Kit Maturatta no twitter!

Churrasqueiros e churrasqueiras!!

Quem se lembra do caso antigo da Maturatta? Se você não lembra, senta que lá vem a história: A gente tava aqui cabreiro se a tal Maturatta era maturada ou não, e ficou todo mundo boiando, mais firme que geléia na boca de banguela, quando de repente o gerente de marketing da Friboi chegou chutando bundas e salvou o dia, confirmando que a carne era sim maturada, e que queria ver quem era macho aqui pra duvidar dele, e que se duvidasse era bom dormir de olho aberto e coisa e tal. Gerente bom, esse. Gosto de gente assim.

Mas vamos lá, o motivo deste post não é, exatamente, o gerente, mas sim, a própria Maturatta.

Fui procurado, hoje, pela agência que cuida do marketchim online da Maturatta. A sagaz garota com quem interagi (limpe estes pensamentos impuros a respeito da moça) me contou que haveria um concurso via Twitter, que iria sortear um kit bacanudo e me pediu uma forcinha pra divulgar.

E como eu sei que os leitores desta espelunca são batutas, espertos e matreiros, logo pensei: bora lá contar pra todo mundo!

E assim procedi, ou melhor, estou procedendo.

O concurso é simples: você segue os caras no twitter http://twitter.com/EuAmoChurrasco.
Ok, eu também amo churrasco, então vamos ao próximo passo.

Agora que você seguiu, basta dar um RT do tweet da promoção que você tá dentro. Amanhã, ao meio dia, na ceilândia em frente ao lote 14 que é pra lá que eu vou [/joao de santo cristo] vai rolar o sorteio.

O kit é esse aqui:

Tem avental pra você não sujar a roupa surrada, 4 pratos pra mulherada (homem come com a mão) e 3 copos shot pra você fazer aquele vira de tequila com os amigos, ficar bêbado e dar trabalho pra família toda.

Se algum leitor daqui ganhar, tou confiando que divida, pelo menos, o shot de tequila comigo.

Ah, e pros mais puritanos: eu não estou ganhando nada da agência e nem da maturatta por isso. Embora não ache uma má idéia o pessoal de lá mandar umas picanhas aqui pra casa.

Gerentão, #fikdik.

UPDATE: A promoção já acabou, ja teve ganhador e se foi daqui, quero o meu shot de tequila. 

Sonho de uma noite de verão

Não, caro leitor. Não é o que você está pensando, e nem o que o título está dizendo. O embrutecido escriba deste mal cuidado boteco não emboiolou-se, e muito menos encarnou a porção lusitana do seu sobrenome utilizando-a para abrir uma padaria. Isto aqui não é uma receita de doce, muito menos de um doce duvidoso com o nome de sonho. Muito embora nós, por aqui, apreciemos muito um açúcar quando, porventura, submetemos nossa corrente sanguínea à exposição maciça ao álcool. Nada disso, isso aqui é um relato de um sonho.

Tal e qual Raulzito, o eterno maluco beleza, preciso lhes dizer que esta noite, eu tive um sonho, de sonhador. Maluco que sou eu sonhei com o dia em que a Terra parou. Não, não, volta tudo. Essa é a letra da música. Mas olha, te conto: no meu sonho, só não parou a Terra, porque todo o resto aconteceu.

Vamos começar com um flash-back, pra você começar a captar as mensagens que o meu cérebro, de maneira bastante fanfarrona e irresponsável, me madou esta noite.

Estávamos eu e a patroa, acomodados no sofá da sala, a acompanhar as notícias do jornal da globo, com william waack e christiane pelajo. Espero que a patroa não leia isto, mas tenho que admitir que, não raro, o decote da âncora se apresentava muito mais interessante do que qualquer notícia.



- Ouvi falar que o pessoal do gato na grelha adora o meu jornal!
- Manda um beijo pra maminha, dona Christiane!

