Como preparar uma Kafta mutante

No último post, falamos sobre as receitas recicláveis, aquela comida que tem a malemolência e sagacidade do batuta, capaz de ser bolo de banana num dia, e macarrão ao sugo no outro. Coisa de bamba.

Pois hoje vamos falar da comida mutante. Convoque o seu x-men predileto e vem comigo nessa aventura que começa de um jeito e termina de outro, tal e qual o mutante, que tem a perna de pau, o olho de vidro e a cara de mau. Aliás, esse não era bem o mutante, né? Mas enfim, sigamos com a nossa experiência genética que hoje eu quero ver o homem virar mosca.

Eu tenho um amigo chamado Zé. Até aí, morreu Neves, porque todo mundo tem um amigo chamado Zé. Mas segura o Neves aí, porque todo mundo tem um amigo chamado Zé, mas eu tenho um amigo chamado Zé Neves! É o amigo que já vem com trocadilho! E olha que, ao contrário do trocadilho, ele nem morreu, hein!

Zé Neves, mineirim de Cristais (abraço pra MG aí, gente!), certa vez me telefona, comunicando que estaria acompanhado de uma mineirada toda, gente que eu muito prezo, a caminho do famoso bar Mercedez aqui em são paulo. Mas não vou fazer propaganda, até porque eu nem me lembro se era no mercedez ou no mercearia. O fato é que o Zé, como mineirim, sorrateiramente movimentou todos em direção a tal boteco, determinado a fazer todo mundo experimentar um tal de bolinho de carne com canela.

Canelas. Carne. É disso que estamos falando.

Não, não é disso que estamos falando. Estamos falando de um bolinho de carne com canela. E eu, que sempre fui um defensor da comida-roots, da culinária rampeira, não conseguia entender porque não pedir uma porção de bolinho de carne e só carne e pronto. Mas mineirim é aquela coisa, né? Sorrateiramente, o Zé Neves me convenceu de que aquilo ali seria uma boa idéia, e "Ok, você venceu, batatas fritas bolinho de carne com canela" e lá vamos nós.

Quando o bolinho chegou, uma surpresa. E não é que aquele trem era bão mesmo? Bão dimais da conta, sô!

Por fim, tomamos chopp a noite toda, comemos todo o estoque de bolinhos e pagamos uma conta de um bilhão de reais na saída. Mas valeu a pena, porque o Zé Neves é um daqueles caras que sempre valem. Mas eu tive que engolir toda a minha robusteza e assumir que o bolinho temperado com canela era muito bom, ainda que parecesse receita da ana maria braga.

A questão é que não é sempre que a gente tem um bilhão de reais pra gastar numa conta de barzinho, ainda mais quando a gente nem lembra direito se o barzinho é o mercedez ou o mercearia, e decidi tomar coragem e preparar tal iguaria lá na minha cozinha, reduto da mais absoluta macheza e virilidade, que desta vez sucumbira à carne com temperinho doce.

Eis que o mais batuta dos leitores me pergunta mas-porque-diabos-tu-tá-falando-de-bolinho e ainda retruca onde-diabos-está-a-kafta?

onde está wally? onde está a kafta?

Pois é, aí que a porção mutante deste post se revela, porque se fritar vira bolinho de carne, e se enrolar no pau vira kafta. E, ruborizados, temos que admitir que preferimos a porção enrolada no palito.

Sem mais delongas, vamos à receita porque já fomos muito devagar com o andor e o santo é de barro, mas paciência tem limite.

Começamos com meio quilo de patinho moído. O ideal é pedir ao açougueiro que moa na hora, e moa duas vezes. Com isso, todos os nervinhos e afins da carne acabam sendo destruídos também, e carne não fica dura. Não se esqueça de que o patinho não é, exatamente, o orgulho da dona vaca, certo?

De posse do patinho moído, picote muito bem uma cebola pequena e mande pra dentro. Picotar muito bem significa exatamente isso que você leu: larga mão de ser preguiçoso e picota esse trem aí direito. Pensa comigo: você já tá fazendo uma comida meio afrescalhada que mistura doce com salgado, então vê se faz direito, pra ficar bom e te evitar vexame, ao menos.

Assunto compreendido, cebola picotada, aproveite esse surto de boas intenções e picote uns 3 dentes de alho. De novo, picota pequeno, sem preguiça, enfim. Não tou aqui pra te ensinar boas maneiras, e sim pra ensinar a fazer uma comida maneira. Obedece quem tem juízo (me senti o chuck norris agora).

Agora você vai precisar de um maço de marlboro sem filtro e um plano de saúde robusto hortelã, picada bem pequeninha também. Pro serviço ficar direito, lave o maço de hortelã e separe as folhas dos talos. Pro serviço ficar porco, não lava e não separa nada. Picota tudo de qualquer jeito: lesma, coliforme, talo, folha, tudo pra dentro da carne.

Hoje de manhã, não vi o criado-mudo posicionado ao lado da cama e dei uma bela tropicada seguida do mais temível dos palavrões. Então, faça como eu: meta a canela e mande tudo às favas!

Mete a canela na carne, parceiro. Isso não significa aplicar um round-house-kick no cachorro, e sim depositar o tempero no patinho moído. Não tenha dó, é pra ficar com gosto de canela mesmo. Pra 1/2kg de carne, pode depositar uma colher de sopa cheia, sem medo de ser feliz. Ah, canela em pó, ok? De pau aqui já basta o espetinho.

Sempre que usamos carne moída nessas coisas, a carne tende a ficar densa, e a comida fica pesada. A dica pra deixar mais leve, e render mais, é jogar um pouco de farinha de rosca. Se você é um cara cuidadoso e quer que a sua receita fique realmente gostosa, pode ralar um pão velho, que ele vira uma farinha de rosca bem gostosa. Se não é cuidadoso, mas ainda assim quer que a receita fique boa, veja no mercado mais próximo, geralmente eles vendem pão moído.

Uma boa golada de farinha de rosca, provavelmente uma colher se sopa cheia. Pra ajudar a misturar a farinha com a carne, você pode jogar um ovo la dentro. Mas esta parte pode ser dispensada. Se você acha que esse negócio de botar ovo é coisa de galinha, não bote ovo, a cloaca é sua.

Ponha sal com a parciônia que Deus lhe deu e misture. Tá pronto.

Pronto em partes, claro. Agora a parte mutante da receita entra em ação.

Se quiser fazer pequenas bolinhas e fritar, faça isso. Frite bem, a farinha de rosca fica crocante, bem gostoso.

Se quiser enrolar no palitinho e mandar pra churraca, faça isso. Sirva no ponto, nada de bem passado, e não deixe vermelho, pois o espeto desmonta.

A receita é fácil e gostosa. O amargo mesmo é admitir que o mineirim te levou no bico, te fez comer uma coisa que você não queria e você ainda gostou.

Custo: Aproximadamente R$10,00 no PDA. O maço de salsinha sai a R$1,30 e o resto é irrisório.
Rendimento: Se fritar, rende fácil uns 20 bolinhos. Se enrolar como kafta, rende uns 10 espetos.
Tempo de preparo: 3 latinhas na cozinha, duas latinhas na churraca. Rápido e fácil.

Ganhando cerveja na faixa

Dá uma pensada aqui comigo: o que você faria por cerveja grátis? Antes que você comece a cogitar a possibilidade de sair de dentro desse armário aí, eu respondo. Faço chover. Escalo o Himalaia, enfrento o tigre-dente-de-sabre, entro na Delorean e volto no tempo pra fazer o meu pai pegar a minha mãe, ensino álgebra pro capitão caverna e vou à lua de sunga de crochê ensaiando passos de lambada!

E você? Faria o que? Aliás, sempre tem uma resposta idiota pra essa pergunta do você faria, né? "Eu não faço, mas o Reginaldo Faria". Ainda tem outros clássicos: "Eu não vou furar, o Juca Kfouri"! Adoro sabedoria popular.

Mas a sabedoria mesmo teve morada na minha mente no sábio dia em que decidi seguir o perfil da Heineken no twitter. Antes que você levante do sofá pra averiguar se a heineken da vez está embaixo o seu sofá, eu vou assoprar, assoprar e a sua casa eu vou derrubar. meu deus, de onde eu tirei isso? conto o segredo. Pára tudo o que você tá fazendo agora e te prepara pra uma caçada muito louca numa internet do barulho e segue esses caras aqui: @heinekenbr. Vai na fé, eles sempre tem novidades e promoções no twitter.

Bom, a útima nova era a seguinte: você ganhava um barril de 5 litros de heineken, e em troca entregava a sua alma tinha que fazer um pequeno favor a eles... contar como foi tomar os 5L. Simples assim, nada de cruzar o atlântico de pedalinho nem dar beijo de língua na vovó mafalda. Bastava buscar o barrilzinho num determinado sipermercado, beber, e contar como foi. Consegui fazer meu cadastro, busquei o barrilzão e o resto do meu depoimento, transcrevo abaixo. E não consegui essa boiada por conta do blog, nada disso. Qualquer um do twitter teve a mesma chance que eu. Aliás, eles nem sabiam que eu tinha isso aqui.

As linhas abaixo não foram escritas pra este blog, e sim para a própria Heineken, porque eu sou um cara de palavra e se eles me deram cerveja pra eu contar onde estão os dólares na suíça como foi, eu conto. Do meu jeito, mas conto. Na tela:

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De: Daniel
Para: Heineken
Assunto: Obrigado por vocês existirem!


Tudo começa na ensolarada sexta-feira de 10 de setembro. Uma breve consulta ao Google Maps e lá vou eu desbravar essa cidade de loucos rumo ao supermercado Mambo dos confins da Lapa.

Logo que saí, já notei que a coisa não ia ser assim, tão fácil. O trânsito fervia, parado, claro, sobre o asfalto. Era uma típica tarde quente de sexta-feira, e naquele dia me parecia que todos os 6 milhões de automóveis da cidade haviam saído das garagens: nada andava, e a distância até o Mambo era grande.

