Linguiça Alheira, uma epopéia tipicamente portuguesa

Querido leitor, se você já leu o meu nome alguma vez aqui, pôde notar que o meu sobrenome é Rodrigues. Com isso, o astuto leitor pode, também, supor a origem desse nome. Se não pode supor, existe uma grande chance de termos um fator preponderante em comum: o sangue lusitano corre desgovernadamente em nossas veias, parceiro.

Então, podes imaginar que, há quase um século atrás, um tal Seu Rodrigues partiu de além-mar, com mais alguns patrícios, pra varar esse marzão rumo ao desconhecido e abrir uma padaria aqui. Tá, bisavovô não abriu uma padaria, mas o gosto pela culinária lusitana veio com ele, se transportando irremediavelmente através do DNA dos seus futuros predecessores.

Dentre as iguarias da culinária de nossos gentis colonizadores, destacamos especialmente uma: a linguiça alheira, convidada especial deste capítulo nesta novela da vida :-)

Bisavovô veio lá da terrinha, e numa casinha do bairro do Brás saboreava alheiras com o menino Renatinho, que viria a ser meu querido e saudoso vovô. O menino Renatinho cresceu (digo, ficou mais velho, porque grande ele nunca foi) e virou o Seu Renato Rodrigues, cultivou um suntuoso bigode e foi pra guerra. Guerra?
Momento história de família: Meu avô foi pra guerra como voluntário. Certa vez, eu perguntei porque ele foi voluntário, e a resposta foi sensacional: No dia do alistamento militar, havia um tenente carioca selecionando os possíveis soldados, já com a guerra em curso, e com a iminência do Brasil entrar. Pois em algum momento, o tal tenente falou, ou sugeriu, que paulista era tudo boiola e ninguém tinha coragem de enfiar o dedo na cara do alemão. Nesse momento, Renato, o marrento, levantou-se e bradou que tinha coragem sim ia mostrar pro tenente carioca com quantos bigodes se faz um chucrute. E assim, o bravo soldado Renato Rodrigues adentrou as fileiras da Força Expedicionária Brasileira. Ele nem queria ir, mas aquele tenente era folgado demais e isso não dava pra suportar.
E lá na guerra, o soldado Renato não parava de pensar nas tardes que passava com o pai, o Seu Rodrigues (então, falecido) saboreando acepipes. Ansioso pelas alheiras e com saudades do Brasil, o soldado Renato Rodrigues deu um jeito no alemão, acabou com a guerra (palavras dele. Vovô afirmava categoricamente que acabara com a guerra sozinho) e voltou ao Brasil para cair diretamente no colo de vovó, que já citamos largamente neste blog. Adiantando a história, vovó e vovô se casaram e tiveram dois lindos filhotes: papai e a minha tia Lídia.

A história se repetiu, e papai e vovô adquiriram o hábito de saborear alheiras com uma certa frequencia, como um ritual familiar, a ser passado do mais velho pro mais novo.

Mas a alheira não é uma linguiça muito fácil de se encontrar, e os fornecedores de alheiras que abasteciam vovô e o menino papai com sua mercadoria foram ficando cada vez mais raros, até que eles decidiram que era a hora de fazer a sua própria alheira. E assim fizeram, até que papai conheceu mamãe, eu nasci, cresci e todo final de semana tinha alheira na casa de vovó, pra saborearmos enquanto a refeição não vinha. Até que vovô veio a falecer, em 2002, e as alheiras acabaram rareando na casa de vovó. Aqui começa a nossa história pra valer.

Com esse blog e as consequencias gastronômicas que ele trouxe, achei que havia chegado a hora de me juntar a papai pra fazer o furdúncio na cozinha lá de casa e preparar as alheiras, pela primeira vez na minha vida. Baita honra, essa.