Tentemos deixar de lado a nossa querida apresentadora e voltemos às notícias. Uma das reportagens da noite tratava do nosso folclórico presidente, o cidadão mais alegre, folião e fanfarrão que habita estas maravilhas tropicais, um companheiro que tratamos por presidente, mas chamamos de Lula. Calma que você já vai entender o que ele tem a ver com a história.
Antes, um adendo sobre política: Eu não votei no lula, não pretendo tomar partido sobre ele e muito menos sobre nenhuma posição política ou ideológica, e isso aqui é um blog de churrasco, e não um blog sobre política. Portanto, se pretende continuar a ler este post, esqueça toda a sua valorosa bagagem política e guarde isso pra você, e entenda que neste blog, tirando a ana maria braga, todo mundo é igual e merece ser respeitado. Até o presidente Lula!
Bom, nosso festeiro presidente vestia um macacão da petrobras e inaugurava a primeira usina flex do mundo. Entenda como usina flex aquela que é capaz de operar queimando gás natural, ou álcool. E mesmo que o álcool custe 3x mais do que o gás e cause um sério problema ambiental na sua produção, eles fizeram isso. E o presida tava lá, de capacete no coco e nove dedos na mão; pronto pra apertar o botão que ia fazer a usina inteira operar no álcool. Afinal, tanto nós quando ele, sabemos o que fazer quando o negócio é operar no álcool, não?

Nesse momento, o que me chamou a atenção foi a alegria do homem ao girar a válvula da usina. O presidente, ali, se sentia em casa. Presta atenção, amigo leitor, como o nosso presida se sente sempre muito mais à vontade abrindo válvula, batendo prego e acariciando cabeça de bode do que nos eventos da ONU e representando o país. Mas isso é assunto pra outro post que, certamente, não será escrito aqui.

Ok, o jornal acabou, christiane pelajo foi dormir, assisti lost e também fui. Não com ela. Não toquemos mais neste assunto, a patroa pode não gostar.

Pois aquele que toma cerveja sofre de uma maldição: aquela que nos faz acordar todos os dias às 6 da manhã, só pra aliviar a bexiga, e depois voltar à dormir. Assim aconteceu, acordei às 6, mijei e voltei pra cama. Geralmente, nessa dormida pós-mijada é que eu tenho os sonhos mais bizarros. Vamos direto a ele. Na tela!

Bom, sonho é assim mesmo, a gente não lembra muito os porquês das coisas, mas elas acontecem. Então, entenda que isso aqui não é uma novela do manoel carlos, é um sonho, e bastante disconexo. Feche seus olhos e leia as próximas linhas. Ok, pode deixar um olho aberto, mas vê se finge direito.

Eu estava na frente de uma casa comum, com aquela cara de casa da vó: portão baixinho, muro coberto de paralelepípedo, fusca na garagem... conversando livremente com o Lula. Isso mesmo, eu e o presida. Se coloca no meu lugar, amigo. O que você perguntaria pra ele? Só pensando no esquema do mensalão, eu consigo imaginar um monte delas, mas meu assunto foi um só:

- Taí o nosso presida, o homem que tem um churrasqueiro próprio... E aí, Lula, que tal aquela costela?
Outro adendo: não sei onde está o vídeo hoje, mas se você é um leitor minimamente informado, viu o vídeo onde o churrasqueiro do lula sacava da churraca uma belíssima, belíssima peça de costela bovina. Admito que isso me encheu de água na boca, na época.
Voltamos ao diálogo:

- Daniel, sabe que aquela foi uma baita cagada que eu fiz?
- É mesmo, presida? Por que?
- Porque aquela costela é receita minha, eu só chamei aquele cara pra fazer e isso caiu na mídia. Um saco!
- Olha, e parecia apetitosa! O que tem na tal costela, seu Presidente?
- Ôooo... Marisa!! Traz um pedaço daquela costela pro menino aqui.

