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Sob nova direção


Já começo este post no melhor estilo Gato na Grelha, que você já conhece desde os idos de 2009: mentindo. Aqui a coisa funciona assim: a gente mente na cara dura e você que se amalandre pra não cair na nossa conversa.

A parada é que não tem nada aqui sob nova direção. Esta porcaria tem dono e vocês vão ter que me engolir [\zagallo]. Um dono malemolentemente relapso, mas tem um dono.

Isso aqui é praticamente um cachorro de mendigo: tá mal cuidado, tá pulguento, tá com fome, toma chuva e dorme no papelão, mas não larga o dorme-sujo de jeito nenhum. E por muito mais de 10 anos esse pulguento aqui tem perambulado atrás de mim, pedindo um pouco de atenção e um osso de galinha de vez em quando.

Logo, eu e essa casa muito engraçada sem teto e sem nada nos amamos. Aí essa coisa toda de amor escoando pelas ventas me coloca numa situação decerto delicada. Porque eu amo isso aqui.

Aí você, o mais amado dos leitores, vem até aqui e lê as mal colocadas colocações que escrevo sem o menor compromisso com o bom português. Nem com a verdade.

E quando você lê o Gato na Grelha, o Gato na grelha te ama. O cachorro, no caso, é o Gato na Grelha. Gosto de acreditar que tenha exercitado esse seu neurônio malfalado nos ultimos 10 anos e esteja entendendo o meu pensamento.

Só que se eu amo o Gato na Grelha e o Gato na Grelha te ama, eu fico com ciúmes de você.

De você e de outros dois milhões, cento e nove mil, quatrocentos e setenta e cinco outras pessoas. Tomei este susto quando vi as estatísticas do blog nesta linda manhã de domingo. 

O que me coloca numa situaçõa mais delicada ainda.

E pensando em mulheres, dinheiro e iate servir bem pra servir sempre, aliado a um conjunto de fatores tranquilos e favoráveis, me fizeram sentir vontade de despejar meus mais desconexos pensamentos gastronômicos aqui novamente. E aqui estamos de volta.

Antes de entender porque voltamos, seria justo que gente mentirosa como nós aproveitássemos o sublime momento pra  expor alguns fatos. E lá vão eles:

- Eu escrevia aqui com bastante frequencia, porque eu tinha uma vida e uma rotina bastante propícias para isso.

- Só que a minha vida, nem sempre sob meu comando navegou por mares nunca dantes navegados e aí ficou impossível dar andamento a esta nada nobre obra literária.

- Churrasco, pra mim, virou raridade. Escrever sobre churrasco, então... nem em sonho.

Como deve se portar todo mendigo de bem, continuei me alimentando mal e fazendo uso abusivo de álcool e outras substâncias que se encontram à venda em todo boteco porco que se preze.

E o excesso de cerveja vagabunda, torresmo, ovo rosa, bolovo e salsicha à milanesa me deixaram doente.

Doente pra caraio. E essa parte aqui não é mentira não.

Fiquei doente de ficar amigo do enfermeiro da UTI. De saber o número do prontuário de cor. De saber nome de remédio além da Dipirona. De se ferrar grandão.

De fazer um transplante de fígado.

Isso não é mentira. Aqui a gente mente a rodo, mas sempre avisa quando tá mentindo. 

Então este que vos escreve é um ser sem dinheiro, sem moral e que não é dono nem do próprio fígado.

Se você acha que dá pra manter amizade com gente assim, continua aqui. Se não confia e se não continar lendo o Gato na Grelha, meu amigo dono do meu fígado vai puxar o seu pé. Esse cara é parceiro, tipo um anjo da guarda só que ao contrário. 

Ele teve a linda e bondosa idéia de avisar a família que gostaria de doar seus órgãos. Eu tava lá na UTI num estado deplorável precisando de um. Batemos um papo legal, assinamos o DUT e agora ambos partilhamos de um fígado semi-novo.

Talvez em posts anteriores eu tenha falado sobre judiar do figão ou algo do tipo. Eu tava falando do outro fígado, tá? Aquele foi pra universidade ser estudado pelos alunos por algum professor que mostra que não se deve fazer cagada com a própria saúde a ponto de seu fígado parecer um pacote de whiskas sachê.

Eu falo bem do meu fígado semi-novo. Meu amigo aqui tem a vaidade dele, né? Sempre bom dar aquela enaltecida nos amigos. Ainda mais um que salvou a sua vida.

Aproveita e fala pra sua família que você também quer doar esse seu corpinho gostoso. Recomendo doar apenas somente após a morte, ok? Mas não perde a chance de fazer alguma coisa que preste e doa isso tudo aí. Você salva umas 8 vidas e fica todo mundo feliz. Menos você que morreu, mas melhor doar do que deixar pra minhoca comer, ok?

Tá dada a dica. 

Voltando ao ponto, eu dizia que a gente - eu e ele, gostamos de loucas aventuras e de meter a cara no fogo. Tem risco? Tou dentro, é o que diz meu parceiro aqui. Como eu também digo, decidimos juntos que era a hora de retomar a vida de churrasqueiros e preparar muita carne e todo tipo de guloseimas pra você.

Como minha vida acabou virando uma democracia onde eu e ele temos que decidir tudo juntos, nós resolvemos mudar algumas diretrizes aqui nesta espelunca.

Vem comigo que eu te conto:

Ana Maria Braga
Outrora muito sacaneada aqui, não mais será. A partir deste momento, dona Ana vira nossa musa, nossa inspiração, nossa Deusa. 

Primeiro que ela virou uma senhorinha e não fica mais inventando sorvete de creme com picanha na TV. Ela se limita a falar - sem mexer a boca - suas mensagens motivacionais toda manhã. 

"ACORDA ALZARENTO ESCOVA ESSES DENTE SENÃO EU TE CUBRO DE PORRADA". Minha mãe era muito mais eficiente em motivar a rapazeada logo pela manhã, mas a dona Ana tá fazendo o melhor que pode. Merece respeito.

Agora falando sério, eu passei perrengues inomináveis no meu transplante, e sei o que é vencer uma doença. ou enfrentar de peito aberto. E a Ana Maria Braga venceu não um, mas DOIS cânceres. E depois de tudo o que eu passei, não posso não apoiar e respeitar uma lutadora assim. 

Respeito define.

Gatos
A vida, esse jumento desembestado ca gente nas costa é um bicho tão dois que eu, que nunca tinha tido gato, agora tenho um monte. E contando.

O principal e queridão aqui é o Whisky. Um gato absolutamente maluco que protagoniza altas fanfarrices numa casa muito louca. Vocês ouvirão muito falar dele.

A irmã dele é a Tequila. Acho que esses nomes dão uma dica de porque eu fiz um transplante de fígado. Enfim. 

A Tequila é uma gatinha linda, gordinha, manhosa e tagarela. Não é louca como o Whisky, mas é louca de outra maneira. Vocês ouvirão falar dela.

Tem o Gerente, um gato que invadiu a minha oficina e resolveu morar lá. O Gerente é um gato barrigudo, vesgo, rabo curto mas muito simpático. Esse vai ser mais presente, uma vez que ele mora onde fica a churrasqueira e às vezes até dorme dentro dela.

Aí no quintal ainda tem a Luna, a Marina, o Frajola, a Pantera e até bem pouco tempo atrás tinha o Cara de Minhoca, que fugiu e nunca mais voltou. Provavelmente atrás de outro mendigo.

Logo, esse blog passa a flertar com o perigo desgovernadamente. Um blog chamado Gato na Grelha, onde a grelha em si vive cercada de gatos.... não vou continuar hahaha.

Quem quer dinheiro?
Durante o perído de ouro deste blog, eu negava todo e qualquer patrocínio pago. 

Um idiota.

Hoje eu vejo que temos mais de 2 milhões de views e já era pra eu estar rico fazendo churrasco nas ilhas Cayman usando nota de cem pra acender o carvão. Mas eu fui burro e continuo pobre.

Então agora vamos ter sim alguns jabás aqui. No mesmo estilo malemolente e sem valores de sempre: se o produto for ruim, a gente desce o pau. 


E pra finalizar, eu não pretendo reescrever coisas antigas daqui. Mas precisamos - todos - ponderar que isso aqui começou a ser escrito em 2009, e muitas regras de comportamento e respeito ao próximo evoluíram, e vejo isso como uma coisa muito positiva.

Sinceramente, preconceito de nenhuma natureza jamais fez parte da minha personalidade, intenções ou ações. Mas hoje, eu não apenas respeito como também defendo ferrenhamente dfierenças e e minorias.

Na real, não deveríamos ser diferentes ou menores. Tudo igual, feito de carne e osso, fazendo cocô e chupando laranja com barulho. 

Na posição de uma pessoa que teve a vida salva por um fígado que veio de um desconhecido, eu me coloco como a última pessoa do planeta a aceitar qualquer tipo de preconceito. 

Afinal, eu não sei quem foi meu doador. Preto, branco, verde, azul, cis, trans, índio, curintiano? Só sei que ele tinha 74 anos e 1,58m. O resto, a lei dos transplantes protege e eu não sei mais nada.

Só que ele fica aqui sussurando aqui no meu ouvido.

Que ele ficou sussurando que era pra eu voltar aqui e desperdiçar o meu mau portugês (com U mesmo) mais uma vez e retomar aquela comunidade tão divertida que criamos. 

Mas tudo com muito, muito respeito.

Doe seus órgãos. E leia o Gato na Grelha :-)

Sejam bem vindos de volta a este antro da pior gastronomia que você vai querer praticar hoje.

É verdade esse bilete.

Como preparar uma picanha invertida, um espetáculo em qualquer churrasco

Merda.

Não, caro leitor. Não estou lamentando a escalação do dunga, nem escolhendo meu candidato para as próximas eleições, e nem tampouco dei uma topada na quina da cama. Até porque, eu estou escrevendo aqui agora, e não creio que seja uma boa prática digitar andando pela casa.

