Bife à milanesa: o melhor presente que eu já ganhei

Eu tenho um amigo chamado Beto. Aposto que você também tem. Se não tem, conhece alguém que tem. Beto é o cara. Se o teu amigo Beto não é o cara, tudo bem. O meu amigo Beto, definitivamente, é o cara. E eu compartilho esse cara com você. Vem comigo conhecer o figurão, eu acho que você vai gostar.

Bom, o Beto nasceu Roberto, mas nasceu magro como um prego, e logo ganhou o apelido de Betinho. Assim ficou até os 16 anos dele, quando o destino fez com que nossos nomes aparecessem na mesma lista de chamada, num lugar incrível chamado OSEC. Postado no meio do mato da represa de guarapiranga em são paulo, esse lugar, teoricamente, deveria ser o nosso colégio. Mas no fundo acabou sendo o local mágico onde nós, inconscientemente, forjávamos as nossas personalidades, que precariamente, perduram até hoje.

Pois o magrelo moleque Betinho, aos 16, matriculou-se na OSEC e caiu na classe do multirepetente Daniel, que aos 18, ainda encontrava-se passando pelo penoso processo de alfabetização, do qual jamais conseguiu obter sucesso. Mas isso é assunto pra outro post. Ou nenhum, enfim.

O que importa é que eu e o Betinho logo tivemos aquela empatia mútua que acontece com os verdadeiros amigos. Aquela coisa que te faz olhar pra um cara qualquer como se fosse um irmão. Se você já teve um amigo assim, sabe do que eu tou falando. E é disso que eu tou falando.

Só que chamar um marmanjo magrelo de betinho depunha contra todos os planos que tínhamos em relação às gatinhas da escola (e eles eram abiciosos, acredite), e eu precisava dar um jeito de mudar esse nome de boiola. Mamãe te chamar de Betinho tá bom, parceiro. Mas aqui não rola, não. Aliás, eu nunca coloquei apelido em ninguém, e nem gosto disso, mas tenho uma mania idiota de ficar mudando o nome das pessoas para variantes esdrúxulas. Mas eu não faço isso pros outros, faço pra mim. Desde sempre, e nunca entendi porque. Mas eu faço isso. Sente o drama.

O Betinho logo virou Beto, que virou Betolúncio, que acabou virando Bob Lúcio (pra rimar com o lúncio, não porque ele seja lúcio), que depois virou Roberto Lúcio, que depois virou Betim, Betão, e, finalmente, achei que seria bom mesmo parar com essa loucura e chamar o cabra de Beto. Assim, eis o Beto. Um magrelo, ruim de bola, apaixonado por melancia, chato e transparente como a água.

No auge da adolescência, eu e o Beto descobrimos juntos as mais extremas consequencias do fato de desencanar da vida, não ter medo do amanhã e curtir desgovernadamente o fato de ser moleque. E nós fizemos isso de acordo, pode acreditar.

Nós saíamos de balada tendo apenas o dinheiro da ida do ônibus e da pinga com mel. Depois dormíamos num caixa eletrônico qualquer e voltávamos a pé de manhã. Independente da distância, o que importava era curtir a balada. No fim das contas, sempre chegávamos em casa.

O Beto aceitou ir pra praia comigo sem ter dinheiro pra chegar nem lugar pra ficar e nem nada pra comer, o que nos fez descer na beira da Rio-Santos à meia noite pedindo carona. Carona esta que foi concedida por um cara completamente louco, cheirado e embrigado que desafiou todas as leis da física durante o percurso. Inclusive aquela que diz que não conseguimos enxergar na estrada à noite sem ligar os faróis a 160km por hora.

O Beto foi o cara que me deu a mão pra segurar enquanto o médico costurava a minha testa sem anestesia porque eu levara uma pedrada bêbado numa briga. O Beto foi o primeiro cara pra quem eu contei que a minha namorada estava grávida e eu seria pai aos 22. O Beto foi o cara que não desistiu de mim quando eu mesmo queria desistir. Por essas e outras, muitas outras, que o Beto é o cara.

Esse climão de final de ano me lembra de uma história ótima. Num dia 24 de dezembro de mil, novecentos e noventa e algo, estava eu tentando dar um jeito de retibuir ao amigo Beto todas as risadas que a amizade dele havia me proporcionado naquele ano. Mas a gente era um bando de pé-rapado e o dinheiro que eu tinha mal dava pra comprar uma par de meias. E como meia é presente de vó, lá estava eu pensando em alguma surpresa pro meu bródi quando passa na frente de casa um caminhão vendendo melancias.

Não houve meio segundo pra decidir: O cara é meu amigo e merece um presente? Sim, é. O cara gosta muito de melancia, não gosta? Sim, gosta. Então, a melancia lhe será o presente que papai noel ofertará.

Comprei a mais bela das melancias, lustrei com cera de carro (ninguém conta isso pra ele, pelamordedeus), peguei um cetim velho de casa, fiz um laço e prendi com um prego na melancia e voilá! Tinha em mãos um presente que eu SABIA que seria um sucesso.

Peguei o 677-V Vila São José - Jabaquara e lá fui em em direção a Interlagos entregar o presente pro meu companheiro.

Juro que a idéia arrancou risadas do motorista, do cobrador, dos passageiros, do pessoal na rua, do pai, da mãe, das irmãs, dos vizinhos, dos parentes e até do Beto. Foi o presente de Natal mais idiota que eu já dei pra algúem.

O Beto, que não era menos idiota, posicionou o "presente" embaixo da árvore e deixou ali, à vista de todos os parentes que viriam para a festança prestes a rolar na sua casa momentos depois.

Alguns meses se passaram, até que o meu aniversário chegou. Meu amigo Beto, já conhecedor dos meus gostos, pediu à Dona Judith, sua mãe, que me preparasse um presente à altura. Pois veja qual não foi a minha surpresa quando, na minha festa de 19 anos, me aparece o Beto com uma caixa recheada com 1kg de bifes à milanesa de presente.

Como os leitores deste blog são os mais astutos e sagazes de toda a internet, posso imaginar que já sacaste que o tal bife à milanesa é o prato que eu mais aprecio neste Brasil varonil. E, claro, os leitores aqui não erram, e olha só: Bife à milanesa é mesmo o meu prato predileto. Vamos a ele.

A carne:
Bife à milanesa é genial porque pode ser feito com carne de primeira, carne de segunda, carne de terceira e até um filé do gato da sua vizinha serve pra preparar a iguaria. A carne só não pode ter uma coisa, nervos.

Particularmente, recomendo aquelas bandejinhas de alcatra que encontramos no mercado. Bifes finos, com pouca gordura e sem nervos. Tá perfeito pro bifão à milanesa.

Na tela:



O tempero:
Mesmo que essa iguaria tenha aquela casquinha deliciosa, não é lá que está o tempero. É no bife. O tempero, em si, não tem segredo. Separa um pote grande, onde você vai poder fazer lambança. Pra 1/2kg de carne, você deve picotar dois dentes de alho. Picota pequeno, compana.
Depois, você dá uma pitada de pimenta do reino, uma tacada de orégano, e eu tou confiando que você vai saber o quanto de orégano vai numa tacada. Depois uma golada de azeite, uma beiçada de sal e, entre pitadas, tacadas, goladas e beiçadas tá pronto o seu tempero. Basta sapecar a carne dentro do pote e mexer. Aí que mora a lambança. Você tem um monte de carne e tem que misturar aquele ex-boi todo no temperão que fez. Vai sujar, te garanto. Se você não se suja ao cozinhar, eu desconfio de você. Bola pra frente.

Na tela de novo:



A casquinha:
Aqui reside o diferencial desse maravilhoso prato. A casquinha do bife à milanesa é a cereja do bolo, é rainha da bateria, é o capitão nascimento do bife à milanesa. Ou seja, sem a casca, parceiro, teu bife é de moleque. Só um bifinho, não é um clássico, não é um bife à milanesa.

Pra fazer a casquinha, te prepara pra fazer mais lambança. Inicialmente, abra o armário da tua casa  e separa 3 pratos. Isso mesmo, 3 pratos.
  1. No primeiro, você enche de farinha de trigo. Se tu não sabe qual é, vai naquela branquinha que parece talco. Talco, brow. Não pensa besteira porque isso aí é roubada e além disso, o capitão nascimento tá de olho.
  2. No segundo, quebra um ovo e taca lá dentro. Com um garfo, faz o capeta comer solto até que gema e clara virem apenas uma coisa: uma gosma.
  3. No terceiro, encha de farinha de rosca. A dica do século é: pegue um pão velho e rale, parceiro. Já não ralaste o peito em situação oportuna? Pois use da sua experiência e rale o pão. 
Sabe quem foi Henry Ford? Foi o cara que inventou a linha de produção. Funciona assim: antes, um mesmo pião pegava todas as peças e montava o carro inteiro. Aí, o cara inventou uma esteira onde as peças iam andando, e cada pião apertava o seu parafuso. Aposto que conhece essa história. Se não conhece, devia repetir de ano várias vezes, como eu fiz :-)

Faça da sua cozinha uma linha de produção. Primeiro, você tira o bife do tempero, e passa ele na farinha de trigo. Tira ele branquinho e chafurda naquele ovo nojento. Do ovo, jogue ele na farinha de rosca e dê umas viradas nele. O resultado final é um teco de carne coberto com 3 camadas, sendo uma de farinha branca, uma de ovo e uma de pão ralado.

Na tela, mais uma vez, e mais outra vez:




A fritura:
Agora é só fritar o bifão. Pega uma frigideira, e enche de óleo. Não precisa, necessariamente, encher. Mas o suficiente pra cobrir os bifes tem que ter. Mete no fogo e deixa esquentar bem. O segredo do bom bife é esquentar bem o óleo.
Depois disso, faz o simples: deita cada bifão com o cuidado pra não encostar esse dedão de ogro no óleo, deixa encher de bolha e fazer o furdúncio, vira uma única vez e tira. Convém deixar o bifoto descansar alguns minutos no papel toalha. Depois coma e seja feliz.

A felicidade na tela:


Palhaço Ronald, entenda o real e profundo significado de "amo muito tudo isso".

Este post é uma homenagem a um grande e querido amigo. Mas, se você pensa que o Beto é o meu melhor amigo, errou. Eu não.tenho um melhor amigo. Papai do céu foi tão bacana comigo, que encheu de anjos ao meu redor, caras pelos quais eu posso ter a honra de chamar de amigos, com exatamente a mesma intensidade. Por isso, esse post é dedicado ao Beto, ao Cris, ao Batata, ao Gil, ao Pão, ao Delen, ao Daninho, ao Brunão, ao Rodriguinho e a mais um bando de calhordas que eu adoro. E, se você se identificou com essa história, esse post é dedicado a você, também.