E nessa, a dona marisa, a nossa primeira-dama, vinha de dentro da primeira-casa, com uma primeira-bandeja onde continha uma primeira-costela. E eu experimentei. E a costela do lula era simplesmente maravilhosa. Eu não conseguia acreditar como aquela costela que eu conheço tão bem conseguia ficar tão gostosa. Perguntei a ele qual o segredo da costela presidencial:

- Ô, vossa excelência, qual o segredo dessa delícia?
- Seguinte, companheiro blogueiro: A costela tem uma camada de alecrim em cima dela.. O alecrim perde líquido e faz essa camada cremosa no alto da costela.
- Uau, nunca pensei em jogar alecrim na costela bovina!

Bom, experimentei mais alguns pedaços, deu vontade de mijar de novo, eu acordei e não mais sonhei.

Mas ficou a pulga atrás da orelha, na cueca e no rabo do cachorro: Porque diabos alecrim? Não consigo imaginar uma receita de costela de vaca com alecrim.

Algum leitor aí já experimentou?

Mas o que mais me preocupou nem foi isso. Partindo do princípio que os sonhos podem ser avisos do subconsciente para a gente, que diabos fazia um fusca na garagem da casa do presidente?

Ainda bem que tem a christiane pelajo pra me dizer "Boa Noite" daqui a pouquinho :-)

As carvoarias e o trabalho escravo - final

Aqui não tem datena, milton neves nem alborghetti, mas o nosso compromisso é com a verdade. E foi por isso mesmo que fomos lá cutucar o pessoal do Carvão São José, por conta daquela tal lista do trabalho escravo que o Ministério do Trabalho divulgou na internet.

Se você perdeu as cenas dos últimos capítulos, fazemos logo abaixo um resumão da coisa:


  1. Descubro uma lista da MT com empresas pegas com trabalhadores em escravidão;
  2. Acho na lista o nome "Carvão São José", homônimo ao carvão que mais compro pros meus churrascos;
  3. Confiro o CNPJ divulgado com o existente no saco de carvão - não são iguais;
  4. Pergunto ao Carvão São José, aquele que eu costumo comprar, se são eles mesmos;
  5. Recebo a resposta.
Pois é, recebi a resposta do pessoal do Carvão São José. Confesso que me deu um frio na barriga quando o e-mail pingou aqui na minha caixa de entrada. E foi com o focinho baixo que abri a mensagem e comecei a ler o texto.

Foi quando os sinos tocaram, o céu se abriu e abriram-se as portas da esperança: eu recebi a resposta que, honestamente, eu esperava.

A resposta foi rápida e esclarecedora. Trata-se de uma infeliz, muito infeliz coincidência. O Carvão São José que conhecemos nada tem a ver com tal carvoaria homônima e sem-vergonha no que tange o trato com os trabalhadores. O Carvão São José que conhecemos produz seu carvão no interior de SP há mais de 50 anos, e todo o processo que acontece desde a sementinha de eucalipto até a brasa vermelhinha debaixo da nossa carne ocorre dentro do script das coisas mais batutas e bacanas.

Tirando a parte do "debaixo da nossa carne", porque você pode ter lido uma receita de picanha com figo no site da ana maria braga, e aí, amigo... o carvão vale mais que a carne.

Fica aqui nosso mais sincero agradecimento ao José Roberto de Freitas Veríssimo, que nos prestou o devido esclarecimento em nome do Carvão São José.

Fica, também, registrado o nosso alívio. Afinal, Carvão São José, nós gostamos de você.

Abaixo, o e-mail que recebi com a reconfortante resposta:

Daniel,boa tarde


Com certeza,trata-se de uma infeliz coincidencia,pois nossa produção de carvão esta localizada no interior de São Paulo há mais de 50 anos,onde trabalhamos apenas com floresta de eucalipto sustentável e não damos empregos à menores de idade.


Agradecemos a preferencia pelo nosso produto e desculpa pela demora da resposta,um abç



José Roberto de Freitas Veríssimo

Sendo assim, o Repórter na Grelha finaliza mais essa história com um final feliz.

Acesse: www.carvaosaojose.com.br

As carvoarias e o trabalho escravo - 2 parte

Não vou ficar me alongando muito neste post, pois este está aqui apenas pra registrar que, até agora, não obtive nenhuma resposta do pessoal do Carvão São José.

