É importante ter casca pra ir pra brasa. E pra ficar com gostinho do camarão frito depois, né? 

É importante que ele esteja congelado, isso por um motivo operacional. Pegue um espeto duplo (pode usar varetinha de madeira também, deve ficar legal). Mexendo na bandeja dos camarões com a mão, você certamente começa a destacar um ou outro. Ele destaca da bandeja, mas continua duro. Aproveite a firmeza do camarão durinho e vá espetando todos, lado a lado, no mesmo sentido. Isso vai fazer toda a diferença na hora de assar. Sapeque sal fino, sem exagerar. Nem precisa se preocupar muito com isso, se ficar sem sal você coloca depois. 



Monta eles que nem criança na fila da escola: todo mundo no mesmo sentido, de um lado e de outro.

Montado o espetinho, manda pra brasa, nem muito no alto, nem muito perto do fogo. Você deve assá-lo, se lembrando de que se trata de uma carne sensível. Sabe quando o mulherio reclama que a gente não tem sensibilidade, e a gente tem que descer da boléia do caminhão e voltar todo cheio de dedos para com a dama? Pois então, trate o camarão assim: como uma donzela. No fim você vai acabar comendo mesmo... 

Coloque o espeto de maneira que fique com os rabinhos pra baixo. Vai assar num minuto, e dá pra notar que o camarão fica mais vermelhinho. Fica atento pra não passar que ele seca. Agora vire pro outro lado, de maneira que ele fique com as costas pra brasa. Deixe mais um pouquinho e tira do espeto, direto pra um prato. Sapeque limão, mas sem dó nenhuma. Experimente o primeiro. Se faltar sal, pode adicionar agora. Acho que você pode espalhar um pouquinho de alho frito, mas como eu não fiz assim, não posso garantir. 

Chame a galera e divirtam-se. Essa receita é bem legal pra ir fazendo enquanto assa um peixe, por exemplo. Como eu sempre digo, não faça a cagada de assar peixe e carne no mesmo churrasco, e isso vale também pro camarão. Entendeu, né? OU carne, OU peixe.

O espetinho de camarão assado na churraca fica muito parecido com o frito, porém mais suave e muito menos gorduroso. A mulherada vai agradecer por isso, e a sua coronária também.

Custo: R$7,00 a bandeja com 300g
Tempo de preparo: 3 latinhas na cozinha, uma na churraca.
Rendimento: a bandeja de 300g encheu o espeto duplo da foto duas vezes. Ou seja: não mata a fome, mas dá bastante.

UPDATE: este post vale uma breja em dedicação a todos os amigos que fiz em Bertioga. Gil, Vandras, Guê, Gustavinho, Lígia, Joinha... tenho muito orgulho de tê-los ao meu lado até hoje.

Espetinho de contra filé

Eu sou paulista. E tenho uma constatação a fazer: paulista é mesmo um povo sacaneado Brasil afora. No país todo, as mulheres andam no banco de trás do carro, mas quando isso acontece, sempre tem um pra chamar de "carro de paulista". Fogo, viu. O brasileiro, esse fanfarrão, sacaneia do nosso sotaque, diz que a gente fala "orra, meu". Mentira, a gente não fala assim, não. Aí vem o Faustão, aquele babacaço mega-chato de todo domingo e fala na TV: "Oooooorra meu, ô loco!". Pãtz, aí não tem jeito.. A gente acaba virando personagem do Caceta & Planeta, do Hermes e Renato, da revista Mad e, se vacilar, até da Turma do Didi.

Pois hoje este blog mergulha de cabeça na paulicéia pra falar de um tipo de churrasco tipicamente nosso: O espetinho. 

É, além dos carros, do maldito apresentador dominical e do sotaque, dizem por aí que churrasco de espetinho também é coisa de paulista. E nós vamos provar pra esse país inteiro que a gente pode fazer um simples espetinho surpreender gaúcho, mineiro, grego e troiano. 

Observação de cunho pessoal e instransferível: Pensando pelo lado churrasquístico da coisa, eu queria mesmo era morar no pantanal, que nem na novela. O cara acorda, abre a porta do quintal e encontra 3 mil cabeças de gado. Arreia o cavalo, escolhe uma, mata e corta. Faz um tapete com a pele, um berrante com o chifre, uma garrafa de pinga com a pata, um espanador com o rabo, separa cuidadosamente o contra-filé e ainda sobram 800 kg de carne. 

Seria legal, mas eu não sou de lá. Carne, aqui, só no açougue. E se você também não tá no pantanal, seu pai não tem um avião, seu quintal não vai até o horizonte e o tudo o que você sabe de lá é que a Juma Marruá vira onça e dá um puta trabalho quando isso acontece , dirija-se até o açougue mais próximo e peça 1kg de contra-filé cortado em bifes bem grossos, de 2 dedos de espesura. 