Merda, segundo o gooooooogle, é uma expressão muito utilizada entre artistas de teatro. Fanfarrões, os atores costumam desejar "merda" uns aos outros antes de entrarem em cena, visivelmente camuflando uma vontade iminente de que o companheiro de cena perca um dente, peide em cena ou simplesmente esqueça o texto. Atores gostam disso, sempre faz sucesso depois, nas cenas dos bastidores. Taí o video show que não nos deixa mentir.

Mas que diabos tem a ver esse negócio de merda tem a ver com o nosso combalido Gato na Grelha?

Simples, caro leitor. Eu, o escriba desta merda deste surrado pergaminho, estou lhe desejando MERDA. Muita merda.

Desejo-lhe merda, porque daqui pra frente, o artista é você. Pode liberando esse seu lado toni ramos, pode encarnar a ana maria braga (piada pronta, isso), vista a sua roupa de Freddie Mercury, e tenha parcimônia pra não sair do armário, porque essa carne que vamos fazer aqui é capaz de te colocar nos mais altos patamares da moral que um churrasqueiro pode atingir com a sua platéia.

A picanha invertida é assim: algum afortunado virou uma picanha como uma meia, encheu de coisa dentro, costurou a boquinha dela e mandou pra grelha. Consegue visualizar?

Isso, faça aí o seu exercício de imaginação. Vá imaginando as coisas que eu vou te contando aqui, ok?

Feche os olhos e imagine a Luma de Oliveira pelada, esqueça a picanha e nunca mais abra os olhos.

Abre.
Aaaaaabre.
AAAAABREEEEEEEEE!!!!!
Amigo, sei que a Luma é uma delícia, muito mais gostosa do que qualquer picanha, mas se você não abrir os olhos, não vai conseguir ler o resto da receita, entendeu?

Tá enxergando? Posso continuar? Limpa a remela do canto do olho.

Então, começamos analisando a peça de picanha. Pra fazer essa receita, você não pode usar qualquer picanha não. Ao longo da receita, vou explicando porque. Por enquanto, entenda apenas que a picanha não pode ser muito pequena (menos de 1kg), nem ter muita gordura, e muito menos sujeira na contra-capa. Não sabe o que é sujeira na contra-capa? São aqueles nervos na parte de trás dela.

Ok, de picanha na mão, hora de meter a mão na massa.

O primeiro passo é limpar a picanha. Tire o máximo que puder da capa de gordura da picanha. Normalmente, as picanhas com uma boa capa são bem vindas, mas dessa vez, recomendo deixá-la mais magrinha. Pegue uma faca, cuidado com essa mão e vai retirando lascas da gordura. Ao contrário da Luma, você não deve deixar a picanha pelada, apenas retire o excesso. Um pouco de gordurinha vai fazer bem.

Se você é meio louco como eu, guarde essas lascas de gordura pra fazer linguiça posteriormente. Se você é louco inteiro, pode botar a gordura na grelha, esperar ficar douradinha e mandar a sua coronária pras cucuias. Se você é muito louco mesmo, misture chantilly, uva passa e maionese e saboreie na cozinha da ana maria braga.

- menina, sente o cheirinho dessa gororoba!

Isso mesmo, dona ana. Vai já pra baixo da mesa que a receita aqui é bruta.

Enfim, você tirou bem a gordura da picanha, certo? Ok, vire ela do outro lado, e certifique-se de que ela está limpa. Mas a picanha nem caiu no chão, pergunta-se o auspicioso leitor. Não, amigo, ela não precisa cair na lama e nem andar na boca do cachorro pra estar suja. Se ela tiver nervos, membranas e afins, tá suja. Larga de preguiça, afia a faca e começa a retirar essa caca toda. Isso tudo vai deixar a sua picanha dura. E você não quer servir uma picanha dura num churrasco, quer? Eu não quero, e não quero que você queira. Então engole esse choro e limpa logo esse negócio.

Beleza, de picanha limpa e magra, deite ela na tábua. A sua missão é fazer um corte nela, paralelo à gordura. Difícil explicar sem fotos, porque eu não tirei fotos, pra variar. Então vou ter que improvisar, sente o cheiro de photoshop chegando:

recomendo substituir a tesoura por uma faca.
no photoshop, foi o que deu pra fazer.

O lance é o seguinte, você mete a faca no bucho da picanha, e vai abrindo o corte por dentro. A picanha tem que fica como um envolope, mas tome muito, muito cuidado pra não rasgar as laterais e nem o bico. Use toda a sensibilidade que ouvir Love of My Life na adolescência lhe deu e chegue o mais próximo possível das extremidades, mas sem rasgar a picanha. Se rasgar, esquece que vai dar merda. Não no sentido da sorte, no sentido da merda mesmo.

A picanha vai ficar parecendo uma luva daquelas de cozinha. Aquela, que a gente usa pra tirar as coisas do forno.

E, já que ficou uma luva, meta a mão dentro dela. Isso mesmo, experimente e veja se serve na sua mão.

No meu caso, a mão de raquete do garotão aqui não deu, não. Tive que chamar a patroa e pedir a ela que emprestasse sua doce e delicada mãozinha pra enfiar dentro da picanha. Exatamente por isso que a picanha não pode ser pequena. Senão sua mão não cabe dentro dela. Ou você tem mãozinha do mickey, ou vai ter que comprar uma picanha de mais de 1kg. Vai no açougue, mede a picanha, compara com o tamanho da mão e compra uma decente.

Legal, uma vez que a picanha serviu, literalmente, como uma luva, começa a parte mais difícil: virar a bicha do avesso. O plano é o seguinte: um mete a mão dentro da picanha e tenta trazer o bico dela, enquanto outro empurra o bico pra dentro. Como virar uma meia, com a diferença que você não come a sua meia depois de virar. Pelo menos é o que eu espero.

Assim que o bico entrar, venha virando a picanha com cuidado, bem devagar. Não tenha pressa e não seja um ogro, pois a carne pode ter algum ponto mais frágil nas laterais, e rasgar. Aí, dá merda, conforme explicações anteriores.

na hora de virar, deixamos algum ponto mais frágil na lateral.
na hora abrir, rasgou e o queijo fugiu. Dane-se, ficou bom assim mesmo :-)

Agora tá fácil, você deve recheá-la. Você pode enfiar o que quiser dentro da picanha (não, necessariamente, o que quiser, mente suja do capeta). Recomendo seriamente queijo provolone cortado em cubinhos, com bacon e um pouco de orégano. Mas já vi gente que coloca pimentão, cebola, farofa, enfim, um monte de coisa. Minha próxima receita vai ser com catupiry e ervas. Ou seja: use a imaginação. Se você não tem imaginação, encha a picanha com provolone e bacon que funciona. Não precisa lotar a picanha, senão vai vazar e fazer lambança. Encha, mas seja comedido. No caso do provolone, nem precisei colocar sal, pois o queijo já é bastante salgado. Se usar coisas sem sal, salgue as coisas.

Chama a vó aí.

Hora da costura. Para que aquele recheio todo não vaze, você precisa dar um jeito de costurar a boca da picanha. Não me venha com essa história de que não sabe cozinhar. Eu sei. E sabe porque eu sei? Porque no meu tempo as camisas de futebol não vinham com os números impressos nas costas, como hoje. A gente tinha que comprar o número na papelaria, e costurar na marra. E como minha mãe não era, exatamente, uma serzideira, ela ignorava meus pedidos e se eu quisesse jogar com um número nas costas, tinha que me virar. Assim aprendi que espetar o dedão dói, descobri que tenho hipermetropia e, por fim, aprendi a fazer uns pontos porcos que prendiam o número na camisa, e agora prendem o recheio dentro da picanha.

Tal e qual o 10 nas costas do artilheiro, costure a boca da picanha. Uns 6 pontos já são suficientes, nem precisa ser muito bem feito. Como na famosa macumba, lembre-se daquele chefe chato, e pense que tá costurando o nome dele na boca do sapo.

A picanha tá quase pronta pra ir pra churraca. Na verdade, se você é ansioso e não acha ruim o velho ditado que diz que o apressado come cru (CRU, mente suja), manda ela pro fogo. Se você quer dar um agrado nela, esprema uns dentes de alho e passe por fora na gordinha (sim, ela fica gordinha, parece um bebezinho).

Ah, é interessante passar um pouco de sal grosso por fora dela.

Deixa na churraca, perto do calor, e sem deixar que as chamas encostem nela e abre uma breja. Mais outra. E mais outra. Pronto, se a tua churraca é quente e funciona direito, tá na hora de tirar.

Pra experimentar, retire um pedacinho do bico tomando cuidado pra não chegar no recheio, e veja a cor da carne. Se estiver muito vermelha, volte pra churraca. Essa carne não é legal malpassada, não.

Ok, se a cor estiver legal, retire, fatie e manda bala. Nesse momento, abrem-se as cortinas e começa o espetáculo. A picanha invertida te faz artista.

tá duvidando? dá uma olhada nisso.
não dá vontade de bater palmas pra ela?

Duas histórias engraçadas sobre a picanha invertida:


  1. Tenho um filho de 4 anos, que adora me acompanhar nos churras, prepara as carnes comigo, maior barato. No dia da picanha invertida, ele foi comigo no açougue, ajudou a escolher a peça, queria saber como fazia, a coisa toda. Na volta do açougue, ele começa a rir sozinho no carro. Perguntei qual era a graça, ele falou: "Pai, legal esse negócio de picanha DIVERTIDA!" hehehe. Aqui em casa a receita mudou de nome, chama-se agora Picanha Divertida.
  2. Minha prima, e melhor cliente da churrascaria lá de casa, me decepcionou. Disse que a picanha invertida ficou com gosto de pano de chão. Fila da mãe, pode deixar que eu vou aprontar uma pra ela no próximo churrasco. Se alguém tiver uma boa idéia de vingança, agradeço.
  3. Semana passada, estive em Penápolis, cidade da saborosa Sabrina Sato, e da respeitável família de uma amiga nossa. Fizemos a picanha invertida juntos, a N mãos, maior barato. Ficou todo mundo tão pilhado com a picanha, que quando ela saiu, o amigo que estava cortando a carne teve que desviar dos dedos na tábua, de tanto que o pessoal voou pra cima da picanha. Foi a primeira vez que eu vi uma peça inteira de picanha sumir em menos de 4 minutos. Taí a foto pra provar:

sente o enxame pra cima da picanha


Tempo de preparo: 2 breja na cozinha, 3 na churraca. Sirva feliz.
Custo: meio carinho, $30 da picanha e mais $10 do queijo. Mas vale a pena.
Rendimento: complicado, porque o pessoal acaba comendo mais do que comeria normalmente. Serve bem umas 5 pessoas. Mas sempre pode aparecer aquela prima magrinha que se revela uma ogra e come tudo sozinha.