Fico realmente receoso com este silêncio, que me leva a crer que:
1 -  O Fale Conosco do site deles não presta, pois o e-mail chega, e não tem ninguém pra responder;
2 - Os caras não tem uma resposta pra me dar, o que me entristece demais.

Continuo acreditando que se trata de uma infeliz coincidência. Mas, se a empresa não se defende, não sou eu que vou botar a cara a tapa e fazer qualquer tipo de defesa.

A pulga tá atrás da orelha. E no domingão tem o aniversário de 4 anos do meu filhote, com churras em casa. Ainda não decidi se vou comprar carvão são josé ou não.

As carvoarias e o trabalho escravo

Olha, não tem sacanagem maior que se pode fazer com um trabalhador, do que escravizá-lo. Você tem aí o seu emprego, tem patrão, responsabilidades, méritos e deméritos? Pois é, eu também. Com a exceção do patrão que eu realmente não tenho, mas tenho clientes e olha: eles dão trabalho. Chega a me dar saudades do patrão, viu? Enfim, o que importa é que todos aqui temos relações de trabalho.

Mas o que rege essa relação? Uma coisa bem simples chamada troca. Funciona bem assim: Você dá a sua força de trabalho em troca de dinheiro. Grana, bufunfa, cascalho, dindin e daí por diante. O motorista do trator pilota o bicho pra dentro do buraco em troca de algum dinheiro. O piloto de jato aperta botão, move alavanca e fala com a torre de controle em troca de dinheiro. Até aquelas donzelas acaloradas que acham todo mundo bonito também dão a sua força de trabalho em troca de dinheiro. A força de trabalho e mais alguma coisa, mas isso não vem ao caso.

Mas tem gente nesse país (aliás, nem só neste, porque a safadeza faz parte da natureza porca humana) que não curte muito essa coisa de pagar pelo trabalho dos outros. E não tou falando de chefe muquirana, não. Você ganha pouco, tá insatisfeito com o teu salário? Pode ser uma situação ruim, mas você aceitou aquele acordo, e, enquanto teu salário tá sendo pago, existe um acordo em curso, sendo cumprido por ambas as partes. Você pode exercer o direito de pular fora e trabalhar na horta do vizinho, que é sempre mais verde :-) ou tem o direito de ficar vendo TV em casa. Assim como tem o direito de fazer corpo mole e tomar uma justa causa. Tá tudo na regra.

Acontece que não é desse tipo de relação estamos falando. O assunto aqui é trabalho escravo, aquele que o empregador não te paga nada, te esfola, te prende e você ainda fica endividado. Essa é uma das maiores sacanagens humanas, e, infelizmente, tem bastante gente por aí que ainda tem a mentalidade retrógrada de achar que tem o direito de sair por aí escravizando gente simples, pobre e que não tem recursos culturais ou intelectuais pra se defender.

Aí o mais astuto dos leitores me pergunta: "Mas meu caro, o que esse papo de escravo tem a ver com as nossas saborosas carninhas na grelha?" e eu respondo: "Meu caro leitor, já parou pra pensar de onde vem o carvão que nós alegremente depositamos em nossas churrasqueiras?".

Fiquei sabendo, hoje, que o Ministério do Trabalho havia criado uma lista, chamada Lista Suja, onde eles divulgam aqueles que foram pegos mantendo trabalhadores em situação de escravidão. Belíssima iniciativa, não? Pois fui lá eu, curioso como uma marmota (?), averiguar a tal lista.

Foi quando levei um susto, daqueles de borrar a cueca, arrepiar o cabelo e doer a cárie do dente: figurava na lista o nome de uma carvoaria, cujo nome é idêntico a uma das melhores marcas de carvão que conheço: o Carvão São José.

