Picanha ao alho sem nhaca

No post anterior, falamos sobre como preparar a picanha em bifes, a coisa mais simples do mundo depois da pipoca de microondas. Então vamos dificultar essa receita um pouco, pra fazer uma delícia de lavar a alma.

Alho é bom pra caralho, mas te deixa com o estômago em frangalho e te faz virar um espantalho? Espante a rima ruim da sua vida, leia essa receita e seja feliz!

A Lu Monte, do Dia de Folga, já tinha me falado sobre um alho assado que ela certa vez experimentou. Segundo palavras dela, perfeito pra passar na torrada. Como esse negócio de torrada é coisa de mulherzinha e aqui o sistema é bruto, fiquei de inventar alguma coisa pra fazer com esse alho assado. E tinha que ser carne, senão podia pegar mal.

Pensei comigo mesmo: bora lá tacar esse alho na picanha, porque picanha com alho a gente sabe que funciona. E o resultado ficou animal, diferente da picanha com alho que a gente come na churrascaria, porque o alho é assado antes de grudar na picanha. Então ele fica levinho, dá um sabor muito bom à carne e você não fica com aquela sensação de que comeu um javali. vivo.

Prepara a picanha como indicado no post anterior. Só não põe ela no fogo, criatura. Vamos preparar o alho primeiro.

A idéia é assar o alho na churraca com casca, talo, tudo o que tem direito.  Aproveitei pra dar uns toques demoníacos ao cabeção do alho. Sigam-me os bons!

Pegue uma cabeça inteira de alho. Não desmonte ela, nem tire a casca, nem lave, nada. Só pra fazer uma maldade, passe uma colher de manteiga Aviação no exterior da cabeça (do alho, mente suja). Use manteiga Aviação, vale a pena gastar 2 reais a mais numa manteiga de qualidade. Se passou pela sua cabeça passar margarina ou qualquer merda light, pode parar de ler este blog agora mesmo e vai pro site da ana maria braga. Certamente você vai achar alguma receita de alho com mel e temperos indianos e outras merdas.


Assim que se faz a maldade. Põe uma manteiga boa e deixa todo mundo assar juntinho. 

Ok, passada a manteiga na cabeça, e embrulha com papel alumínio e joga na churraca pra assar. Pra funcionar mais rápido, você pode colocá-lo lá dentro da churraca mesmo, junto do carvão, numa beiradinha onde o fogo não vai torrá-lo. 

Deixa lá por aproximadamente 4 cervejas. Quando começar a ficar pronto, vai dar pra sentir o cheirinho de alho com manteiga.. bão demais!!

Quando você não agentar mais a tortura, retire do calor e abra o papel alumínio. Retire um dente do alho e abra pra ver a textura. O dente tem que sair facinho, e o alho em si tem que estar uma pasta, parecendo um patê. Se ainda estiver durinho, fecha e manda de novo pra brasa.


Essa foto nojenta é pra você saber a textura certa pro alho.
Se não estiver com essa aparência feiosa, ainda não tá bom.

Se estiver pastoso, basta passar no filé de picanha, dos dois lados. Não deixe o excesso de alho lá, não precisamos dele. Só o fato da pasta de alho passar sobre a carne já faz o milagre. E como o alho, uma vez assado, perde aquele ardido e fica até docinho (sério, experimenta um pouquinho), a carne fica com o sabor do bicho, mas sem aquela maldita nhaca que dá quando a gente come muito alho.

Espalha a pasta na carne e tira esses excessos.

Daqui pra frente o processo é normal: mete a carne na grelha, põe sal, vira, tira, corta e come. 

Depois vc me diz o resultado. É outro tipo de carne for dummies, porque a picanha não tem como errar, e nem o alho.  Só demora um pouquinho pra ficar pronto, porque tem que assar o alho antes. 

Mas vale a pena a espera, vai te fazer arrancar elogios das donzelas, vai por mim.

IPDA: quase o mesmo da picanha, o custo do alho é irrisório.
Tempo de cozimento: o alho leva umas 4 ou 5 brejas. A picanha, tá no post anterior.
Rendimento: depende do tamanho da picanha. Mas se prepara que fica bom e a galera avança!