Drops de Churrasco - Ed. 1

Tamosae com uma nova série neste mal escrito, mal interpretado e, porque não, mal-passado blog. Estamos falando da novíssima seção "Drops de Churrasco".

E antes que o imaginável leitor imagine que o escriba desta porcaria andou experimentando balinhas ilícitas e, entre um elefante de bolinhas e um tapete voador, já se imagina degustando um Halls sabor churrasco, eu acho melhor explicar.

"Drops" é uma expressão de cunho jornalístico, que denomina pequenas informações, que não são exploráveis o suficiente para virarem notícias, e nem desimportantes o suficiente para serem descartadas. Então, os editores costumam agrupar estas informações num boletim, determinado Drops. E aqui comigo eu tenho centenas de pequenas pautas armazenadas, que nem servem pra virarem posts, e nem inúteis o suficiente para me encorajar a apertar o delete.

Sendo assim, nasce esta série. De parto normal, fora do peso ideal e chorando sem levar tapa do médico.

Sem mais delongas, vamos a elas:


Dia desses eu fiz carne de avestruz na churrasqueira, iguaria essa que populava o meu imaginário há tempos. Comprei dois filés de peito, custou uns R$8,00 (R$26,00 o Kg, carinho).
Olha, esquece que ele é um primo grande do frango, porque não tem cara de ave. Quer dizer, tem cara mas não tem gosto de ave. Tem gosto de carne bovina.
O veredito? É bonzinho. Gostoso pra uma carne de ave, porque tem gosto de carne bovina. Mas não é melhor que carne bovina, logo... Se você quer a minha opinião, compre um contra-filé, economize dinheiro e seja feliz.

A Skol tem mandado muito bem na dobradinha cerveja + churrasco, não acham? Já é a quinta ou sexta propaganda que eu vejo deles e a risada é inevitável. Demorou pra desvincular a propaganda de cerveja da gostosona de biquini pra mostrar algo que faça parte da realidade de todos. Não que a gente esteja achando ruim aquele desfile de bundas, mas é que é muito mais fácil você encontrar um amigo dançando lambada de tanga num churrasco do que gostosas com biquini pequeno, cara de safada e vento artificial no cabelo. A gente é fã da gostosa, mas é sempre bom encontrar publicidade inteligente, né?

O caríssimo leitor Carlos Gallo, dia desses me mandou um e-mail. Isso é bem legal, recebo vários e-mails da galera, sempre com coisas interessantes. Dessa vez, era um link do UOL com comemoração dos 61 anos da nossa querida apresentadora matinal, a dona ana maria braga. Um álbum de fotos que, segundo ele, davam pauta pra uns 100 posts. Pois é, logo no primeiro que cliquei, nossa querida anciã inadvertidamente comera uma salada com um verme. E ainda passou por baixo da mesa. Adoramos isso! Adoramos ela! Adoramos ela comendo larva!

E daí que a Glorinha Kalil, aquela que dá dicas de etiqueta no fantástico mandou umas dicas de etiqueta pra um churrasco. O link tá aqui e o tópico no orkut é hilário por si só, mas você nem precisa ler, xá cumigo que eu resumo: No único trecho que meu estômago me permitiu ler, ela sugeriu salada verde, farofa e sobremesa. Oiê, cadê a carne, dona etiquetada? Churrasco é coisa roots, tia. Churrasco a gente come com a mão, tia. Coisa de gente que tem culhão. Etiqueta só serve pra incomodar na cueca, e eu corto todas as minhas com a tesoura. Faz assim, dona Glorinha: não enche o saco alheio e vai pagar R$100,00 por pessoa no fogo de chão, vai.
Saladinha, faça-me o favor.

Tem vários blogs bacanas por aí, que falam não só de churrasco, mas de peripécias gastronômicas masculinas, provando que a gente também esquenta a barriga no fogão. Um dos que eu mais gosto é o Mesa pra 1. É bacana, porque o pessoal deixa a camera ligada enquanto prepara as receitas, toma umas brejas, fala merda... é bem divertido, e um conceito bem diferente do Gato na Grelha, onde eu escrevo muito mais do que deveria pra escrever uma receita. Bom, fiz uma receita deles e será o próximo post no blog. Enquanto isso, visite o site dos caras e veja como faz: Salmão à moda caipira do Mesa pra 1.
[UPDATE]
Escrevi este post ontem, no final da tarde. À noite, o velho Jo entrevistou a dona Palmirinha. Se você está lendo este blog, provavelmente buscou alguma receita no google e acabou caindo aqui. E, se buscou uma receita no google, provavelmente achou o site da Dona Palmirinha.
Pra quem não sabe, a Dona Palmirinha é uma senhora que tem um programa de receitas na televisão. Porém, ao contrário de ooooutra senhora que tem um programa na televisão, eu adoro a Dona Palmirinha. Ela não tenta se mostrar jovial e gostosona, até dá umas furadas no programa dela por conta da idade. Isso é autêntico, isso é dar a cara pra bater, e se a velhinha dá a cara pra bater, a gente bate a gente paga um pau.
A questão é que essa senhorinha roubou a cena ontem. Desculpa ae, seu jo, mas a Dona Palmirinha foi sensacional. A entrevista parecia uma conversa com vovó. Eu me senti assim e você também vai sentir. Além da história de vida dela ser linda, que fez todo mundo ficar emocionado. Incluindo ela, que chorou no programa, e gente que tem a moral de chorar na tv SEM fingir, tem culhão. E, mesmo sendo uma senhorinha, Dona Palmirinha tem culhão que a gente sabe.
Quer receita de verdade, sem enrolação e com muito mais chances de acerto? Vai no site da Dona Palmirinha.


Bom, tamo dropado, fico por aqui. Pautas, dicas, idéias e reclamações, o meu e-mail tá lá no alto.

Mas olha... Fiquei pensando numa coisa. Bem que um Bubbaloo sabor picanha não seria uma má idéia hein!! #fikdik

A fralda do meu cunhado

Dizem que cunhado, se fosse bom, não começava com c*. Taí a famosa sabedoria popular aprontando das suas. Dizem também que parente a gente não escolhe. E a sabedoria popular mandou bem de novo. Agora, como relacionar "sabedoria" e "cunhado" numa mesma situação? 

Cunhado é aquele troço tão bizarro, que nem a sabedoria popular consegue explicar. Porque o cunhado não é família, mas um dia acaba virando. Cunhado é parente compulsório. A única chance de não ter cunhado é não ter irmã, e ainda casar com uma mulher que não tem irmãos. Caso contrário, é questão de tempo até aparecer um ser desses na sua vida.

Mas eu não posso me queixar, não. Fui sorteado com os dois únicos cunhados bacanas da face da Terra. Um deles, irmão da minha esposa, papai do céu levou pra morar com ele mais cedo. O outro é o Arthur, e é dele que vamos falar nas próximas linhas. Te cuida, compana, que essa orelha vai arder!!!

Arthur é um cara legal, mas tão legal, que eu costumo dizer que ele é mais legal que a minha irmã. Brincadeira, Monicão!! Chora não que você também é batuta!


Mais legal que eeeeuuu? Duvido!
Aposto que ele não tem uma roupa bacanuda dessa!

Pois neste final de semana teve a festa junina da escola do meu filho menor. É, a paternidade tem dessas: te prepara pra acordar cedo em vááááários sábados da tua vida pra assistir performances artísticas da tua prole. E quer saber? É legal demais!

Convidei a família toda, mas sabia que a Monica tinha que estudar, e provavelmente não iria. Ok, zero problema, sei que as coisas são assim: a gente trabalha até cair o couro, e o final de semana é curto. Se tem que estudar, engole o choro e estuda. 

Mas na festa, qual não foi a minha surpresa ao ver, adentrando os portões da Cirandinha da Tia Ofélia, o meu cunhado Arthur. E o cara é tão batuta que foi... mesmo sem a minha irmã. Ela tava estudando, ele queria falar umas merdas e tomar umas brejas, e achou que seria uma boa fazer isso na festa junina do maternal do meu filho. Gênio! Não vejo lugar mais apropriado!

Assim procedemos. Enquanto meu pequeno estourava biribas no nosso pé, nós compensávamos com vigorosos goles de cerveja. Até que Arthur, o astuto, soltou a pérola: "Tem uma fraldeta na minha geladeira, mas a Monica tá estudando". Não precisei nem responder o "faz na churraca de casa", e o cunhado já tava indo na casa dele buscar a peça. Uma bela peça de fralda, aliás.

Pouco antes do jogo do Brasil começar, chega ele em casa com a fraldinha e uma garrafa de vinho. Antes que eu desse uma golada naquela garrafa, fui advertido: 
- Cara, não bebe isso aí, não. É vinho velho, passou.
- Cunhadão, mas pra que diabos tu traz uma garrafa de vinho véio pra casa?
- Pra fazer uma vinha d'alhos!
- Vinha de quê?
- Vinha d'alhos, uma receita dos caralhos!
Sim, nem Arthur, nem eu somos conhecidos pela nossa educação britânica. Mas ambos somos conhecidos por mandar bem pilotando churracas. Cada um tem as suas receitas, cada um faz as carnes do seu jeito, mas a gente nunca entra nessas babaquices de disputa. Nós formamos uma parceria, e não uma concorrência. E foi o que se sucedeu, e conto aqui a receita do molho de alhos (rime com o que bem entender, ok?) do meu cunhado.