Mas como?? Não conseguia acreditar, até que me lembrei que eu tenho, neste exato momento, um saco de tal carvão aqui. Conferi e tenho algumas observações a fazer:

  1. O CNPJ descrito no saco do carvão não é o mesmo que consta na lista. Pode não ser a mesma empresa, como pode ser. Uma empresa pode ter um CNPJ para a matriz, e outro para a filial;
  2. A lista está aqui;
  3. São José é um nome deveras comum, não acham? Podemos ter aí uma injusta e infeliz coincidência;
  4. No site do MT, não fica muito claro se as empresas foram somente autuadas, ou se foram julgadas e condenadas. Portanto, muito cuidado ao fazer juízo delas;
  5. O MT atualiza a lista com frequencia, inserindo e retirando nomes e empresas. Vale a pena conferir a lista sempre.
Bom, seguindo o mesmo comportamento que nos levou a descobrir que as carnes Maturatta, da Friboi, são mesmo maturadas, aproveito este nobre momento para despir-me do avental de churrasqueiro, largar a cerveja e adentrar a cabine telefônica mais próxima para me transformar no super-herói dos churrasqueiros oprimidos, o invencível REPÓRTER NA GRELHA!!!

Pois assim procedendo, enviei um e-mail ao Fale Conosco do Carvão São José que nós conhecemos solicitando um esclarecimento, e abrindo este canal de comunicação para a empresa.


O e-mail que enviei foi este aqui:


Olá!




Escrevo regularmente num blog sobre receitas de churrasco, além de ser consumidor voraz do carvão, que considero um dos melhores à venda na minha região (São Paulo).
Porém, numa conversa via e-mail com um dos leitores, fiquei sabendo da "lista suja" do Ministério do Trabalho, que cita uma empresa chamada "Carvão São José" como acusada de se beneficiar do trabalho escravo no município de Brejo Grande do Araguaia, PA.
Como consumidor do produto e simpatizante da marca, me assustei com a informação, e corri para tentar averiguá-la. Com um saco do carvão em mãos, pude notar que o CNPJ não é o mesmo que consta na lista do MT.
Minha dúvida é: trata-se de outra carvoaria com o mesmo nome, ou o Carvão São José é a mesma empresa que consta na lista?
Gostaria de levar a informação aos meus leitores de forma isenta porém informativa, seja ela qual for. Creio que, ao se tratar de uma infeliz coincidência, esta pode ser uma ótima oportunidade de esclarecer os fatos.
Muito obrigado Daniel Rodrigues http://deitadonagrelha.blogspot.com



Vamos aguardar a resposta, esperando, sinceramente, que se trate de outra empresa. Sou um voraz consumidor do carvão São José, seria muito triste receber uma notícia negativa deles.

Costelinha ao molho Barbecue

Amigo, segura firme na latinha de breja mais próxima de você, porque essa receita é de lavar a purpurina da globeleza (é, acabei de assistir à primeira vinheta de carnaval na tv. Apartir de agora, prepare a sua paciência pra toda sorte de sambas-enredo tocando desgovernadamente na tela da sua televisão).

Olha, eu sempre tive um pé atrás com o tal molho barbecue. Mesmo com o pessoal insistindo que a costelinha de porco com barbecue era uma maravilha e tal e coisa. Mas pude descobrir, da melhor maneira possível, que isso só se deve ao fato do mau uso que se faz desta iguaria. Vou explicar melhor:

Você adora batatas fritas onduladas, certo? Sim, eu adoro. Aí, o criativo fabricante da batata frita ondulada inventa uma maneira de vender mais batata, digo, melhorar a sua batata e te pergunta: "Caro consumidor, qual o sabor que mais lhe agrada?", e você responde: "Olha, eu gosto bastante de churrasco, viu, seu fabricante!". E o sabichão enche a batata de cheiro de barbecue, e com toda a sua genialidade, estraga a batata e te engana dizendo que aquilo é de churrasco. Fica terrível, não sei como as empresas ainda insistem nisso.

Ouve isso, amigo fabricante de comida: não faça isso, deixe o molho barbecue em paz, e pare de estragar a sua reputação.

Até que chegou o natal, e como eu fui um bom menino esse ano e comi toda a minha comida, o papai noel me trouxe um brinquedinho, que fatalmente vai agregar muito aos meus churrascos, e acredito que até aos seus, porque pretendo fazer todas as receitas saborosas do livro, transcrevendo-as desse jeito, como toda a delicadeza e finesse que marcam a linha editorial desta espelunca.