Nossa história começa no Mercado Municipal. Acordei cedo num sábado pra comprarmos os ingredientes no famoso templo do sanduíche de mortadela e um local sensacional pra comprar temperinhos e coisas que.. bem, que só tem lá. A visita ao mercadão, por si só, já dá um post. Portanto, vamos à receita, falo do Mercado Municipal em outro post. Entenda apenas que compramos tudo no sábado, pra prepararmos as alheiras no domingo.

Domingo, precisamente na hora marcada, toca o interfone e meu pai chega. Um pouco mais tarde do que ele gostaria e algumas horas mais cedo do que eu precisaria, começamos os trabalhos. Até porque, trabalho é uma palavra que define bem a produção das alheiras: parceiro, te prepara porque essa receita dá um puta trabalho. Prepara a picareta, o muque e a força de vontade.

O primeiro passo é cozinhar algumas das carnes. Na alheira, vai frango, e vários tipos de carne de porco. Comece jogando numa panela grande, 1kg de frango. No nosso caso, compramos a sobrecoxa, porque tem bastante carne e fica fácil desossar depois.

Junto ao frango, adicionamos 1kg de lombo de porco cortado em cubinhos. Cortamos o lombo em vários cubinhos do tamanho de uma borracha de escola. Isso, lembra aquela borracha que vem com a capinha verde? Então, pega a faca, lembra dela e picota o lombinho do mocotó. Manda todo mundo pra panela.

Um ingrediente comum a qualquer linguiça é a barriga do porco. Sabe o que é a barriga do porco? É como o bacon, mas não é defumado. É cru. CRU, mente maldita. Com o erre!! Recomendamos atenção a este ingrediente. Um pequeno deslize pode te levar a inserir a parte errada do porco na linguiça, e nós sabemos bem o que acontece quando a linguiça se relaciona com as partes erradas e nós não queremos isso na nossa receita, certo?

Passados os entraves morfológicos da barriga do porco, picote aproximadamente 400g de tal elemento em cubinhos muito pequenos e jogue na panela junto ao lombo e ao frango. Cubra com bastante água, e bote pra ferver. Se quiser jogar um ou dois dentes de alho, não passe vontade.

Prepare-se pra costurar. Isso mesmo que você ouviu. Costurar. Faça um recorte num pano de prato, tomando todo o cuidado para a patroa não perceber. Recomendo jogar o resto do pano fora. Bom, no quadradinho de pano, despeje umas 10 bolinhas de pimenta preta (é a pimenta do reino). Agora feche como um envelope, e dê um jeito de fechar. É aqui que entra toda a sua habilidade com a agulha e linha. Pra fechar direitinho, pode ser que você tenha que costurar o envelope. Larga mão de frescura, costura esse treco logo e manda pra panela.

Enquanto ferve, você tem uma missão: arranjar 1kg de miolo de pão italiano. É, essa é dificil, parece gincana. E sabe como você cumpre essa missão? Compra muito mais do que 1kg de pão italiano, descasca e guarda o miolo. Se você é malaco, e eu confio na sua destreza intelectual, guarde as cascas pra fazer torrada ou algo do tipo.

Se você demorou uma hora e meia pra buscar os pães e separar os miolos [/chuck norris], a carne deve estar pronta. Hora da pescaria!

Pesque cuidadosamente todos os pedaços de frango e guarde. Depois pesque todo o resto das carnes. E guarde a água, você vai precisar daquele caldo de porco e frango.

Com o frango, você deve retirar o ossinho do meio da sobrecoxa. Depois, seu trabalho é desfiar o frango. Como você vai fazer isso é problema seu. Entenda apenas que, das sobrecoxas que haviam ali, haverão apenas fiapos de frango, ok? Legal, feito isso, guarda esse frango ae.

O porco terá um final muito mais trágico. Encarne o seu pior momento Sexta-feira 13 e moa toda a carne de porco. Isso mesmo, passe tudo no moedor, e tenha em mente que você vai precisar de um. Sem dó nem piedade, todo o lombo e barriga de porco vão virar uma verdadeira pasta.

Estamos quase lá, ansioso leitor. Daqui pra frente, é basicamente misturar tudo e temperar. Mas vamos por partes.