E a receita é tão simples, mas tão simples, que eu vou inovar e escrever inteirinha num só parágrafo, sem vírgula, de trás pra frente e em miguxes. Tá, miguxês não dá. Tadinho do português... de trás pra frente, pior ainda. Mas em um parágrafo dá! Respira fundo e vamo comigo!
Arthur pegou um copinho pequeno, daqueles de tomar cerveja em boteco vagabundo. Jogou o vinho velho até pouco menos da metade do copo. Depois deu uma boa borrifada de mostarda. Como em casa só tem mostarda preta, lá foi ela conversar com o vinho velho. Enquanto isso, eu picotava 4 dentes de alho, e taquei lá dentro. Na sequencia, joguei um punhado de sal grosso, enquanto ele picotava um teco de salsinha e cebolinha. Misturamos tudo, jogamos duas boas goladas de azeite e a meleca dentro do copo ficou parecendo caldinho de feijão, mas o Arthur disse que tava tudo certo, então passamos na fraldinha. Deitamos na grelha, e de vez em quando, um de nós tacava uma colherada de molho na fralda. Quando ela ficou pronta, cortamos e comemos.
Tá vendo como é simples? A fraldinha, que já é uma carne mega saborosa, ficou ainda melhor com isso. Recomendo seriamente.

E é pra isso que serve o cunhado. Pra fazer comida pra mim! Há! Quem mandou pegar a minha irmã? Achou que ia sair de graça?

Preço: Custo Zero, Fome Zero. Foi de graça. Cunhado bão é assim.
Tempo de preparo: Uma breja na cozinha, 3 brejas na churraca. Um gole no vinho velho pode acarretar em algum tempo no banheiro.
Rendimento: Enchemos 4 buchos, a peça era generosa.

E este post é dedicado à memória do Claudinho, o outro cunhado, falecido irmão da minha esposa. Um parceiro muito querido que nos faz muita falta.

Uma linda mulher

Já fazia um tempo que eu vinha me segurando pra não destilar nosso carinho na direção da nossa musa insipadora, a titia ana maria braga, a garota do botox de ouro. Eu tento, mas essa mulher é tão brilhante, tão magnética, tão frenética, tão cibernética... Que quando mais eu fujo dela, mais ela me aparece pela frente.

Acabei de voltar de um cliente, que disse que conhecia a ana maria braga pessoalmente. Meu coração palpitou de alegria, felicidade, medo de ser processado e medo do cliente ler isso aqui e deixar de ser cliente.

Cheguei no escritório e, num momento de morcegada, decidi dar uma passada de olho nos blogs que mais gosto. Eis que me deparo com Ela:



Pra quem não conhece o Dr.Pepper, dispa-se de todos os seus preceitos morais, de toda e qualquer relação com a boa educação, moral e bons costumes e rache o seu bico. Dr.Pepper é o humor politicamente incorreto personificado em forma de quadrinho. 

Porque esse mundo anda muito quadrado e de vez em quando precisa aparecer alguém pra chutar umas bundas. Mesmo que seja a da nossa amada anfitriã.

Vale a visita: www.drpepper.com.br

Coisa de argentino: Molho Chimichurri

Tem gente que diz que o churrasco foi inventado pelos argentinos. Não foi. Tem gente que diz que foram os uruguaios. Também não foram eles. Os paraguaios venderam cópias falsas, mas também não inventaram. E nem os brasileiros e nem nenhum povo que existe aqui hoje. Antes mesmo do conquistador Francisco Pizarro colocar seus pés do lado de lá da américa latina, os Incas e Maias já deitavam suas lhamas na grelha. Os egípcios também já deviam dar suas dentadas numa corcova de camelo mal-passada. Fora os Godos,Visigodos, Hunos, Vikings e outros trogloditas que comiam a carne de qualquer coisa que se movesse. Até de gente. 

Quem inventou o churrasco foi o primeiro Neanderthal que matou o primeiro mamute e tacou o bicho no espeto pra impressionar a primeira garota. E como as garotas da era do gelo tinham muito menos frescuras que as nossas, ele não precisava nem preparar a abobrinha: deitava o mamute na grelha, cantava uma canção do Roberto e CRÉU: lá tava a garota de neanderthal na caverna dele. E assim se perpetuou a espécie até chegar onde chegamos. 

Se você tá pensando que o personagem deste post é o Homem de Neanderthal, está muito enganado. Não confunda, o personagem de hoje é o Argentino. Sim, aqueles que moram ali logo ao lado do paraguay, fãs de Evita, Maradona e Carlos Gardel. 

Responda rápido: qual dos dois homens acima NÃO  é o de neanderthal?

Brasileiro falando de argentino é piada pronta. Fica fácil sacanear, primeiro porque existem mil diferenças entre nós que já foram exploradas até a chatice pelos casseta e planeta da vida. E outra que eles não estão aqui pra se defender mesmo. Mas neste post não vamos sacaneá-los só porque eles acham que entendem mais de futebol do que a gente. Neste post, abraçaremos nossos hermanos, e abrimos mão de toda e qualquer sacanagem que possamos falar a respeito dos seus hábitos, manias e cortes de cabelo (hehehe). 

E, ao contrário do futebol, se tem uma coisa que esses caras entendem, é de churrasco. Parrilla, como eles dizem por lá. O nome não importa, o que vale mesmo é que tanto do lado de cá, quanto do lado de lá da fronteira, deita-se o gato na grelha com uma propriedade vista em poucos lugares do mundo. E, ultimamente, tenho me aventurado na culinária de lá pra saber o que é que essa parrilla tem. Ainda estou me acostumando com o fato de comer churrasco de miúdos, testículos ou linguiça de sangue de boi, mas tem coisa muito boa nas receitas de lá. 

Como, por exemplo, o convidado de hoje: o molho chimichurri. Bora lá no gooogle dar uma olhada qualéquié:

De etimologia controversa, alguns indicam sua origem em imigrantes ingleses que habitavam nas pampas e que acostumavam acompanhar as carnes com molhos a base de curry. Quando solicitavam o molho, o faziam utilizando a expressão inglesa give me the curry (me dá o molho) ou misturando o idioma local che mi curry (tche meu molho). E há quem diga que um comerciante britânico conhecido como Jimmy Curry, inventou o molho, e de seu nome surgiu a palavra.
Parece mais provável, a versão que dá sua origem na palavra basca tximitxurri , que significa mistura no seu idioma original, e definiria bem o que é realmente um chimichurri.

Tche meu molho é a melhor. É a versão portenha do uai, meu moio mineiro, ou do oxente... me dá meu molho? bahiano ou do urra, meu.. meu molho! do paulistanês que só o faustão fala. Gostei, vou usar essa.

Os argentinos usam o Tche Meu Molho pra preparar a carne antes de assá-la, ou pra dar um agrado depois de pronta. No caso desta receita, utilizei o molho pra temperar antes de assar, e há uma diferença entre as duas versões: no caso do tempero pré-churraca, você pode utilizar ingredientes frescos (ui!), e no caso do pós-carvão, pode fazer um molho com ingredientes desidratados e deixar pegando gosto por dias.. Trabalharemos com a primeira opção.

O chimichurri (tche meu molho) é um condimento à base de vinagre, azeite, alho, cebola e salsinha. Na verdade, pesquisando porcamente pela internet você vai encontrar 300 receitas diferentes de chimichurri. Se for no site da ana maria braga, deve achar uma receita de chimichurri de abricó com sabão de coco e uva passa ou qualquer outro ingrediente sem sentido que só ela sabe fazer. Na nossa receita, procurei seguir uma receita argentina, mas acabei, como sempre, botando algumas coisas a mais. Ficou bom demais, então tá valendo. Vamos aos trabalhos.

Arrume um pote pra preparar o molho. Algo que caiba o conteúdo de uma lata de breja e meia funciona bem. Beba as cervejas, encha de água, experimente os potes da patroa e jogue a água fora. Assim que faz.

O primeiro passo é jogar um tanto de vinagre. Mais ou menos meia xícara, pouquinho mais. O vinagre tem que ser de vinho, e não de maçã. Se você não sabe a diferença entre um e outro, o de vinho é vermelho e o de maçã é verde. Embora exista vinho verde e maçã vermelha, mas isso é só pra te confundir.

Vinagre cheira mal, não é? O milagre dessa receita é que você vai tacando os ingredientes, e o molho começa a cheirar cada vez melhor, até você sentir vontade de dar um gole naquilo. É quando você percebe que tá pronto e você acertou a mão. Um passo por vez, já diria o saci. Vamos, então ao próximo.

Pode preparar o espírito pra picotar uma cebola inteira. Descasca a bichinha, corta em 4 e começa a picotar. Um adendo importantíssimo: por mais que possa arder o seu olho, não chore. Prefiro deixar a cebola queimar a minha retina do que chorar pra uma receita argentina. Lembra do "Não chores por mim Argentina"? Então, não faça isso. Engole o choro e mete a faca na cebola. Como sempre digo: picote a cebola com carinho, até ficar bem pequeninha. O cuidado que você tem com os ingredientes sempre se transforma em benefício pra qualidade da sua comida (puta frase de efeito, hein? Vou colocar no meu orkut).

Tacada a cebola lá dentro, agora vamos ao alho. Pegue dois ou três dentes de alho e picote bem pequeno. O alho bom é aquele que vc picota até virar uma pasta. Não sou fã desses alhos prontos que já vem moídos. Dá uma puta vontade de vomitar mexer naquele treco, enquanto o cheirinho do alho sendo picotado é bom. Sendo assim, mande a sua preguiça pro paraguay e picota essa coisa. 

O sal. Taí uma coisa controversa. Vai ter gente que vai me dar bronca por estar colocando sal no chimichiurri. Mas não nos esqueçamos de que este chimichurri vai temperar a carne que ainda vai pro fogo, logo, ele deve ter sal. Coloque um punhado de sal grosso (uma mãozada, sem ignorância) no meio do vinagre, da cebola e do alho. Enquanto você prepara o resto, o sal grosso vai derreter com o liquido e misturar legal. E eu acho o sal grosso mais gostoso que o sal normal, por mais que isso possa parecer maluquice.

Hora das ervas. Prepare o seu personal Bob Marley e mande ver. Se você não esquecer, continue lendo este post porque o chimichurri ainda não acabou. E para com essa risada porque essa é uma receita séria, ok?