Vamos à receita. Como espeto, utilizei aqueles de bambu que vende no supermercado. Mas você pode arrepiar na criatividade e espetar no palito de dente, vareta de pipa, antena de carro, qualquer coisa. 

Corte o contra-filé em cubinhos, pouco maiores do que um dado do Banco Imobiliário. Se você teve infância, sabe do que eu tou falando. A carne já está em bife mesmo, fica fácil cortar em cubinhos. Se der, limpe a gordura, que às vezes vem cheia de nervos, que endurecem com o calor. Na hora de comprar o bifão, escolha uma peça mais limpinha que não dá erro.

Arruma uma cebola grande. Descasca ela. Corta em 4 pedaços e vai desmontando ela. Esses pedaços que ficam você vai utilizar pra montar o espeto.

Tenha em mãos um punhado de um tal tomate-cereja, que chamaremos, pois, de tomate-cer(v)eja. Acho que fica mais bacana, faz parte do nosso estilo. O tomate-cer(v)eja é um tomatinho do playmobil, bem pequeno, do tamanho de uma bola de gude. Putz, a ana maria braga vai lavar a égua se souber que fiz churrasco com uma fruta.  Bom, corte os tomates-cer(v)eja no meio. Isso vai fazer todo o sentido na hora de montar o espeto, e você vai entender porque o escriba deste pergaminho lançou mão de tão controverso ingrediente.

Jogue todo mundo: a carne em cubos, a cebola desmontada e os tomates pela metade dentro de um pote grande. Não esqueça que você tem 1kg de carne e você vai ter que mexer, então o pote tem que ser grande. Joga lá dentro aproximadamente uma xícara de café de um bom azeite. Já falamos que o azeite vem da oliva, que vem da oliveira, que deu a Luma de Oliveira, e não precisamos mais falar disso, ok?


Taí todo mundo querendo ir pra grelha. Mistura tudo e espeta. simples assim.

Uma vez o azeite lá, é a vez do orégano. Jogue-o no pote, juntoda carne, da cebola, do tomate-cer(v)eja e do azeite. Não precisa por muito, é como se você estivesse temperando um sanduíche. 

Ponha sal com a cautela que Deus lhe deu. Utilizei sal fino, mas acho que com sal grosso deve funcionar bem.

Agora vem o pulo do gato: Jogue, sobre tudo o que já tá lá dentro, mostarda escura. Pra se certificar, gaste um real a mais e compre uma mostarda de qualidade. Quanto melhores os seus ingredientes, melhor fica a comida, naturalmente. Jogue com parcimônia, já que a mostarda preta tem um sabor forte.

Com uma colher de pau, misture tudo. O cheiro que vai subir vai te enlouquecer, mas não se esqueça: ainda não é a hora de comer a carne, convém assá-la primeiro.

Bom, passado isto, chegou a hora de montar os espetos. É como brincar de Lego, só que suja a mão e você come depois. Espete na sequencia: cebola, carne, tomate, cebola. O tomate, cortado ao meio, deve ficar com o lado aberto diretamente encostado na carne. Isso tem um  porquê: o tomate pegou o tempeiro no meio dele. O tomate perde água quando aquecido. Essa água vai direto pra carne. Já imaginou o que acontece, né?




O espeto ainda fica estiloso, as gatas piram!

Fiz 1kg de espetos aqui e consegui fazer 2 churrascos. Uma das coisas que notei, é que o legal é colocar os espetinhos perto do fogo forte, e virar sempre pra assar por igual. Quando a carne ficar branca e nitidamente molhada, já tá legal pra comer. Não deixe passar, porque a carne seca e não fica tão batuta. 


Um quilo de contra-filé deu tudo isso de espeto.

Na hora de servir, faça como quiser. Tire dos espetos e sirva tudo separado, um espeto pra cada um, pouco importa. O que vale mesmo é que essa carne fica saborosíssima, e muito cheirosa. E fica pronta rapidão, no caso de receber um monte de gente em casa, você pode perder um tempo preparando antes, mas sai rápido e todo mundo adora.

Experimenta, faz esse espeto. Depois quero ver quem é que vai sacanear o nosso sotaque. Orra, meu!!

Custo: 13 cruzeiros o quilo de contra-filé, 2,50 os tomates e o resto é irrisório.
Rendimento: Uns 10 espetinhos, que alimentam 5 cabras da peste.
Tempo de preparo: 3 latinhas na cozinha, uma na churraca.