Pensa comigo, você já tem 1kg de lombo de porco, 400g de barriga do mesmo suíno, 1kg de frango e 1kg de miolo de pão italiano. Ou seja, temos quase 3,5kg de comida, fora o caldo da panela que reservou. Diante desse fato, admitamos que temos muita comida, certo? Então você pode imaginar que vai precisar sapecar toda aquela comida em algum recipiente, pra misturar tudo e fazer aquilo virar uma linguiça, certo? No nosso caso, lavamos uma bacia da lavanderia e foi lá mesmo que preparamos a iguaria.

Bom, então prepara o muque que a labuta agora é cascuda. O trabalho consiste em jogar miolo de pão, lombo, barriga, frango e caldo das carnes, todo mundo na bacia, e misturar. Não tem milagre, tem que meter a mão e fazer força, muita força.

Papai, ao mexer os ingredientes, lembrava-se das duas vezes que eu repeti de ano, ou seja: usou de violência. Porém, desta vez não contra este que vos escreve, mas contra os nobres ingredientes. Para a sorte deste que vos escreve. Caso contrário, provavelmente não mas escreveria.

Enquanto isso, tratei de apelar para o bom e velho migué, e fui de fininho preparar o tempero pra jogar lá, mantendo papai ocupado.

O tempero não é difícil, não. Num pote grande, joguei umas duas xícaras de azeite extra-virgem. Depois dessa trabalheira toda, nem pense em usar o azeite mais barato, ou achar que azeite e óleo de girassol são a mesma coisa. Sem serviço porco, mande lá duas xícaras de azeite extra-virgem, do bom.

Picote, bem pequeno, 4 ou 5 dentes de alho. Aproveita que o ritmo tá bom pra picotar, e picote um maço inteiro de salsinha. Manda todo mundo pra dentro do pote.

Hora das pápricas! Jogue uma colherada generosa de páprica doce pra junto do azeite, alho e salsinha. E como páprica pouca é bobagem, adicione uma colherada igualmente generosa de páprica picante. Seu molho vai ficar uma pasta meio vermelha. E, pra ficar mais vermelha ainda, jogue uma colherada sarada de um negócio chamado Colorau, que é um tempero à base de Urucum, e sabe-se lá o que isso significa, mas aprendi isso no Mercadão. Tá feito o registro. Recomendo picotar umas 5 ou 6 bolinhas de pimenta biquinha, porque essa fica gostosa até em pão com margarina.

Uma boa golada de sal dentro do seu tempero e pronto, basta misturar tudo e jogar na bacia. Faça como eu, convença o seu pai a mexer um pouco mais pra misturar o tempero ao resto das coisas. Isto posto, papai se cansou um pouco mais e mexeu aquilo tudo.

A linguiça tá pronta. Mas você não vai colocar a carne na tripa, aquela coisa toda, caro blogueiro? Não vou não, distinto leitor. A tradição familiar fez com que meus antepassados preparassem as alheiras sem, necessariamente, enfiá-las tripa abaixo.

Normalmente, enche-se a linguiça, e coloca-se um gomo na frigideira, pra tostar. A linguiça incha, por conta do pão, estoura e você frita aquela carne. Sendo assim, o senso prático dos Rodrigues achou que o baita trabalho de encher a linguiça não valia a pena se, ora pois, ela iria estourar mais adiante. Portanto, esqueça a tripa e pense na linguiça como uma pasta de carne que você vai fritar.

Preparando as alheiras
Horas depois do início dos trabalhos, você está apto a experimentar esta saborosa iguaria. O preparo é fácil demais. No nosso caso, aquecemos uma chapa de ferro fundido na churraca. Quando estava tinindo de quente, joguei lá um golinho de azeite só pra molhar a chapa. Na sequencia, joguei uma colherada de alheira, e, com a espátula, fui amassando aquela pasta até ficar fininho.