A primeira erva que eu coloquei foi o orégano fresco. Isso porque ele tem mais sabor, e já vai misturando com o molho enquanto vc prepara o resto. Picote pequeno apenas 3 ou 4 folhas do fresco. Ah, e ele é fresco no sentido de ter sido retirado do pé há pouco. Não no sentido de gostar de gloria gaynor ou freddie mercury. Se não tiver do fresco, coloca um punhado do orégano de pacote que funciona também.

Manjericão fresco também é legal. Na última vez, pedi à patroa que me aparecesse com umas folhas de majericão, e ela me veio com um tal de manjericão roxo que, pasmem, era roxo mesmo! Bom, picote umas 5 folhas e manda brasa.

Uma única folha de louro picotada só pra dar trabalho. No caso da ana maria braga, recomendamos decapitar o louro mais próximo, pisar 10 vezes na sua cabeça, moer o seu corpo no liquidificador e jogar tudo no lixo. Voltemos às ervas.

A salsinha é a base verde do chimichurri. Portanto, pode jogar um meio maço aí. Lava bonitinho, tira o excesso de talo, deita na tábua e começa a meter a faca. A sensação de destruir a salsinha com a faca é indescritível. Procure moer a salsinha até ficar pequena. Joga tudo no pote.

A cereja do bolo é, como sempre, o azeite (ai, a luma de oliveira...). Jogue na gororoba uma xícara de azeite, ou mais. Em alguns casos, recomenda-se utilizar óleo de girassol, porque o azeite tem um sabor mais forte. Como estamos usando essa receita pra temperar carne que ainda vai ao fogo, pode ficar forte que o calor sauviza isso. 

Só pra dizer que caprichou, você ainda pode dar uma pitada de pimenta do reino, ou picotar uma ou duas bolinhas de pimenta baianinha. Ou colocar a pimenta de sua preferência. Lembrando que o chimichurri é um molho que tem por objetivo ser suave, e se você encher tudo de pimenta vai poder temperar a carne, o miojo ou um paralelepípedo que todo mundo vai ficar com o mesmo gosto: o de pimenta.

Agora vc deve misturar tudo. Note que o cheiro começa a ficar delicioso. Dá mesmo vontade de dar uma golada nesse negócio. Mas não faça isso, ok? Certas coisas tem cheiro bom e gosto forte.

Basta deixar descansar por algum tempo, o quanto a sua ansiedade permitir, e temperar a carne. Acho que uma alcatra em cubinhos no espeto ficaria muito legal. O mesmo do contra-filé. Os argentinos utilizam este molho no bife de ancho, que é um bife alto, macio e bastante saboroso. 

No meu caso, fiz pra temperar uma costelinha de porco que ficou de fazer a ana maria braga passar por baixo da mesa. Mas isso é assunto pra outro post.

Observação: Conheci, ao longo dos 32 anos que tenho, vários argentinos. E posso garantir: todos, sem uma única exceção foram extremamente simpáticos, educados, gente boa mesmo. Por mais que os dois povos adorem se sacanear, fica registrado aqui o meu carinho pelos nossos vizinhos ruins de bola :-)

Como escolher uma picanha

A picanha é a rainha do churrasco. Embora eu discorde fortemente dessa teoria, tenho que engolir o choro: Em 99,9999% dos churrascos que rolam neste país tropical abençoado por Deus, tem a picanha de alguma vaquinha deitada na grelha. E, como já disse em outras oportunidades, isso tem uma explicação lógica.

Picanha é carne for dummies. Você não precisa manjar absolutamente nada de carne pra fazer uma picanha legal. A picanha é uma carne saborosa demais, macia e além de tudo é resistente às suas cagadas. Você, desastrado leitor, precisa ser muito ruim de cozinha pra errar uma picanha. Não tem segredo: salga moderadamente, taca na grelha e tira quando estiver marrom. Picanha fica legal cortada em bifinhos, assada inteira, na churracona, na churraca elétrica, na panela, no forno, até cozinhada na água do miojo. Nem a ana maria braga, a senhora mais doce da televisão brasileira consegue estragar uma carne assim com as suas receitas de misturas mirabolantes e ingredientes duvidosos.

Talvez seja por isso que eu não fale muito de picanha por aqui. Aliás, sinceramente, eu faço pouca picanha nos meus churrascos. Podem me apedrejar por isso, mas eu acho a costela bovina, também chamada de minga ou ponta de agulha, muito mais gostosa do que a picanha. Uma fraldinha bem feita custa 1/3 do preço de uma picanha e fica tão boa quanto. Ou seja, existem alternativas, mas não é todo mundo que sabe como fazer umas carnes assim, e acabam caindo na picanha. Ah, e isso não significa que eu não goste de picanha, eu adoro!! Só que eu sofro da síndrome da churrascaria: Gosto de fazer várias carnes diferentes no mesmo churrasco, e não ficar repetindo sempre a mesma.

Mas o objetivo deste post é evitar que você compre gato por lebre, que te passem a perna, que você vista o nariz de palhaço. E pode anotar aí: isso já aconteceu com você. Certamente já te venderam um coxão duro com um cheiro de picanha, ou aquela picanha linda que você comprou tava dura que nem pedra. Vamos, então, aos X pontos que você precisa verificar antes de adquirir parte da bunda da vaquinha. Comecemos pelo simpático desenho da vaquinha recortada:


Ainda vou tatuar essa vaquinha no braço, vai anotando

Compana, preste atenção ao número 6. Se um dia o seu avião cair nos andes, na índia, na selva amazônica ou na ilha de lost e você der a sorte de encontrar uma vaquinha lá, é bem aí, no número 6 que você deve enfiar os dentes. Recomendo que seja discreto no caso da Índia, pois eles não entendem muito bem essa questão de morder vaca por lá.

Presta atenção também ao número 8. Ele é o coxão duro que, como  o nome diz, é duro.

Ponto 1: o tamanho da picanha.
Você chega no açougue e encontra 300 embalagens de picanha à vácuo. Todas parecem iguais, umas mais mirradinhas, outras mais gordinhas, e de repente você vislumbra a carla peres da bunda bovina: uma picanha grande, bonita, corada... dá uma olhada no peso dela, e, orgulhoso, lê: UM QUILO E NOVECENTOS GRAMAS. Grande achado, pensa o astuto leitor. Mas não. Essa, provavelmente é a pior picanha da prateleira. Dizem que os melhores perfumes estão nos menores frascos. Mas vamos mudar o rumo dessa prosa, porque se você fica passando perfuminho pra fazer churrasco, eu desconfio de você e recomendo que vá procurar a receita da picanha de sol no site da ana maria braga. A picanha dela é de sol, mas fica marinando no leite um dia todo. No leite, meus queridos... no leite.... ai jiusis.

Uma picanha não deve, de jeito nenhum, passar de 1,3kg. Eu sou tão chato com isso que não compro picanha com mais de 1,1kg. Se precisa de muita carne, compra duas, mas não leva a grandona. A picanha vem "grudada" no coxão duro, e separar uma peça da outra requer, além de um olho vivo, honestidade. E como a picanha custa 5x o preço do coxão duro, já dá pra imaginar o que acontece, né? Você compra uma picanha e leva uma picanha e meio coxão duro. Com o detalhe que você pagou tudo pelo preço de picanha. Ou seja: Não tenha o olho maior do que a barriga, e nesse caso, o olho maior do que a bunda. Compre as pequenas e seja feliz.

Ponto 2: A capa de gordura.
A capa de gordura é o que vai ajudar a sua picanha a ficar gostosa pra valer. Isso porque a carne dela é bem macia, e a gordura fica por cima, derretendo. Parte dela derrete e penetra (ui) na carne, fazendo da picanha o pesadelo das garotas de regime no seu churrasco. A capa deve ser uniforme, com menos de um dedo de espessura (lembre-se, nem dedo de mocinha, nem dedão de ogro), e igual dos dois lados. Como você não pode cortar a picanha no meio dentro do açougue pra ver se tá boa, imagine que uma capa que vai bem do começo à ponta da picanha, e uniforme de um lado a outro da mesma, deve estar legal.

Algumas picanhas tem a capa de gordura meio amarelada. Isso não é, necessariamente, um mau sinal. Apenas significa que o boizinho que ostentava aquele pedaço de bunda quando vivo já era um boi mais velhinho. Sua capa de gordura vai ter uma textura meio mole e amarela. A aparência é meio esquisita, mas não altera muito o sabor da carne. Se você der um azar dos infernos, pegou a picanha do boi de matusalém e aí vai ficar tudo duro mesmo, mas na maioria das vezes, o boi que comemos nem chega a ficar velho.

Ponto 3: A limpeza.
Dizem que roupa suja se lava em casa. No caso da picanha, prefiro deixar essa parte pro açougueiro ou pro frigorífico. Mas peraí, uma picanha tem que ser limpa? Sim, parceiro. Tem que ser limpa. Quando estiver com a piqueta em mãos, veja a parte de trás dela. Se você enxergar ali umas membraninhas, saiba que trata-se de uma picanha suja. Essa membrana do mal vai esquentar, assim como toda a carne. Como a membrana não tem água, ela vai diminuir de tamanho, e vai bagunçar toda a sua carne. E vai ficar dura pra dedéu. Você tem dois caminhos: Ou compra ela assim e limpa, retirando tudo como se fosse uma etiqueta usando uma faca afiada, ou procura uma picanha limpa. Eu prefiro comprar limpa por um motivo simples: quando limpa, vc joga carne fora, e você pagou por essa carne, e não pagou barato. Então os açougues e frigoríficos desse Brasil que se virem e vendam a picanha limpa.

Ponto 4: a maciez.
Embora, no geral, a picanha seja uma carne super macia, você pode dar o azar de pegar uma peça cheia de nervos, ou que endureceu por qualquer motivo. Nesse caso, recomendamos o teste da dedada, uma grande invenção do meu amigo Pão. Funciona assim: você pega a picanha na mão, vira ela com a gordura pra baixo e enfia o dedão na parte da carne. Recomendamos também que o faça discretamente, pois o gerente pode não gostar muito da realização do teste na sua presença. Feito o teste, fica fácil imaginar se a carne tá boa ou não.