Como preparar uma picanha simples

Se você ainda está iniciando a sua vida de churrasqueiro e não tem lá tantas habilidades, tá aqui uma carne que, além de ser uma delícia, não tem como errar: Com vocês, a picanha!! (barulho de tambores e cornetas nessa hora, ok?) 
Esses dias eu ouvi uma sensacional de um amigo não-churrasqueiro (aquele que come, mas não prepara o churras). O cara disse assim: "eu só sei que tem que por a carne no fogo e tirar quando ficar marrom". A picanha é assim: simples e rápida de preparar e, a menos que você seja um orangotango, fica sempre gostosa. 
Podemos dizer que a picanha é a Paula Burlamaqui das carnes: você pode vê-la de qualquer jeito, que sempre vai estar uma delícia.
Claro que existem receitas mais complexas envolvendo a picanha. Inclusive, se procurar algum site de culinária mais chique e elegante, vai certamente encontrar tosqueiras como "picanha ao molho de maracujá com begônias" ou merdas no estilo-ana-maria-braga de cozinhar. Mas aqui não tem essa frescurada e a gente faz carne pra ficar gostosa, e não pro prato ficar bem decorado.
Tá com a picanha na mão? Então vamos começar a preparar a Picanha for Dummies mais simples do mercado: Picanha em bifes.
Estou presumindo que você adquiriu uma peça decente de carne. Vamos imaginar que a picanha tá vermelhinha, pequena e limpa. Não vou discorrer muito sobre a compra de uma boa picanha, porque isso aí é assunto pra outro post. No caso das fotos deste post, estou fazendo uso de uma picanha-bebê de 450g e pouca gordura, perfeita pra ser colocada alegremente na grelha na forma de bifes.
Bom, deita a piqueta numa tábua, com a capa de gordura pra cima. Fica mais fácil cortar, porque a faca tende a escorregar na gordura, e se estiver por baixo, vc não vai conseguir separar os bifes direito. Tenha em mãos uma faca afiada. A-F-I-A-D-A, tá entendido? Faca ruim mastiga a carne dá 10x mais trabalho e sujeira.
Apóie a mão esquerda sobre a capa de gordura (sim, churrasqueiro tem que sujar a mão, mesmo), e corte a picanha em bifes largos, de aproximadamente 2 dedos de largura. Se você for canhoto, pode apoiar com a direita e realizar os cortes com a esqueda, ok? Ah, e vê se lava essa mão antes de encher a carne que seus amigos vão comer com os coliformes fecais daquela mijada da décima cerveja.
A picanha deve ficar assim: dividida em pequenos pedaços de felicidade.
Agora você deve, carinhosamente, levar cada bifinho à grelha, perto do fogo, mas sem deixar que as chamas a peguem. Faça assim: com a grelha quente, deite o bife e ponha sal grosso do lado virado pra cima. Conte até 5, vire o bifinho e ponha sal do outro lado. Você vai notar que a picanha muda um pouco de cor no lado que estava pra baixo. Isso serve pra "selar" a carne. Ou seja, fazendo isso dos dois lados, você fez com que a camada de carne superficial seque levemente. Com isso, o líquido saborosíssimo que tem dentro da picanha não escorre facilmente, e a bichinha vai ficar molhadinha quando ficar pronta.
Quanto ao sal, reitero a teoria de que QUALQUER UM que já temperou a própria salada uma vez na vida sabe quanto sal colocar na carne. E o sal grosso vai derreter com o calor, e penetrar na carne. Então imagine que cada pedrinha de sal que jogar vai derreter e temperar a carne ao seu redor. Vai sem medo, na hora você vai saber como fazer.
Não fique virando o filezim. Quando você vira, ela perde líquido, e é o líquido que deixa ela macia. Deixa o filezim lá, e de vez em quando dá uma levantadinha pra ver a cor dele. Realmente, a picanha fica marrom, o sal derrete e as bordinhas do filé ficam mais escurinhas. Se estiver assim, pode virar e repetir o processo. 
O legal da picanha é que ela fica gostosa até muito mal passada. Então, se você tá na dúvida sobre o ponto dela, tira uma pontinha dela e experimenta. Se estiver mal-passada demais, volta ela pra caminha e deixa nanar mais um pouquinho. Mais ou menos como o botão "soneca" do despertador: não tá bom, dorme mais 5 minutinhos e acorda legal.
Na hora de servir, corte cada filé em fatias fininhas. Gosto muito de cortar fininho porque não dá aquela sensação de que vc tá se enchendo de carne, dá a impressão de que a carne fica mais leve. 
Eu, particularmente gosto da picanha mal-passada-quase-ao-ponto. É assim, se você cortar o primeiro pedacinho dela, e a carne estiver branquinha meio rosada por dentro, mas ao mesmo tempo escorrer  aquele sanguinho tudo-de-bom, tá no ponto perfeito.
Recomendo fazer de 2 em 2 bifes, a menos que você esteja fazendo churrasco pra muita gente. Esses bifinhos ficam prontos rapidinho, e se você fizer muito de uma vez, corre o risco de empanturrar o pessoal e alguns pedaços esfriarem sobre a mesa, o que é, no mínimo, um sacrilégio.
Se você tem carinho pela coronária dos seus amigos e familiares, pode tirar o excesso de gordura antes de servir. Convém consultar os convidados antes, tem gente que não gosta que tirem. 

Tempo de preparo: Uma breja na cozinha, cortando a picanha. E uma breja a cada 2 bifes na churraca. 
Rendimento: Uma picanha de 450g, como a que foi usada como exemplo, alimentou 2 pessoas. mas eu comia sozinho uma peça dessas, fácil.

Preparando um bom cupim

O cupim é uma carne extremamente saborosa e macia, mas a diferença entre um bom cupim e um cupim cagado (gostei do trocadilho, junta com a fraldinha e.. xapralá) é muito tênue. É uma carne demorada de preparar e muito fácil de errar. Portanto, se você for convidado a algum churrasco e tiver cupim, tenha certeza de que o churrasqueiro sabe o que tá fazendo.

Já expliquei que o cupim fica em cima das costas do boi, o Nelore, e é cheia de gordura, certo? Na verdade, uma das mais gordurosas do boi. Pois é, mas o cupim não é como a picanha, por exemplo, que tem a gordura bem definida sobre a peça. A gordura do cupim fica entrenhada no meio da carne, junto com uns nervinhos, e se você vacilar, fica tudo uma pedra. Portanto, a palavra que me vem à cabeça é: paciência. O cupim é o primeiro que vai à churrasqueira e o último que sai. Ou seja, se você faz o tipo ansioso, ou tem hiperatividade, tome um chá de passiflora antes de começar o churrasco. 

