Se eu fosse apresentado um dia, queria que fosse assim. Como no boxe, como no ultimate fighting. Entra o tiozinho de paletó e gravata borboleta, o microfone desce do teto (tá, churrasco quase nunca tem teto, então desce do céu mesmo que tá valendo), apagam-se as luzes e o tiozinho manda uma voz de trovão pra avisar que o churrasqueiro tá chegando: "DO LADO ESQUERDO DO RINGUE, PESANDO 1.300KG... A PICAAAAAANHAAAAAA.... e DO LADO DIREITO, PESANDO MAIS DO QUE DEVIA.... o CHURRRRRASSSQUEEEEEEEIROOOOOOOO!!!!!"
E esse post é exatamente isso mesmo. Uma auto-homenagem ao coitado que fica responsável por lidar com fogo no verão, meter a mão na carne crua, limpar coraçãozinho (que é uma das piores atividades do churrasco) e preparar comida pra um batalhão de gente, que ele chama de "amigos".
O churrasqueiro é o cara mais malaco da festa, porque nunca tem que buscar cerveja na geladeira. Basta amaciar o coração de algum passante oferecendo-lhe uma carninha no capricho pra mandar na sequencia: "pega uma lá pra mim, parceiro?". Certeza que o amigo escolhe a mais gelada pra te trazer.
O churrasqueiro ganha os céus quando acerta a mão em alguma carne. E toma vaia se errar, mesmo que tenha dado um puuuuta trabalho pra fazer.
Dona Ivette, a nonna, já dizia: "Quem parte e reparte, se o faz com arte, sempre fica com a melhor parte". Pois é, o churrasqueiro tem o direito de comer, desde que discretamente, o melhor pedaço de carne. E quentinho, o que é uma vantagem.
O churrasqueiro tem o direito de sujar toneladas de louça e não lavar absolutamente nada.
Mas também, o churrasqueiro sempre sai mais sujo do que todo mundo. E queima a mão. E corta o dedo. Ou seja: lavem a louça, vocês entenderam.
O churrasqueiro não pega garota nenhuma no churrasco, pode esquecer. Nenhuma garota vai querer se defumar ao seu lado, nem sujar a roupa com a sua mão de carvão. O carinha das batidas, por exemplo, tem muito mais chance de oferecer um drink colorido à base de cointreau e club soda e derrubar a garotinha.
30 de setembro é o dia do churrasqueiro. Tá, grandes merdas, mas aposto que o carinha das batidas não tem dia dele. Se tiver, não merece, esse canalha.
O churrasqueiro tem o direito de ser barrigudo, ao contrário do carinha das batidas (viu?).
O churrasqueiro pode separar aquele pedaço de carne que caiu no chão e dar pro cara das batidas. Ou aquele pedaço de nervo duro, ou aquela carne que o cachorro não quis.
Enfim, esse cara das batidas nunca me enganou. Esse negócio de drinkzinho colorido é gourmet demais pra mim.
Depois do exaustivo churrasco de domingo, alimentando 30 pessoas, faço essa auto-homenagem a esse herói dos espetos, o poeta do frigorífico, o Rei do Carvão: o churrasqueiro. No caso deste blog, eu mesmo :-)
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