Ponto 5: a cor.
Olha, depois que inventaram o photoshop, eu desconfio de tudo o que eu vejo por aí. Taí a Suzana Vieira que não me deixa mentir.



- Sou uma picanha novinha e macia. E sem coxão duro! Pode acreditar.

Mas em alguma coisa a gente tem que acreditar nessa vida. Então tenha em mente que quanto mais vermelha for a carne, mais novo o boi era, ou mais tinta levou pra ficar assim. Se o boi era novo, é certeza de carne macia. se tinha tinta, lamentamos. Mas pode comer assim mesmo, tem tanta tinta na comida da gente hoje em dia que já tá quase virando tempero.

Bom, são essas as dicas pra compra de uma boa picanha. Pequena, macia, limpa e vermelha. Se você conhece algum outro teste, mais alguma dica infalível pra escolha da picanha, comenta aqui!

Bom churrasco. Me convida #prontofalei.

[update] O leitor Raphael Neiva, se São Bernardo do Campo, me deu uma bronca e ele tem razão. Além disso, é dono de açougue e neste blog a gente enche a bola desses caras mesmo. A questão é que neste post estou falando das picanhas que encontramos em supermercados e açougues comuns. No caso de uma carne classe A, tipo exportação, a picanha pode ser muito maior do que 1,2kg. Portanto, se você tiver a sorte de experimentar uma dessas pra comprar, pode ser mais flexível quanto ao tamanho.
Essa foi a minha bronca. E eu retribuo: O Raphael escreveu isso como comentário lá no post do queijo coalho. Queridão, errou por pouco, hein!
Aliás, manda pra gente o endereço do açougue, faço questão de divulgar quem vende carne boa.
Valeu!

[update 2] Mais um leitor conhecedor das picanhas e maravilhas do mundo das mimosas e sua saborosa lataria me procurou para avisar que, respeitosamente, utilizou um pedaço deste parco pergaminho num post para o seu blog. Colocou os créditos e tudo mais. Mas, ao conferir, pude notar que ele escreveu muito bem sobre as grandes peças de picanha, as quais reneguei neste post. Recomendo a todos que o visitem e conheçam mais este lado tão palpitante desta peça de carne que tanto amamos: a picanha. Conheçam o blog do Alexandre Mitre

Dá pra não amar essa mulher?

E daí que a minha esposa tava me questionando esses dias porque eu pego tanto no pé da ana maria braga. Já disse que pago um pau pra esse negócio dela falar e não mexer a boca, da pele dela ser esticadona, de fazer receitas esdrúxulas e achar aquilo o máximo e, po, a tiazona até curte um churrasco. Qualquer um fica fã de uma peronalidade dessas.

A ana maria braga é pessoa tipo piada pronta. Não precisa arrumar motivo pra sacaneá-la, ela mesma faz isso por você. 

Pois eu batizo esse vídeo de "É por isso que nós amamos a ana maria braga". Prepare o seu estômago e veja com seus próprios olhos. Não assista esse vídeo na presença de outras pessoas.

Ana maria braga, obrigado por você existir.

Não deu pra resistir. Acabei vendo o vídeo mais uma vez e preciso comentar alguns momentos dessa pérola.

"Good morning boys!! Wake up guels!" Só esse começo apoteótico já mostra o que vem por aí.
Então o loro pergunta "cadê a minha mãezinha??". Então tá então, mamãe.

"- Se você pudesse mudar tudo e ser outra pessoa, quem você gostaria de ser?" pergunta a madame do botox de ouro, senhora dos nossos corações. Pois eu queria ser uma mosquinha nos bastidores do programa só pra saber quem teve essa idéia fantástica. Aliás, uma mosquinha não. Um mosquito da dengue, pra poder morder esse gênio e garantir que idéias como essas nunca mais sejam postas em prática.

Olha, dona ana. A gente ama a senhora, mas com a madonna a senhora não ficou parecida não. A minha responsabilidade jurídica me impede de falar o que me vem à cabeça agora, mas olha: se o Ronaldo fenômeno te vê assim, ele gama.

Peixe na churrasqueira: Lugar de tainha é na brasa

A páscoa se passou, e com ela a antiga e dolorosa tradição de não comer carne na sexta-feira santa. Isso acontece porque a Igreja diz que a gente tem que passar por alguma penitência nesse dia em respeito ao sofrimento e Jesus e tal, e aí tem esse lance que a gente não pode comer carne nesse dia. Ainda bem que eles não falaram nada da cerveja, porque isso sim ia ser o maior sofrimento. Dói um pouco ficar sem comer carne num feriado, mas se tem um cara que a gente curte é o Papai do Céu: sabendo que a gente ia ter que passar por essa, ele chegou lá pelo quinto ou sexto dia e inventou O PEIXE e ensinou o pessoal da peixaria a pescar. Aí se o pessoal acha de bom tom sofrer um pouquinho e não comer carne, a gente come peixe e ele que sofra no nosso lugar. Tá fácil.

O peixe escolhido, não por Deus, mas por mim, foi a Tainha. Tenho boas lembranças da Tainha. Em Bertioga, existe uma festa que ocorre uma vez por ano, onde eles fecham um lugar grande e fazem uma festa regada a receitas diferentes de tainha e de derivados alcoólicos. É uma festa bacana e eu recomendo a visita no mês de julho. Tenho, como lembrança de infância, a família chegando tarde em casa, todo mundo embriagado enquanto a criançada fingia que dormia (o que nem precisava, pois eles estavam bêbados mesmo). Mas vamos aos finalmentes: eu SEI que a tainha é um peixe gostoso, então bora lá deitar a garota na brasa.

Comprei duas tainhas - limpas, porque eu limpo carne, mas tenho nhaca de peixe, que pesavam, mais ou menos 800g cada uma. Como peixe rola um puta desperdício (pele, escamas, rabo, cabeça, vc não come quase nada), 1,6kg de tainha não é lá um grande banquete não. 

Existem várias maneiras de preparar a tainha. Minha mãe fazia uma no forno com batatas, azeite e orégano que ficava bacanérrima (taí a dica, hã!). Mas aqui a gente deita os bichos na grelha e é assim que vai ser com a tainha: deitada lá, assadinha! Preparei um molhinho pra temperar, embrulhei e boa.

O temperinho ficou super suave e saboroso. Vamos a ele:

Num pote, esprema uns 5 limões. Não vai querer economizar nisso, o importante é o peixe estar bem temperado. No mesmo pote, manda umas 2 mãozadas cheias de sal grosso. Deixa o potinho de lado e vai cuidar dos outros ingredientes, e isso tem um motivo: o sal grosso vai começar a derreter no caldo do limão. E pode esquecer esse maldito pensamento prático: o sal grosso derretido não é igual ao sal fino. Ah, você já entendeu: deixa lá o sal descansando no limão e vai cuidar do alho. Alho? Que alho?

Esse aqui, ó: pegue 3 ou 4 dentes de alho, dos graúdos. Usando uma faca afiada e muito cuidado com a integridade dos dedos que tem na mão, triture o alho em pedaços bem pequenos. Olha, eu sei que a vida moderna é toda bacanona, e vende alho triturado no supermercado. Ok, se você pensa assim, pode fazer o peixe direto no microondas, e tenta a sorte ae. Entenda, ilustrado leitor: a qualidade dos ingredientes fazem a sua comida ficar melhor. Quanto mais frescos (ui!) os ingredientes que utilizar, melhor fica o sabor. Voltando ao ponto: tritura a porra toda e joga lá junto do sal grosso e do limão.

A tainha é um peixe muito carnudo, e eu acho que um pouco de manteiga pode fazer essa carninha aí mais feliz e saborosa pra preencher as crateras dos nossos cânions estomacais. Mas a gente sabe que se jogar manteiga de qualquer maneira lá não vai misturar nunca. Aí a gente te manda uma dica: pega uma colher, enche de manteiga, acende o fogo e segura a colher ali, durante alguns segundos. A manteiga magicamente derrete e agora você pode misturá-la com o limão, o sal e o alho. Faça isso. No caso, derreti umas 4 colheres de manteiga.

Pra completar, dê uma chacoalhada num pote de tempeiro. No caso, chacoalhei o de pimenta do reino. Mistura tudo e começa a passar no peixe.

Com o instrumento correto, abra a barrigada do peixe (note que já deve haver um bom corte ali, por conta da limpeza feita na peixaria) e sapeque umas boas colheradas dentro dela. Passe um pouco na parte de fora e embrulhe a tainha. Se você for malaco, vai fazer uma espécie de conchinha com o papel alumínio, e então poderá depositar uma ou duas colheres de tempero a mais antes de fechar o alumínio. Isso vai ajudar a sua amada tainha a beber mais limão, mais sal, mais pimenta, mais manteiga e mais alho, ficando mais... gostosa.

Embrulhada a nossa feliza nadadora, deita ela na grelha, no andar de baixo, tomando conta apenas do fogo não ficar muito alto. Cuidando pra não deixar a chama queimar o papel alumínio. Deita ela, enxuga 3 latinhas, vira com muito cuidado e enxuga mais 3. Você, à medida que vai bebendo, começa a sentir o cheiro da tainha ficando legal. Ok, findas as 6 brejinhas, abra o papel com a faca, sem necessariamente desembrulhar. Abre um corte na parte de cima e vai abrindo o papel que já tá bom. 

Pra servir, deite a tainha com papel alumínio e tudo na tábua. Ofereça um garfo para cada convidado e dê a largada: as pessoas vão voar sobre o seu peixe. 

Cuidado com as espinhas, a tainha tem montes delas. A boa notícias é que elas são grandonas, e só vai se engasgar aquele mais morto de fome. Mas aí, como dizem: apressado come cru e se engasga com a espinhona. Avise a ele que a sua parte tá feita.