Pra assar um cupim, você precisa de uma churraca responsa, daquelas de vários andares. Isso porque você tem que preparar a peça em duas etapas, e ambas precisam de uma certa distância do fogo. 

O primeiro passo é espetar o cupim, e enrolar naqueles celofanes de churrasco. Não sabe o que é isso? Gooooogle, parceiro. Só não mete um celofane qualquer, você não tá encapando um caderno, tá preparando uma carne e é melhor que tenha um mínimo de noção nessa cabeça. Recomendo utilizar um espeto único, como o das fotos abaixo e não daqueles duplos. 

Quando você enrola a peça de carne no celofane, é por um bom motivo, então não o faça com preguiça nem de qualquer jeito. A carne vai aquecer, a gordura do meio da carne vai derreter, e vai ficar presa no celofane. Vai aquecer junto da carne e vai ajudar a cozinhá-la. Ou seja, você vai cozinhar a carne na própria gordura dela. Sacou o espírito da coisa? Então segue os passos aí:

Taí uma peça de cupim. Na verdade, aí tem meia peça. A outra meia eu congelei.

Depois de espetada a peça, abra um bom pedaço de celofane sobre uma mesa, jogue um pouco de sal e enrole, sem deixar muita folga.

Uma vez enrolado, arrume um pedacinho de celofane ou qualquer outra coisa pra amarrar as extremidades.
Não se esqueça de que a gordura tem que ficar aí dentro, cozinhando a carne.
Não ficou lindo? Parece uma balinha 7Belo!

Agora bote o espeto no andar mais alto da churraca e deixa lá. Vai ficar ali umas 3 horas. A cada nova cerveja que você abrir, vire a carne com todo o cuidado pra não deixar o líquido escorrer. Você vai adorar quando a gordurinha começar a fazer borbulhinhas dentro do pacote. É o sinal que as coisas vão indo bem.

Não tenha pressa. Sirva toda a linguiça e contra-filé para os convidados mais afoitos, e deixe essa maravilha da natureza ficar boa por sí só. O segredo do cupim (nome de filme da tela quente, com Keanu Reeves) é justamente esse cozimento. Portanto, não tire ele daí. Não deixe esfriar. Não deixe o fogo apagar. Não economize carvão. Não deixe ele mais baixo, perto da grelha, achando que vai ficar pronto mais rápido. Não fure o celofane. Enfim, não seja besta que a carne fica boa sozinha.

Depois que se passarem pelo menos 3 horas, e dentro do celofane estiver um furdúncio já há algum tempo, é hora de abrir. Chame os bombeiros que essa parte é cruel.

Você não tem outro jeito: precisa abrir a embalagem com aquele caldo gosmento dentro. Quando fizer isso, vai cair aquela gordura toda na churraca. Se você tiver uma pia por perto, leve a peça até a pia, faça um rasguinho com a faca e abra a porra toda. Se não tiver, vai ter que ser na marra mesmo. Nesse caso, certifique-se de que não tem nenhuma outra carne nos andares de baixo do cupim. Vai cair uma avalanche de gordura e vai lavar a carne em questão, fica uma merda. Se você aguentar o calor, recomendo posicionar uma latinha de cerveja (VAZIA, HEIN) embaixo pra tentar recolher o máximo possível do caldo que vai cair. Depois você dá a latinha pro cara das batidas beber e tudo ok.

Agora você pode descer o cupim "pelado" pro andar de baixo, mas ainda a uma distância média do fogo. Tire uma lasquinha e veja se há a necessidade de sal. Se sim, pode espalhar um pouco na peça. Não preciso te falar quanto, qualquer um que já temperou uma salada sabe quanto sal colocar na comida, vá.

A melhor maneira de servir o cupim, é ir virando ele, e à medida que vira, você vai tirando as lasquinhas que ficaram mais queimadinhas. Este processo se chama "casqueirar", ou seja, você vai casqueirando a carne. Se você não errou nada nesse processo todo, fica de comer falando palavrões. Eu mesmo já soltei vários puta-que-paris pra essa carne.

Da primeira vez, recomendo fazer sozinho ou num churrasco com menos gente. Você não vai querer errar numa festa pra 30 pessoas, vai?

IPDA: marromeno 14 reais uma peça de 3kg. Mega barato.
Rendimento: não tenha como a única carne no churrasco. Imaginando que fica pronta no final, alimenta uns 6 ou 7 caboclos.
Tempo de preparo: umas 8 latinhas. Adoro essa parte!