Tudo vale a pena quando a alma não é pequena, já diria o poeta, não é mesmo? Pois foi com esse pensamento que prossegui minha empreitada. Quando a alma não é pequena, quando a alma não é pequena... Mas a alma, no caso, não era pequena, não. Estamos falando de 5 litros da mais pura e imaculada alma enlatada, então, não seriam 6 milhões de automóveis engarrafados na minha frente que  me fariam esmorecer.

Algumas horas depois, encontro o tal Mambo. Aliás, me lembrei que o Raulzito, o maluco-beleza, tinha uma música que dizia que "dentro do mambo e da consciência está o segredo do universo". Logo, respira fundo e bora lá desvendar esse universo que eu só saio dali com 5 litros de alegria enlatada.

Lá no Mambo, encontrei rapidamente o box onde estavam sendo distribuídas as latonas. Algumas pessoas aguardando, e um companheiro alegremente distribuía a alegria para os que haviam, como eu, se cadastrado pelo twitter. Clima de alegria, todo mundo feliz por ganhar 5L de cerveja.

Chegou a minha vez, uma fotografia e um pequeno questionário pra preencher, no qual eu fiz questão de fazer a minha melhor letra, afinal, temos que agradar a quem nos dá cerveja. A Heineken nos dá cerveja, então, agradeçamos a Heineken dando aquele trato na caligrafia. Simples assim, uma relação justa e honesta.

Bacana, saí de lá sorrindo, com um barril de 5L de cerveja, que depois eu fui descobrir que se chamava KEG. Show, keg é legal. Se eu tivesse um cachorro, eu chamaria de keg. Meus filhos já tem nome, senão eu chamaria de KEG também. Os dois.

Pronto pra encarar mais algumas horas de trânsito? Não sem antes eleger meu mais novo amigo, o KEG, pra me fazer companhia. Sentei o KEG no banco do passageiro, e lá fomos nós enfrentar essa selva de asfalto.


Tenho que confessar que um ônibus emparelhou-se ao meu carro no trajeto, e eis que ouço lá de dentro "Ih, olha lá o cara com a cerveja no carona!" e as gargalhadas chacoalharam aquele ônibus. Tomara que tenha sido um momento de alegria para aquelas pessoas, porque se estava ruim pra mim no carro, com sonzinho e ar condicionado, pra eles devia estar bem pior. Mas chega de sentimentalismo barato, não seria por isso que eu dividiria a minha cerveja com eles. Já pra casa, Daniel!

Antes de chegar, uma passadinha no posto, e eu já tinha quase tudo o que eu precisava: cerveja e gelo. providenciei uma geladeira, e botei as crianças pra nanar: cervejinha na caminha coberta com gelinho, dois nana-nenéns e um beijinho do papai. Agora é só deixá-la quietinha esperando os convidados. Que convidados?


Agora era a hora de abusar do telefone, pra contar a todo mundo que estávamos prestes a realizar uma façanha: encher a alma de Heineken, na conta da Heineken. À medida que eu ia contando, os amigos não acreditavam.

- Isso mesmo, aparece em casa hoje que temos 5L de Heineken pra tomar.
- caraca, vc pagou caro?
- nada, zero reais. Ganhei deles, temos que beber e depois contar como foi.
- tá vencida!

Assim procedi. Mas consegui convencer a todos que não tinha nada de errado com a cerveja. Não, não era a pegadinha do malandro. 

Claro que eu ajudei a convencer todo mundo, né? Já fui logo avisando que a churrasqueira iria receber 4kg da mais linda costela ponta de agulha pra acompanhar tão nobre elixir.

Findo o horário comercial, os amigos começaram a aparecer. Primeiro o Pão e a Dani, depois Brunão e Bel, depois chegou o Daninho e por fim, Gil e Vanessa. Não perca a conta, essa vai pra ficha técnica:

- Gustavo, o Pão.
- Daniela, esposa dele
- Bruno
- Isabel
- Daniel Daninho
- Gil
- Vanessa
- Além de mim, Daniel Rodrigues e da minha esposa Daniela. 

Muitos danis nessa turma, não acha? Nós conseguimos façanhas como estar entre 8 pessoas e apenas 3 nomes. Acontece.

Quando o pessoal chegou, o lindo e lustroso KEG já estava tinindo dentro da geladeira. Ficara lá umas boas 4 horas. Ajeitei o gelo de maneira que o KEG ficasse de pé rodeado de pedras de gelo, dentro da geladeira. 

O milagre todo aconteceu em segundos. Sorry, pessoal, mas esse pessoal relacionado aí em cima não é do tipo que brinca em serviço quando o assunto é tomar cerveja, não. Os 5L duraram uns bons 40 minutos. E quando eu digo bons, eu não estou brincando, porque tudo o que eu ouvia eram elogios "nossa, uau, que delícia", e assim por diante. Fizemos brinde, levantamos o KEG tal e qual o Ayrton no GP Brasil de 93. Só não pude tirar fotos naquele momento, pois dividia todo o meu tempo entre compartilhar a cerveja e cuidar do churrasco. Me desculpem, não sou exatamente um exemplo de multitarefa. 

Pra finalizar o KEG, saiu a costela. Aí, sim. Cerveja de qualidade pede comida de qualidade. E, modéstia à parte, a minha costela (não, necessariamente, a minha, você entendeu) é simplesmente fabulosa. 

Deu tempo de tirar uma foto dela. Afinal, se vocês nos fazem salivar por 5L de cerveja gelada e gostosa, eu me sinto no direito de fazer uma pequena vingança, e mandar de volta uma pequena imagem da costela que consumimos junto do KEG. E mando assim, no meio do expediente, mesmo. Só pra dar vontade.



Obrigado pela experiência, Heineken!

Abs
Daniel Rodrigues

Vaca atolada, uma receita ecológica

Adoro essa mania de fazer as coisas "verdes". Ecologia é uma coisa bem divertida, todo mundo devia gastar um pouco de tempo refletindo um pouco mais sobre isso. Não, necessariamente, no que podemos fazer pra tornar o nosso planeta um lugar menos podraco pra viver, mas sim no rumo que as coisas tem tomado nesse sentido, e até onde vai a babaquice humana.

Antigamente, ecologia era coisa de hippie. Adoramos hippies, mas concordemos que hippie não é exatamente o melhor porta-voz pra alguma causa, não é? "Ah, adoro verde, me dá aqui esse pé de maconha". Enfim, sempre tem um LSD pra atrapalhar. Mas de uma hora pra outra, as causas verdes começaram a ganhar voz, visto a pocilga em que nosso planeta se transformou, e todo mundo ficou com os fundilhos na mão, com medo de tudo acabar e não dar tempo da gente ver o final da novela.

E foi aí que chegou o departamento de marketing fazendo tudo aquilo que a gente espera deles, e praticamente qualquer produto, serviço, ideologia, tudo virou ecológico. Tudo, até o que não faz sentido. Ser eco é ser cool!  COOL, não esqueça de falar o ele no final!

Ontem eu vi uma propaganda na TV. A empresa que faz shampoo tava mostrando arvorezinha, mico-leão dourado, ararinha da bunda rosa e toda sorte de imagens que precisam estar presentes em qualquer eco-comercial. Essa empresa dizia que plantaria uma árvore a cada vidro de shampoo que vendesse.

Aí eu te chamo pra refletir sobre o que realmente é ecológico, e o que é picaretagem só pra pegar o hype. A empresa em questão, disse que plantaria. E plantará, não tenho dúvida. Mas não estamos falando de mata atlântica. A empresa não vai lá pro mato grosso, expulsar a vaca ilegal do coronel e meter ali uma aroreira. Nada disso, eles vão encher um terreno alugado de eucalipto. O eucalipto vai crescer, eles vão derrubar tudo e vender pra fábrica de papel. Ou seja: ecologia 0 x 10 marketing.

E com esse pensamento vigente, passamos o dia acompanhados de pérolas como carro ecológico, shampoo que replanta pé-de-pau, comida de cachorro reciclável, e até genialidades como incentivar o pessoal a fazer xixi no banho. Sorry, guys, ninguém quer salvar o mundo, não. O lance aí é business, simples e claro. Acredite se quiser, já dizia o bom e velho jack palance.

- acredite... se quiser!

Bom, e como aqui no DGG a gente não consegue deixar passar uma oportunidade, bora lá pegar uma carona nessa cauda de cometa, e plunct-plact-zum que a gente vai hoje preparar uma receita reciclada.

Receita reciclada é aquela que foi feita utilizando resto da comida de outrora. Isso tem vários nomes, você já deve ter ouvido "restodontê", enfim. Minha avó é uma verdadeira autoridade no quesito reciclar comida. Você pode almoçar e jantar todo dia na casa dela, e sempre vai achar que tá comendo comida nova. Mas não, você sempre vai estar comendo alguma coisa reciclada. A vó faz isso tão bem, que uma abobrinha vira uma espiga de milho, ou uma sopa de palmito, ou um bolo floresta negra. Ou seja, minha avó compete com os mestres da camuflagem gastronômica. A gente só descobre que determinado prato é reciclado, porque ela olha pra comida e fala "já te conheço". Essa é a senha, o prato reciclado chama-se sempre Já te conheço.

Hoje vamos reciclar comida e preparar o nosso próprio Já te conheço. E não é qualquer comida, não. Estamos reciclando, aqui, uma saborosa e fabulosa costela de boi.

Pega o telefone, liga pro greenpeace e confere comigo o tamanho do estrago: a gente compra a costela de boi. Esse boi já ocupou lugar num pasto, que não deveria ser pasto, e sim mata virgem. O boi, lá no pasto, come o pasto. Come o capim embaixo da boca dele, dá um passo pro lado, e come o capim que tá do lado. Assim procede a vida inteira. Ê, vida de gado, já diria o cantor. Agora imagina o gado comendo o capim embaixo dele e dando um passinho pro lado, a vida inteira. O quanto de pasto esse boi precisa? E o pior não acaba aí, depois que come, o boi peida esse capim todo. E o peido do boi, pasme, é um verdadeiro desastre pra camada de ozônio. Sabia disso? Cada vez que aquele rabo levanta e não é pra abanar mosca, a camada de ozônio acusa o golpe. Fora o fato de que deixamos a costela na churraca durante horas e horas, queimando madeira, soltando fumaça. Uma catástrofe ecológica.