O peixe fica bem legal. Pra provar isso, reproduzo aqui uma conversa telefônica gravada com autorização da justiça entre a minha esposa e a mãe dela, que por acaso é minha sogra:

- Mãe, tudo bem?
- Tudo, filha. Quer dizer, tudo menos o pedreiro que jhasck skdn kjnskdd;f bowjo aknx, cnskdj, o presidente lula que jksdn lsnjkdc kdnksdv ksjdvnbks e a ana maria braga que falou no programa dela que xzlkvs klvjx lcvnx jklcnv kxnv slkj e passou embaixo da mesa. Mas olha, como estava bom aquele peixe do Daniel ontem, hein! Mas não conta pra ele, senão esse moleque acha que eu sou mole. 

Alguns trechos dessa conversa foram retirados da transcrição por não ter absolutamente nenhuma relevância neste contexto, e, na verdade, em nenhum outro.

Ou seja, cumpra a penitência, asse o peixinho e ganhe o coração da sua sogra para todo o sempre. Mesmo que ela jamais admita isso. 

Rendimento: essas duas tainhas encheram o bucho de 4 pessoas, e ainda fiz uma pecinha pequena de lombo de salmão, que abordaremos em outros versículos.
Custo: as duas tainhas custaram R$18,00. Sei que paguei caro, mas estava em são paulo no meio do feriado, e sem a menor vontade de correr mundo atrás de peixe barato. Ah, 18 mangos tá bom, né?
Tempo de preparo: todas as latas que julgar necessário na cozinha, 3 de um lado do peixe e 3 do outro lado: sirva bêbado.

Este post é uma homenagem aos personagens desse post: Deus, minha sogra e a tainha, nessa ordem. Todos os 3 são seres vivos bacanas, com a exceção do peixe que eu prefiro morto.

Chupa essa manga, Louro José!!!!



A dona Ana que nos desculpe, mas a gente avisou que o site dela não era lá essas coisas.. Vai no gooooooogle e digita "Abobrinha Churrasqueira".

Nossa receita de abobrinha aparece logo em TERCEIRO lugar. Você tem idéia de como é difícil aparecer bem assim no google com apenas 2 meses de vida?

Mas a nossa maior vitória não é essa. O melhor de tudo é que O POVO DECIDIU: Nossa receita de abobrinha aparece muito na frente da receita de abobrinha da ana maria braga que tá lá, amargando o SÉTIMO lugar. Dona Ana, foi mal ae, mas sétimo lugar não ganha medalha e não vai pra libertadores!!

Resumindo: Abobrinha na churrasqueira fica muito mais legal do que essa pizza de abobrinha do site da ana maria braga. Aliás, pizza de que???????? Jisuis, dona Ana. Faz pizza de queijo que isso funciona bem assim há séculos!!!!!!!!

UPDATE às 22:46: Uma das coisas mais legais de ter um blog é brincar com o Google Analytics. Sério mesmo, é bem legal se achar o Pedro Bial e achar que tá espiando todo mundo o tempo todo. Dá pra saber de onde vieram os leitores (acesso direto, links de outros sites, pesquisa no gooooogle, etc). Quando vem do gooooogle, dá pra saber quais foram os termos de pesquisa que levaram até o seu blog.

E o mais show de tudo é a gente saber que tá dando um verdadeiro pau de SEO no site da Ana Maria Braga (isso chama Search Engine Optimization, e é um conjunto de técnicas que fazem o teu site ficar bem colocado no gooooooogle).

A galera procura "Receita da ana maria braga" e cai aqui!! E lê receita de verdade, sem folhinha pra decorar o prato nem maionese de jiló (havia escrito com G e levei um ralo) e nem cuzcuz de rabanada. Há!! Adorei a brincadeira de hoje. Dá uma olhada nos termos mais procurados:


Adorei o "churrasco de gato receita". Espero que tenha ficado bom!

Churrasco de apartamento: o que fazer?


É, não dá pra fazer um boi no rolete, mas vá lá.
Isso é uma churraca. Imagina a gordura pingando nos andares de baixo.
Compre isso aqui.

Certa vez escrevi aqui neste boteco sobre churrasco de apê. Naquele momento, dei a primeira dica, sobre a decisão de compra entre a churrasqueirinha elétrica ou a de carvão. Vale a pena dar uma lida, uma decisão errada nessa hora pode te custar um carão na reunião de condomínio. Ou uma multa, o que é pior ainda.

Leu? Já sabe que tipo de churraca usar? Pois hoje vamos lustrar as nossas mentes e descobrir quais são as carnes mais adequadas pra se fazer em churraquinhas pequenas. E olha que disso eu entendo, pois morei muito tempo no penúltimo andar e fazia churrasco de sacada toda santa semana. Sem multas e sem reclamação, praticamente um recorde. Tá, a amizade com os porteiros do prédio contaram um pouco, mas tá valendo.

Vamos imaginar a seguinte e hipotética situação: Você vai receber um grupo de 4 amigos em casa, fora você e a sua patroa. Se você for solteiro, recomendo que convide uma garota. Se não tiver patroa, e sim patrão, recomendo que vá imediatamente ao site da ana maria braga ou do chef alex atala, que lá eles decoram os pratos com folhinhas.

Então temos 6 barrigas famintas para alimentar, correto? E apenas uma churraca pequena pra preparar tudo, correto? Pense, então, em carnes que ficam prontas rapidamente e que podem ficar perto da grelha. Pense nisso aqui:
  1. A picanha em fatias é perfeita. Fica pronta rapidinho, todo mundo gosta e fica boa de fazer o gato miar. Uma dica que funciona bem na picanha fatiada de churraquinha é dar uma passada de manteiga nela. Outra dica é usar sal fino, pois, dependendo do calor da churraca ela fica pronta muito rápido e não dá tempo do sal grosso derreter, deixando tecos de sal pro pessoal morder, o que não é educado e não conserva os dentes na boca. E não ponha ela na churraca se não estiver bem quente, senão ela endurece, óquei? 
  2. Linguiça. Não vou linkar o post da linguiça cuiabana porque ela não pode ficar tão perto do fogo, e demora pra sair. Mas uma boa linguiça fica legal na churraca pequena. Em qualquer supermercado você encontra umas linguiças legais, daquelas tipo premium. Tem uma, em especial, do "Rei da Linguiça" (ô nominho infame, dotô), recheada com queijo e orégano que é muito legal. Custa mais caro do que uma linguiça normal, mas não chega a ser um absurdo. Só precisa ficar atento pra não furar linguiça recheada (o nome recheada te diz alguma coisa? Mantenha o recheio lá dentro) e pra ela não vazar ao virar.
  3. Queijo coalho, particularmente, tem vocação pra ficar muito bom nas churraquinhas pequenas. 
  4. Coraçãozinho de frango fica bom, mas tem que tomar um certo cuidado, pois ele fica o tempo todo perto do fogo. Recomendo usar sal fino nele também.
  5. Ah, a abobrinha.. Se não fosse as garotas (leia o post das abobrinhas até o fim), eu jamais teria olhado uma abobrinha com respeito nessa vida.. Obrigado por vocês existirem (as garotas, não as abobrinhas, que fique claro). Fica bom na churraquinha e não precisa de nenhum cuidado especial. Só demora um pouco, então não encha a churraca disso. Reserve um espaço pra ir colocando outras coisas.
Tá feito: só nessas dicas você já tem um churrasco pra 6 pessoas, até um pouco mais. Ainda dá pra tentar outras coisas, até costelinha de porco eu já fiz. 

Só não tente fazer carnes grandes ou que necessitem de muito tempo na churraca. Essas, geralmente tem que ficar lá no alto. E quando eu falei "lá no alto", li a sua mente e vou me antecipar à merda: não tente fazer gambiarra, meu filho. Entenda que a churraca pequena tem seus limites, quando quiseres fazer uma ponta de agulha, um cupim ou um cordeiro, use uma churraca decente.

Economize seu dinheiro. Não compre carne pré-temperada

Eu sempre achei que carne temperada era coisa da ana maria braga. E pra falar a verdade, eu sempre estive certo e continuo achando isso. Se você quer fazer um bom churrasco, compre a carne sem tempero e sem nada, meta sal grosso e manda pra brasa. Salvo uma carne ou outra, churrasco em geral é carne crua + sal grosso + brasa = alegria.

Pois olha a cilada em que eu me meti ontem... Voltando de uma reunião, parei no melhor Pão de Açúcar da região, pois havia combinado um churras com os amigos e sabia que viriam umas 15 pessoas em casa, pelo menos. É, aqui em casa os amigos são bem tratados, é só falar de churrasco que aparece todo mundo :-) 

Minha vontade era fazer uma ponta de agulha, porque o comentário do Roberto no post da costela me deu vontade de encher a peça de manteiga pra ver qual-é-qui-é. Além do inferno que foi pra parar o carro no PDA, não tinha nenhuma pecinha de ponta de agulha. Só uma congelada, da Wessel, que parecia um espetáculo, mas não daria tempo de descongelar, e meter carne congelada na churraca é serviço porco.

Fazendo um adendo a respeito do timing: churrasco tem que demorar, parceiro. O legal é levar horas churrasqueando e enchendo a cara, não é como um jantar. Diante disso, é burrada encher o bucho da galera de uma vez, porque você mata o churras cedo. E é burrada também demorar pra sair carne, porque o povo fica com fome. Então você tem que comprar carnes que ficam prontas rapidinho, como fraldinha ou picanha, por exemplo. E carnes que demoram, como a ponta de agulha ou o cupim. Assim o pessoal sacia a fome com as carnes rápidas, e as demoradas vêm pra galera se lambuzar. O pessoal come o tempo todo sem se empanturrar.

Ok, adendo feito, estava eu no PDA procurando carnes pro segundo tempo. Ponta de agulha não tinha, então pensei num cupim. Cupim não tinha também. Chupa essa manga, Abílio Diniz: Eu estava no melhor pão de açúcar da região de moema, numa sexta feira às 18:30 e não tinha carne boa pra churrasco? Gol do paraguay hein parceiro!!

O único cupim que tinha lá era um daqueles pré-temperados, numa bela embalagem, onde vinha escrito: "Cupim ao alho". Pô, parece promissor, não? Levei, paguei 10,58 uma peça que devia ter 1kg. Uma excelente oportunidade aos olhos de qualquer incauto. Até eu caí nessa.