Pimenta no cupim dos outros é refresco

Ok, esse post não trata sobre pimenta, mas o título ficou bacana e é assim que vai ficar. Afinal, isso não é uma democracia. Na verdade, nunca passei tanto tempo pensando no título de um post. O meu senso de putaria me gritava que eu deveria fazer algum trocadilho com a palavra CUpim (sacou, hã?). Mas meu bom senso me lembrava que o CUpim, no caso, era o meu, e qualquer trocadilho poderia pegar mal pro meu lado. Acabou ficando assim mesmo, tem a coisa dos OUTROS, fica meio Lost, legal. gostei.
Findas as questões filosóficas envolvendo partes obscuras de outrém, vamos ao assunto que nos trouxe aqui: é com muito pesar que o autor deste blog vem lhes comunicar que falhou. Sim, caros amigos. O cupim deste final de semana ficou um lixo, que eu não serviria nem pro carinha das batidas. Tá, pra ele eu servia, mas pra mais ninguém.
Eu já queria escrever aqui sobre o cupim, que é uma delícia de carne, requer uma churraca responsa e um tanto de capricho e paciência. E eu SEI fazer a porra do cupim, eu JÁ acertei váááárias vezes, e eu JÁ ganhei vários elogios por isso. Mas dessa vez tomei a vaia. Mas então, porque eu vou escrever logo sobre o cupim que eu errei?
O que acontece é que eu gosto de fotografar os processos de preparação das carnes, e nos churrascos anteriores eu acabei deixando isso pra lá. Então, nesta sexta feira, comprei um cupim especialmente pensando em vocês, preparei a máquina fotográfica e registrei todos os passos.
O bom dessa história é que eu sei exatamente onde eu errei, e posso colocar a receita aqui, que vocês vão acertar. Além disso, este blog está comprometido com a verdade, e se a gente erra, a gente dá a cara pra bater. E aí, vai encarar? Então vamos lá.
Falando em cupim e todos os trocadilhos que esse nome sugere, eu queria muito bater um papo com o primeiro carinha que dechavou o primeiro boi. Ele mesmo, o cara que inventou de cortar o boi todo recortadinho como conhecemos. Sim, o camarada que inventou de ficar dando nomes de bichinhos e coisas engraçadinhas no diminutivo pras carnes. Patinho, lagarto, fraldinha, maminha, um monte de nomes bizarros que não dizem nada e faz com que nós, pessoas maduras e sensatas, passemos vergonha no supermercado. 
Mas no cupim ele acertou. Vamos dar um pulinho no Google pra iluminar o vácuo de vossas mentes:
O 'Cupim' é um tipo de corte da carne bovina, mais especificamente o gado Nelore. Está localizado na parte dianteira do animal, precisamente atrás do pescoço , e de igual maneira representa 3,29% do dianteiro. É uma carne macia entremeadas de gordura.
tá vendo ali, em cima das costas? é o cupim! Belos chifres, parceiro!
Tá, mas o que isso tem a ver com o cupim, bicho que come madeira? Aparentemente nada! Mas veja só isso aqui: 
Taí. Esse treco de barro aí é a casa do cupim. E tem um desse nas costas do boi, só que é de carne.
Pronto. Esse trecão aí chama Cupim, e é a casa do.. Cupim! Show! Pelo menos se parece com o lance das costas do Nelore. 
Mas... e como prepara o tal cupim? Bom, vou separar isso em dois posts, porque aqui eu já falei demais. E tem a coisa do google, a gente precisa separar todos os assuntos direitinho. Ah, um dia eu explico isso. Vamos à receita no próximo post.

Especial Churrasqueiras: Churrasco de apartamento

Antes de começar a ler este post, confira a convenção de condomínio do seu prédio, ok? Não nos responsabilizamos por nenhuma multa aplicada aos leitores deste blog.

Tá, agora que você leu e tá de acordo com nossos termos e condições, chega de passar vontade: você, morador de apê, também tem o direito de assar uma carninha quando bem entender. Afinal, os campeonatos regionais já começaram, e não tem nada melhor do que fazer um churrasquinho enquanto assiste futebol pela TV. Se o teu apê tem sacada, ótimo. Se não tem, use a lavanderia. O que importa é acender uma churraca e curtir uma carne nos dentes.

A primeira coisa que você tem a fazer é escolher o tipo de churrasqueira: de carvão ou elétrica.  E o que vai te ajudar a escolher entre uma e outra é um fator muito simples: o andar onde você mora.

A churrasqueira de carvão tem combustão, no caso, do carvão, e isso gera fumaça. A gordura da carne cai no carvão quente, o que gera ainda mais fumaça. Essa fumaça com cheiro de gordurinha queimada subindo, defuma a carne e é por isso que fica gostoso. O problema é que ela não pára na carne, e continua subindo, subindo, impesteando os apartamentos superiores ao seu. É, o seu também fica impesteado, mas isso aí são os ossos do ofício, parceiro.

Já a churrasqueira elétrica não tem combustão, e sim uma grande resistência que fica logo abaixo da grelha. Assa a carne direitinho, até. Pra tentar simular a questão da gordurinha caindo no carvão, vc coloca um pouco de água na bandeja dela. A gordura cai na água, que evapora, vai subindo e pega na carne. Mas não sobe tanto quando no caso do carvão. No máximo, a churraquinha elétrica vai deixar o seu apê com cheiro de churrasco, mas definitivamente, a lambança de fumaça que faz é muito menor do que a de carvão. É uma churraquinha honesta, mas pra ser bão mesmo tem que ter carvão queimando. 

OBS importante: Se vale como opinião, limpar uma churrasqueira elétrica é uma das experiências mais nojentas a que você pode se submeter. Isso porque a gordura cai na água, que evapora deixando aquela borra nojenta, com tecos de carne.. eca, perdi o apetite.