Depois, é só deixar lá e ir virando até ficar meio queimadinho dos dois lados. É assim que a alheira fica legal, porque o queimadinho é, na realidade, pão queimadinho. Pão queimadinho temperado. Com carnes. Com azeite. Não tem jeito disso ficar ruim.

Com isso, dei, junto com meu pai, o meu passo no resgate de uma tradição familiar, o que, por si só, já é motivo de muito orgulho. E ainda por cima, ficou uma delícia. Ah, você tem que experimentar essa verdadeira tradição familiar. A pena é que vovô não está aqui pra experimentar a minha alheira. O lado bom é que todo o resto experimentou, porque nossa receita rendeu 5kg de linguiça. Aí foi só separar em saquinhos e mandar pra vó, pra tia, pra irmã...

Em resumo, uma receita difícil e que dá muito trabalho, mas é muito fácil de acertar o ponto e extremamente saborosa. Uma verdadeira iguaria.

Custo: Foi caro. Gastamos, fácil, uns R$40,00. Mas são 5kg de comida, né?
Rendimento: 5kg, ué. Muita comida.
Tempo de preparo: Nossa, umas 10 cervejas na cozinha, mais umas 3 na churraca. Sirva bêbado.

38 comentários:

  1. Deu água na boca, ora pois.
    Tenho um pezinho luzitano também, mas de tão longe no tempo, as tradições ficaram em algum lugar. Meus antepassados vieram dos Açores, meu escritor preferido é José Saramago e descobri uma banda portuguêsa (de pop rock) que gosto muito, os Clã. Enfim, no DNA há algo que me liga á terrinha, hehehehe.
    Gostei da receita. Quem sabe numa sociedade com minha mãe, (ela financia a compra dos ingredientes e eu faço o tempero, e meu marido amassa tudo, hehehe). Se acontecer eu te conto como ficou.
    Um abraço
    Josi

    ResponderExcluir
  2. Josi, tudo bem?

    Olha, essa receita é como dançar o créu: tem que ter disposição.

    Mas vale muito a pena. No meu caso, valeu a pena também pela bagunça com o pai. No post eu nem entrei em detalhes, mas na verdade tinha umas 7 pessoas na minha cozinha cuidando dos ingredientes. Só isso já valeu a festa :-)

    Abração
    Daniel Rodrigues

    ResponderExcluir
  3. Pois é adorei seu blog, tem várias dicas legais. Eu mesmo morando no sul não sou gaúcha, mas quem não gosta de um bom churrasco.
    Obrigada por ter passado pelo meu mundinho, indico uma receita pra você http://pouquinhodomeumundinho.blogspot.com/2009/01/festa-da-virada.html quem sabe você faz na sua grelha. Depois coloco mais algumas receitas de churrasco que aprendi aqui, pra você testar.

    ResponderExcluir
  4. Rejane

    Muito legal a receita do pãozinho com tomate.. Vou experimentar sim, e coloco o link aqui no Gato na Grelha.. Valeu garota!!

    Abração
    Daniel Rodrigues

    ResponderExcluir
  5. Porra, sensacional o sirva bêbado, me mato de dar risada lendo seus posts, muito bom cara. Abraços Sachê rsrs

    ResponderExcluir
  6. Ow, Sachezão, você por aqui, garoto?

    Pois é, você sabe, né? Já participou de churrasco aqui em casa e sabe como é: servimos bêbados pra servir sempre. Ou algo do tipo.

    Quando aparece de novo, parceiro?

    Abração
    Daniel

    ResponderExcluir
  7. Acho lindo resgatar as tradições familiares e tals! Mas, considerando que você foi ao Marcadão, não encontrou alheiras prontas por lá? rsrsrs
    Deve ter ficado ótemo, mas que trabalhão!!

    ResponderExcluir
  8. Oi Aline

    Sim, no mercadão estão os últimos guardiões da tradição alheirística da última nau lusitânea. Passei por uma barraca onde lia-se: "chegaram as alheiras" e o dono era um moreno, gordo e largamente bigodudo. Não precisamos sem somar um bacalhau com outro bacalhau pra saber que temos 2, pra imaginar que poderia ter me poupado a suadeira e comprar as alheiras, mas.....