Catástrofe esta que, já que não conseguimos evitar visto que não pararemos de comer costela, então temos a obrigação de otimizar ao máximo o processo, tentando evitar o impacto na natureza, e assim evitando que algum ecochato bata à sua porta te jogando o parágrafo acima na cara.

Nossa receita começa, então, levando ao limite da gulodice um antigo dito popular. Minha mãe dizia "menino, não tenha mais olho do que barriga", sem efeito, porque eu tinha, e desta vez lhe recomendo ter mais olho do que barriga. Quando der aquela vontade de mandar uma ponta de agulha na churraca, compre o dobro do que pretende servir. Isso mesmo. Aproveita a churraca, e faz a costela de hoje que vai virar a vaca atolada de amanhã.

Pra preparar a costelona, tem várias técnicas. Vou citar, rapidamente, duas, ok?

  1. Bota a peça no alto da churraca, com fogo forte, osso pra baixo e sem deixar encostar na peça, durante horas e horas. Geralmente, 4 horas + 1 hora por Kg. Depois vira e deixa assar por meia hora. Tá pronto.
  2. Enrola no celofane pra churrasco, deixa no calor (na churraca ou no forno) sem deixar encostar na labareda durante 3 horas + 1 hora por Kg, tira, deixa uns 20 min pegar cor e gosto de fumaça, tira e serve.
Existem posts específicos sobre o preparo dos dois tipos de costela. Aqui no blog, ou internet afora. Você acha. O que importa é fazer mais costela do que pretende comer. Tem que sobrar.

No final do churrasco, você guarda na geladeira e vai dormir. Te recupera aí, que a amanhã terás uma vaca pra desatolar. A vaca foi pro brejo e isso é um problema seu.

Acordou? Tá recuperado? Tomou eparema, epocler, biotônico fontoura, centrum, viagra, aspirina, tampico de morango ou lactobacilo vivo? Então tá pronto, bora pras panelas!

Esta vaca atolada é um pouco diferente da tradicional, ok? Não me venha com puritanice, dando bronca porque não é assim que faz e bla bla bla. Quer receita certinha, vai pro site da ana maria braga. Amigão, pensa no papel reciclado. O papel reciclado é feito a partir de outro papel. Ele tem a mesma textura, o mesmo formato, serve pra mesma coisa, mas tem aquelas ranhurinhas. Ou seja: é quaaaase a mesma coisa, mas você escreve nele e é pra isso que ele serve. Nossa vaca atolada é a mesma coisa. Não é a receita tradicional, mas cumpre seu papel. Quase um papel reciclado.

O primeiro passo é botar as barbas batatas de molho, cozinhando. Descascadas, claro. A dica é descascar as batatas, encher a panela de água, e mandar lá pra dentro um tablete de caldo de costela. Ou, se você não tem cachorro em casa, coloque os ossos da costela. Aqui em casa, cachorrada fica doida quando rola costela. Na última costelada, tinha tanto osso no meu quintal que eu pensei que a elisa samudio tava escondida lá. Voltando à vaca fria, o osso cozinhando com a batata deixa um sabor fabuloso, assim como o tablete de caldo de costela.

Deixa lá cozinhando até as batatas ficarem bem moles. Vai acompanhando, espeta com o garfo, você conhece coisa mole que eu sei (heheheh). Quando a moleza se fizer presente dentro da panela, desligue o fogo e guarde com água e tudo.

Agora você tem que preparar um refogadão. Sabe o que é um refogado? É a base de quase tudo o que você come. Consiste em picotar uma cebola bem pequeninho, fritar no azeite, e quando ela estiver amarela, sapecar alho picado pra fritar junto. Uma folha de louro fritando junto ajuda, viu.

Ah, fica muito legal botar umas azeitonas verdes pra fritar junto. Sei que não faz parte da vaca atolada, até porque vaca com azeitona é boi, mas a azeitona fritando junto dá um gosto especial bem legal.

Ok, entendeu? Se entendeu, faça o refogadão, e quando estiver todo mundo amarelinho, com cara de comida de mãe, joga toda a costela lá pra dentro. Recomendo que dê uma certa desmontada na costela. Não adianta mandar pra panela aquele teco de 9kg de costela, isso é serviço de porco, não faça isso.

Mistura um pouquinho, isso vai dar uma fritada na carne da costela. Acredite, isso se transformará em benefício para você mesmo depois.

Mas não frite muito, é só pra dar uma corzinha. Agora jogue uma golada generosa da água da batata.

O lance agora é ficar mexendo até a carne amolecer por completo, aquilo vai começar a derreter, a água evaporar, fica um espetáculo. Quando achar que a textura tá boa, manda as batatas pra dentro (só as batatas, não vai esperar a textura ficar boa pra mandar mais água lá pra dentro, né espertão?), mexe até tudo virar uma gosma. Cuidado pra não deixar as batatas sumirem, presta atenção na sua comida.

olha a textura da brincadeira. antes que me perguntem, tem um pouco de salsinha aí

Tá pronto. Tem gente que troca a batata por mandioca. Particularmente, prefiro batata, mas tanto faz. A decisão é sua.

Na hora de servir, jogue um pouco de salsinha sobre o prato, fica bem gostoso.


com salsinha

sem salsinha

Bom apetite! Pensa que você tá salvando uma baleia e mete os dentes nessa iguaria sem dó!

Resultado da promoção: Quem vai levar linguiça dessa vez?

Rapazeada, entrei numa roubada. Na segunda roubada, aliás.

A primeira aconteceu há algumas semanas atrás, quando o Renato da La Bragantina me mandou 7kg de linguiça pra experimentar,  e eu tive que vasculhar o dicionário atrás de palavras que explanassem a minha opinião sem comprometer o "sexo: M" que tem no meu RG. Creio que consegui, e a voracidade com que os leitores do blog se cadastraram pra entrar nessa me deram a tranquilidade de que estamos todos na mesma levada.

Primeiro, foi a minha vez de pagar o mico, mas eu tinha o benefício da vingança ao meu lado, pois sabia que a promoção renderia dois incautos leitores que seriam massacrados aqui neste post, eu poderia tripudiar sobre as suas almas, pois eles deixaram seus nomes e e-mails ali no box, ávidos por SETE QUILOS DE LINGUIÇA, e.... eis que caio novamente numa roubada.

O sorteio se procedeu hoje à tarde, diante da auditoria da minha esposa, sob o testemunho da Preta, a mais imaculada vira-latas da história da desenvoltura canina aleatória (sim, esse é o nome culto dos vira-latas), sob a responsabilidade da Júlia, minha filha de 11 anos que, com a inocência de uma criança e a malemolência de uma pré-adolescente, sacou 2 papéis com os nomes dos candidatos.

Minha alma ria-se dos pobres leitores que seriam achacados nestas linhas, até que... duas mulheres foram sorteadas. COMO ASSIM????

Pensa comigo: Aqui a gente respeita a mulherada, certo? Por vários motivos que a gente nem precisa citar. Eu, por exemplo, tenho mãe, irmã, esposa e filha. Se eu não aprender a respeitar essa mulherada, segura a TPM depois como é que fica?

Diante dos fatos, como é que eu vou sacanear duas garotas que eu não conheço, que podem ter maridos, e esses maridos podem ser policiais, lutadores de vale-tudo, matadores de aluguel, gerentes da minha conta no banco, mecânicos do meu carro, proctologistas quando chegar o dia do meu exame? Como, Deus do céu, eu vou me vingar nessa vida?

Não me resta outra alternativa a não ser engolir o choro e limpar a cara pra respeitosamente contar pra vocês que as duas felizes ganhadoras que levarão 7kg de um saboroso condimento para casa são:

Rosana Modesto Gomes
e
Beth

Antes que você me pergunte porque a Beth não tem sobrenome, eu respondo: porque ela não digitou o sobrenome no campinho. Mas isto não é um problema, pois o e-mail foi preenchido, e vamos contactá-las diretamente por e-mail.

Ainda não foi desta vez que sorteamos uma Ferrari, nem uma conta recheada nas ilhas cayman, nem um anão na ilha da fantasia. Mas fique atento, pois outras promoções hão de pintar por aqui.

Aos que não ganharam, não chorem, marmanjos. Carreguem esse corpo nefasto até Bragança Paulista e visitem a sede da La Bragantina.

Agradecimentos especiais ao Renato, com quem dei muitas risadas nos e-mails que trocamos acertando os detalhes da promo. Vida longa à LaBragantina!

Drops de Churrasco - Ed. 7

E se assunto é promoção, cá estamos nós com mais uma promovida edição do seu informativo eventual de churrasco, aquele que não informa e também não sai da grelha [/chacrinha], o Drops de Churrasco.

Promoção aqui
Promoção bacana tem sido essa da Bragantina. Na real, nem é uma promoção em si, é um sorteio, onde um iluminado leitor desta pocilga vai levar linguiça e ainda ficar feliz. Não sabe do que estou falando? Leia o post anterior!
Pois foi muito bacana ver a animação da leitorada, todo mundo ouriçado torcendo pra sorte bater à sua porta, dilacerando a reputação de virilidade deste blog. No feriado que infelizmente se foi, o leitor Ricardo não se fez de rogado: se a linguiça não vai até ele; ele vai até a linguiça. Assim fez, visitou Bragança Paulista e ainda mandou fotos! Achei bem legal a loja da La Bragantina, vou acabar fazendo uma visita também! Pra quem ainda não participou, basta deixar seu nome e e-mail no box de newsletter, na lateral do blog. No dia 15 deste mês, utilizaremos métodos tão lúdicos quanto lisérgicos para sortear dois kits de 7kg de linguiças especiais.

