O Jornal Nacional, com William Bonner e Fátima Bernardes noticiou ontem a tristeza dos produtores de carne com a queda nas exportações e a verdadeira farra do boi que o brasileiro tá fazendo nos açougues desse nosso país tropical abençoado por Deus. Bora lá voltar um pouquinho no tempo:
Meados do final do ano passado, quebra-se o Lehman Brothers, todo mundo xinga a Lehman Mother e a economia mundial vai pelos ares, transformando o Jorge W. Moita no presidente do mundo mais carinhosamente lembrado da história da humanidade. Nesse mundo de economia loucamente globalizada, o mercado é uma grande reação em cadeia, sempre com um esperto querendo se antecipar ao outro esperto, e assim sucessivamente. Sabe aquela brincadeira das mãos, que um vai colocando a mão em cima da mão do outro, e nunca tem fim? Então, é mais ou menos assim. Só que sem freio.
Assim que a crise se instaurou, a primeira reação que tivemos aqui foi a disparada do dólar. Já se dizia há muito tempo que aquele dólar baixo não era real (sem trocadilhos, ok?), que em algum momento ele deveria voltar pra perto de R$2,00.
E, assim que as verdinhas do tio sam começaram a encarecer por aqui, qual a primeira reação dos produtores de carne? Bora lááááááá negaaadaaaa!! Todo mundo exportar essa porra que nóis vai ganhar dinerooooooo!!! Com o dólar mais caro pra gente e o real mais barato pra eles, não tem negócio melhor do que usar o câmbio pra vender muito e encher o bolso do dindin deles que é mais caro que o nosso. E o preço da carne aqui disparou.
Cheguei a ver no supermercado uma peça de picanha de 1,900kg (uma picanha jamais tem esse peso, depois explico melhor) por míseros R$70,00. Ou seja: o dono do boi, o fanfarrão, mandou o boi bão pra prateleira do seu Helmut, do seu Gennaro, do mr. John, ou do seu Manuel do açougue da Ilha da Madeira.... e a gente ficou com a raspa do tacho de carne ruim e cara por aqui, que não é Ilha da Madeira, mas todo mundo tem cara de pau.
Só que eles se esqueceram de um detalhe: a crise pegou forte no bolso da rapazeada acima do equador, muito pior do que aqui (eu tenho medo disso). E eles não estão comprando a carne mais barata, estão comprando carne NENHUMA! Ou seja: quebraram a cara, espertalhões! Deve ter sido as pragas que roguei contra as almas desses senhores, que me fizeram estrear um blog sobre churrasco sem poder preparar uma picanha, paixão nacional depois da cerveja, da bunda e de sacanear o Galvão Bueno.
Nesse momento, criadores de gado do Brasil com suas faces devidamente quebradas, nós, os pobres e inofensivos churrasqueiros, podemos agradecer a volta das carnes decentes a um preço honesto nas prateleiras dos açougues.
PS: Por conta do sumiço da carne boa nessa crise, eu fiz pouquíssimas receitas de picanha, não postei aqui nenhuma de costela de porco, nenhuma de maminha... simplesmente porque não se achava peças minimamente honestas desse tipo de carne. Claro que queremos o fim da crise e o restabelecimento da felicidade plena que só o dinheiro nos oferece, mas também torcemos pra que as boas carnes voltem a ilustrar nossas prateleiras até o dia do juízo final.
daniel, to acompanhando teu blog a pouco tempo, mas li todos os posts.
ResponderExcluirvc á de parabéns pela abordagem simplificada, como um bom churrasco tem que ser.
só que nesse caso das exportações, a coisa não é bem assim...
produtor não exporta e nem é beneficiado na totalidade pelo aumento do dolar...se bem que é penalizado até o talo quando o bicho cai...
o fazendeiro vende o boi pro frigorifico, que paga um preço só, quer seja um animal mais fraco ou um belo exemplar, que dará cortes perfeitos para a exportação (feita pelo frigorifico e com lucro apenas prá ele).
a grande briga entre produtores e atravessadores é que os frigorificos nao remuneram o bom produto, ou seja, jogam tudo na vala comum, determinam o preço do varejo balizando com carne ruim e vendem as peças de melhor qualidade pra exportação...
grande abraço
adriano martins
umuarama-pr
Adriano
ResponderExcluirValeu pelas palavras, parceiro!!
A questão da treta frigorífico / fazendeiro faz todo o sentido. O exportador ganha mais que o frigorifico, que ganha mais que o fazendeiro, que ganha mais que o pião que... puta merda, não ganha mais do que ninguém. Mais fodido que ele só o boi, que morre pra deitar na grelha da gente. hehehe
No próximo post sobre economia vou utilizar a sua abordagem, com os devidos créditos, claro.
Valeu man!!
Parabéns pelo blog, Daniel. tá bacanérrimo. Mas arruma aí a largura do vídeo, peloamordedeus... abelha que se preza cuida direitinho do visu.
ResponderExcluirbj na alcatra.
Lucia
ResponderExcluirObrigado pelos elogios!!
Quanto ao embed do vídeo: você pediu, tá arrumado. E eu sou louco de deixar errado depois de um ralo desses? heehe
Valeu
Daniel