Joelho de porco na churrasqueira

Vamos brincar de matemática? Mais especificamente, de estatística, de subtração, de eliminação? Então vem comigo nessa nave louca do big brother do churrasco, torcendo para que o escriba desta porcaria consiga achar algum sentido na matemática que nos remeta ao joelho de porco. Te cuida, Aristóteles que a coisa aqui tá quente hoje!

Aposto que você é daquele que come a picanha com gordura, que enche a salada de azeite, que passa manteiga no pão em detrimento à margarina light, e, pasmem, ainda come pão, daquele feito de farinha mesmo. Preza e agradece todo dia aos inventores do controle remoto, da cerveja em lata e da direção hidráulica.

Acertei? Não? Eu sinceramente acredito que o nobre leitor é uma pessoa saudável, esbelta, exala natureza dos poros e ama os animaizinhos, ok? Principalmente os que mugem. Ah, mas eu acredito... Ô!

Ok, mas aposto que você conhece alguém que se encaixa no parágrafo acima, certo? Então façamos uma listinha com umas 10 pessoas assim.

Legal, dentro dessa lista que fizemos, e que NÃO inclui a sua saudável pessoa, vamos selecionar aqueles que se sentem mal dentro desse sedentarismo desvairado, e acham que devem praticar algum esporte ou fazer algum exercício pra manter o corpitcho sempre roliço saudável.

De dez, sobraram 9. Sempre tem aquele que acredita veementemente que sinuca, buraco e rouba monte são esportes olímpicos.

Dentro dos 9 que sobraram, temos aquele que paga 6 meses de academia e só vai uma vez, aquele que compra a bicicleta e não tira da caixa, e aquele que compra a esteira polishop de 300 funções, mas acaba pendurando camisa nela. Ou seja: nossa lista diminuiu pra 6 cabras.

Dos seis, 3 não tem tempo pra nada e 3 acabam apelando pro futebolzinho de final de semana.

Eu faço parte dessa lista, a dos caras que comem e bebem sem nenhuma preocupação, e no final acham que jogando uma bolinha conseguem se livrar dos trilhões de calorias que consomem em frente à televisão, ao microondas e ao computador (ei, pode ir largando esse amendoinzinho aí!).

E se você é atleta de final de semana, conhece profundamente a anatomia do joelho. Aposto um rim como você já machucou o seu. Se não machucou o seu, já machucou o de alguém (seu cavalo! kkk). No mínimo, alguém já arrebentou a patela na sua presença. Ou o ligamento cruzado, ou o posterior, ou o lateral.

Tíbia, perônio, rótula, cartilagem. Diante de um quadro estatístico tão colorosamente elaborado, podemos supor que, desta vez, conhecemos realmente a peça de comida que estamos prestes a preparar, não?

Exceto por um único motivo: o porco, colega e companheiro que, voluntariosamente, cedeu parte integrante da sua anatomia para nosso deleite, possui 4 joelhos, enquanto nós só possuimos 2. No nosso caso, temos 2 joelhos e 2 cotovelos, enquanto o porco não tem cotovelos, mas tem 4 joelhos.

Adoro anatomia.

Bom, e se o porco possui 4 joelhos, como proceder, pergunta o mais curioso dos leitores. Ao qual malemolentemente respondo: o dianteiro.

O joelho traseiro do porco é, praticamente, uma extensão do pernil, e não é uma área lá muito gordurosa, de pouca carne. E como nesse post a gente joga bola pra torrar a gordura que come, sai pra lá com essa coca light que aqui a gente quer mesmo é caloria. Quando preparar joelho de porco, utilize sempre o dianteiro.

O joelho é uma peça razoavelmente grande, costuma pesar 1kg, tem bastante osso e bastante gordura, mas a carne (e os ligamentos) lá do meio são extremamente saborosos. E, caro amigo, quando eu digo extremamente, eu não estou brincando. O joelho entra, facilmente, numa lista dos TOP*FIVE [/CQC] da carne do porquito.

imagem: divulgação kkk (roubei daqui)

O preparo do joelho não requer talento nem tampouco habilidade: requer apenas paciência. Isso acontece porque o joelho tem fibras, tendões, músculos, enfim.

Se o joelho em questão não fosse o do porco, mas o meu ou o seu, seria capaz de ter também enxerto, arame, pino, porca, parafuso, platina, enfim. Mas voltemos ao joelho do porco.

Com tudo isso dentro do joelho do porco, a receita pra amolecer isso tudo é a mesma da costela e do cupim: temos que expor ao calor durante muito tempo, evitando que os líquidos evaporem, o que secaria a carne. E como atingir esse objetivo?

Simples, embrulhando. Você é bom em embrulhação que eu sei. Um baita embrulhão. Embrulhava a mãe, a professora de matemática, a namorada e agora pensa que embrulha a receita federal com essa declaração mequetrefe. Então pensa nisso: vais embrulhar um porco. Um porco morto. Um porco morto mutilado. Um porco morto, mutilado, com cara de joelho. Durma com um barulho desses!

Antes da embrulheira toda, pensemos no tempero. Sem esquecer que o joelho é, sozinho, muito saboroso. Então, você pode soltar a sua imaginação e dar um pulinho no site da ana maria braga, lá deve ter uma receita de joelho de porco com sagu de capivara regada ao molho de danoninho que deve ser "Oh! um lixo".

Já preparei o joelho de 3 maneiras diferentes, e você pode continuar o exercício matemático eliminando duas, ou apertando aquela tecla com um A do excel e mesclando, enfim. A conta é tua e você pode fazer como quiser, que fica bom.

  1. Tempero puro, com sal grosso. Essa é pros mais puristas, aquele cara que não compra carro com vidro elétrico porque isso é coisa de maricas, que não manda sms porque o telefone serve mesmo é pra telefonar e abre cerveja no dente porque abridor é utensílio de cozinha, e isso é lugar de mulher.
  2. Sal e louro. Louro, quando citado neste blog, é sempre o tempero, aquela folhinha meio seca que fica na gaveta dos temperos. Se você já tá pensando no brad pit, no paulo nunes ou no passarinho da apresentadora, pegue seu banquinho e saia antes que eu quebre ele na sua cabeça.
  3. Molho de sal, louro, alho e mostarda preta. Esse tempero é bem legal, o joelho fica com um sabor de mostarda, lembrando a culinária alemã, onde até pão com manteiga tem porco ou mostarda.
Enfim, a decisão sobre o tempero é sua. Honestamente, funciona bem com qualquer uma das opções.

O único cuidado que você precisa ter é no preparo. Basta embrulhar bem no papel alumínio (nem precisa de celofane), e deixar no calor durante umas 2 horas por Kg. Com isso, a gordura vai derreter, mas não vai deixar a carne secar, e a alta temperatura vai amolecer todos os ligamentos e afins.

Depois das 2 horas, é só cortar e comer. Uma delícia de carne que pouca gente conhece. Vale a pena. Além da aula de anatomia, é uma carne saborosa que você pode comer brincando :-)
Esse post é um oferecimento do Dr. José Luiz Runco, diretamente para o fofo Ronaldo, Maikon Leitte, Rivaldo, ao meu cunhado Arthur, e aos amigos Gil, Oda, Alemão, Renatinho. Além de mim mesmo, e todo mundo que já arrebentou uma porcaria de joelho jogando futebol.
Tempo de preparo: Umas 7 cervejas, sirva bêbado.
Custo: O último joelho que comprei custou R$17,00 e tinha mais de 1kg. Mas era de uma marca famosa, você pode encontrar bem mais barato, com certeza.
Rendimento: O joelho tem bastante gordura e bastante osso. Não rende tanto assim, mas deve alimentar umas 3 pessoas. Opa, 3?? Lembra da matemática dos primeiros parágrafos? Joelho de porco, um excelente rango pós-futebol de final de semana.

Drops de Churrasco - Ed. 8

Lá vamos nós com mais uma edição e... tira essa teia de aranha pra lá!!!!
Pois é, depois de um tempo chafurdado nas catacumbas do esquecimento, eis que o blogueiro reaparece, coberto de poeira e mofo, com icterícia até no céu da boca. Passei tanto tempo nas catacumbas, que o mais desconfiado leitor já deve estar sugerindo até um teste de carbono 14. Mas agora estou de volta e explico. Basicamente, estou fechando a minha empresa pra trabalhar com uma coisa muito legal, o que me fez correr contra o tempo pra entregar todos os projetos que estavam em andamento e não deixar ninguém na mão, e depois precisei de uns dias de descanso, porque o trampo novo vai ser pauleira. Com isso, faltou-me o tempo e a inspiração necessários pra colocar a casa em ordem aqui. Agradecido pela compreensão, bora pra frente que o drops, dessa vez, é cheio de novidades.

A entrevista
Alguns aqui souberam, via comentários, que dei uma entrevista para O Globo, falando sobre churrasco de apartamento. A jornalista encontrou a série Especial Churrasqueiras que escrevi aqui e entrou em contato. Falei o que penso, da maneira besta que penso, e a jornalista publicou! Algumas pérolas que julgo impublicáveis como a teoria de que, a cada vez que ligamos uma churrasqueira elétrica, apagamos um bairro no Paraguay, foram na íntegra pra matéria. Outra foi aquela de que a fumaça que a sua churrasqueira produz é inversamente proporcional ao humor dos vizinhos dos andares superiores também recheou a matéria. Muito bacana, mas acho incrível como tem gente séria que ainda presta atenção nas abobrinhas que a gente fala. Os comentários, lá nO Globo, são um show à parte. Não pela camaradagem que vemos aqui, mas pela agressividade gratuita. Vista a sua luva de boxe e vai lá ver. É necessário ser assinante do globo, ou fazer um cadastrinho rápido.

Aji-sal
Temos aqui um assunto que já estava preso na minha garganta há muito, muito tempo. O tal Aji-sal. Se você tá boiando na maionese e não sabe do que estamos falando, o Aji-sal é um sal pra churrasco que custa mais do que o triplo do sal normal, e vem cheio do tal glutamato monossódico, que serve pra realçar o sabor das carnes. Funciona assim: você compra carne ruim, e enche de aji-sal para aquele treco pegar gosto de alguma coisa. Só que a carne que você comprou é xumbrega, mas o sal é de patrão. Não seria mais adequado comprar uma carne decente e um sal barato? Bom, dia desses ganhei 1kg do tal aji-sal do meu sempre solícito sogro, e decidi experimentar. Taquei numa picanha e mandei pra churraca. A picanha ficou com gosto de... ajinomoto. Diacho, se eu quisesse ajinomoto, fazia um arroz, e não uma picanha. Alguém aí tem qualquer experiência com esse produto, sabe se ele pode ficar bom em alguma coisa?
Ah, quer saber porque isso estava entalado na minha garganta? Porque a ajinomoto é cliente de um cliente da minha ex-empresa, e eu não queria pisar no calo dos caras e causar bilhões de dólares em prejuízo, mortes e sofrimentos. Mas como a minha empresa acaba de virar pó, eu posso declarar todo o meu amor a um produto caro e que serve pra estragar comida boa. Valeu Aji-sal!