Promoção acolá
E, já que estamos falando de sorteios, concursos e afins, aproveito antes que o mais empolgado leitor dirija esse esqueleto guerreiro até o bingo clandestino mais próximo e informo que não é só aqui no Gato na Grelha que tem concurso comendo solto, só esperando a sua nobre participação. Adoro o departamento de marketing, que faz gente como a Tramontina criar um site maneiro só pra falar de churrasco, e participando da coisa toda você ainda pode ganhar um prêmio sensacional, que vai no peito e na alma de qualquer churrasqueiro: Um Super Kit Tramontina Churrasco e 300 reais pra você gastar num churrasco!!! Amigo leitor, pensa comigo: já leu o post onde eu fiz um churrasco pra 40 pessoas com $175? Pois então, qualquer um pode fazer um churrasco com pouco dinheiro. Agora pensa comigo, só mais uma vez: O que dá pra fazer com 300 mangos free num churrascão? Vixe, eu fazia até chover! Bom, se animou? Só clicar e participar! Boa sorte, se você ganhar, eu estou convidado a participar do churrasco de 300 pratas. E tenho dito!

Picanha com gorgonzola e parmesão
Definitivamente, eu não sou um adepto de churrasco muito cheio de pererecos. Dias atrás, toca meu telefone. Era o grande amigo Daninho, que estava em Cuiabá experimentando uma picanha ao gorgonzola e parmesão. O cara babava de tal modo ao telefone, que fiquei altamente tentado a experimentar a receita. Lancei mão de um pedaço de picanha, um pouco de gorgonzola, queijo ralado e lá vamos nós pra churrasqueira. Como essa receita não tem foto e nem vai virar post, aproveita aí pra anotar o procedimento, porque eu não vou voltar mais nesse assunto: Amassa o gorgonza com um garfo e um pouco de azeite e guarda isso aí. Corta a picanha em bifes e vamos à churraca. Deite o bife e jogue sal grosso no lado de cima. Quando achar que já assou o lado oposto, vire e não ponha mais sal: ponha gorgonzola. Vais precisar de alguma destreza com os instrumentos para conseguir passar, mas confio que fez a lição de coordenação motora no jardim I e vai conseguir. Polvilhe com queijo ralado e deixe lá. Quando começar a derreter o queijo, corte e coma. O veredito foi unânime: é bom, muito bom. Porém.... não precisa. Sacou? Fica legal, saborzinho gourmet (e a gente desconfia dessa gente), mas não melhora em nada a picanha. Não é uma experiência melhor do que comer a picanha temperada com sal, ou com alho. Ou seja: faça, não vai se arrepender. Mas também não vai achar o melhor rango do mundo.

Teaser da vez
E sobre o próximo post, eu curti tanto aquele papo de teaser, que vou te chamar aqui pra brincar de publicitário. Vamos, eu e você junto com o síndico e a tia Léia na W/Brasil? Ah, então vai lá fazer cocô na casa do pedrinho, que eu fico aqui no faturation ficando bamboocha. ADORO a genialidade desses caras. E como eu quero muito ser publicitário quando eu crescer, deixo aqui o já tradicional teaser, e quero ver se essa tua astúcia é isso tudo, esse poço da mais pura e límpida perspicácia que não tem cheiro e não solta as tiras. Tá pronto para desvendar o mistério da gororoba?
Sente o drama: minhoca toma leite pela raiz, dona mimosa quando abre a janela molha o peixe e macaco gosta mesmo é de batata. E quero ver se tu é malandro pra desvendar essa!

O dia em que eu ganhei linguiça

Caro leitor,

Este é, certamente, o post mais atrasado, mais reticente e mais enrolado da história deste blog. Sim, estas linhas já deveriam ter sido escritas há algumas boas semanas. Mas não, eu protelei enquanto pude, enrolei, mastiguei, digeri até sucumbir e cá estou eu, diante do teclado sob o sol desta terça-feira.

Antes que você possa olhar os ponteiros do seu relógio e praticar a tabuada do cinco, cá estou eu, mais uma vez tentando terminar este post. Sim, mais uma vez, porque eu já tentei várias.

Aí o mais criativo leitor logo pensa que tá faltando assunto, que o blogueiro em questão deveria assinar algum jornal, decorar algumas piadas, ou talvez consultar alguma enciclopédia, em busca de algumas palavras que possam ilustrar as vossas mentes nessa grande churrascaria da vida.

Mas não, não está faltando assunto por aqui. Inclusive, acho que nunca tive tanta pauta armazenada pra escrever no blog. Então, qual o problema que fez com que este post saísse assim, tão atrasado? O motivo é um só: vergonha.

Sabe quando você entra numa situação tão complicada, que chega uma hora em que você já não sabe mais como sair? Então, é isso.

Lê rapidinho aí porque eu só vou escrever uma vez:
Tem um cara que me ofereceu a linguiça dele. E não é uma linguicinha qualquer, estamos falando de 7Kg de linguiça. Aí ele trouxe pra mim, e eu experimentei. E sabe o que é pior? Eu gostei!!

E não conta pra ninguém, senão tu vais se ver comigo. Segura esse riso aí, moleque!

Sentiu o tamanho do problema? Isso aí é cilada pra fazer o bruno mazzeo parecer só o filho do chico anysio. Como é que eu ia achar uma maneira de falar isso sem me colocar numa roubada? Quais as palavras pra explicar uma coisa como essa pro ilustre leitor desta porcaria? Aliás, isso tem explicação?

Tem. Senta aí que eu te explico.

Sentou?

Sei.... kkkk

A história é a seguinte: Tudo começou com um e-mail. Eu deixo o meu e-mail aí, disponível na barra lateral, e recebo e-mails frequentemente, de leitores do blog, de empresas querendo vender curso de esperanto, palestra de auto ajuda, de empresas bacanas oferecendo alguma promoção, enfim. Mas desta vez, o e-mail foi inusitado.

O remetente deste e-mail é o Renato, um cara que tem uma fábrica de linguiças especiais lá de Bragança Paulista. O Renato é o tipo do cara que confia no próprio taco. Deixando sempre bem claro que eu não tive nenhum tipo de contato com o referido taco, sendo esta apenas a aplicação de uma força de expressão.

O Renato foi direto ao assunto: traria um pouco da linguiça da sua fábrica pra mim, e eu falaria aqui no blog o que bem entendesse. Muito corajoso, esse cara. Aceitar uma coisa dessas sem ressalvas, sendo eu um estranho? Mas não, o Renato confiou no seu taco, ou melhor, na sua linguiça mais uma vez e levamos a idéia adiante.

Coincidentemente, ele acelerou o seu bólido em direção à nossa poluída capital para me entregar a linguiça justamente no dia em que eu estava num churrasco na casa de um amigo, com um monte de gente que sequer sabia da existência deste blog. Ou seja: se o objetivo é avaliar o produto, não pode ter uma situação mais imparcial do que esta: churras em local neutro, cheio de gente que nem sabe o porque daquela linguiça estar lá. Bota na roda e bora lá ver o que vai dar.

Assim, o Renato gentilmente levou os 7kg de linguiça até a casa de meu amigo, me entregou e a mesma já foi pra grelha naquela mesma hora. O veredito, eu conto daqui a pouco.

Eram 7kg de linguiças especiais. Mas não apenas uma linguiçona, ou gomos, nada disso. As linguiças da fábrica do Renato, que se chama La Bragantina, são inteiras, em peça. Aquela linguiça tradicional mesmo, enrolada em uma peça de 1kg. Na minha opinião, a melhor maneira de preparar linguiça. Além disso, eram 7 kg, porque eram de 7 e modalidades diferentes. Vamos a eles:

  1. Comecemos pela linguiça tradicional. Ela é a base de todas as outras. Ou seja: Todos os outros 6 tipos de linguiças que me foram ofertados eram a tradicional, acrescida de temperos e acepipes afins. O veredito é muito positivo. Uma saborosíssima mistura de carnes de porco (lombo, coisa fina), muito bem temperada, coisa boa. 
  2. A segunda foi a linguiça calabresa apimentada. Particularmente, não sou fã de linguiças apimentadas. Mas tenho que confessar que, se tem uma coisa que a La Bragantina sabe fazer, é ponderar muito bem a pimenta. Saborosa, mas sou suspeito pra falar.
  3. A terceira foi a de ervas finas. Muito boa. Muito mesmo. Deu pra sentir um sabor bem forte de erva doce, bem saborosa. Recomendo.
  4. Provolone: Isso mesmo que você tá lendo. Linguiça de lombo de porco com provolone. Bastante provolone, não estamos falando de miséria, não.
  5. Linguiça de alho: Essa aqui foi o único ponto de discórdia. O pessoal curtiu, mas eu achei muito pegada no alho. A ponto de conseguir ofuscar os temperinhos da linguiça que, como frisados anteriormente, são muito bem equilibrados. 
  6. Poutz, agora se prepara pra babar no teclado. LINGUIÇA DE PIMENTA BIQUINHA. Gente, vocês não tem noção do que é isso. Recapitulando: a linguiça deles é uma massa de carnes nobres de porco muito bem temperadas, certo? Aí você pega e enche essa massa de pimenta biquinha. Mas não é aquele lance industrial de moer a biquinha junto da carne, não. A pimenta vai INTEIRA. E de monte, sem miséria. Isso significa que você sente a pimenta, uma delícia. E como a biquinha está longe de ser ardida, é muito mais uma pimenta aromática, faz dessa linguiça o grande produto da La Bragantina. Sério, já tenho pedidos de vários amigos aqui pra fazer ao Renato. Recomendo seriamente.
  7. O último produto é inovador, e muito bacana. É uma espécie de hamburguinho quadrado de linguiça. Ou seja: a carne da linguiça, prensada num formatinho quadrado. Essa eu não fiz na churraca. Mas fiz na chapa, num dia de frio. Muito gostosa como aperitivo, fez sucesso.
Por fim, o Renato estava certo em confiar na própria linguiça. O desafio foi vencido.