Logo na primeira leitura, havia um peito de boi com molho barbecue. Muito legal, mas decidi aproveitar o molho pra lambrecar alegremente uma costelinha de porco.

O mais batuta é que o preparo dessa iguaria é ridiculamente rápido e simples, vai por mim, que você não tem como errar. Além de economizar um caminhão de dinheiro, porque esses melhos prontos, além de serem bem piores do que o caseiro, custam os olhos da cara.

Recomendo que dirija este esqueleto surrado até o mercado mais próximo e adquira um belo tubo de catchup. Esta receita utiliza tal condimento em proporções estrondosas, e todos nós sabemos que a coisa pode ficar preta pro seu lado se a patroa quiser mandar um hotdog pras crianças e descobrir que o figurão aí torrou todo o catchup da casa no molho. Mesmo que ela também tenha se lambuzado no churrasco, ela vai te ferrar. Se você tem uma mulher em casa, sabe que vai. Se não tem, lembre disso quando tiver.

Vamos lá, começamos pela costela. Ela deve ir pra churraca antes do molho, portanto, você ganha um tempinho pra ir preparando o molho.

Basicamente, você deve providenciar uma peça de uns 2,5kg de costela de porco, de preferência inteira, ou seja, sem ter sido cortada em ripas. Faz menos lambança.

Passe um pouco de pimenta do reino sobre ela, despeje sal grosso (despeje com moderação) e manda o porquinho pra churraca com os ossinhos pra baixo, tomando o único cuidado de não deixar as chamas encostarem na costela. É fácil, tenho certeza de que vai conseguir.

Agora, corre pra panela. De preferência uma pequena, pra não ficar muito raso. Jogue lá dentro o correspondente a, mais ou menos, meia lata de breja, só que de catchup. Isso deve dar uns 200ml. Não use catchup picante, você mesmo vai apimentar a sua receita depois.

Bom, agora despeje na panela, uma boa golada de vinagre branco. Se você tiver aí um vinagre de maçã, manda bala. Se, assim como eu, não encontrou essa raridade em nenhum dos mercados do universo, use qualquer vinagre que seja claro. Nem preciso explicar que você deve fugir daqueles vinagres temperados e outras baboseiras, ok? Beleza, vamos ao próximo passo.

Dê uma colherada moderada num tempero chamado "Páprica doce". Fica esperto, porque existe uma tal páprica picante, e não é ela que você tem que usar. Sapeque a páprica doce na panela.

Agora, coloque a mesma quantidade de pimenta do reino. Mas fique com a pimenta do reino por perto, pode ser que você precise dela lá na frente.

Coloque na panela uma quantidade generosa de cominho. Conhece o cominho? Te conto quem é o cara: é um tempero que vende no mercado, e é ele que vai dar todo o gosto legal pro Barbecue. Uma dica legal é abrir o tempero, dar uma bela cheirada na embalagem. Você vai reconhecer o cheirinho do BBQ ali. Isso vai te ajudar a ir temperando sem exagerar, e sem faltar.

Pra variar um pouco, jogue um pouquinho de sal grosso. Nem precisa ser muito, uma salpicada só.

Vamos entrar numa parte complicada da receita. Moralmente complicada. Imagina um camarada andando na rua com uma camisa do Palmeiras de um lado, e do curintia do outro. Poderíamos denominar este cara como um cidadão controverso. Ou xarope, mas continuemos com a receita.

Você acabou de adicionar um teco de sal na receita, pois então chegou a hora de mandar o bom senso pro alto e mandar logo umas 5 colheres de açucar mascavo, que é um açucar menos doce, meio marrom, feito pra fazer doces especiais.

A função desse açucar é, além do sabor, dar a textura de caramelo do BBQ. Vai por mim, funciona.