Anonimus Gourmet
Conheçam uma verdadeira pérola da TV brasileira. A mais pura e verdadeira prova de que tem gente cheia de talento na televisão brasileira. E sem precisar de passarinho de borracha, silicone, botox nem escova definitiva. É o verdadeiro entretenimento-raíz.
O Anonimus Gourmet foi dica de algum leitor aqui do blog, que infelizmente não me lembro ao certo quem foi. Trata-se de um programa de televisão, onde dois distintos senhores ligam uma câmera de televisão e começam a churrasquear, manuseando uma bela costela, um carré e uma paleta de cordeiro numa legítima parrilera argentina. Só aqui já temos pano pra uma boa babada, não? Mas a mágica do programa não tá só aí. A capacidade de interação dos dois com a câmera é tão grande, que dá a impressão que eles esquecem que a câmera está lá. Literalmente. Em diversos momentos, os dois param de falar pra comer. Dane-se o programa, a costela tá pronta. Uma fanfarrice. Detalhe pro momento em que eles param pro comercial, e quando volta a peça de carne quase sumiu. Uma prova de que toda a equipe está fazendo a filmagem com as mãos sujas de carne. Divirtam-se e babem muito!

A tradicional charada
Ah, olha lá os publicitários e suas máquinas malucas, trazendo mais um teaser pra animar nossos corações. Como os leitores desse blog são pessoas astutas e providas da mais alta capacidade intelectual quando o assunto é churrasco, decidi tentar mais uma, vamos ver se vocês conseguem identificar, com as pistas abaixo, qual será a receita do próximo post:


  1. Verde na alma, bacon no corpo;
  2. Deus não deu à cobra;
  3. Onkel Helmut recomenda.


Quero ver quem é malaco pra descobrir essa. Valendo um washington olivetto pra chamar de seu!

Kibe cru pros bons, kibe de forno pros fracos

Esta é uma receita pra alegrar os glóbulos vermelhos do mais hipocondríaco dos leitores. Pode dar aquela conferida no seu plano de saúde, deixa o telefone do SAMU por perto e vem comigo nessa infecta aventura, porque chegou a hora de colocar os seus anticorpos à prova.

Já tivemos a gripe do frango, que ia acabar com o mundo. Não acabou. Depois veio a gripe do porco, e eu como bom palmeirense, nem me preocupei, pois sabia que dessa doença eu já sofria há muito tempo. Agora temos a super bactéria, que tem super no nome mas não é heroína, é vilã. E, enquanto o Maulf queria "botar a ROTA na rua", quem já tava na rua há muito tempo era o ROTA-VÍRUS, aquele que já te pega mandando botar a mão na cabeça malandro se não quiser levar chumbo quente nos cornos. E corre pro banheiro, porque o rota-vírus te deixa, literalmente, no trono.

Se você, caro leitor, anda se sentindo meio fraco, com náuseas, pálpebras pesadas, tá caindo cabelo ou com a língua pesada, essa receita também foi feita com você. Toma um dramin pra segurar esse estômago fraco porque no final você vai se dar bem.

Vamos aos fatos: vamos comer carne crua. Sim, vermelha, fria. Um pedaço de vaca, direto da vaca pra sua mesa.

E, já que estamos nos fatos, conheçam a doença que sorrateiramente nos acompanha neste post: com um nome maneiríssimo, a criatura invisível que ameaça nossas vidas chama-se toxoplasmose.

-  toxoplasmose, dá um alô aí pra galera!
- alo, galeraaaaa

Funciona assim: a bactéria da toxoplasmose gosta muito de carne crua. E quando a gente come alguma carne crua ou mal passada, comemos junto a tal bactéria. Aí, a toxoplasmose dá um jeito de virar um verminho nojento que fica passeando pelo seu corpo, causando muitas confusões num esqueleto do barulho. Se ela chegar no seu olho, você pode ficar cego. Se chegar no teu saco, danifica suas bolas e, Deus me livre, a última coisa que a gente quer é comer carne e ter problemas nas bolas. Além disso, o verminho pode chegar no teu cérebro e causar problemas seríssimos, incluindo aí a antecipação da sua passagem rumo à terra do cabelo deitado.

Por isso, todo cuidado com a higiene é pouca durante a preparação esta receita. Se você não come carne crua, não desista deste blog. No final, você verá que tudo vale a pena quando a alma não é pequena.

Começamos com uma visita a um açougue. Peça pro camarada moer 1/2kg de lagarto limpo. Recomendo seriamente que usemos o lagarto, por ser uma carne com pouca gordura. Quando moemos carne, a gordura faz uma meleca meio amanteigada no bolo de carne, e não é nada gostoso pra comer crua. Além disso, o lagarto é super saboroso, né?

- Saboroso na área, mulherada.

O importante aqui é tentar manter a carne o mais fresca (ui) possível. Então, não adianta pegar aquela bandeja na gôndola do mercado, nada disso. Peça pra moer na hora, e corra pra casa o mais rápido que o código de trânsito lhe permitir. Guarde no freezer. A carne, não o código de trânsito. Você entendeu.

Isso mesmo, no freezer. Não significa que precisamos congelar nossa carne, mas ela ficará gelada enquanto preparamos os temperos. É importante manter gelada, vai por mim.

Guardou a carne no freezer? Agora separe um punhado (umas 3 colheres de sopa) de trigo e coloque num pote com água. O trigo deve ficar ali quietinho, na água, durante uma meia hora, no mínimo. Isso vai amolecer os grãos, e eles vão crescer, enfim. Trigo é assim mesmo.

Aproveite o momento de moleza e abra uma cerveja. Falando nisso, ouvi a melhor definição de todos os tempos sobre a atividade etílica. E veio de um verdadeiro gênio, o Mendonça, chefe do Lineu na repartição d'A Grande Família. Mendonça disse que a "bebida é o laxante da alma". Gênio!

O trabalho de agora é picotar uma cebola média, mas tem que picotar em pedaços bem pequenos. E sem chorar, não quero ficar sabendo que uma lágrima lhe correu quando varaste a cebola. Cada teco de cebola precisa ficar do tamanho de meio arroz. Se vira pra chegar nesse resultado, eu sei que você consegue. Use instrumentos, já diria charles darwin.

Num pote, taque a cebola, que já estamos quase lá. À cebola, adicione uma boa golada de azeite. Pode mandar um gole saradão, sem dó. Imagina aquele dia de calor infernal, e de repente aparece aquela brejinha gelada na sua mão... Imagina o tamanho do gole que você daria nesse pequeno pedaço de alegria enlatada. Então, é essa quantidade que deve ir pra sua cebola.

O tempero é super simples. Existe uma pimenta que se chama Pimenta Síria. É mais ou menos como uma mistura de pimenta do reino e canela. Se não tiver pimenta síria, use a do reino que ela serve bem. Não precisa ser muito econômico com a pimenta, não. Manda brasa mesmo.

Tenha em mãos um maço de hortelã. Separe em duas partes, vamos usar metade do maço agora, e metade na hora de comer. Separe as folhas dos talos e picote o meio maço. Manda tudo pra dentro do pote onde estão a cebola, o azeite e a pimenta síria. Ah, jogue um pouco de sal. Um punhado, mas não muito. Sacou? Não?

A esse momento, você deve tirar a água do trigo. Se você usou o instrumento correto pra acomodar o trigo, vai conseguir fazer isso. Ou jogue numa peneira, dá seu jeito. O importante é dar uma prensada no trigo pra ele perder o máximo de água que conseguir. Você está preparando um kibe, e não uma sopa. Quando estiver bem seco, mande o trigo pro pote.

Tire a carne do freezer, taque no pote e mexa. Pode metendo a mão, porque não tem instrumento que consiga mexer direito a carne crua. Não se esqueça de lavar essa patona antes de enfiar isso aí na comida.

A dica é mexer de uma vez, rápido. E pouco. À medida que vamos mexendo, a carne começa a cozinhar em contato com as mãos, e começa a ficar amarronzada. Portanto, pro teu kibe ficar vermelho (kkk), tem que mexer o menos possível.

Pra quem gosta de carne crua, a receita termina aqui. Basta jogar num prato, dar uma bela golada de azeite, jogar algumas folhas de hortelã e mandar pra dentro. Particularmente, eu acho isso uma delícia.

Mas não se esqueça, carne crua pode te transmitir toxoplamose. Pensa no problema das bolas, parceiro.

Se você não come carne crua, continuemos com a preparação de um saborosíssimo kibe de forno. Falei pra você continuar a ler, que aquela nojeira toda de doença ia valer a pena no final?

Teoricamente, basta mandar o kibe pro forno e gol do Brasil. Mas eu vou dar uma dica de ouro, que faz o kibe de forno ficar mais leve e incrivelmente mais saboroso.

Descasque umas 2 batatas grandes, e bote pra cozinhar com um teco de sal. Quando ela estiver bem molinha, a ponto de furar facinho com um garfo, você amassa tudo, como um purê. Uma colherada de manteiga ajuda a coisa toda a ficar melhor.

Agora é só misturar o purê na carne, besuntar um pirex com margarina e colocar no forno.

Depende um pouco do seu forno, mas geralmente, 500g de carne levam uns 30 ou 40 minutos pra ficar bacana. O tempo de você lavar a sua alma com algumas brejas geladas.

Na hora de comer, sapeque limão por cima e bom apetite!

é só meter os dentes e correr pro hospital :-)

Tempo de preparo: 3 latinhas. Se for pro forno, 5 latinhas. Sirva feliz.
Rendimento: Dá uns 700g de comida, deve servir umas 3 pessoas.
Custo: O lagarto custa uns R$15,00, o resto é baratim. Mas você pode usar outras carnes magras.

Como preparar uma Kafta mutante

No último post, falamos sobre as receitas recicláveis, aquela comida que tem a malemolência e sagacidade do batuta, capaz de ser bolo de banana num dia, e macarrão ao sugo no outro. Coisa de bamba.

Pois hoje vamos falar da comida mutante. Convoque o seu x-men predileto e vem comigo nessa aventura que começa de um jeito e termina de outro, tal e qual o mutante, que tem a perna de pau, o olho de vidro e a cara de mau. Aliás, esse não era bem o mutante, né? Mas enfim, sigamos com a nossa experiência genética que hoje eu quero ver o homem virar mosca.