E se você pretende ficar rindo da cara do blogueiro aqui, que teve que encarar 7kg de linguiça e ainda contar pra todo mundo o que achou, pode começar a suar frio aí na sua poltrona, porque, amigo leitor: vais entrar nesta comigo.

A La Bragantina, representada pela figura do seu presidente-master-dono-patrão Renato, vai sortear mais 2 Kits de 7kg de linguiça para os leitores do blog. Pois estamos quites, caro leitor.

Para participar, basta assinar a nossa newsletter. Note que na barra lateral, agora existe um box para cadastro de newsletter. Quero começar a enviar, de acordo com todas as regras e bom senso que a utilização de e-mail marketing precisa, a enviar para os leitores pequenos resumos do blog, assuntos sobre churrasco que eu não escrevo aqui, enfim. Pode confiar que não vamos mandar spam pra você.

Então está valendo! Para concorrer a 7kg de linguiça, basta deixar seu nominho e e-mail no box que tem na lateral do blog.

O sorteio será na QUARTA-FEIRA, DIA 15 DE SETEMBRO DE 2010.

Participe, aposto que você vai adorar atender a campainha de casa e encontrar um cara com 7kg de linguiça pra você.

Para os que se interessaram, mas não tem sorte e não ganham nem par ou ímpar, segue abaixo o contato da La Bragantina. A visita à Bragança Paulista é sempre agradável, a linguiça é espetacular e o brecinho é de brimo.

La Bragantina
Avenida Norte-Sul, 446
Bragança Paulista - SP
Fone: 11 4032 7087
www.labragantina.com.br

UPDATE => Recebi do Renato algumas fotos dos produtos da La Bragantina. Dêem uma olhada no que eu tou falando:







Como preparar um frango de televisão de cachorro

Televisão é um treco doido, mesmo. A gente fica ali na frente daquela caixa sem mover um músculo, sem piscar, imóvel. Seca a retina, mas não perde a chance de saber quem matou odete roitman. A gente ri dos animais que são nossos políticos durante o horário obrigatório, a gente fica esperando a peruca do patrão cair num aviãozinho de dinheiro, a gente assiste ao JN com o pote de grecin dois mil na mão, esperando um vacilo do willian bonner pra dar uma demão naquele topete. Definitivamente, televisão é um aparelho que faz a gente interagir.

Quando eu era criança, o bozo falava "você aí que tá sentadão no sofá, compre tênis montreal" e eu ficava pirado com isso, me perguntando como-é-que-aquele-palhaço-sabe-que-eu-to-no-sofá. Até que um dia eu resolvi sentar no chão, e ele falou que eu tava no sofá. Perdeu, pleibói. Nesse momento, minha infância perdeu um pouco da magia, mas o importante era que eu podia dizer "te peguei, palhaço!".

Até que meus pais tiveram uma idéia brilhante, um ataque fulminante da mais pura filosofia hippie pé-sujo. Sabe-se lá porque deletaram a televisão da minha casa. Ela já não era lá essas coisas, tinha mais fantasma que poltergheist, tinha bombril até no seletor de canais, fazia chiadão e levava 5 minutos pra ligar. E agora era uma TV desempregada. Foi-se, tchau, abrásss. Lá se foi a nossa telefunken.

A idéia era que falássemos de coisas mais importantes durante os momentos de família, ao invés de ficarmos alienados àquela máquina de fazer louco (palavras de papai). Bom, confesso que de certa forma funcionava. Comecei a ler muito mais, discutimos coisas interessantes, dormia cedo e acordava bem, etc e tal.. Hippie é gente que sabe cuidar de criança. O problema era que na escola, os amiguinhos comentavam TV Colosso, Malandrovski e Thundercats, e eu não sabia nem o que era. Fui descobrir anos depois.

hippies cuidando de crianças.
cuidando de crianças com lsd exalando dos poros.
de crianças que estão na terapia até hoje.

Meu pai, dono de um sarcasmo comovente, sempre me dizia que se eu quisesse ver TV, que fosse à padoca acompanhar a televisão de cachorro. E é dessa TV que vamos falar hoje. O mais alto grau do entretenimento canino, aquela que passa sempre o mesmo filme, aquela que faz gente e cachorro babar como se não houvesse amanhã.

Não tem tela de led, não é plasma e não é lcd. E se fosse hippie, não seria nem de lsd. É de vidro, de metalzão, é feia e é suja. Mas a gente adora. A Televisão de Cachorro é a TV mais legal que tem. Porque além de ver, você pode comer o conteúdo daquela TV. Imagina só, você tá lá vendo a novela, de repente passa a juliana paes, você abre a tampa da tv... e come! Simples assim. Ou então, tá assistindo animal planet, aparece aquele tubarão branco de um bilhão de quilos, abre a tampa da tv e acabou você. Ou coisa pior, melhor deixar pra lá.

Enfim, a televisão de cachorro é aquele fornão que fica na porta da padoca, onde rodam e assam alegrementes exemplares de frango, despejando toda a sua gordura corporal sobre inocentes batatinhas, depositadas na parte de baixo, só bebendo aquela sopa de colesterol. Um crime na nossa coronária, mas um alento à nossa alma. A vida é dura, rapaz. Pra ganhar, tem que perder. E como churrasqueiro não se rende aos apelos do coração até que o infarto nos separe, vem comigo porque nessa receita, além do frango, você vai ter que gastar uma energia na produção da gambiarra que vai simular a televisão de cachorro.

Vamos começar pelas batatas. Ao vencedor, as batatas. Vá até o mercado/quitanda/feira mais próximo e saboreie o verdadeiro sabor da vitória: volte com as batatas. Mas não adianta pegar aquele batatão de 12kg. Preste atenção, você vai encontrar umas batatas pequeninhas, que geralmente estão dentro daquele saquinho de pano meio furado, esquisito. As batatinhas tem mais ou menos o tamanho daquela pedrona de gelo bacana que a gente adora jogar dentro do whisky.

Por falar em whisky... abra uma cerveja e fique mais feliz.

Foi no mercado, venceu e voltou com as batatas? Pois volte ao mercado e não me apareça aqui se não tiver em mãos um frango sem pé nem cabeça. Mas que diabos é isso de frango sem pé nem cabeça? Pergunte ao fabricante:

Sem pé nem cabeça é isso: kinder-frango com um pogobol, duas aspirinas, um colete salva-vidas, parafuso de balsa e 4 marionetes.
E, já que a televisão é de cachorro, olha o bicho cabreiraço aí.

Se o otimizado leitor preferir, pode aproveitar a viagem inicial ao mercado e voltar com as batatas E o frango. Opção sua.

O primeiro passo é colocar as batatas-bebê para cozinhar. Jogue as batas numa panela grande, com casca e tudo. Se a sua mulher (ou mãe) estiver por perto, lave as batatas. Caso contrário, acredite na força dos seus anticorpos e bora pra panela. Complete com água. A dica do século vem agora: Quando se cozinha batatas, é bastante comum adicionar sal ao cozimento, certo? Pois então, vamos dar uma melhorada nesse negócio. Sapeque lá dentro um cubinho de caldo de galinha. Isso vale pra qualquer batata cozida. O caldo já ajuda a dar um gostinho nas batatas. Vai por mim que fica bom.

Enquanto elas cozinham, vamos cuidar do frango. Mais especificamente, do tempero do frango.

Num pequeno pote, jogue 3 dentes de alho, e 3 pimentas biquinho, algumas folhas de manjericão, orégano, páprica picante e colorau. Nem precisa picotar nada, daqui a pouco a gente faz o terror dentro desse pote e a coisa funciona. A proporção dos ingredientes? A gente aprendeu com os publicitários que uma imagem vale mais do que mil palavras, não é? Pois olha só o que eu tenho aqui pra você: MAIS DE MIL PALAVRAS pra te mostrar quanto você tem que colocar de cada ingrediente.

Recomendo colocar o alho primeiro, ajuda a fazer a proporção, sabe?

Viu? Beleza, agora vem a hora do massacre. Jogue uma golada generosa de azeite dentro desse potinho, prepara o socador de caipirinha e arrebenta com tudo aí, garotão. Quebra tudo, arrepia!!

faço isso com meus inimigos HUAHUAHUAHUHA

Virou isso aí. O cheiro desse temperinho é fabuloso. Dê uma colherada de leve aí, experimente e coloque o sal de acordo com o seu gosto. Eu imagino que umas duas ou três colheres de sobremesa sejam suficientes. Tou confiando que você vai saber quanto sal é necessário pra estragar uma receita.

Próximo passo: operar o frango. É isso, caro leitor. Vais, a partir de agora, encarnar o Dr. Pitanguy e botar uns peitões maneiros de silicone fazer uma incisão subcutânea longitudinal abdominal no paciente. Entendeu? Não? Sem problemas, basta pegar o tesourão de frango e abrir a barriga do bichinho. Não se preocupe, ele não sentirá dor alguma. Não pelo fato de estar anestesiado, mas pelo fato de ter vindo a óbito em procedimentos anteriores. Procedimento este que não é de nossa responsabilidade, eximindo-nos de quaisquer aborrecimentos no que tange o trato aos animais durante a preparação desta receita. O fato é que deve-se abrir a tesoura e adentrar o frango com uma das lâminas, num local que certamente lhe faria corar, e vir cortando até que esteja aberto. Faça uma forcinha e abra o frangote mesmo. Vais enxergar os ossinhos, a coluna, uma cena realmente dantesca. Mas não fique impressionado, tem gente que faz coisa muito pior :-)

Bom, agora basta passar o tempero sobre o frango. Por dentro e por fora, numa grande festa da pimenta doida. Besunta o galináceo aí.

A esse momento, as suas batatas devem estar tinindo. Vá até a panela, espete com um garfo. Se estiver macia como a ovelha-nuvem da propaganda (ah, os publicitários), tá pronta. Joga a água fora e guarda as batatas do lado esquerdo do peito.