    Po, e a graça de passar um final de semana com o pai só pra preparar uma iguaria? Isso é que é o legal.

    Pra quem curte cozinhar, não existe trabalheira. Se você tiver tempo, receita, ingredientes, cerveja e companhia, qualquer coisa é fácil.

    Abração
    Daniel Rodrigues

    ResponderExcluir
  9. Ae Daniel,

    Sou fã do seu blog e já imprimi várias receitas (ainda não manufaturei nenhuma). Continue que, se não minha barriga, meu humor agradece.

    Abraço,

    J.P.

    ResponderExcluir
  10. Fala JP, beleza?

    Parceiro, comentários como o seu que dão aquela força pra gente continar a escrever cada vez pior :-)

    Valeu a força!!

    Faça as receitas, cara. Você vai ver como cozinhar (ou churrasquerar) é uma terapia pro corpo, pra mente e pra alminha surrada.heheh

    Abração
    Daniel Rodrigues

    ResponderExcluir
  11. Fala Daniel..
    Pô, teu avô foi pra guerra? o Meu era Italiano..
    Tava do outro lado..
    mais aposto que nos "intervalos" rolava um Churras entre os Brasucas e os Italianos, Afinal, o nosso amado Palestra Itália é tem nome Italiano e fica no Brasil.. UHAUhauHAU
    Mais a Receita é Boa, qualquer Hora eu faço aki..
    O Trabalho deve ser enorme, mas tudo pela Ciência!!

    Abraços..

    Paulo Braga

    ResponderExcluir
  12. Fala Paulo Braga

    Olha, essa história de segunda guerra, aqui no Brasil, é bastante peculiar. Este avô era português, e lutou pelo Brasil ao lado dos aliados. Porém, na mesma hora, eu tinha um outro futuro avô lutando pelo lado alemão. Aí, a guerra acabou, veio todo mundo pro Brasil, e posso te garantir: aqui eles fizeram churras sim. Foram vizinhos em Bertioga, mamãe conheceu papai e senta que lá vem história. heheheh

    Adoro essas histórias, sabia? Po, seu avô italiano deve ter te contado várias historias, hein?

    Mas, voltando à receita, repito: dá trabalho sim. Mas vale muito a pena. Essa receita de quase 5kg que fizemos, sumiu. Em menos de uma semana, cabou tudo.

    Abraços
    Daniel Rodrigues

    ResponderExcluir
  13. Ó Daniel... Me faz um favor... Não ofende a alheira, chamando ela de linguiça... kkkkk Alheira e farinheira são enchidos, mas não são linguiças não... Pobrezinhas... E não carece de colocar mato (salsinha) nas ditas, nem pimenta biquinha. As tradicionais não levam. E último detalhe. Alheira não deve rebentar. Se rebentar fizemos melequinha na confecção delas. Qualquer coisa tamos aí. Abraço.

    P.S. Obrigado pelas risadas que dou lendo teus posts...

    ResponderExcluir
  14. Companheiro... Pelo Nick que vc assinou, imagino que estás em Portugal, certo?

    Bom, diante disso, eu te digo com toda a sinceridade: eu conheço a alheira assim. Por um motivo bastante simples: não é tradicional no Brasil. É difícil achar pra comprar e tal. Então, peço desculpas pela minha falta de informação ao confundir linguiça com enchido.

    Mas posso te garantir que a receita com salsinha veio de um livro legitimamente português, antigo na família, e que agora está em minhas mãos.

    No mais, agradeço o carinho dos parceiros de Portugal
    Valeu compana

    Abração
    Daniel Rodrigues

    ResponderExcluir
  15. Daniel,

    Já é provavelmente a 7ª vez que leio este post...

    Dá água na boca, mas falta coragem...