Eu tenho um amigo chamado Zé. Até aí, morreu Neves, porque todo mundo tem um amigo chamado Zé. Mas segura o Neves aí, porque todo mundo tem um amigo chamado Zé, mas eu tenho um amigo chamado Zé Neves! É o amigo que já vem com trocadilho! E olha que, ao contrário do trocadilho, ele nem morreu, hein!

Zé Neves, mineirim de Cristais (abraço pra MG aí, gente!), certa vez me telefona, comunicando que estaria acompanhado de uma mineirada toda, gente que eu muito prezo, a caminho do famoso bar Mercedez aqui em são paulo. Mas não vou fazer propaganda, até porque eu nem me lembro se era no mercedez ou no mercearia. O fato é que o Zé, como mineirim, sorrateiramente movimentou todos em direção a tal boteco, determinado a fazer todo mundo experimentar um tal de bolinho de carne com canela.

Canelas. Carne. É disso que estamos falando.

Não, não é disso que estamos falando. Estamos falando de um bolinho de carne com canela. E eu, que sempre fui um defensor da comida-roots, da culinária rampeira, não conseguia entender porque não pedir uma porção de bolinho de carne e só carne e pronto. Mas mineirim é aquela coisa, né? Sorrateiramente, o Zé Neves me convenceu de que aquilo ali seria uma boa idéia, e "Ok, você venceu, batatas fritas bolinho de carne com canela" e lá vamos nós.

Quando o bolinho chegou, uma surpresa. E não é que aquele trem era bão mesmo? Bão dimais da conta, sô!

Por fim, tomamos chopp a noite toda, comemos todo o estoque de bolinhos e pagamos uma conta de um bilhão de reais na saída. Mas valeu a pena, porque o Zé Neves é um daqueles caras que sempre valem. Mas eu tive que engolir toda a minha robusteza e assumir que o bolinho temperado com canela era muito bom, ainda que parecesse receita da ana maria braga.

A questão é que não é sempre que a gente tem um bilhão de reais pra gastar numa conta de barzinho, ainda mais quando a gente nem lembra direito se o barzinho é o mercedez ou o mercearia, e decidi tomar coragem e preparar tal iguaria lá na minha cozinha, reduto da mais absoluta macheza e virilidade, que desta vez sucumbira à carne com temperinho doce.

Eis que o mais batuta dos leitores me pergunta mas-porque-diabos-tu-tá-falando-de-bolinho e ainda retruca onde-diabos-está-a-kafta?

onde está wally? onde está a kafta?

Pois é, aí que a porção mutante deste post se revela, porque se fritar vira bolinho de carne, e se enrolar no pau vira kafta. E, ruborizados, temos que admitir que preferimos a porção enrolada no palito.

Sem mais delongas, vamos à receita porque já fomos muito devagar com o andor e o santo é de barro, mas paciência tem limite.

Começamos com meio quilo de patinho moído. O ideal é pedir ao açougueiro que moa na hora, e moa duas vezes. Com isso, todos os nervinhos e afins da carne acabam sendo destruídos também, e carne não fica dura. Não se esqueça de que o patinho não é, exatamente, o orgulho da dona vaca, certo?

De posse do patinho moído, picote muito bem uma cebola pequena e mande pra dentro. Picotar muito bem significa exatamente isso que você leu: larga mão de ser preguiçoso e picota esse trem aí direito. Pensa comigo: você já tá fazendo uma comida meio afrescalhada que mistura doce com salgado, então vê se faz direito, pra ficar bom e te evitar vexame, ao menos.

Assunto compreendido, cebola picotada, aproveite esse surto de boas intenções e picote uns 3 dentes de alho. De novo, picota pequeno, sem preguiça, enfim. Não tou aqui pra te ensinar boas maneiras, e sim pra ensinar a fazer uma comida maneira. Obedece quem tem juízo (me senti o chuck norris agora).

Agora você vai precisar de um maço de marlboro sem filtro e um plano de saúde robusto hortelã, picada bem pequeninha também. Pro serviço ficar direito, lave o maço de hortelã e separe as folhas dos talos. Pro serviço ficar porco, não lava e não separa nada. Picota tudo de qualquer jeito: lesma, coliforme, talo, folha, tudo pra dentro da carne.

Hoje de manhã, não vi o criado-mudo posicionado ao lado da cama e dei uma bela tropicada seguida do mais temível dos palavrões. Então, faça como eu: meta a canela e mande tudo às favas!

Mete a canela na carne, parceiro. Isso não significa aplicar um round-house-kick no cachorro, e sim depositar o tempero no patinho moído. Não tenha dó, é pra ficar com gosto de canela mesmo. Pra 1/2kg de carne, pode depositar uma colher de sopa cheia, sem medo de ser feliz. Ah, canela em pó, ok? De pau aqui já basta o espetinho.

Sempre que usamos carne moída nessas coisas, a carne tende a ficar densa, e a comida fica pesada. A dica pra deixar mais leve, e render mais, é jogar um pouco de farinha de rosca. Se você é um cara cuidadoso e quer que a sua receita fique realmente gostosa, pode ralar um pão velho, que ele vira uma farinha de rosca bem gostosa. Se não é cuidadoso, mas ainda assim quer que a receita fique boa, veja no mercado mais próximo, geralmente eles vendem pão moído.

Uma boa golada de farinha de rosca, provavelmente uma colher se sopa cheia. Pra ajudar a misturar a farinha com a carne, você pode jogar um ovo la dentro. Mas esta parte pode ser dispensada. Se você acha que esse negócio de botar ovo é coisa de galinha, não bote ovo, a cloaca é sua.

Ponha sal com a parciônia que Deus lhe deu e misture. Tá pronto.

Pronto em partes, claro. Agora a parte mutante da receita entra em ação.

Se quiser fazer pequenas bolinhas e fritar, faça isso. Frite bem, a farinha de rosca fica crocante, bem gostoso.

Se quiser enrolar no palitinho e mandar pra churraca, faça isso. Sirva no ponto, nada de bem passado, e não deixe vermelho, pois o espeto desmonta.

A receita é fácil e gostosa. O amargo mesmo é admitir que o mineirim te levou no bico, te fez comer uma coisa que você não queria e você ainda gostou.

Custo: Aproximadamente R$10,00 no PDA. O maço de salsinha sai a R$1,30 e o resto é irrisório.
Rendimento: Se fritar, rende fácil uns 20 bolinhos. Se enrolar como kafta, rende uns 10 espetos.
Tempo de preparo: 3 latinhas na cozinha, duas latinhas na churraca. Rápido e fácil.

Ganhando cerveja na faixa

Dá uma pensada aqui comigo: o que você faria por cerveja grátis? Antes que você comece a cogitar a possibilidade de sair de dentro desse armário aí, eu respondo. Faço chover. Escalo o Himalaia, enfrento o tigre-dente-de-sabre, entro na Delorean e volto no tempo pra fazer o meu pai pegar a minha mãe, ensino álgebra pro capitão caverna e vou à lua de sunga de crochê ensaiando passos de lambada!

E você? Faria o que? Aliás, sempre tem uma resposta idiota pra essa pergunta do você faria, né? "Eu não faço, mas o Reginaldo Faria". Ainda tem outros clássicos: "Eu não vou furar, o Juca Kfouri"! Adoro sabedoria popular.

Mas a sabedoria mesmo teve morada na minha mente no sábio dia em que decidi seguir o perfil da Heineken no twitter. Antes que você levante do sofá pra averiguar se a heineken da vez está embaixo o seu sofá, eu vou assoprar, assoprar e a sua casa eu vou derrubar. meu deus, de onde eu tirei isso? conto o segredo. Pára tudo o que você tá fazendo agora e te prepara pra uma caçada muito louca numa internet do barulho e segue esses caras aqui: @heinekenbr. Vai na fé, eles sempre tem novidades e promoções no twitter.

Bom, a útima nova era a seguinte: você ganhava um barril de 5 litros de heineken, e em troca entregava a sua alma tinha que fazer um pequeno favor a eles... contar como foi tomar os 5L. Simples assim, nada de cruzar o atlântico de pedalinho nem dar beijo de língua na vovó mafalda. Bastava buscar o barrilzinho num determinado sipermercado, beber, e contar como foi. Consegui fazer meu cadastro, busquei o barrilzão e o resto do meu depoimento, transcrevo abaixo. E não consegui essa boiada por conta do blog, nada disso. Qualquer um do twitter teve a mesma chance que eu. Aliás, eles nem sabiam que eu tinha isso aqui.

As linhas abaixo não foram escritas pra este blog, e sim para a própria Heineken, porque eu sou um cara de palavra e se eles me deram cerveja pra eu contar onde estão os dólares na suíça como foi, eu conto. Do meu jeito, mas conto. Na tela:

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De: Daniel
Para: Heineken
Assunto: Obrigado por vocês existirem!


Tudo começa na ensolarada sexta-feira de 10 de setembro. Uma breve consulta ao Google Maps e lá vou eu desbravar essa cidade de loucos rumo ao supermercado Mambo dos confins da Lapa.

Logo que saí, já notei que a coisa não ia ser assim, tão fácil. O trânsito fervia, parado, claro, sobre o asfalto. Era uma típica tarde quente de sexta-feira, e naquele dia me parecia que todos os 6 milhões de automóveis da cidade haviam saído das garagens: nada andava, e a distância até o Mambo era grande.

Tudo vale a pena quando a alma não é pequena, já diria o poeta, não é mesmo? Pois foi com esse pensamento que prossegui minha empreitada. Quando a alma não é pequena, quando a alma não é pequena... Mas a alma, no caso, não era pequena, não. Estamos falando de 5 litros da mais pura e imaculada alma enlatada, então, não seriam 6 milhões de automóveis engarrafados na minha frente que  me fariam esmorecer.

Algumas horas depois, encontro o tal Mambo. Aliás, me lembrei que o Raulzito, o maluco-beleza, tinha uma música que dizia que "dentro do mambo e da consciência está o segredo do universo". Logo, respira fundo e bora lá desvendar esse universo que eu só saio dali com 5 litros de alegria enlatada.

Lá no Mambo, encontrei rapidamente o box onde estavam sendo distribuídas as latonas. Algumas pessoas aguardando, e um companheiro alegremente distribuía a alegria para os que haviam, como eu, se cadastrado pelo twitter. Clima de alegria, todo mundo feliz por ganhar 5L de cerveja.

Chegou a minha vez, uma fotografia e um pequeno questionário pra preencher, no qual eu fiz questão de fazer a minha melhor letra, afinal, temos que agradar a quem nos dá cerveja. A Heineken nos dá cerveja, então, agradeçamos a Heineken dando aquele trato na caligrafia. Simples assim, uma relação justa e honesta.