Diante dos fatos, vamos simular algumas situações:
  1. Você mora no segundo andar, e seu prédio tem 11.
    Se você usar carvão, vai defumar 9 apartamentos, além do seu. A chance de algum vizinho se revoltar é beeeem grande. Nesse caso, recomendo a elétrica, que vai deixar, no máximo, um cheirinho de carne no apartamento de cima. 
  2. Você mora no décimo andar, do mesmo prédio de 11.
    Nesse caso, você vai incomodar apenas um apartamento, o de cima do seu. Recomendo tentar a sorte, usando uma churraca de carvão. Se o vizinho reclamar, convide-o para compartilhar do churras. Se ele ficar puto, use uma elétrica e seja feliz.
  3. Você mora do décimo primeiro andar, do prédio de 11.
    Foda-se, mete a churraca de carvão, constrói, faz no chão, arrepia que o mundo é teu.
A maioria dos condomínios não permite que você construa uma churraca de cimento na sacada. Portanto, você precisa de uma portátil. Fuja daquelas porcarias que vende no supermercado, as churrasqueiras de latão. Elas são feitas pra durar dois ou três churrascos. Recomendo procurar uma casa de churrasqueiras mesmo, e isso é facinho de achar, e comprar uma de alumínio. Se você tomar poucos cuidados como limpá-la após os churras e tal, ela dura muito mais.

Agora tá fácil. Basta acender (ou ligar na tomada), tacar a carne e ser feliz.

Dica: como as churracas de apê são sempre pequenas, procure fazer carnes pequenas e que fiquem prontas rápidas. Uma picanha em bifes funciona muito bem. Costelinha de porco, se for magrinha, também. Coração, queijo coalho e linguiça.. Só não vai tentar fazer um cupim ou uma costela de boi que você vai se dar mal.

Ah, e boa sorte com o seu síndico :-)

O churrasqueiro

Senhoras e senhores, com vocês..... O CHURRRRRRRRASQUEIROOOOOOOO
Se eu fosse apresentado um dia, queria que fosse assim. Como no boxe, como no ultimate fighting. Entra o tiozinho de paletó e gravata borboleta, o microfone desce do teto (tá, churrasco quase nunca tem teto, então desce do céu mesmo que tá valendo), apagam-se as luzes e o tiozinho manda uma voz de trovão pra avisar que o churrasqueiro tá chegando: "DO LADO ESQUERDO DO RINGUE, PESANDO 1.300KG... A PICAAAAAANHAAAAAA.... e DO LADO DIREITO, PESANDO MAIS DO QUE DEVIA.... o CHURRRRRASSSQUEEEEEEEIROOOOOOOO!!!!!"
E esse post é exatamente isso mesmo. Uma auto-homenagem ao coitado que fica responsável por lidar com fogo no verão, meter a mão na carne crua, limpar coraçãozinho (que é uma das piores atividades do churrasco) e preparar comida pra um batalhão de gente, que ele chama de "amigos".
O churrasqueiro é o cara mais malaco da festa, porque nunca tem que buscar cerveja na geladeira. Basta amaciar o coração de algum passante oferecendo-lhe uma carninha no capricho pra mandar na sequencia: "pega uma lá pra mim, parceiro?". Certeza que o amigo escolhe a mais gelada pra te trazer. 
O churrasqueiro ganha os céus quando acerta a mão em alguma carne. E toma vaia se errar, mesmo que tenha dado um puuuuta trabalho pra fazer.
Dona Ivette, a nonna, já dizia: "Quem parte e reparte, se o faz com arte, sempre fica com a melhor parte". Pois é, o churrasqueiro tem o direito de comer, desde que discretamente, o melhor pedaço de carne. E quentinho, o que é uma vantagem.
O churrasqueiro tem o direito de sujar toneladas de louça e não lavar absolutamente nada.
Mas também, o churrasqueiro sempre sai mais sujo do que todo mundo. E queima a mão. E corta o dedo. Ou seja: lavem a louça, vocês entenderam.
O churrasqueiro não pega garota nenhuma no churrasco, pode esquecer. Nenhuma garota vai querer se defumar ao seu lado, nem sujar a roupa com a sua mão de carvão. O carinha das batidas, por exemplo, tem muito mais chance de oferecer um drink colorido à base de cointreau e club soda e derrubar a garotinha. 
30 de setembro é o dia do churrasqueiro. Tá, grandes merdas, mas aposto que o carinha das batidas não tem dia dele. Se tiver, não merece, esse canalha.
O churrasqueiro tem o direito de ser barrigudo, ao contrário do carinha das batidas (viu?).
O churrasqueiro pode separar aquele pedaço de carne que caiu no chão e dar pro cara das batidas. Ou aquele pedaço de nervo duro, ou aquela carne que o cachorro não quis.
Enfim, esse cara das batidas nunca me enganou. Esse negócio de drinkzinho colorido é gourmet demais pra mim. 
Depois do exaustivo churrasco de domingo, alimentando 30 pessoas, faço essa auto-homenagem a esse herói dos espetos, o poeta do frigorífico, o Rei do Carvão: o churrasqueiro. No caso deste blog, eu mesmo :-)