A gambiarra necessária é bem simples de fazer. Mas é gambiarra, e quando se trata de gambiarra, sabemos todos que sempre tem chance de dar merda. Não dê chance à merda, mantenha-se atento aos detalhes e todo mundo vai sair bem desta.

Recapitulando: Na TV de cachorro, o frango fica ali assando, com gordura pingando na batata, certo?

A gambiarra consiste numa bandeja, onde ficarão as batatas acomodadas, e uma grelha da sua churrasqueira sobre as batatas. E um frango pós-operado e devidamente besuntado sobre ela. Sacou?

Batatas dentro bandeja, grelha em cima da bandeja, frango em cima da grelha, com a barriguinha que você operou pra baixo. O frangote vai assar, a gordura vai escorrer, e quem vai estar lá embaixo pra receber o elixir da obesidade? As batatas! Na tela:

frango sobre a grelha, sobre as batatas, dentro da bandeja, dentro do forno, dentro da cozinha, dentro de casa.... maldita relatividade.

Nós queremos televisão de cachorro? Sim, queremos. Nós queremos que você apareça na televisão com cara de cachorro? Não, não queremos. Então entenda a diferença entre uma gambiarra e um incêndio e verifique se a sua grelha utiliza alguma parte de madeira, ou algo que possa queimar e mantenha-se em segurança.

Agora basta acender o forno da sua casa no médio e mandar todo mundo pra dentro.

Ainda no quesito mandar pra dentro, mande umas 5 latinhas pra dentro. Quando terminar, abra o forno sem queimar a cútis e retire todo mundo de lá. O frango deve estar douradíssimo (o colorau é o responsável por isso. Pratincamente o sundown da sua comida), as batatas engorduradas, e o cheiro deve estar enlouquecedor.

Se estiver enloquecedor, retire do forno, e destrua o frango. Honestamente, não conheço uma técnica especial para desmontar o frangote. O que fiz foi retirar as coxas, as asas e cortar o resto aleatoriamente. Dane-se a técnica, faz assim que a família vai gostar.

Pra finalizar o nosso ilustrado post, sintoniza a sua tv nessa fotinho aqui ao top de cinco segundos!

O que é, o que é?

Das coisas que aprendi com os publicitários: o TEASER. 

Funciona assim: Os caras vão lançar um produto hiper-extra-super-ultra-massa-total, e querem arrancar uma grana antecipada do cliente deixar o consumidor com aquela baita vontade de comprar aquele negócio, mesmo sem saber o que é. Aí eles fazem um anúncio enigmático, dando a entender ao espectador que vem aí um produto capaz de resolver TODOS OS SEUS PROBLEMAS. Todo mundo trocando cotovelada na gôndola, só pra ser o primeiro a comprar aquele treco. Publicitário é gente que faz, publicitário é malaco, publicitário faz o cliente acreditar nessas idéias geniais e ainda gastar um dinheirão com pérolas da mais pura malandragem da comunicação, coisas do tipo manhê-quero-fazer-cocô-na-casa-do-pedrinho. Vida que segue, quem mandou não nascer malandro?

Aí eu queria escrever aqui no blog sobre a nova receita que eu bolei, mas como não sou publicitário, a vida é dura comigo e me fez trabalhar este sábado inteirinho, e eu fiquei cansadão, e decidi deixar a receita pra semana que vem. Mas não sem antes deixar aqui um verdadeiro petardo da filosofia publicitária: o primeiro TEASER do Deitando o Gato na Grelha. Segura aí que agora a gente ficou patrão.

Voltando à vaca fria, a receita em si eu não bolei, não. Mas a traquitana necessária para a execução da mesma... essa sim, merece uma página dupla na Veja, um outdoor 3D (???) e uma inserção de 1:30'' no domingão daquele gordo ex-gordo, que agora tá magro, mas tá cabeçudo. Proporção é pra quem tem.

Bora pro teaser? Sente-se confortavelmente na sua poltrona e tente desvendar o enigma:

O que é, o que é?
Tem cachorro de olho, fica esperto. Tem mais cachorro de olho, fica mais esperto ainda que esse é grande. Tem temperinhos no pote. Tem socador de caipirinha quebrando tudo no meio dos temperos, e tem bicho sem pé nem cabeça. E os cachorros ainda têm pé, quatro cada um, e tem cabeça, somando oito pés, duas cabeças, dois rabos e nenhum juizo. E nenhum animal foi molestado na produção desta receita. Pelo menos, nenhum vivo. E, jisuis, tem batatas na minha janela!!!!

E como publicitário sempre diz que uma imagem vale por mil palavras, segue aí 6.000 palavras pra ilustrar o nosso teaser.






Quem desvendar o mistério do nosso teaser, ganha um washington olivetto pra chamar de seu.

Drops de Churrasco - Ed. 6

Como bem diria o intrépido herói chapolim colorado, sigam-me os bons em mais uma versão do seu periódico churrasquístico, criado exatamente para distrair essa sua mente lépida em mais um dia cinza, nublado e batendo índices olímpicos de poluição. Aí o mais distante leitor imediatamente retruca: Mas qual nada, amigo blogueiro, que piada! Se escreves sob a névoa da fuligem do caminhão, saiba que de minha janela observo um tuiuiú, dois suricatos e um berbigão. No que o blogueiro, como num repente emenda: Amigo leitor, amante da brasa e do calor, churrasqueiro de Bagé, se tua cidade não é poluída, tenho certeza de que tua mente o é.

E assim vamos adiante, mostrando que nem só de carne e carvão vive um churrasqueiro. A gente também entede de rima ruim.

Picanha com sorvete
E por falar em ruim, te prepara que essa receita é simplesmente de embrulhar o estômago. Sabe aquela história de que a primeira impressão é a que fica? Pois é, o cidadão em questão começou mal, e conseguiu terminar ainda pior. Sente o drama:
Minha esposa hoje me acordou, dizendo que havia recebido um spam de um tal site de churrasco. Pô, spam é mancada, mas fiquei curioso, peguei o computador e comecei a navegar. Nada de muito especial, mas bastante didático, vídeos bem feitinhos e tal, até que... De repente eu me deparo com uma daquelas lambanças gastronômicas tão bizarras, mas tão bizarras, que eu perdi o apetite. Coisa de gente grande, de deixar a farofa de bacon com maçã da ana maria braga parecer normal. Tudo começou com uma picanha. O camarada fatiou a picanha, colocou na grelha com sal grosso, virou, tirou no ponto certo e picotou. Pronto, pensei eu, agora é só comer. Que nada, o nosso querido "gourmet" achou que ainda podia ficar melhor e inventou a "picanha com sorvete". Veja a foto ao lado e tire suas próprias conclusões. Não vou dar o link e nem o nome do cidadão que estragou uma picanha e uma taça de sorvete. Use o google, você não vai errar. Pra fazer uma lambança dessas, só tem um.


Carvão São José é 10!
Gosto muito de empresa séria, e quando me deparo com alguém que preste um serviço bacana, não posso deixar de falar aqui.
Semanas atrás, comprei um saco de 4kg de carvão São José pra receber uma galerinha em casa.
Ao virar o saco de carvão dentro da minha churraca, ouço um barulhão seco, "POW". Gente, carvão não faz pow, certo? Pois é, no meio do carvão, havia um pedaço considerável de tijolo. Fiquei bastante decepcionado, pois num saco de 4Kg, havia um tijolo de 1Kg. Guardei a embalagem e o tijolo, imaginando a chateação que teria posteriormente com suporte, 0800 e outras mazelas do atendimento ao consumidor neste país lindo de gente honesta.
Aí começa uma verdadeira saga do atendimento, um épico do suporte, orgulho do PROCON.
Precisamente às 11:47 do dia 30 de julho, enviei um e-mail ao site deles, sem me apresentar como blogueiro nem nada. Apenas relatando o acontecido. Antes que eu pudesse dizer Paranapiacaba não tem otorrinolaringologista, e sei lá porque eu diria isso, meu e-mail foi respondido às 12:17. E não era nenhuma respostinha automática, não. Era a solução do problema, sem delongas, sem xurumelas. Mais rápida que um 747, a atendente Vanessa, o Ayrton Senna do churrasco, me solicitava o endereço de casa e explicava rapidamente que o tijolo pode se desprender das paredes do forno, enfim. Às 12:27, enviei o endereço, agradeci a explicação e fiquei feliz com os dois sacos de 4kg de carvão que me foram ofertados pela atendente.
Fui almoçar. Ao voltar da esbórnia alimentícia a que me submeti, recebo mais um e-mail da eficiente Vanessa, o Usain Bolt das carvoarias, enviado às 14:46, me perguntando se haveria alguém em casa, pois eles gostariam de realizar a entrega ainda naquele dia. Nesse momento comecei a procurar o ET no meu guarda-roupa, porque não existe atendimento como esse neste planeta. Cadê a musiquinha? Porque não questionaram nada? Não perguntaram nem o tamanho do tijolo? Nem meu CPF, RG, tamanho do sapato, nada??? Esquisito....
Enquanto me questionava porque diabos não havia mafagafinhos salvaguardados em araçariguama, eis que o veloz motorista do Carvão São José posiciona o MIG 29 no estacionamento de visitantes do meu prédio e me entrega 8Kg do mais puro e belo carvão, precisamente às 15:30. Ou seja: em menos de 4 horas, meu problema foi solucionado com uma eficiência inacreditável. Por isso estas palavras são o meu mais sincero agradecimento ao carvão mais rápido do oeste: Carvão São José, muito obrigado!