Bacana, saí de lá sorrindo, com um barril de 5L de cerveja, que depois eu fui descobrir que se chamava KEG. Show, keg é legal. Se eu tivesse um cachorro, eu chamaria de keg. Meus filhos já tem nome, senão eu chamaria de KEG também. Os dois.

Pronto pra encarar mais algumas horas de trânsito? Não sem antes eleger meu mais novo amigo, o KEG, pra me fazer companhia. Sentei o KEG no banco do passageiro, e lá fomos nós enfrentar essa selva de asfalto.


Tenho que confessar que um ônibus emparelhou-se ao meu carro no trajeto, e eis que ouço lá de dentro "Ih, olha lá o cara com a cerveja no carona!" e as gargalhadas chacoalharam aquele ônibus. Tomara que tenha sido um momento de alegria para aquelas pessoas, porque se estava ruim pra mim no carro, com sonzinho e ar condicionado, pra eles devia estar bem pior. Mas chega de sentimentalismo barato, não seria por isso que eu dividiria a minha cerveja com eles. Já pra casa, Daniel!

Antes de chegar, uma passadinha no posto, e eu já tinha quase tudo o que eu precisava: cerveja e gelo. providenciei uma geladeira, e botei as crianças pra nanar: cervejinha na caminha coberta com gelinho, dois nana-nenéns e um beijinho do papai. Agora é só deixá-la quietinha esperando os convidados. Que convidados?


Agora era a hora de abusar do telefone, pra contar a todo mundo que estávamos prestes a realizar uma façanha: encher a alma de Heineken, na conta da Heineken. À medida que eu ia contando, os amigos não acreditavam.

- Isso mesmo, aparece em casa hoje que temos 5L de Heineken pra tomar.
- caraca, vc pagou caro?
- nada, zero reais. Ganhei deles, temos que beber e depois contar como foi.
- tá vencida!

Assim procedi. Mas consegui convencer a todos que não tinha nada de errado com a cerveja. Não, não era a pegadinha do malandro. 

Claro que eu ajudei a convencer todo mundo, né? Já fui logo avisando que a churrasqueira iria receber 4kg da mais linda costela ponta de agulha pra acompanhar tão nobre elixir.

Findo o horário comercial, os amigos começaram a aparecer. Primeiro o Pão e a Dani, depois Brunão e Bel, depois chegou o Daninho e por fim, Gil e Vanessa. Não perca a conta, essa vai pra ficha técnica:

- Gustavo, o Pão.
- Daniela, esposa dele
- Bruno
- Isabel
- Daniel Daninho
- Gil
- Vanessa
- Além de mim, Daniel Rodrigues e da minha esposa Daniela. 

Muitos danis nessa turma, não acha? Nós conseguimos façanhas como estar entre 8 pessoas e apenas 3 nomes. Acontece.

Quando o pessoal chegou, o lindo e lustroso KEG já estava tinindo dentro da geladeira. Ficara lá umas boas 4 horas. Ajeitei o gelo de maneira que o KEG ficasse de pé rodeado de pedras de gelo, dentro da geladeira. 

O milagre todo aconteceu em segundos. Sorry, pessoal, mas esse pessoal relacionado aí em cima não é do tipo que brinca em serviço quando o assunto é tomar cerveja, não. Os 5L duraram uns bons 40 minutos. E quando eu digo bons, eu não estou brincando, porque tudo o que eu ouvia eram elogios "nossa, uau, que delícia", e assim por diante. Fizemos brinde, levantamos o KEG tal e qual o Ayrton no GP Brasil de 93. Só não pude tirar fotos naquele momento, pois dividia todo o meu tempo entre compartilhar a cerveja e cuidar do churrasco. Me desculpem, não sou exatamente um exemplo de multitarefa. 

Pra finalizar o KEG, saiu a costela. Aí, sim. Cerveja de qualidade pede comida de qualidade. E, modéstia à parte, a minha costela (não, necessariamente, a minha, você entendeu) é simplesmente fabulosa. 

Deu tempo de tirar uma foto dela. Afinal, se vocês nos fazem salivar por 5L de cerveja gelada e gostosa, eu me sinto no direito de fazer uma pequena vingança, e mandar de volta uma pequena imagem da costela que consumimos junto do KEG. E mando assim, no meio do expediente, mesmo. Só pra dar vontade.



Obrigado pela experiência, Heineken!

Abs
Daniel Rodrigues

Vaca atolada, uma receita ecológica

Adoro essa mania de fazer as coisas "verdes". Ecologia é uma coisa bem divertida, todo mundo devia gastar um pouco de tempo refletindo um pouco mais sobre isso. Não, necessariamente, no que podemos fazer pra tornar o nosso planeta um lugar menos podraco pra viver, mas sim no rumo que as coisas tem tomado nesse sentido, e até onde vai a babaquice humana.

Antigamente, ecologia era coisa de hippie. Adoramos hippies, mas concordemos que hippie não é exatamente o melhor porta-voz pra alguma causa, não é? "Ah, adoro verde, me dá aqui esse pé de maconha". Enfim, sempre tem um LSD pra atrapalhar. Mas de uma hora pra outra, as causas verdes começaram a ganhar voz, visto a pocilga em que nosso planeta se transformou, e todo mundo ficou com os fundilhos na mão, com medo de tudo acabar e não dar tempo da gente ver o final da novela.

E foi aí que chegou o departamento de marketing fazendo tudo aquilo que a gente espera deles, e praticamente qualquer produto, serviço, ideologia, tudo virou ecológico. Tudo, até o que não faz sentido. Ser eco é ser cool!  COOL, não esqueça de falar o ele no final!

Ontem eu vi uma propaganda na TV. A empresa que faz shampoo tava mostrando arvorezinha, mico-leão dourado, ararinha da bunda rosa e toda sorte de imagens que precisam estar presentes em qualquer eco-comercial. Essa empresa dizia que plantaria uma árvore a cada vidro de shampoo que vendesse.

Aí eu te chamo pra refletir sobre o que realmente é ecológico, e o que é picaretagem só pra pegar o hype. A empresa em questão, disse que plantaria. E plantará, não tenho dúvida. Mas não estamos falando de mata atlântica. A empresa não vai lá pro mato grosso, expulsar a vaca ilegal do coronel e meter ali uma aroreira. Nada disso, eles vão encher um terreno alugado de eucalipto. O eucalipto vai crescer, eles vão derrubar tudo e vender pra fábrica de papel. Ou seja: ecologia 0 x 10 marketing.

E com esse pensamento vigente, passamos o dia acompanhados de pérolas como carro ecológico, shampoo que replanta pé-de-pau, comida de cachorro reciclável, e até genialidades como incentivar o pessoal a fazer xixi no banho. Sorry, guys, ninguém quer salvar o mundo, não. O lance aí é business, simples e claro. Acredite se quiser, já dizia o bom e velho jack palance.

- acredite... se quiser!

Bom, e como aqui no DGG a gente não consegue deixar passar uma oportunidade, bora lá pegar uma carona nessa cauda de cometa, e plunct-plact-zum que a gente vai hoje preparar uma receita reciclada.

Receita reciclada é aquela que foi feita utilizando resto da comida de outrora. Isso tem vários nomes, você já deve ter ouvido "restodontê", enfim. Minha avó é uma verdadeira autoridade no quesito reciclar comida. Você pode almoçar e jantar todo dia na casa dela, e sempre vai achar que tá comendo comida nova. Mas não, você sempre vai estar comendo alguma coisa reciclada. A vó faz isso tão bem, que uma abobrinha vira uma espiga de milho, ou uma sopa de palmito, ou um bolo floresta negra. Ou seja, minha avó compete com os mestres da camuflagem gastronômica. A gente só descobre que determinado prato é reciclado, porque ela olha pra comida e fala "já te conheço". Essa é a senha, o prato reciclado chama-se sempre Já te conheço.

Hoje vamos reciclar comida e preparar o nosso próprio Já te conheço. E não é qualquer comida, não. Estamos reciclando, aqui, uma saborosa e fabulosa costela de boi.

Pega o telefone, liga pro greenpeace e confere comigo o tamanho do estrago: a gente compra a costela de boi. Esse boi já ocupou lugar num pasto, que não deveria ser pasto, e sim mata virgem. O boi, lá no pasto, come o pasto. Come o capim embaixo da boca dele, dá um passo pro lado, e come o capim que tá do lado. Assim procede a vida inteira. Ê, vida de gado, já diria o cantor. Agora imagina o gado comendo o capim embaixo dele e dando um passinho pro lado, a vida inteira. O quanto de pasto esse boi precisa? E o pior não acaba aí, depois que come, o boi peida esse capim todo. E o peido do boi, pasme, é um verdadeiro desastre pra camada de ozônio. Sabia disso? Cada vez que aquele rabo levanta e não é pra abanar mosca, a camada de ozônio acusa o golpe. Fora o fato de que deixamos a costela na churraca durante horas e horas, queimando madeira, soltando fumaça. Uma catástrofe ecológica.

Catástrofe esta que, já que não conseguimos evitar visto que não pararemos de comer costela, então temos a obrigação de otimizar ao máximo o processo, tentando evitar o impacto na natureza, e assim evitando que algum ecochato bata à sua porta te jogando o parágrafo acima na cara.

Nossa receita começa, então, levando ao limite da gulodice um antigo dito popular. Minha mãe dizia "menino, não tenha mais olho do que barriga", sem efeito, porque eu tinha, e desta vez lhe recomendo ter mais olho do que barriga. Quando der aquela vontade de mandar uma ponta de agulha na churraca, compre o dobro do que pretende servir. Isso mesmo. Aproveita a churraca, e faz a costela de hoje que vai virar a vaca atolada de amanhã.

Pra preparar a costelona, tem várias técnicas. Vou citar, rapidamente, duas, ok?

  1. Bota a peça no alto da churraca, com fogo forte, osso pra baixo e sem deixar encostar na peça, durante horas e horas. Geralmente, 4 horas + 1 hora por Kg. Depois vira e deixa assar por meia hora. Tá pronto.
  2. Enrola no celofane pra churrasco, deixa no calor (na churraca ou no forno) sem deixar encostar na labareda durante 3 horas + 1 hora por Kg, tira, deixa uns 20 min pegar cor e gosto de fumaça, tira e serve.
Existem posts específicos sobre o preparo dos dois tipos de costela. Aqui no blog, ou internet afora. Você acha. O que importa é fazer mais costela do que pretende comer. Tem que sobrar.

No final do churrasco, você guarda na geladeira e vai dormir. Te recupera aí, que a amanhã terás uma vaca pra desatolar. A vaca foi pro brejo e isso é um problema seu.

Acordou? Tá recuperado? Tomou eparema, epocler, biotônico fontoura, centrum, viagra, aspirina, tampico de morango ou lactobacilo vivo? Então tá pronto, bora pras panelas!