Como preparar uma paleta de cordeiro na churrasqueira

Vou começar este post tirando uma dúvida de todo mundo: qual a diferença entre cabrito, carneiro e cordeiro? Para iluminar sua mente brilhante, faço minhas as palavras do mestre Google: 
“O cordeiro é o ovino de até quatro meses, filhote do carneiro e da ovelha, enquanto que o cabrito é o animal da mesma idade, resultado da cruza do bode e da cabra. Mesmo com essas diferenças, ambas as carnes são as mais saudáveis entre as vermelhas, pois possuem menos gordura, mais proteína, mais ferro e ainda são ricas em vitaminas do complexo B”.  Palavra de José Henrique Carlan, proprietário do restaurante Pata de Cordeiro, que fica em algum lugar do Paraná.
Ok, isto claro, vamos aos fatos. Desde que adquiri uma churraca responsa, sempre quis fazer uma paleta de cordeiro pra galera. A isto se deve o fato de que a Dona Ivette, a nonna, prepara uma no forno que me faz lamber os beiços. Nada mais natural do que tentar fazer a minha própria paleta, não?
O primeiro passo foi correr à internet. Bora lá procurar todo tipo de receita. Nenhuma me agradou, seja pela simplicidade absoluta (meta sal e bote a perna no fogo) ou pela imensa quantidade de procedimentos duvidosos (pegue a perna, passe mel, coloque uma lingua de gato, reze 3 ave-marias..). Fiz um catadão de idéias que me pareciam interessantes e inventei o meu próprio cordeiro.
Primeiro passo: o que fazer com a perna em si. 
Pelo que procurei, só encontrei paletas congeladas.  Comprei um belo exemplar. Aí nasceu também a primeira cagada: Pra descongelar a bichinha, enchi um balde de água, taquei a peça dentro, devidamente embalada à vácuo, e deixei no sol. Assim que cumpri as etapas acima, bora pra internet ver se aparece mais alguma receita legal. Mas não, acabei descobrindo que a paleta é uma peça sensível e deve ser descongelada vagarosamente, na geladeira. Fudeu. 
Segundo passo: preparando o molho pra marinar. 
Em quase todas as receitas que li, a paleta deveria marinar por algumas horas num molho xyz, que, em geral tinha vino branco ou cerveja, e azeite. Optei pelo vinho branco, porque cerveja bebo eu e carne nenhuma vai tomar a minha. As receitas falavam em 1 copo de vinho e um copo de água. Como eu não faço coisa pela metade, mandei logo uma garrafa inteira, sem essa de água. Vinho branco seco, hein fanfarrão! Não vai comprar suave pq vai fazer a tua carne doce como um pirulito.
Bom, joguei o vinho no liquidificador e taquei lá 150ml de um azeite bom. A patroa me disse que pra cozinhar pode ser qualquer azeite, mas eu mandei lá um italiano.
Pra dar um tempero no molho, vale a pena meter umas ervas. Recorri aos vasos da patroa e, com a ajuda e uma prima que sabe qual erva é qual, voltei com hortelã, manejricão fresco, salsinha, alecrim, além do orégano e da folha de louro, daquelas que vende num saquinho.
Dei uma colherada generosa no orégano. Joguei as folhas de 5 galhos de hortelã. As folhas de 2 galhos de manjericão e duas folhas de louro. As folhas de 4 galhos de salsinha e um pouquinho de alecrim (que na real nem fez diferença). Era pra dar uma pitada de pimenta do reino, mas eu me atrapalhei com a embalagem e deixei cair bastante, mais ou menos uma colher de chá. Adicionei sal fino, fechei a tampa e começou a lambança. É, um litro inteiro de vinho + esse monte de coisa pode ser demais para o seu liquidificador. Para o meu foi, e vazou bastante. Ainda bem que deu pra passar um pano antes da patroa ver. Recomendo bater tudo com apenas meio litro de vinho, depois vc adiciona o resto.
O molho fica com uma aparência bizarra, parece um lodo de pântano. Isso acontece porque o azeite tende a subir em relação ao vinho (é, eles não se misturam, vc lembra da aula de ciências?) e fica com aquele monte de tempero batido. Mas vai na fé que fica bom. 
Terceiro passo: marinando a pernoca.
Caso você não saiba o que é marinar, consiste em deixar determinada peça de carne praticamente boiando em determinado molho, crua, durante determinado tempo. Sacou? Vamos meter a paleta do cordeiro num recipiente, jogar o molho nojento que acabamos de fazer, e deixar lá no mínimo 12 horas. 
Usei uma bandeja quadradona daquelas de alumínio, coube a peça direitinho. Se você tem mulher ou mãe em casa, abre o forno que você vai encontrar uma peça dessas.
Ponha lá a pernoca. Jogue todo o molho em cima.  De hora em hora, depois de conferir o resultado da telesena, vire a peça. Como já disse, o vinho tende a ficar por baixo, e o azeite faz uma meleca em cima com as ervas. Com uma colher, espalhe um pouco dessa meleca sobre a peça. Assim vai por umas 10 ou 12 horas. 
Uma dica legal é fazer uns furinhos com a faca na carne. Ajuda o molho (e o vinho) a penetrar melhor e pegar o gosto. Mas não seja um orangotango, faça apenas meia dúzia de pequenos furinhos. 
Quarto passo: lugar de carne é na grelha!
Espetei a peça toda num daqueles espetos duplos. ela fica mais firme na churraca. Pra assar por igual, requintes de crueldade: tem um lado que dá pra ver nitidamente um ossinho, onde ficava plugado o pezinho do bicho. Esse lado tem menos carne, e é interessante usar a cabeça na hora de espetar, de maneira que esse ossinho fique voltado pro lado de fora da churraca. 
Quando pegar uma paleta de cordeiro na mão, você vai conseguir identificar um lado mais magro do que o outro. Coloque na churraca, no andar mais alto e com esse lado magrinho pra baixo. Se a sua churraca não faz o estilo Empire State, deve ser o terceiro andar. Fogo forte, não é hora de economizar carvão.
Lá pela terceira ou quarta breja, o lado de baixo começa a ficar escurinho. Aparência de assado é facinho de reconhecer. Quando achar que tá ok, vire a peça. Mesma coisa, mais 3 ou 4 brejas e se achar que tá legal, tire. 
É uma peça muito grande e chata pra cacete de cortar. Recomendo separar um cantinho no terceiro andar da churraca, e ir tirando tequinhos da carne aos poucos. Se quiser cortar tudo de uma vez, vai ficar frio. 
O resultado foi fenomenal. Mesmo eu tendo cometido várias cagadas no processo, embebedado um filhote de ovelha e ter tacado temperos de forma descoordenada e aleatória, a paleta de cordeiro fez a festa. É uma carne tão saborosa, que você pode errar à vontade que fica bom.