Cheguei em casa e comecei os preparativos, antes que o pessoal chegasse. Quando abri a embalagem, um cheiro delicioso. Até alí, estava diante dos 10,58 mais bem gastos do mundo.  Como todo bom cupim, segui o script: o boizim foi devidamente embrulhado e levado ao lugar mais alto da churraca, e ali permaneceu durante algumas horas. 

Na hora de abrir o celofane, a decepção. O cheiro já não era aqueeeeele, e a cor do cupim já não era mais aquela beleza. Até aí ok, porque o cupim sai cinza do celofane mesmo. Mas o cheiro me estranhou, porque ao abrir o celofane o cupim cheira bem demais. Esse não, cheiro de nada. 

Cortei a carne, e cautelosamente experimentei o primeiro pedaço. E sabe como tava? Macio, sinal que ele foi preparado direito. E o gosto? Meio amargo, esquisito demais, um lixo. Gosto de tudo, menos de carne. Nem servi. Foi pro lixo. Não dei nem pro cachorro. E olha que o dog de casa é um vira-latas hein!

Essas carnes temperadas são tão cheias de conservantes, aromas artificiais e o escambau que acabam perdendo o sabor da carne e só servem a quem não sabe de churrasco. Ou seja, a cor era rosinha e linda, e o cheiro era delicioso devido à quantidade imensa de quimica misturada na carne. Funcionava bem na prateleira do mercado, mas na hora que o fogo come as máscaras caem*. O famoso gato por lebre.

* Bial, explica essa pra gente

Daqui pra frente, se você se deparar aquela embalagem linda, com uma peça de carne suculenta e rosada dentro dela, corra longe. Embora eu seja adepto do carne/sal/brasa, dou uma dica que me fez custar 10,50: se quiser temperar a carne, faça isso em casa. Pelo menos você sabe o que tem dentro. 

Costela ponta de agulha é o bicho

Imagina o tamanho de uma ripa da costela inteira do boi. É mais ou menos do tamanho de um berimbau, e vai das costas até o peito. Então já dá pra imaginar que uma peça extensa dessa tem todo tipo de carne, certo? Sim, e onde queremos chegar com isso? A resposta é fácil, queremos chegar a mais uma peça de carne que tem nome esdúxulo que não condiz com a aparência física dela, nem com o tamanho, nada. Mais uma fanfarrice do primeiro açougueiro que fatiou o primeiro boi: A Ponta de Agulha

A Costela Ponta de Agulha é uma parte muito saborosa e macia da ripa de costela bovina. Fica localizada meio que embaixo do boi, na região da barriga. Veja o que o grande jedi Gooooogle tem a dizer:
É a grande peça constituída das massas musculares que recobrem as oito últimas costelas, a última esternebra, o apêndice xifóide e a região do vazio, obtida do traseiro-comum, na preparação do traseiro-serrote ou especial. 

O corte é obtido do traseiro-comum, por meio de incisão que se inicia na extremidade posterior do matambre, junto ao gânglio linfático pré-crural, atinge a ponta da anca (tuberosidade ilíaca), seguindo em linha reta até a sexta costela, a uma distância máxima de 4 cm da borda lateral da porção muscular do contra-filé.
Se você nunca viu a última esternebra, não acha que tem apêndice xifóide e concorda que a região do vazio é aquela que dói antes do churrasco, concorda comigo que isso aí não tem a menor importância. A menos que você tenha a pretensão de incorporar o Magaiver, sacar o canivete e destrinchar o boi você mesmo. Recomendo uma passada no supermercado, dá muito menos trabalho.  Mas taí, a título de informação.

Existem várias maneiras de preparar a Ponta de Agulha. Fazendo uma busca rápida na internet você encontra todo tipo de receita, mas a maioria vai concordar comigo: carne boa, você tempera com sal e pronto. Viadagem na comida é coisa da ana maria braga, e se você pensou em colocar uma pitada de páprica, decorar com tomate seco ou sapecar um pouquinho de alcaparra, recomendamos que saia do armário, acesse o site do louro josé e seja feliz. 

Pois então é simples assim? Sal e bota-no-fogo? Olha, caro churrasqueiro... Sim e não. 

Realmente, taca sal grosso na parte de baixo, põe um pouquinho mais na parte de cima, e mete no fogo. O segredo mora a partir daí.

Quando você manuseia a ponta de agulha, percebe que é uma carne mega macia, mesmo crua. Mas não ache que só por isso você deita ela, conta até 10 e fatia. Tem que esperar, e muito. Essa carne tem o mesmo estilo do cupim, se tirar antes da hora fica uma borracha e aí, parceiro.. o churrasqueiro toma vaia e a gente não tá aqui pra ver homem chorando.

O legal da costela é que vem com o osso no lado de baixo. É como se a carne fosse o seu colchão, e as ripas de costela, o estrado embaixo dela. Se você tem algum tipo de sonambulismo, recomendo que não leia este post antes de adormecer, sob o risco de acordar com um teco de espuma ou uma mola ensacada entre os dentes.

Qualquer um que já prestou atenção na sopa da mãe sabe: dentro do osso tem o totano, que é um lixo se você comer sozinho, mas fica muito bom se você tiver a paciência de tirá-lo pra temperar a carne. E na ponta de agulha, esse processo acontece naturalmente. Ou seja, você não está temperando a carne apenas com sal; tá temperando com sal e osso. 

E pra fazer isso, basta paciência. Tempere a carne com sal grosso, e coloque no alto da churraca com os ossos pra baixo. E quando eu digo alto da churraca, tenha em mente que você precisa de uma churraca responsa, de vários andares pra fazer uma carne assim. E, uma vez proprietário de tal instrumento da alegria, posicione a carne em questão no seu andar mais alto, cuidando para que o fogo esteja sempre forte, mas sem chamas e sem lambança. Ah, você entendeu: fogo forte e carne no alto.

Hoje eu vou quebrar um protocolo deste blog. Como é uma carne muito, mas muito demorada, não vou contar o tempo de preparo por latinhas de cerveja, porque se você bebe que nem mulherzinha, vai tirar a carne muito louco, e se você é um animal, vai tirar crua demais. Dessa vez, e apenas dessa vez, contarei em horas (sim, horas. demora muuuuito).

Deixe a peça de ponta de agulha virada com o osso pra baixo no andar mais alto da churraca por 3 fuckin horas. Sim, dá pra assistir o jogo do seu time, ler este blog inteiro umas 4 vezes e conferir o resultado da tele-sena 3 vezes. E não acha que tá pronto, não. Depois dessas 3 horas, vire a carne com o osso pra cima. Você vai notar que os ossinhos estão mais soltos, meio quequerendo sair pra fora da carne. Isso porque eles secaram e estão mais lisos, e a carne perdeu água e diminuiu de tamanho, apertando os ossos pra fora. Mas deixa o osso lá, não precisa tirá-lo. 

Voltando ao assunto: vire a carne do outro lado. Pelamordedeus, compadre: agora que você cumpriu metade do processo, não desça a carne. Essa é a hora que você faz merda por ansiedade, porque se queimar a parte de fora com fogo próximo, o meio continua cru, e duro. Deixa ela no mesmo andar, lá no alto. Por, mais ou menos, 1 e 1/2 ou 2 horas, dependendo da potência da sua churraca. Fica ligeiro, vai tirando umas lascas e experimentando. 

Quando achar que tá legal, experimentou e lavou a alma, vai tirando por pedacinhos, separados pelos ossos. Recomendo cortar pequeno e sapecar limão. Faz a festa.

O problema dessa carne é a estratégia. Não encha o seu eleitorado de carne antes, dose bem o que vai servir pra não deixar ninguém com fome, nem ninguém empapuçado. Assim, quando a ponta de agulha sair você vai ouvir muitos elogios. Cuide também de servir na hora que o carinha das batidas esteja fazendo um drink de aguarraz com suco de kiwi, porque isso fica bom e esse canalha não merece.

IPDA: Uns 15 reais uma peça boa, de 1,5Kg, e sal nem entra na conta. Tenha limão, não sei o preço.
Tempo de preparo: Sirva bêbado. Demora, você leu: entre 4 e 5 horas e a breja come solta nesse meio tempo.
Rendimento: a peça de 1,5kg serve bem 4 pessoas. Claro que essa não é a única carne do churrasco, senão você apanha.

Não meta o bedelho no meu churrasco

Churrasqueiro é um bicho ciumento com a sua carne. Mas fica feliz quando todo mundo come ela. Putz, dificil explicar esses fatos se compreendidos ao pé da letra, mas a verdade é que todo churrasqueiro gosta de montar ali ao lado da churraca e cuidar de tudo ele mesmo. Sem interferência e sem palpite.

Aí chega aquele cunhado da vizinha. O cara é um mala, usa camisa pra dentro da bermuda, torce pra Inter de Limeira, não bebe e estuda mecatrônica. Só faltava ser vegetariano. Apesar de que, se vegetariano fosse, mandaríamos o rapaz visitar o site da ana maria braga ler a receita de quibe sem carne e este post não teria motivo de ser. Ok, o cara é mala, se veste que nem um coxinha, torce mal, sempre-sóbrio e estudioso. Já tá chato o suficiente, né?

Querido leitor, se você não se enquadra nas características acima, sabe que um babaca desses num churrasco com gente normal, que bebe, fala merda e torce pra time que tem torcida acaba ficando largado num canto, não se enturma. 

Uma vez não enturmado, o que esse cara faz? cola no churrasqueiro. Além de nerd criado pela vó, é fominha. Então o camarada chega como quem não quer nada, pergunta que carne é essa, dá uma examinada na churrasqueira.. pra puxar papo, diz que a carne tá boa, mas ele faria de outro jeito e tal... OPA PERA LÁ QUE PORRA É ESSA?

Parceiro, é o seguinte, vamos ser bem claros.

O churrasqueiro acorda com vontade de comer uma carninha. Pensa o dia inteiro numa carne legal pra fazer. Vai comprar, gasta uma grana, escolhe, corta, prepara, faz tudo... e maluco vem meter o bedelho???? Ah, parceiro, aí não hein!!