Esta vaca atolada é um pouco diferente da tradicional, ok? Não me venha com puritanice, dando bronca porque não é assim que faz e bla bla bla. Quer receita certinha, vai pro site da ana maria braga. Amigão, pensa no papel reciclado. O papel reciclado é feito a partir de outro papel. Ele tem a mesma textura, o mesmo formato, serve pra mesma coisa, mas tem aquelas ranhurinhas. Ou seja: é quaaaase a mesma coisa, mas você escreve nele e é pra isso que ele serve. Nossa vaca atolada é a mesma coisa. Não é a receita tradicional, mas cumpre seu papel. Quase um papel reciclado.

O primeiro passo é botar as barbas batatas de molho, cozinhando. Descascadas, claro. A dica é descascar as batatas, encher a panela de água, e mandar lá pra dentro um tablete de caldo de costela. Ou, se você não tem cachorro em casa, coloque os ossos da costela. Aqui em casa, cachorrada fica doida quando rola costela. Na última costelada, tinha tanto osso no meu quintal que eu pensei que a elisa samudio tava escondida lá. Voltando à vaca fria, o osso cozinhando com a batata deixa um sabor fabuloso, assim como o tablete de caldo de costela.

Deixa lá cozinhando até as batatas ficarem bem moles. Vai acompanhando, espeta com o garfo, você conhece coisa mole que eu sei (heheheh). Quando a moleza se fizer presente dentro da panela, desligue o fogo e guarde com água e tudo.

Agora você tem que preparar um refogadão. Sabe o que é um refogado? É a base de quase tudo o que você come. Consiste em picotar uma cebola bem pequeninho, fritar no azeite, e quando ela estiver amarela, sapecar alho picado pra fritar junto. Uma folha de louro fritando junto ajuda, viu.

Ah, fica muito legal botar umas azeitonas verdes pra fritar junto. Sei que não faz parte da vaca atolada, até porque vaca com azeitona é boi, mas a azeitona fritando junto dá um gosto especial bem legal.

Ok, entendeu? Se entendeu, faça o refogadão, e quando estiver todo mundo amarelinho, com cara de comida de mãe, joga toda a costela lá pra dentro. Recomendo que dê uma certa desmontada na costela. Não adianta mandar pra panela aquele teco de 9kg de costela, isso é serviço de porco, não faça isso.

Mistura um pouquinho, isso vai dar uma fritada na carne da costela. Acredite, isso se transformará em benefício para você mesmo depois.

Mas não frite muito, é só pra dar uma corzinha. Agora jogue uma golada generosa da água da batata.

O lance agora é ficar mexendo até a carne amolecer por completo, aquilo vai começar a derreter, a água evaporar, fica um espetáculo. Quando achar que a textura tá boa, manda as batatas pra dentro (só as batatas, não vai esperar a textura ficar boa pra mandar mais água lá pra dentro, né espertão?), mexe até tudo virar uma gosma. Cuidado pra não deixar as batatas sumirem, presta atenção na sua comida.

olha a textura da brincadeira. antes que me perguntem, tem um pouco de salsinha aí

Tá pronto. Tem gente que troca a batata por mandioca. Particularmente, prefiro batata, mas tanto faz. A decisão é sua.

Na hora de servir, jogue um pouco de salsinha sobre o prato, fica bem gostoso.


com salsinha

sem salsinha

Bom apetite! Pensa que você tá salvando uma baleia e mete os dentes nessa iguaria sem dó!

Resultado da promoção: Quem vai levar linguiça dessa vez?

Rapazeada, entrei numa roubada. Na segunda roubada, aliás.

A primeira aconteceu há algumas semanas atrás, quando o Renato da La Bragantina me mandou 7kg de linguiça pra experimentar,  e eu tive que vasculhar o dicionário atrás de palavras que explanassem a minha opinião sem comprometer o "sexo: M" que tem no meu RG. Creio que consegui, e a voracidade com que os leitores do blog se cadastraram pra entrar nessa me deram a tranquilidade de que estamos todos na mesma levada.

Primeiro, foi a minha vez de pagar o mico, mas eu tinha o benefício da vingança ao meu lado, pois sabia que a promoção renderia dois incautos leitores que seriam massacrados aqui neste post, eu poderia tripudiar sobre as suas almas, pois eles deixaram seus nomes e e-mails ali no box, ávidos por SETE QUILOS DE LINGUIÇA, e.... eis que caio novamente numa roubada.

O sorteio se procedeu hoje à tarde, diante da auditoria da minha esposa, sob o testemunho da Preta, a mais imaculada vira-latas da história da desenvoltura canina aleatória (sim, esse é o nome culto dos vira-latas), sob a responsabilidade da Júlia, minha filha de 11 anos que, com a inocência de uma criança e a malemolência de uma pré-adolescente, sacou 2 papéis com os nomes dos candidatos.

Minha alma ria-se dos pobres leitores que seriam achacados nestas linhas, até que... duas mulheres foram sorteadas. COMO ASSIM????

Pensa comigo: Aqui a gente respeita a mulherada, certo? Por vários motivos que a gente nem precisa citar. Eu, por exemplo, tenho mãe, irmã, esposa e filha. Se eu não aprender a respeitar essa mulherada, segura a TPM depois como é que fica?

Diante dos fatos, como é que eu vou sacanear duas garotas que eu não conheço, que podem ter maridos, e esses maridos podem ser policiais, lutadores de vale-tudo, matadores de aluguel, gerentes da minha conta no banco, mecânicos do meu carro, proctologistas quando chegar o dia do meu exame? Como, Deus do céu, eu vou me vingar nessa vida?

Não me resta outra alternativa a não ser engolir o choro e limpar a cara pra respeitosamente contar pra vocês que as duas felizes ganhadoras que levarão 7kg de um saboroso condimento para casa são:

Rosana Modesto Gomes
e
Beth

Antes que você me pergunte porque a Beth não tem sobrenome, eu respondo: porque ela não digitou o sobrenome no campinho. Mas isto não é um problema, pois o e-mail foi preenchido, e vamos contactá-las diretamente por e-mail.

Ainda não foi desta vez que sorteamos uma Ferrari, nem uma conta recheada nas ilhas cayman, nem um anão na ilha da fantasia. Mas fique atento, pois outras promoções hão de pintar por aqui.

Aos que não ganharam, não chorem, marmanjos. Carreguem esse corpo nefasto até Bragança Paulista e visitem a sede da La Bragantina.

Agradecimentos especiais ao Renato, com quem dei muitas risadas nos e-mails que trocamos acertando os detalhes da promo. Vida longa à LaBragantina!

Drops de Churrasco - Ed. 7

E se assunto é promoção, cá estamos nós com mais uma promovida edição do seu informativo eventual de churrasco, aquele que não informa e também não sai da grelha [/chacrinha], o Drops de Churrasco.

Promoção aqui
Promoção bacana tem sido essa da Bragantina. Na real, nem é uma promoção em si, é um sorteio, onde um iluminado leitor desta pocilga vai levar linguiça e ainda ficar feliz. Não sabe do que estou falando? Leia o post anterior!
Pois foi muito bacana ver a animação da leitorada, todo mundo ouriçado torcendo pra sorte bater à sua porta, dilacerando a reputação de virilidade deste blog. No feriado que infelizmente se foi, o leitor Ricardo não se fez de rogado: se a linguiça não vai até ele; ele vai até a linguiça. Assim fez, visitou Bragança Paulista e ainda mandou fotos! Achei bem legal a loja da La Bragantina, vou acabar fazendo uma visita também! Pra quem ainda não participou, basta deixar seu nome e e-mail no box de newsletter, na lateral do blog. No dia 15 deste mês, utilizaremos métodos tão lúdicos quanto lisérgicos para sortear dois kits de 7kg de linguiças especiais.

Promoção acolá
E, já que estamos falando de sorteios, concursos e afins, aproveito antes que o mais empolgado leitor dirija esse esqueleto guerreiro até o bingo clandestino mais próximo e informo que não é só aqui no Gato na Grelha que tem concurso comendo solto, só esperando a sua nobre participação. Adoro o departamento de marketing, que faz gente como a Tramontina criar um site maneiro só pra falar de churrasco, e participando da coisa toda você ainda pode ganhar um prêmio sensacional, que vai no peito e na alma de qualquer churrasqueiro: Um Super Kit Tramontina Churrasco e 300 reais pra você gastar num churrasco!!! Amigo leitor, pensa comigo: já leu o post onde eu fiz um churrasco pra 40 pessoas com $175? Pois então, qualquer um pode fazer um churrasco com pouco dinheiro. Agora pensa comigo, só mais uma vez: O que dá pra fazer com 300 mangos free num churrascão? Vixe, eu fazia até chover! Bom, se animou? Só clicar e participar! Boa sorte, se você ganhar, eu estou convidado a participar do churrasco de 300 pratas. E tenho dito!

Picanha com gorgonzola e parmesão
Definitivamente, eu não sou um adepto de churrasco muito cheio de pererecos. Dias atrás, toca meu telefone. Era o grande amigo Daninho, que estava em Cuiabá experimentando uma picanha ao gorgonzola e parmesão. O cara babava de tal modo ao telefone, que fiquei altamente tentado a experimentar a receita. Lancei mão de um pedaço de picanha, um pouco de gorgonzola, queijo ralado e lá vamos nós pra churrasqueira. Como essa receita não tem foto e nem vai virar post, aproveita aí pra anotar o procedimento, porque eu não vou voltar mais nesse assunto: Amassa o gorgonza com um garfo e um pouco de azeite e guarda isso aí. Corta a picanha em bifes e vamos à churraca. Deite o bife e jogue sal grosso no lado de cima. Quando achar que já assou o lado oposto, vire e não ponha mais sal: ponha gorgonzola. Vais precisar de alguma destreza com os instrumentos para conseguir passar, mas confio que fez a lição de coordenação motora no jardim I e vai conseguir. Polvilhe com queijo ralado e deixe lá. Quando começar a derreter o queijo, corte e coma. O veredito foi unânime: é bom, muito bom. Porém.... não precisa. Sacou? Fica legal, saborzinho gourmet (e a gente desconfia dessa gente), mas não melhora em nada a picanha. Não é uma experiência melhor do que comer a picanha temperada com sal, ou com alho. Ou seja: faça, não vai se arrepender. Mas também não vai achar o melhor rango do mundo.

Teaser da vez
E sobre o próximo post, eu curti tanto aquele papo de teaser, que vou te chamar aqui pra brincar de publicitário. Vamos, eu e você junto com o síndico e a tia Léia na W/Brasil? Ah, então vai lá fazer cocô na casa do pedrinho, que eu fico aqui no faturation ficando bamboocha. ADORO a genialidade desses caras. E como eu quero muito ser publicitário quando eu crescer, deixo aqui o já tradicional teaser, e quero ver se essa tua astúcia é isso tudo, esse poço da mais pura e límpida perspicácia que não tem cheiro e não solta as tiras. Tá pronto para desvendar o mistério da gororoba?
Sente o drama: minhoca toma leite pela raiz, dona mimosa quando abre a janela molha o peixe e macaco gosta mesmo é de batata. E quero ver se tu é malandro pra desvendar essa!