    Abs,

    Caio Racca

    PS: Cadê o post sobre o Mercado Municipal??

    ResponderExcluir
  16. Fala Caio, beleza?

    hehehee, melhor do que ler, e tomar coragem e preparar a alheira. Você não vai se arrepender, vai por mim :-)

    Ainda não voltei no mercadão, quero fazer umas fotos e tal. Assim que voltar lá eu escrevo, pode deixar

    Abs
    Daniel Rodrigues

    ResponderExcluir
  17. Antonio Lopes d'Oliveira1 de novembro de 2010 às 16:25

    ò patricio...

    Sou de São Paulo, filho de Portugues, neto de portugueses, minha mae nasceu aqui mas eh filha de portugueses, bom sou paulista com sangue 100% lusitano.

    Cresci comendo alheiras, que meu pai comprava na feira na banca de um amigo portugues, bom nos sabemos que sao enchidos, mas aqui no Brasil é linguiça mesmo...

    Meu pai veio de Portugal já com mais de 30 anos de idade, durante a guerra esteve no Exercito Potugues, ficou de prontidao na fronteira com a Espanha durante alguns anos, pois Portugal nao entrou na Guerra, mas havia uma grande tensao.

    Ele era da artilharia, mas acabou virando o cozinheiro da Tropa pois o Velho tinha o dom, entao imagina só, ele cresceu numa vila de pescadores, fazia maravilhas na cozinha.

    Bom alem das alheiram cresci comendo sardinhas assadas, caldo verde, caldeiradas , cozido e outras iguarias da terrinha. Bom meu pai ja se foi mais de 15 anos, o amigo da feira tambem , entao nao conseguia comer mais alheiras ate que achei um livro da editora tres ( como fazer embutidos) emprestado, e fiz as alheiras conforme a receita, ficou perfeita enchi na mao mesmo , foi uma madrugada toda de trabalho, e que me lembro a receita eh igual a sua.

    Bom hoje encontro novamente alheiras nas feiras livres , umas sao boas , outras nao, mas vou voltar a fazer.

    Faço sempre caldo verde, sardinhas assadas( as importadas inteiras com barriga) ,bata a murro etc, mas quero encontrar a receita da linguiça defumada portuguesa, a caseira que la eles chamam de choriça , encontro na feira tambem, mas quero fazer. Se alguem tiver a receita , faor postar.

    Bom amigo , ja falei muito.

    Abraços

    Antonio Lopes d'Oliveira

    ResponderExcluir
  18. Antonio, tudo bem?

    Primeiro ponto: tenho um primo chamado Antonio Lopes de Oliveira, também neto do Seu Renato, relatado no post. Podia jurar que esse era um comentário ele :-)

    Como são legais essas histórias de família, né? E o mais engraçado é quanto dessas histórias estão sempre relacionadas à comida. Acho que o sentido do sabor fica mais intacto na memória, então temos essa facilidade de unir pessoas às comidas.

    Eu também tenho esse livro, parceiro. Inclusive, consultei a receita da alheira do livro quando fui preparar com o meu pai. Aliás, tem várias receitas legais de salames, linguiças, enfim... Um livro que, definitivamente, vale a pena ter em casa.

    Neste final de semana, recebi em casa uma menina formada em engenharia de alimentos, nós falamos da linguiça choriça, e também do codeguim. Continuo à caça das receitas pra colocar aqui no blog.

    Valeu pela visita e pela história!

    Abs
    Daniel

    ResponderExcluir
  19. Olá :) Gostei imenso do teu blogue!
    Eu não sei fazer alheira - na minha famíla só há tradição de morcela, chouriço de carne e farinheira (que também são muito boas), mas que eu também não faço.
    De qualquer forma o teu post está maravilhoso, adorei :)

    Eu só sei mesmo comprar a alheira no supermercado, cá há mesmo muita, não há dificuldade nenhuma em encontrar!

    ResponderExcluir
  20. Oi Catarina, como vai?

    Que honra receber a tua visita aqui nesta espelunca!