Agora acende o fogo debaixo da panela. Não deixa o fogo muito alto porque pode torrar a sua receita. Você deve ficar mexendo o tempo todo com uma colher de pau. Com a colher, e não com... bom, deixa pra lá, você entendeu.

O milagre acontece rapidinho. O vinagre evapora primeiro, e faz um cheiro ruim pra caramba. Assim que o cheiro ruim passa, você começa a pirar no cheiro bom que vem da panela. Isso acontece, porque os temperos são bastante cheirosos, e o açucar começa a derreter, engrossando o caldo todo. Muito bom, continue mexendo.

Tenha em mãos um vidro de pimenta "Tabasco". No meu caso, utilizei a pimenta Tabasco verde.

O processo é muito rápido, não fique enrolando por aí. Você vai mexendo, e de vez em quando passa o dedo na colher pra sentir o sabor. Vá jogando uns golinhos de Tabasco, até o molho ficar meio picante, meio doce. Isso se chama "agridoce".

Hora que estiver saboroso, tá pronto o seu molho. Voltemos à costela, que já estava no fogo e, a essa altura do campeonato, já deve estar meio assada.

Passe uma bela camada de molho sobre a costela. Essa é a parte mais legal da brincadeira. Lambuze aquele treco lá, até a costela inteira ficar melada. Só tome o cuidado de guardar um pouco do molho. Tome uma latinha de cerveja enquanto deixa o molho "entrar" na carne.  Cerveja terminada, vire a costela com a parte da carne e do molho pra baixo, pra queimar mesmo.

O lance é que o fogo faz uma casquinha sobre a costela, por conta do açucar que tem no molho. Quando estiver meio sequinho, e a costela estiver com aquela cara de pronta, tire e picote em ripas.

O que sobrou do molho, deixe num pote perto da churrasqueira, pra que as pessoas possam chuchar os pedaços lá à vontade.

É uma receita muito gostosa, que todo mundo gosta e te ajuda a recuperar a auto-estima do molho Barbecue, surrada pela ganância dos fabricantes de batata frita ondulada e outras porcarias industrializadas.




O detergente que saiu na foto não deve ser adicionado à receita, ok?



Note que preparei a minha utilizando uma fabulosa... churrasqueira elétrica!


A peça toda, depois de lambuzada.



Esse foi o pedaço que foi parar na minha mão. Hora de meter os dentes!


Gato na Grelha apaga as velinhas

Começo este post com aquele clima de comemoração. E não é só porque eu estou de férias. Também não é só porque eu estou saboreando uma deliciosa ampola de felicidade que responde pelo nome de cerveja. Também nem é pelo fato desta saborosa latinha de alegria não ter sido a primeira (e muito menos a última) de hoje.

O clima de comemoração é porque me lembrei de uma coisa bastante importante.

Ontem, estava eu vagabundamente fazendo um churrasquinho na casa de um amigo, quando conversávamos sobre carnes, cervejas e amenidades, exatamente como fazíamos há exatamente um ano atrás. Opa, aí que me caiu a ficha.

A idéia pra começar a escrever neste blog nasceu na casa deste mesmo amigo, durante um churrasco, com a cara repleta de cerveja, exatamente no dia 2 de janeiro de 2009. Portanto, estas mal-escritas linhas apagaram ontem as suas primeiras velinhas. Na verdade não apagaram, porque o escriba de tais linhas esquecera a data, lembrando apenas no dia seguinte, ou seja: hoje.

Sendo assim, abra uma cerveja AGORA e brindemos às porcarias que são lidas neste lugar, os comentários sempre edificantes dos leitores, e principalmente, às saborosas carnes e demais receitas que experimentamos com as dicas que trocamos por aqui.

Agradeço pessoalmente a cada um dos 40.721 visitantes que acessaram o blog desde que comecei a medir a audiência, e especialmente aos que participam aqui ativamente, comentando, trocando dicas e informações.

Ah, e recomendamos ao mais emotivo leitor que enxugue as lágrimas, engula esse choro e vá lavar este rosto porque a gente não tá aqui pra aguentar choradeira de marmanjo. Acende logo essa churraca que passa :-)