O que vem por aí?
Tenho várias receitas maneiras aqui na manga, pena que não tenho como publicar tudo de uma vez. Num dia de fúria, mandei pra churraca 5,5kg de costelão. Só que convidei apenas 6 pessoas para apreciar tal iguaria, que sobrou aos montes. No dia seguinte, foi transformada numa maravilhosa Vaca Atolada. Não sabe do que se trata? Olhe a foto à sua esquerda e aguarde a receita, amigo.
Já comeu frango de televisão de cachorro? Aquele, que fica na padaria, rodando no forno engordurado, que parece nojento, mas todo mundo come? Pois é, inventei uma traquitana (mais uma gambiarra.. não sei como a minha esposa ainda me suporta), para que possamos realizar tal experimento na nossa própria cozinha. Tenho fotos e tudo mais!
Semana que vem, teremos uma promoção maneiríssima aqui no blog. Pode começar a aquecer esse cabeção aí, que o prêmio é muito bom (sim, o prêmio é de comer), mas você vai ter que gastar muito neurônio para colocar os seus dentes no prêmio que vamos dar. Aliás, não é apenas um prêmio. Serão 3 felizes ganhadores, fiquem atentos!!

Como fazer o seu próprio catchup

Ultimamente, eu vinha sendo incomodado por uma equação. Na verdade, desde a quinta série, equações me incomodam, mas não é destas, exatamente que estou falando agora. Estou falando daquela equação que acontece na vida real, quando um grupo de fatores acaba influenciando, de alguma maneira, na sua vida. E você percebe que a influência vem do conjunto desses fatores, e não de um isolado.

Pois é, quem vem tirando o meu sono nos últimos tempos é a razão que existe entre a quantidade absurda de catchup que meus filhos consomem, o preço impagável do único catchup bom do mercado e o abismo de qualidade que há entre esta marca e as outras, mais baratas.

Imagina a situação: Se eu corto o catchup das crianças, terei filhos tristes, e isso não é legal. Se eu compro o melhor catchup, gasto muito dinheiro e aí triste fico eu, isso também não é legal. Se eu compro o catchup mais barato, meu x-salada fica menos gostoso, e aí fica todo mundo triste, e eu não quero deixar pessoas tristes.

Sacou a equação? Chama o Aristóteles e pergunta pra ele se tem matemática que resolva isso. Nem precisa, eu já chamei e ele disse que conta assim não dá pra resolver nem usando método kumon, ábaco ou calculadora científica.

Se já não fosse o bastante a gente ter que se preocupar com qual estádio vai sediar a abertura da copa de 2014, com a minha operadora de celular que agora me dá minutos em dobro quando eu preferia a conta pela metade, e com a cor da lata da nossa cerveja que é branca e a televisão fica me dizendo que deveria ser vermelha (??), agora me vem esse dilema do catchup querendo atrasar o meu lado.

Eu não podia deixar uma situação como essa ficar me atormentando, e decidi cortar o mal pela raiz: decidi que era hora de mandar o imperialismo ianque procurar a sua turma e preparar o meu próprio catchup. Assim procedi, mandei os ianques go home e chora, tio heinz, a coisa aqui vai ficar feia pro teu lado.

Seguinte, você vai precisar de tomates, uns 5. Se quiser facilitar um pouco o processo, pode comprar uma tal "massa de tomate" no mercado. Um pimentão vermelho pequeno. Um dente de alho.

Aí joga os tomates, metade do pimentão e o dente de alho, todo mundo picadinho numa panela com umas 3 xicaras de água, bota no fogo e tampa a panela. De vez em quando, dá uma abrida ali e dá aquela mexida básica, e completa com água, se necessário. Tem que deixar cozinhar mesmo, a idéia é que tomates e pimetão derretam. Não tenha dó, deixa virar uma pasta mesmo.

fiz a rapa nos tomates da geladeira, tem todo tipo deles aí.
Ei, tira o olho da sujeira no fogão!

Quando cansar de esperar, ou quando achar que tá legal, você tem que passar a coisa toda na peneira. Uma peneira grossa mesmo. Aproveita que esta provavelmente vai ser a única oportunidade que terá de liberar aquele garimpeiro que existe dentro de você. Sinta-se na Serra Pelada e manda todo mundo pra peneira. Recomendo veementemente que não confunda a serra pelada com o Serra pelado, isso aí deve ser uma visão do capeta, capaz de azedar qualquer tomate.

Ok, esqueçamos o político desnudo e passemos aquilo tudo na peneira, com a ajuda de uma colher. Esfrega a parada, o que vai sobrar na peneira é só casca de tomate e pimentão, uns tecos feiosos, enfim. Ah, não é isso que vai na receita, você precisa mesmo é da outra parte, aquela que PASSOU pela peneira, ok? Então não esquece de colocar uma panela embaixo antes de começar a peneirar. Dali, vai sobrar aquele molho forte de tomate, certo? O que sobra na peneira é casca e semente, taca no lixo sem dó.

Tamos quase la'

Aí você pega uma outra panela e põe pra ferver uma xícara de vinagre branco, uma folha de louro, um pedacinho de pau de canela, uns dois cravos e... um pedação de rapadura. Pode ser açucar mascavo, mas como tinha rapadura sabe-Deus-por-que na minha geladeira, tirei um pedaço dela e mandei pra panela.

A idéia é deixar ferver (sempre mexendo) até a rapadura se desfazer.

Agora manda o molhão do tomate lá pra dentro. A coisa já vai começar a cheirar bem.

Deixa ferver um pouco pra dar aquela reduzida. O legal é o catchup ser consistente.

Dá uma colherada, seu instinto animal vai te dizer o que falta. Vai adicionando um pouco mais de sal, ou um pouco mais de vinagre, ou açucar.. você acaba achando o ponto.

Um detalhe: catchup quente engana, por conta da canela quente. Se possível, deixe uma colherzinha fora da panela, coloca na geladeira, dá um jeito de esfriar quando for experimentar. Aí é só corrigir as coisas e manda brasa.

Quando eu fiz, eu coloquei num potinho fechado e mandei pro freezer, pra ele esfriar antes de usar.

Vai na fé, parceiro, é facinho de fazer e numa boa.... anota aí: deixa o heinz no CHINELO. Por um detalhe bem simples: Os ingredientes são frescos (ui!), e coisa fresca é sempre melhor, né?

sente a consistência do bichano. pura matemática!

A dica é fazer pouco (coisa de 3 ou 4 tomates), e consumir no dia seguinte, ou assim que esfriar. Como você não está usando nenhum produto químico pra conservar, ele estraga em três ou quatro dias, mesmo na geladeira.

Drops de Churrasco - Ed. 5

E por aqui seguimos nós, eu aqui e você aí, trancados num escritório nesta sexta-feira de sol, curtindo cada pixel do monitor, adorando cada célula deste excel que Deus nos deu, e, no meu caso, mastigando linhas e mais linhas de programação. Adoro isso, passar o dia lendo coisas como "?php echo $this->GetSkinUrl('..." realmente é uma rotinha engrandecedora, faz bem pro corpo e pra alma, deixa a pele mais bonita e os cabelos mais sedosos. Enfim, trabalho é trabalho, cada um tem o seu, cada qual com as suas dificuldades, mas todos aqui temos que concordar com uma única e inabalável verdade: num dia lindo como este, tudo o que a gente gostaria era de sair correndo pelado pelo mundo vestido de Super 15, mas.. como correr pelado e vestido ao mesmo tempo? largar o esqueleto sob o sol e esvaziar a mente, tal e qual a lagartixa, que perde o rabo mas não perde a compostura...

Isso me lembrou de uma expressão genial, que ouvi de um amigo de infância (sim, eu tenho váááários amigos da tenra idade, isso é bem legal). O lance é o seguinte: sabe aqueles dias que a cabeça da gente simplesmente não funciona, o corpo não anda e a alma não aparece nem em centro espírita? Isso costuma acontecer nos pré-feriados, ou pós-esbórnia, a gente sabe disso. Pois é, a expressão diz que nestes dias a gente trabalha em "Modo de segurança". Quem já pilotou um computador com windows na vida sabe bem o que é isso, né? É assim, o sistema carrega, o windows funciona, mas só no basicão. Não abre mais do que dois aplicativos de uma vez, não entra em rede, não mostra nem papel de parede. Sem muito esforço, sem fadiga. Do jeito que a gente gosta, economizando energia.

Esse papo de trabalho em lembrou de uma cena surreal, que presenciei dia desses. Perto de onde moro tem uma casa de comida árabe chamada "Esfiha Chic". A comida lá é bem gostosa, mas não é chic, não. E o atendimento, bem... o atendimento é um show à parte. Estava eu ali, aguardando o pedido número 00003422 sair pela janelinha, quando de repente fui abordado pela garçonete. Vai me oferecer um refrigerante, imaginei eu. Ledo engano. A garota abaixa-se ao balcão e saca um porquinho, escrito "Maria". Sim, um porquinho, daqueles de cofrinho de criança. Na sequencia, vem o pedido: "Moço, ajuda a Maria a voltar pra Pernambuco?". Maria era ela, o crachá denunciava. E eu não tenho muita compaixão com gente que fala de si próprio usando a terceira pessoa. Pensei comigo: "Maria, você não é o Pelé pra se chamar de Edson e você voltar pra Pernambuco não é um problema meu". Pensei tudo isso, mas delicado como um parafuso de trator, disse a ela que não, não a ajudaria. Ah, mas Maria não conseguia entender porque eu não queria colocar a minha moeda no cofrinho dela. Segue o diálogo:
Maria - Mas moço, eu te servi tão bem...
Daniel - Ok, mas pra isso eu estou pagando 10%.
Maria - Mas eu tenho que juntar um dinheirinho pra voltar pra Pernambuco..
Daniel - Boa, continue se esforçando, outras pessoas vão pagar 10% e você vai conseguir.
Maria - Po, moço, o senhor vai ser ruim assim comigo?
Daniel - Maria, se eu fosse teu chefe você tava na rua, minha querida.
Maria - Ô, moooooçoooo......
Enfim, eu não gosto de ser mal-educado com ninguém, e realmente não sou. Mas tem gente que merece, viu. Ah, se alguém se comoveu com a história da Maria, basta dar um pulinho na Esfiha Chic da Avenida Jabaquara, perto do metrô Santa Cruz. Recomendo a esfiha de queijo e o refrigerante de máquina.