O dia em que eu ganhei linguiça

Caro leitor,

Este é, certamente, o post mais atrasado, mais reticente e mais enrolado da história deste blog. Sim, estas linhas já deveriam ter sido escritas há algumas boas semanas. Mas não, eu protelei enquanto pude, enrolei, mastiguei, digeri até sucumbir e cá estou eu, diante do teclado sob o sol desta terça-feira.

Antes que você possa olhar os ponteiros do seu relógio e praticar a tabuada do cinco, cá estou eu, mais uma vez tentando terminar este post. Sim, mais uma vez, porque eu já tentei várias.

Aí o mais criativo leitor logo pensa que tá faltando assunto, que o blogueiro em questão deveria assinar algum jornal, decorar algumas piadas, ou talvez consultar alguma enciclopédia, em busca de algumas palavras que possam ilustrar as vossas mentes nessa grande churrascaria da vida.

Mas não, não está faltando assunto por aqui. Inclusive, acho que nunca tive tanta pauta armazenada pra escrever no blog. Então, qual o problema que fez com que este post saísse assim, tão atrasado? O motivo é um só: vergonha.

Sabe quando você entra numa situação tão complicada, que chega uma hora em que você já não sabe mais como sair? Então, é isso.

Lê rapidinho aí porque eu só vou escrever uma vez:
Tem um cara que me ofereceu a linguiça dele. E não é uma linguicinha qualquer, estamos falando de 7Kg de linguiça. Aí ele trouxe pra mim, e eu experimentei. E sabe o que é pior? Eu gostei!!

E não conta pra ninguém, senão tu vais se ver comigo. Segura esse riso aí, moleque!

Sentiu o tamanho do problema? Isso aí é cilada pra fazer o bruno mazzeo parecer só o filho do chico anysio. Como é que eu ia achar uma maneira de falar isso sem me colocar numa roubada? Quais as palavras pra explicar uma coisa como essa pro ilustre leitor desta porcaria? Aliás, isso tem explicação?

Tem. Senta aí que eu te explico.

Sentou?

Sei.... kkkk

A história é a seguinte: Tudo começou com um e-mail. Eu deixo o meu e-mail aí, disponível na barra lateral, e recebo e-mails frequentemente, de leitores do blog, de empresas querendo vender curso de esperanto, palestra de auto ajuda, de empresas bacanas oferecendo alguma promoção, enfim. Mas desta vez, o e-mail foi inusitado.

O remetente deste e-mail é o Renato, um cara que tem uma fábrica de linguiças especiais lá de Bragança Paulista. O Renato é o tipo do cara que confia no próprio taco. Deixando sempre bem claro que eu não tive nenhum tipo de contato com o referido taco, sendo esta apenas a aplicação de uma força de expressão.

O Renato foi direto ao assunto: traria um pouco da linguiça da sua fábrica pra mim, e eu falaria aqui no blog o que bem entendesse. Muito corajoso, esse cara. Aceitar uma coisa dessas sem ressalvas, sendo eu um estranho? Mas não, o Renato confiou no seu taco, ou melhor, na sua linguiça mais uma vez e levamos a idéia adiante.

Coincidentemente, ele acelerou o seu bólido em direção à nossa poluída capital para me entregar a linguiça justamente no dia em que eu estava num churrasco na casa de um amigo, com um monte de gente que sequer sabia da existência deste blog. Ou seja: se o objetivo é avaliar o produto, não pode ter uma situação mais imparcial do que esta: churras em local neutro, cheio de gente que nem sabe o porque daquela linguiça estar lá. Bota na roda e bora lá ver o que vai dar.

Assim, o Renato gentilmente levou os 7kg de linguiça até a casa de meu amigo, me entregou e a mesma já foi pra grelha naquela mesma hora. O veredito, eu conto daqui a pouco.

Eram 7kg de linguiças especiais. Mas não apenas uma linguiçona, ou gomos, nada disso. As linguiças da fábrica do Renato, que se chama La Bragantina, são inteiras, em peça. Aquela linguiça tradicional mesmo, enrolada em uma peça de 1kg. Na minha opinião, a melhor maneira de preparar linguiça. Além disso, eram 7 kg, porque eram de 7 e modalidades diferentes. Vamos a eles:

  1. Comecemos pela linguiça tradicional. Ela é a base de todas as outras. Ou seja: Todos os outros 6 tipos de linguiças que me foram ofertados eram a tradicional, acrescida de temperos e acepipes afins. O veredito é muito positivo. Uma saborosíssima mistura de carnes de porco (lombo, coisa fina), muito bem temperada, coisa boa. 
  2. A segunda foi a linguiça calabresa apimentada. Particularmente, não sou fã de linguiças apimentadas. Mas tenho que confessar que, se tem uma coisa que a La Bragantina sabe fazer, é ponderar muito bem a pimenta. Saborosa, mas sou suspeito pra falar.
  3. A terceira foi a de ervas finas. Muito boa. Muito mesmo. Deu pra sentir um sabor bem forte de erva doce, bem saborosa. Recomendo.
  4. Provolone: Isso mesmo que você tá lendo. Linguiça de lombo de porco com provolone. Bastante provolone, não estamos falando de miséria, não.
  5. Linguiça de alho: Essa aqui foi o único ponto de discórdia. O pessoal curtiu, mas eu achei muito pegada no alho. A ponto de conseguir ofuscar os temperinhos da linguiça que, como frisados anteriormente, são muito bem equilibrados. 
  6. Poutz, agora se prepara pra babar no teclado. LINGUIÇA DE PIMENTA BIQUINHA. Gente, vocês não tem noção do que é isso. Recapitulando: a linguiça deles é uma massa de carnes nobres de porco muito bem temperadas, certo? Aí você pega e enche essa massa de pimenta biquinha. Mas não é aquele lance industrial de moer a biquinha junto da carne, não. A pimenta vai INTEIRA. E de monte, sem miséria. Isso significa que você sente a pimenta, uma delícia. E como a biquinha está longe de ser ardida, é muito mais uma pimenta aromática, faz dessa linguiça o grande produto da La Bragantina. Sério, já tenho pedidos de vários amigos aqui pra fazer ao Renato. Recomendo seriamente.
  7. O último produto é inovador, e muito bacana. É uma espécie de hamburguinho quadrado de linguiça. Ou seja: a carne da linguiça, prensada num formatinho quadrado. Essa eu não fiz na churraca. Mas fiz na chapa, num dia de frio. Muito gostosa como aperitivo, fez sucesso.
Por fim, o Renato estava certo em confiar na própria linguiça. O desafio foi vencido.

E se você pretende ficar rindo da cara do blogueiro aqui, que teve que encarar 7kg de linguiça e ainda contar pra todo mundo o que achou, pode começar a suar frio aí na sua poltrona, porque, amigo leitor: vais entrar nesta comigo.

A La Bragantina, representada pela figura do seu presidente-master-dono-patrão Renato, vai sortear mais 2 Kits de 7kg de linguiça para os leitores do blog. Pois estamos quites, caro leitor.

Para participar, basta assinar a nossa newsletter. Note que na barra lateral, agora existe um box para cadastro de newsletter. Quero começar a enviar, de acordo com todas as regras e bom senso que a utilização de e-mail marketing precisa, a enviar para os leitores pequenos resumos do blog, assuntos sobre churrasco que eu não escrevo aqui, enfim. Pode confiar que não vamos mandar spam pra você.

Então está valendo! Para concorrer a 7kg de linguiça, basta deixar seu nominho e e-mail no box que tem na lateral do blog.

O sorteio será na QUARTA-FEIRA, DIA 15 DE SETEMBRO DE 2010.

Participe, aposto que você vai adorar atender a campainha de casa e encontrar um cara com 7kg de linguiça pra você.

Para os que se interessaram, mas não tem sorte e não ganham nem par ou ímpar, segue abaixo o contato da La Bragantina. A visita à Bragança Paulista é sempre agradável, a linguiça é espetacular e o brecinho é de brimo.

La Bragantina
Avenida Norte-Sul, 446
Bragança Paulista - SP
Fone: 11 4032 7087
www.labragantina.com.br

UPDATE => Recebi do Renato algumas fotos dos produtos da La Bragantina. Dêem uma olhada no que eu tou falando:







Como preparar um frango de televisão de cachorro

Televisão é um treco doido, mesmo. A gente fica ali na frente daquela caixa sem mover um músculo, sem piscar, imóvel. Seca a retina, mas não perde a chance de saber quem matou odete roitman. A gente ri dos animais que são nossos políticos durante o horário obrigatório, a gente fica esperando a peruca do patrão cair num aviãozinho de dinheiro, a gente assiste ao JN com o pote de grecin dois mil na mão, esperando um vacilo do willian bonner pra dar uma demão naquele topete. Definitivamente, televisão é um aparelho que faz a gente interagir.

Quando eu era criança, o bozo falava "você aí que tá sentadão no sofá, compre tênis montreal" e eu ficava pirado com isso, me perguntando como-é-que-aquele-palhaço-sabe-que-eu-to-no-sofá. Até que um dia eu resolvi sentar no chão, e ele falou que eu tava no sofá. Perdeu, pleibói. Nesse momento, minha infância perdeu um pouco da magia, mas o importante era que eu podia dizer "te peguei, palhaço!".

Até que meus pais tiveram uma idéia brilhante, um ataque fulminante da mais pura filosofia hippie pé-sujo. Sabe-se lá porque deletaram a televisão da minha casa. Ela já não era lá essas coisas, tinha mais fantasma que poltergheist, tinha bombril até no seletor de canais, fazia chiadão e levava 5 minutos pra ligar. E agora era uma TV desempregada. Foi-se, tchau, abrásss. Lá se foi a nossa telefunken.

A idéia era que falássemos de coisas mais importantes durante os momentos de família, ao invés de ficarmos alienados àquela máquina de fazer louco (palavras de papai). Bom, confesso que de certa forma funcionava. Comecei a ler muito mais, discutimos coisas interessantes, dormia cedo e acordava bem, etc e tal.. Hippie é gente que sabe cuidar de criança. O problema era que na escola, os amiguinhos comentavam TV Colosso, Malandrovski e Thundercats, e eu não sabia nem o que era. Fui descobrir anos depois.

hippies cuidando de crianças.
cuidando de crianças com lsd exalando dos poros.
de crianças que estão na terapia até hoje.