    Pra quem não sabe, a Catarina escreve, lá de Portugal, num blog muito bacana chamado Vai uma Fatia? (http://vaiumafatia.blogspot.com)

    No último post dela, tratou de alheira. Uma alheira tipicamente portuguesa, feita, preparada e mastigada lá mesmo. Então entrei em contato com ela pra falar da alheira que fiz com meu pai.

    Catarina, obrigado pela visita! Qualquer dia, faço uma visita ao seu País, para experimentar a receita original.

    Abração
    Daniel Rodrigues

    ResponderExcluir
  21. Daniel, visita este site: http://www.cm-mirandela.pt/index.php?id=&oid=3574

    Em Mirandela faz-se a mais tradicional alheira, e os ingredientes que usas são os que eles referem como principais na receita! Também está lá um pouco da história que envolve este enchido.

    Beijo,
    Catarina

    ResponderExcluir
  22. Catarina

    Uau, que bacana!!! Existe até uma norma a ser seguida, que legal. Assim que deve-se tratar com as tradições.

    Aqui no Brasil, a cachaça tem esse mesmo tratamento. Bacana demais.

    Pelo que pude ler, eu não passo tão longe da receita tradicional. Exceto pelo fato de não encher as linguiças, coisa que eu pretendo fazer na próxima.

    Obrigado!! Link muito útil!

    Abs
    Daniel

    ResponderExcluir
  23. vou mandar te a verdadeira receita das alheiras de mirandela .pois sou de mirandela alex

    ResponderExcluir
  24. Oi Alex, como vai?

    Muito bom receber visitas de Portugal!!

    Manda a receita sim, vo no Google que Mirandela é uma região típica da produção de alheiras.. Meu e-mail é danielwalterrodrigues@gmail.com

    Abs
    Daniel

    ResponderExcluir
  25. Ah, ah!!! Acabo de passar o dia na cozinha fazendo isto, pela primeira vez... Só que não tive a coragem de não usar tripas (ou astúcia)
    Amo alheiras, sempre que alguém vai à Portugal traz escondida nas malas.
    Rende MUITA alheira, acho que não acabarão nunca!
    Abçs

    ResponderExcluir
  26. Oi Nina, tudo bem?

    Eu tb não uso tripa pra alheira, não.. Depois de pronta, frito ela e boa, mesmo sem colocar na tripa..

    E rende muito. MUITO kkkk. mas sempre tem aquele parente, ou amigo, que leva um pouquinho pra casa hehehe

    Abs
    Daniel

    ResponderExcluir
  27. Demorei mas fiz as alheiras :) Deliciosas!!!! Já passei sua receita para uma amiga que tem saudade de alheiras mas em Campo Grande não existe :)
    Tirei fotos, mas não sei como mandar pra vc ver. Inclusive defumei algumas…
    Amigo, obrigadíssima viu?
    Um abraço!

    ResponderExcluir
  28. Oi Myrian, tudo bem?

    Nossa, deu até vontade de preparar umas.. Essa é uma das minha receitas prediletas.

    se quiser me mandar as fotos, manda pra danielwalterrodrigues@gmail.com

    Obrigado!!
    Grande abraço
    Daniel

    ResponderExcluir
  29. Já mandei as fotos! Viu como ficaram lindas? mas as defumadas eu garanto, ficaram espetaculares!
    Obrigada de novo!

    ResponderExcluir
  30. Oi Myrian, tudo bem?

    Recebi as fotos sim, me desuclpa por não ter respondido ao seu e-mail. Estou numa loucura de trabalho aqui e não pude respondê-la devidamente.

    Me diga uma coisa.. Você encheu as linguças com tripa animal? Ou encontrou a tripa de colágeno? Eu queria voltar a lidar com linguiça, mas a tripa animal é complicada de lidar...

    E essa defumada, como você fez? A cara dela ficou ótima, deu até uma fominha aqui :-)

    Obrigado!!