Rendimento: Se for a única peça do churrasco, deve alimentar uns 4 ou 5 marmanjos.
Tempo de preparo: 3 latas pra fazer o molho. No cozimento, pode contar com 4 latas de cada lado do bicho. Ou seja, além do cordeiro, você também absorve uma quantidade legal de álcool.
Este post é uma homenagem a todos os amigos de má índole que comeram o cordeiro dizendo que o frango tinha ficado ótimo. Amo todos vocês, seus malditos.

A faca da Caras

Um bom churrasqueiro precisa de uma boa faca, certo? Errado, porque até o mal churrasqueiro também precisa. 
Piada infame à parte, taí uma coisa certa: faca ruim é foda. Você não precisa de uma espada samurai e fazer cortes cirúrgicos no boi, mas sem uma faca boa vc mastiga a carne, corta errado e ainda passa raiva.
Se você tá meio derrubadão e não tá com bala pra comprar aquela faca ginsu que corta um tubarão no meio, taí uma dica legal.
A revista caras finalmente arrumou uma utilidade além de cobrir mijo de cachorro: os caras estão dando um aparelho com sei lá quantas peças, uma por semana. A primeira delas é a faca.
A patroa me apareceu ontem com a faca. Viu na TV, achou que eu ia curtir, e ainda arrumou alguma coisa pra ler. Embora a revista em questão não tenha nada a ser lido. Só figuras. 
Como a revista custa 7 mangos, achei que a faca ia ser vagabunda. Mas não, ela é meramente bonitinha e tem um fio honestíssimo. Usei no churras de ontem e funcionou pacas!
O cabo é de plástico levinho, então tenho minhas dúvidas se ela vai durar muito tempo. Mas o fio é animal. 
E como custou 7 mangos e veio com um limpador de bunda junto, tá valendo.

Rocambole de fraldinha

Com o preço descaralhado da picanha nos dias atuais, é bom você abrir o olho e aprender a fazer outras carnes, parceiro. Salva a tua pele e o teu bolso.
Uma carne supimpa é a fraldinha. Por mais que o nome sempre dê aquela sensação de que vc tá fazendo merda, é uma carne baratinha e pra lá de legal. 
A fraldinha é uma peça meio compridinha, que tem uma capa de gordura parecida com a da picanha, mas que só cobre metade da peça. Daí o nome "fraldinha". É como se a gordura fosse a merda, mas vamos deixar esse papo pra lá.
Um dos problemas de preparar a fraldinha, é justamente essa capa de gordura. A parte que não tem a gordura tende a ficar pronta mais rápido e a ficar mais molinha. Isso acontece pq aquilo não é só gordura, como na picanha. Tem alguma nervura junto, e aí tende a ficar meio duro. Funciona bem, mas a carne pode ficar dura. 
Recentemente, descobri uma maneira legal de fazer a fraldeta, e ontem resolvi incrementar umas traquitanas pra postar aqui. É o rocambole de fraldinha.
Faz assim, mete a fraldinha na tábua e corta em 3 fatias, de comprido, com mais ou menos dois dedos de espessura. Lembre-se de não cortar os dedos, utilize-os apenas pra medir. Ok, você vai ficar com 3 grandes tiras de fraldinha.
Uma maneira de fazer é simplesmente enrolar as fatias, mandar sal e bora pra brasa. Mas ainda dá pra melhorar.
Arruma uma cebola. Tira fora as extremidades da cebola, e corta a bicha no meio (descasca antes, animal).  Beleza, com a mão vc pode desmontar a cebola e ficar só com os aneizinhos. Corte os aneizinhos no meio. 
Agora sim, você enrola as fatias da fralda com a cebola no meio. É uma merda montar os rocamboles. Se você é um cara bruto vai ser uma foda montar, mas vai lá que vc consegue. Pense que as garotas vão se impressionar com a sua imaginação e habilidade. Elas gostam de caras que cozinham, hã!
Beleza, enrolou cada fatia com uns pedacinhos de cebola? Pra não desmontar tudo, recomendo espetar uns palitos de dente (por que será que na caixa, há cem anos tem a foto daquela loira?) que ajudam a ficar firme.
Sapeca sal grosso e manda pra brasa. Recomendo ficar esperto pra virar uma vez só, senão desmonta tudo. 
Quando ficar pronto, tira, pica a cebola, corta a carne em pedaços pequenos e mete os dentes. Fica bom pra caray!!
O bacana é comer um pedacinho de carne junto com um pedacinho de cebola. Fica esperto com o tempo na brasa. Fraldinha mal-passada é ruim, e se deixar passar demais a cebola bebe a água da carne e fica tudo duro. 
IPDA: marromeno 10 real. baratim, baratim.
Rendimento: se você não for um animal, uma fralda pequeninha serve bem você e uma garota.
Tempo de preparo: 2 latas de breja. Uma na cozinha, e uma na churraca.
Cuidado com esse dedo gordo aí hein queridão!
é assim que a cebola tem que ficar. Você vai enfiar esses tequinhos no meio da carne.
dá um trabalho fodido montar isso assim. não esquece dos palitinhos.
Na hora de virar, faz um furdúncio. Fica esperto e vira uma vez só.  Depois eu explico a presença dessas abobrinhas na grelha. Não me julgue.
A carne é fraldinha e o rocambole parece uma merdinha. Mas fica bom pra cacete.  O autor deste bolg recomenda tirar os palitinhos antes de servir.