Meu pai, dono de um sarcasmo comovente, sempre me dizia que se eu quisesse ver TV, que fosse à padoca acompanhar a televisão de cachorro. E é dessa TV que vamos falar hoje. O mais alto grau do entretenimento canino, aquela que passa sempre o mesmo filme, aquela que faz gente e cachorro babar como se não houvesse amanhã.

Não tem tela de led, não é plasma e não é lcd. E se fosse hippie, não seria nem de lsd. É de vidro, de metalzão, é feia e é suja. Mas a gente adora. A Televisão de Cachorro é a TV mais legal que tem. Porque além de ver, você pode comer o conteúdo daquela TV. Imagina só, você tá lá vendo a novela, de repente passa a juliana paes, você abre a tampa da tv... e come! Simples assim. Ou então, tá assistindo animal planet, aparece aquele tubarão branco de um bilhão de quilos, abre a tampa da tv e acabou você. Ou coisa pior, melhor deixar pra lá.

Enfim, a televisão de cachorro é aquele fornão que fica na porta da padoca, onde rodam e assam alegrementes exemplares de frango, despejando toda a sua gordura corporal sobre inocentes batatinhas, depositadas na parte de baixo, só bebendo aquela sopa de colesterol. Um crime na nossa coronária, mas um alento à nossa alma. A vida é dura, rapaz. Pra ganhar, tem que perder. E como churrasqueiro não se rende aos apelos do coração até que o infarto nos separe, vem comigo porque nessa receita, além do frango, você vai ter que gastar uma energia na produção da gambiarra que vai simular a televisão de cachorro.

Vamos começar pelas batatas. Ao vencedor, as batatas. Vá até o mercado/quitanda/feira mais próximo e saboreie o verdadeiro sabor da vitória: volte com as batatas. Mas não adianta pegar aquele batatão de 12kg. Preste atenção, você vai encontrar umas batatas pequeninhas, que geralmente estão dentro daquele saquinho de pano meio furado, esquisito. As batatinhas tem mais ou menos o tamanho daquela pedrona de gelo bacana que a gente adora jogar dentro do whisky.

Por falar em whisky... abra uma cerveja e fique mais feliz.

Foi no mercado, venceu e voltou com as batatas? Pois volte ao mercado e não me apareça aqui se não tiver em mãos um frango sem pé nem cabeça. Mas que diabos é isso de frango sem pé nem cabeça? Pergunte ao fabricante:

Sem pé nem cabeça é isso: kinder-frango com um pogobol, duas aspirinas, um colete salva-vidas, parafuso de balsa e 4 marionetes.
E, já que a televisão é de cachorro, olha o bicho cabreiraço aí.

Se o otimizado leitor preferir, pode aproveitar a viagem inicial ao mercado e voltar com as batatas E o frango. Opção sua.

O primeiro passo é colocar as batatas-bebê para cozinhar. Jogue as batas numa panela grande, com casca e tudo. Se a sua mulher (ou mãe) estiver por perto, lave as batatas. Caso contrário, acredite na força dos seus anticorpos e bora pra panela. Complete com água. A dica do século vem agora: Quando se cozinha batatas, é bastante comum adicionar sal ao cozimento, certo? Pois então, vamos dar uma melhorada nesse negócio. Sapeque lá dentro um cubinho de caldo de galinha. Isso vale pra qualquer batata cozida. O caldo já ajuda a dar um gostinho nas batatas. Vai por mim que fica bom.

Enquanto elas cozinham, vamos cuidar do frango. Mais especificamente, do tempero do frango.

Num pequeno pote, jogue 3 dentes de alho, e 3 pimentas biquinho, algumas folhas de manjericão, orégano, páprica picante e colorau. Nem precisa picotar nada, daqui a pouco a gente faz o terror dentro desse pote e a coisa funciona. A proporção dos ingredientes? A gente aprendeu com os publicitários que uma imagem vale mais do que mil palavras, não é? Pois olha só o que eu tenho aqui pra você: MAIS DE MIL PALAVRAS pra te mostrar quanto você tem que colocar de cada ingrediente.

Recomendo colocar o alho primeiro, ajuda a fazer a proporção, sabe?

Viu? Beleza, agora vem a hora do massacre. Jogue uma golada generosa de azeite dentro desse potinho, prepara o socador de caipirinha e arrebenta com tudo aí, garotão. Quebra tudo, arrepia!!

faço isso com meus inimigos HUAHUAHUAHUHA

Virou isso aí. O cheiro desse temperinho é fabuloso. Dê uma colherada de leve aí, experimente e coloque o sal de acordo com o seu gosto. Eu imagino que umas duas ou três colheres de sobremesa sejam suficientes. Tou confiando que você vai saber quanto sal é necessário pra estragar uma receita.

Próximo passo: operar o frango. É isso, caro leitor. Vais, a partir de agora, encarnar o Dr. Pitanguy e botar uns peitões maneiros de silicone fazer uma incisão subcutânea longitudinal abdominal no paciente. Entendeu? Não? Sem problemas, basta pegar o tesourão de frango e abrir a barriga do bichinho. Não se preocupe, ele não sentirá dor alguma. Não pelo fato de estar anestesiado, mas pelo fato de ter vindo a óbito em procedimentos anteriores. Procedimento este que não é de nossa responsabilidade, eximindo-nos de quaisquer aborrecimentos no que tange o trato aos animais durante a preparação desta receita. O fato é que deve-se abrir a tesoura e adentrar o frango com uma das lâminas, num local que certamente lhe faria corar, e vir cortando até que esteja aberto. Faça uma forcinha e abra o frangote mesmo. Vais enxergar os ossinhos, a coluna, uma cena realmente dantesca. Mas não fique impressionado, tem gente que faz coisa muito pior :-)

Bom, agora basta passar o tempero sobre o frango. Por dentro e por fora, numa grande festa da pimenta doida. Besunta o galináceo aí.

A esse momento, as suas batatas devem estar tinindo. Vá até a panela, espete com um garfo. Se estiver macia como a ovelha-nuvem da propaganda (ah, os publicitários), tá pronta. Joga a água fora e guarda as batatas do lado esquerdo do peito.

A gambiarra necessária é bem simples de fazer. Mas é gambiarra, e quando se trata de gambiarra, sabemos todos que sempre tem chance de dar merda. Não dê chance à merda, mantenha-se atento aos detalhes e todo mundo vai sair bem desta.

Recapitulando: Na TV de cachorro, o frango fica ali assando, com gordura pingando na batata, certo?

A gambiarra consiste numa bandeja, onde ficarão as batatas acomodadas, e uma grelha da sua churrasqueira sobre as batatas. E um frango pós-operado e devidamente besuntado sobre ela. Sacou?

Batatas dentro bandeja, grelha em cima da bandeja, frango em cima da grelha, com a barriguinha que você operou pra baixo. O frangote vai assar, a gordura vai escorrer, e quem vai estar lá embaixo pra receber o elixir da obesidade? As batatas! Na tela:

frango sobre a grelha, sobre as batatas, dentro da bandeja, dentro do forno, dentro da cozinha, dentro de casa.... maldita relatividade.

Nós queremos televisão de cachorro? Sim, queremos. Nós queremos que você apareça na televisão com cara de cachorro? Não, não queremos. Então entenda a diferença entre uma gambiarra e um incêndio e verifique se a sua grelha utiliza alguma parte de madeira, ou algo que possa queimar e mantenha-se em segurança.

Agora basta acender o forno da sua casa no médio e mandar todo mundo pra dentro.

Ainda no quesito mandar pra dentro, mande umas 5 latinhas pra dentro. Quando terminar, abra o forno sem queimar a cútis e retire todo mundo de lá. O frango deve estar douradíssimo (o colorau é o responsável por isso. Pratincamente o sundown da sua comida), as batatas engorduradas, e o cheiro deve estar enlouquecedor.

Se estiver enloquecedor, retire do forno, e destrua o frango. Honestamente, não conheço uma técnica especial para desmontar o frangote. O que fiz foi retirar as coxas, as asas e cortar o resto aleatoriamente. Dane-se a técnica, faz assim que a família vai gostar.

Pra finalizar o nosso ilustrado post, sintoniza a sua tv nessa fotinho aqui ao top de cinco segundos!

O que é, o que é?

Das coisas que aprendi com os publicitários: o TEASER. 

Funciona assim: Os caras vão lançar um produto hiper-extra-super-ultra-massa-total, e querem arrancar uma grana antecipada do cliente deixar o consumidor com aquela baita vontade de comprar aquele negócio, mesmo sem saber o que é. Aí eles fazem um anúncio enigmático, dando a entender ao espectador que vem aí um produto capaz de resolver TODOS OS SEUS PROBLEMAS. Todo mundo trocando cotovelada na gôndola, só pra ser o primeiro a comprar aquele treco. Publicitário é gente que faz, publicitário é malaco, publicitário faz o cliente acreditar nessas idéias geniais e ainda gastar um dinheirão com pérolas da mais pura malandragem da comunicação, coisas do tipo manhê-quero-fazer-cocô-na-casa-do-pedrinho. Vida que segue, quem mandou não nascer malandro?

Aí eu queria escrever aqui no blog sobre a nova receita que eu bolei, mas como não sou publicitário, a vida é dura comigo e me fez trabalhar este sábado inteirinho, e eu fiquei cansadão, e decidi deixar a receita pra semana que vem. Mas não sem antes deixar aqui um verdadeiro petardo da filosofia publicitária: o primeiro TEASER do Deitando o Gato na Grelha. Segura aí que agora a gente ficou patrão.

Voltando à vaca fria, a receita em si eu não bolei, não. Mas a traquitana necessária para a execução da mesma... essa sim, merece uma página dupla na Veja, um outdoor 3D (???) e uma inserção de 1:30'' no domingão daquele gordo ex-gordo, que agora tá magro, mas tá cabeçudo. Proporção é pra quem tem.

Bora pro teaser? Sente-se confortavelmente na sua poltrona e tente desvendar o enigma:

O que é, o que é?
Tem cachorro de olho, fica esperto. Tem mais cachorro de olho, fica mais esperto ainda que esse é grande. Tem temperinhos no pote. Tem socador de caipirinha quebrando tudo no meio dos temperos, e tem bicho sem pé nem cabeça. E os cachorros ainda têm pé, quatro cada um, e tem cabeça, somando oito pés, duas cabeças, dois rabos e nenhum juizo. E nenhum animal foi molestado na produção desta receita. Pelo menos, nenhum vivo. E, jisuis, tem batatas na minha janela!!!!

E como publicitário sempre diz que uma imagem vale por mil palavras, segue aí 6.000 palavras pra ilustrar o nosso teaser.






Quem desvendar o mistério do nosso teaser, ganha um washington olivetto pra chamar de seu.