Acho muito legal como as empresas tem procurado fazer o seu papel nas mídias sociais. Algumas acertam bem a mão, outras metem os pés pelas mãos. Mas o bom disso é que sempre tem alguma empresa sorteando alguma coisa, e todo mundo gosta de ganhar um agrado, né? Tá lá o Caio Racca que não nos deixa mentir, feliz e faceiro com o seu avental da Maturatta. Pois eu também decidi me aventurar e pleitear algum brinde nessa internetona sem fim. Entrei no twitter do azeite Borges e os caras estavam premiando com um Kit Borges as 5 receitas mais votadas no facebook deles. Enviei a minha do salmão no forno, que fica bem gostosa, diga-se de passagem. E vai azeite, e bastante. O lance é o seguinte: eu não sei exatamente o que eles tem dentro desse Kit Borges, mas se eu ganhar, divido aqui com a galera. Bom, pra quem quiser me ajudar nessa empreitada, basta clicar no botão "curtir" que tem na página da receita. Clica aqui, ó.

E, por fim, falemos de receitas. Tenho algumas novidades, e nesta semana confesso que estou até indeciso sobre o que devo postar no blog. Queria a ajuda de vocês. Uma das opções é uma receita excelente de um leitor, uma tainha na brasa com vinagrete que deve ser uma delícia. A segunda opção é  uma receita de um catchup que eu fiz em casa. Ficou realmente muito, muito bom, perfeito para comer com aquel bom e velho sanduíche-iche. Bom, de deixar o tio Heinz no chinelo, sem brincadeira. Condimentos feitos com ingredientes frescos, sem conservantes e acidulantes e outros "antes" fica sempre muito bom. A terceira opção é uma costelinha de porco diferente, com colorau e limão, muito show. E a quarta, por fim, é a receita de kibe cru, que é muito gostoso, também. Vocês decidem, podem expressar suas opiniões pelos comentários, podem me acionar via e-mail, via twitter, sinal de fumaça e, quem quiser, pode mandar um caminhão de skol pra casa que a gente não acha ruim, não.

Costelinha ao molho agridoce

Querido amigo leitor, você gosta de gente que te surpreende? Mas é surpresa mesmo, gente que de repente aparece e TCHÃRÃNS: Olha lá alguma coisa incrível. Taí uma coisa que eu curto, gente que é capaz de surpreender a gente.

Não tou falando daquele amigo que, de repente, chega pra você e diz que saiu do armário. E tá apaixonado. E é por você. E tá de calcinha da hellokity. Não esse cara não surpreende, esse não é o tipo de coisa incrível.

Pois é, tenho uma filha de 11 anos. Que tem uma amiga. Que tem uma mãe, que é casada com um cara. E são todos gente muito bacana, gente que faz e acontece, brasileiro que não desiste nunca e coisa e tal. Dia desses, convidei todo esse pessoal (filha, amiga, mãe da amiga e marido da mãe da amiga) para um churrasco aqui em casa. O combinado era na base do "traz a cerveja que eu cuido das carnes". O procedimento foi respeitado por ambas as partes, tomamos muita e boa cerveja, comemos muita e boa carne, enfim: gol do Brasil, missão cumprida.

Uma das coisas que acontece quando você aprende a fazer churrasco, é que algumas pessoas acabam ficando intimidadas pelo fato de você saber fazer umas carnes mais maneiras, coisa que muita, muita gente não sabe. Aí tem vergonha de te convidar pra um churrasco. Isso é uma baita de uma bobagem, mas já vi acontecer muitas vezes. Bosta de boi, como dizem os americanos.

Pois o marido da mãe da amiga da minha filha não é um cara de se intimidar, não. Isso já começa a fazer dele uma pessoa surpreendente. No meio do churrasco, com a cerveja mandando e desmandando dos nossos neurônios, eis que ele me manda: "Olha, eu só sei fazer uma receita de churrasco, mas vou fazer pra você. Semana que vem lá na minha casa, leva a breja que eu cuido das carnes". Fechado, alguém aí já me viu recusar convite pra churrasco? #fikdik

Exatos 7 dias depois, dirigi o meu esqueleto e o da minha família em direção à casa deles. Dirigi também o carro 2005 da patroa, carro comum e normalzão, e que fique registrado isso. Daqui a pouco você vai entender o porquê.

Daqui a pouco, não. Vai entender agora: segura as cuecas aí, que você vai se borrar inteiro. EU PILOTEI UM PORSCHE. Isso mesmo, eu pilotei um mega-hiper-extra-fuckin PORSCHE. Não vou entrar em grandes detalhes, mas em algum momento, estávamos eu e o marido da mãe da amiga da minha filha, apareceu na minha frente um Porsche e uma chance de fazer um test-drive. E eu fiz, e isso fez de mim uma pessoa melhor. Vai vendo.

Eu fiz força naquele negócio que tem embaixo do pé direito. O motorzão do bicho gritou alto na minha orelha, o carro deu um coice pra frente e saiu voando, de repente apareceu uma curva, eu caguei de medo e tirei o pé. Ainda bem, porque tinha um carro de polícia logo à frente e eu estava sem habilitação. Fiquei pianinho atrás da polícia, e acabou o passeio. Simples, rapidinho, tranquilo. Mas eu fiz. E um cara que dá um jeito de te meter dentro de um Porsche com a chave na mão direita, só pode ser uma pessoa surpreendente, né? Fato: fiquei surpreso.

Voltando à programação: O cara não parava por aí, não. Quando cheguei lá na casa dele, uma surpresa atrás da outra, até encontrarmos uma deliciosa peça de costelinha suína que pairava sobre o calor da grelha. Mas ela tinha um corte estranho, meio quadriculada.

O lance é o seguinte: Você pega uma peça de costelinha, daquelas bem altas, cheias de carne. Esquece o guilherme arantes e não confunda com "cheia de charme", que isso não é música que combina com costela. No máximo, com uma linguiça furreca.

Você não deve separar as costelas, a peçona vai inteira pra churraca. Na parte de baixo, dê uns talhos no entreosso. Sabe o que é entreosso? Acabei de inventar, mas pode ser entendido como o pedaço de membrana que tem entre um osso e outro da costela. Aliás, me lembrei que uma vez caí de uma árvore e machuquei essa membrana, dói pra burro. Passei um ano rindo que nem o roberto carlos.

Foco, Daniel. Foco. Escreve alguma coisa aí pro leitor entender como é que funciona esse corte.

Legal, faça uns talhos na membrana, e ainda bem que o porco tá morto, porque isso aí dói e demora muito pra sarar. Na parte de cima, na carne da costela, faça um corte meio quadriculado. A idéia é abrir uns sulcos na carne, porque aí o tempero pega que é uma beleza.

Parece surpreendente comer costela de porco em cubinhos? Pois é, amigo.

O marido da mãe da amiga da minha filha fez este corte, e colocou ela pra assar só com sal grosso e deitou na grelha com o osso virado pra baixo. Ficou ali o tempo de detonarmos umas 5 cervejas cada. Ou 6, ou 7. Ah, foi um tempão.

Foi quando começou a coisa mais surpreendente do mundo. O cara pegou um vidro de vinagre vermelho, abriu e jogou a metade na pia. Ralo, fora, lixo. Abriu um vidro de Karo, e completou o de vinagre. Ou seja: tínhamos ali uma espécie de água suja, fruto de porções iguais de Karo e vinagre vermelho. Mas não era água suja, era molho agridoce. E bom demais, por mais surpreendente que isso possa parecer.

Quando a costela começou a fica macia, a brincadeira era ficar espirrando aquele líquido na costela, e virando. Traz o português aqui, que vai começar o vira-vira. Uma espirrada, uma virada. Outra espirrada, outra virada. Com o intervalo de algumas goladas de breja entre uma virada e outra.

Depois de um tempinho, o mel começa a virar uma casquinha, e esse é o milagre do surpreendente molho agridoce.

No frigir dos ovos, nessa receita não há ovos. Não, não é isso, eu queria esclarecer que a receita é só isso: costela quadriculada no fogo com sal, mezzo-vinagre, mezzo-Karo, vai borrifando, vira vira vira homem vira vira [/ney matogrosso] e tira quando tiver queimado [/ney matogrosso de novo].

Numa boa, eu detesto essas invencionices culinárias, sou contra as receitas de bacon com uva passa da dona ana, acho uma frescurada passar caramelo pra fazer desenhinho no fundo do prato, e abomino quem coloca folhinha pra decorar prato de macarrão. Logo, tinha de tudo pra eu achar essa receita um lixo. Mas não, a costelinha é muito, muito boa. O azedo do vinagre some, o doce do mel some, o salgado some, fica só um sabor único, saboroso. Recomendo, é surpreendente.

O resultado você vê aqui:


Refiz a receita na minha casa. Na ocasião, troquei o vinagre por uma mistura de limão, um dente de alho picotado e um ramo de alecrim. Mas, honestamente, ficou muito parecido.
Adendo: quando eu escrevo sobre algum amigo, alguma pessoa que conheço, eu sempre aviso, pergunto se posso expô-la aqui. Menos a ana maria braga, porque ela nunca responde aos meus e-mails kkk. Mas o fato é que eu não havia falado com o Edu antes de escrever este post, e tomei todo o cuidado para nem citar o nome dele. Por isso ele sempre foi descrito como "o marido da mãe da amiga da minha filha". Mas ele mesmo comentou aqui, se identificou e enfim. O papel de marido da mãe da amiga da minha filha aconteceu há uns bons anos, quando o conheci. Hoje, é um grande amigo e um cara que eu gosto muito, e o carinho e respeito que eu tenho por ele vai muito além do fato dele ter se casado com a mãe da amiga da minha filha. Resolvi colocar este adendo, pois reli o post e achei que a descrição que fiz dele ficou superficial demais perto do carinho que eu tenho por ele, e pela família que ele construiu. Valeu Edu!!
Custo: Montei um carrinho no supermercado do abilhão, dá uma olhada:



Rendimento: uma peça desse tamanho serve umas 3 ou 4 pessoas.
Tempo de preparo: vá dar uma volta de porsche e nem veja o tempo passar. nunca mais.