    Abs
    Daniel

    ResponderExcluir
  31. Oi Daniel! Sem problemas rsrrsr

    Usei a tripa animal pq não quis nada artificial nessa alheira. Compramos de carneiro, salgada e
    enchemos as linguiças rsrsrsrsrsrs à mão mesmo, bem devagar e sem entupir muito.

    A vantagem é que se abrir um buraco, você pode fazer umas calças :) para a alheira, que ela gruda e não escapa o recheio.

    Quanto à defumação, eu e minha filha compramos um defumador não muito caro (350) que prepara até 20 kg de carne. Já fiz uma paleta de porco do balacobaco, mas essas alheiras ficaram um absurdo de gostosas! O pessoal está querendo que eu faça para vender o.O

    Se você fizer uma batelada, eu posso defumar, em agradecimento por essa receita maravilhosa que você gentilmente compartilhou!

    Mas as tripas de colágeno eu também encontrei, tudo num fornecedor muito barateiro aqui em São Bernardo, que tem tudo para linguiças e embutidos.

    De novo, muito obrigada viu? Quando eu virar a rainha da alheira de são bernardo você vai ter fornecimento vitalício e garantido :) rsrsrsrs

    Myrian

    ResponderExcluir
  32. Oi Myrian

    Estou perto de São Bernardo.. Poderia me passar uma orientação de como encontrar essa tripa de colágeno?

    Eu perdi um pouco da vontade de fazer linguiça por conta da tripa animal.. Comprei daquelas desidratadas no Mercadão, mas eu não gostei muito de manipular, pois o cheiro é forte..

    Quando eu fizer alheiras em grande escala eu te mando um e-mail e a gente ve como faz :-)

    Abs
    Daniel

    ResponderExcluir
  33. Oi Daniel

    Aqui :
    4178-3725 / 4178-8548
    Assis Comercial
    Rua Miragaia. 791
    V Paulicéia SBC

    Boa Sorte

    ResponderExcluir
  34. Daniel,eu nunca comi alheira mas me deu uma vontade danada de comer a sua.Leio você e adoro seu humor sarcastico, irreverente e tinhoso.Parabens Va em frente, A gastronomia precisa de sábios como você.Abs

    ResponderExcluir
  35. Oi Neide, obrigado pelas palavras..

    Recomendo que experimente a Alheira sim, viu... É bem diferente de todas as linguiças que já tenha experimentado. Posso até dizer que nem linguiça é. Só se assemelha a uma porque fica dentro da tripa, mas só.

    E não se assuste com o nome. Não tem nada a ver com chuva de alho dentro da linguiça. É assim por conta da região das Alheiras, em Portugal, de onde veio a linguiça.

    Obrigado!!

    Abs
    Daniel

    ResponderExcluir
  36. Olá !!!!
    Minhas Alheiras, estão defumando na churrasqueira, desde ontem.
    Fiz a massa, e meus pai e irmão ajudaram à encher.
    Tenho fotos delas na churrasqueira, sou filha de português, e amo as tradições.È muito bom ter um blog como o seu para gente saber, que mais pessoas também gostam da cultura portuguesa !!!!
    Obrigada !!!

    ResponderExcluir
  37. Oi amiga, tudo bem?

    Eu que tenho que te agradecer. Fazia muito tempo que eu nao lia essa receita. E eu tenho uma coisa louca, q eu escrevo as coisas e simplesmente esqueço. Entao pra mim foi como ler esse post maluco pela primeira vez.

    Mas o que foi legal mesmo foi reler todos os comentários. É muito bacana ver com as tradiçoes familiares sao importantes pras pessoas. Veja quanta gente falando com orgulho da história dos seus antecessores.. Muito legal mesmo, obrigado por me trazer novamente a isto.

    Abraçao
    Daniel

    ResponderExcluir

Torrou a picanha? Fez a receita e não deu certo? Dúvidas, sugestões, vai encarar? Escreve aí o que quer, mas não coloca propaganda que isso aqui não é a casa da sogra.