Queijo coalho não é carne, mas é bom

 INFORMAÇÃO: Conteúdo readequado às novas diretrizes editoriais do nosso gerente em outubro de 2022 

Churrasco sem carne não existe. Mas isso não significa que você não possa ajudar a compor o seu churrasco com outras coisas. E uma que faz bastante sucesso é o queijo coalho.
Trata-se de um queijinho pasteurizado, meio durinho, espetado num palito. Comer cru deve ser meio esquisito por conta da textura, mas se vc esquentar um pouquinho fica de lavar a alma.
Uma embalagem de queijo coalho costuma ter 7 ou 8 espetinhos. Recomendo que se faça de 2 em 2 espetinhos. A explicação disso é muito simples: quando ele ficar pronto, retire o cabinho de madeira, e corte em pedacinhos. Um espetinho dá uns 5 ou 6 pedaços do tamanho de uma borracha escolar. Se você fizer um espetinho por vez, corre o risco de ver seus convidados se degladiarem. Se fizer mais de 2, corre o risco de empanturrar o pessoal, deixando alguns pedaços sobrarem na mesa. Aí tá feita a merda, pois o queijo coalho, depois de frio, fica uma borracha, terrível de comer. E mandar de volta pra grelha pra requentar é serviço porco.
Pra preparar é muito simples: retire o espetinho do pacote e coloque inicialmente numa parte mais fria da grelha. Perto das extremidades, por exemplo. O segredo é deixar o queijo aquecer gradativamente, pois direto no fogo, você corre o risco de tostá-lo por fora, e não derreter totalmente por dentro.
Você vai perceber que ele tá ficando bom, pois ele dá umas derretidinhas nas bordas. O chato do queijo coalho é que tem que virar o tempo todo, pra derreter por igual. Ou seja: dá trabalho. Mais um motivo pra não meter mais de 2 na churraca, pq você vai ter que ficar tomando conta.
Ok, então você conseguiu deixar os 4 lados deles meio derretidinhos. Hora de meter ele mais perto do fogo. Assim, ele vai torrar de leve por fora, formando uma casquinha. Não deixe queimar, é só uma casquinha.  O segredo tá no palitinho, que deixa de ficar firme quando o miolo dele estiver mais derretido.
Deu a torradinha nos 4 lados? Então ele tá derretido por dentro e com uma casquinha por fora, pronto pra servir. É só colocar na tábua, tirar o palitinho e cortar pequeno.
Dica 1: por ser mais leve, faz sucesso com a criançada, que não tem estômago de ogro como a gente. Portanto, se no seu churrasco aparecer o filho da vizinha, aquele sobrinho mala ou até mesmo os seus próprios filhos, mande um queijo coalho e faça a moral com a molecada.
Dica 2: se você é como eu, que detesta ver suja a tábua onde você corta a carne, utilize o queijo coalho pra limpar. Quando você corta uma picanha no ponto, por exemplo, ela perde bastante líquido sobre a tábua. Esse líquido é caldo de picanha, já temperado. Uma iguaria pra ser desperdiçada assim, não acha? Então experimente passar o queijo coalho, ajuda a dar um temperinho no queijo e mantem o seu chiqueiro em ordem. 
Não tempere com nada. Nem sal. Mete o queijão lá e tá redondo.
Tempo na churraca: 1 lata de cerveja.
Rendimento: é acompanhamento, porra. 

Lugar de boi é deitado na grelha


amo muito tudo isso.

Me desculpem os indianos e vegetarianos, mas lugar de boi é ali, debaixo da chaminé e acima do carvão, cortadinho e temperado, esperando apenas chegar ao ponto e ser mastigado.

Pensa comigo: a vaca dá leite, que dá queijo e mais um monte de coisas. Portanto, é um bicho útil e merece seu lugar no pasto e no coração da gente. E o boi? Eu não consigo imaginar uma utilidade pra ele. Além de comer a vaca e produzir outras vaquinhas, com 50% de chance de errar e produzir outro boi inútil como ele. E, já que é um bicho inútil, vai pra barriga. Funciona assim desde sempre: nasce, cresce, enche o bucho de capim, engorda e vai pra pança. Simples assim. 

É por isso que eu não entendo os vegetarianos. Se o primeiro neanderthal não tivesse metido o espeto no primeiro mamute pra alimentar os filhotinhos de neanderthal, nossa raça não estaria aqui pra dominar o mundo como fazemos hoje. Sem essa de saladinha, a gente gosta mesmo é de carne!

E foi pra isso que esse blog foi criado: pra compartilhar experiências de churrasco, de homem pra homem de maneira fácil e direta, pra você não fazer feio na frente da grelha.