Fraldinha na mostarda

Mais rápido que um avião, mais lépido do que um coelho e chegando anos-luz à frente do alemão (chupa rubinho), eis que rapidamente pinta na sua tela o post-relâmpago. Este aqui, no caso.

Funciona assim:

1- Você dá um jeito de se encher de trabalho e fica sem tempo pra nada. Se você não conseguir, ligaê que eu te passo uma atividade.
2 - Aí, sem tempo pra nada, você não consegue atualizar o blog, porque adquiriu a irritante e sorrateira mania de enrolar e escrever parágrafos e mais parágrafos pra explicar receitas que poderiam ser escritas em 4 ou 5 linhas.
3 - Mas aí a clientela reclama tal e qual fez o Adriano Martins via twitter, e antes que o procon venha com a mão pesada da justiça no seu encalço e cole cartazes com a sua cara pelos postes, é bom achar um tempinho no meio da labuta pra escrever aqui a receita que já havia - falsamente - anunciado: a fraldinha na mostarda.

Isso significa, caros leitores, que isso aqui está sendo escrito na sangria desatada, no meio da pirambeira, pulando num pé só, assobiando e sem essa de chupar cana que o sistema aqui é bruto. Em outras palavras, vai como ficar que eu não vou rever nem erro de digitação. Se alguém quiser fazer isso por mim, a senha do blog é mienganamalandro1987. Bora lá que eu to descendo na banguela.

- Binô isso aqui tá me cheirando a cilada.

A fraldinha todo mundo já conhece, né? É uma carninha maneira que tem dentro do boi, e a gente curte muito esse negócio por aqui. Eu curto. Tu curte? Então fechou! Bora pra próxima.

Bom, trabalhar em casa tem um bilhão de desvantagens, mas se tem uma vantagem é a de você poder almoçar comida de casa. Aí tu vai lá e bota na conta: um bilhão de desvantagens contra UMA vantagem, é bom você fazer uma comida decente nessa sua cozinha. E foi assim que eu fiz a fraldinha na mostarda.

Bom, tenha em mãos uma peça de fraldinha que, salvo uma grande sacanagem do seu açougueiro, tem lá 1 quilinho. Um bom peso, dá um rango agradável. E o seu objetivo com essa fralda é conquistar a oceania e a américa do sul, e mais 234 territórios à sua escolha fazer um molho bacana com  mostarda, chafurdar na fraldinha e mandar pro fogo.

O molho é bem simples. Num pote que caberia o molho e mais a fralda (claro, depois de pronto, você joga a fralda lá dentro pra mexer), jogue uma boa tacada de mostarda (preta, de preferência). Uma boa tacada é aquela em que você abre a tampinha do tubo de mostarda, vira de cabeça pra baixo e aperta com prazer. Uma boa tacada é coisa de malaco. Uma boa tacada é coisa do tiger woods. Tiger woods é um cara malaco, embora tenha dado umas tacadas pra fora ultimamente. Dane-se o tiger woods, voltemos à fraldinha.

Bom, agora você dá uma boa golada de azeite pra misturar com a mostarda. Não assim, no sentido de abrir o azeite e meter a boca. Mas no sentido de abrir o azeite e virar um belo gole dentro do pote. Bem assim.

Hora do alho. Assim disse o relógio. Diante dos fatos, picote uns 3 dentes de alho e sapeque no meio do molho. Agora temos mostarda, azeite e alho num pote. show.

Põe sal. maneira no sal, olha essa pressão.

Aqui em casa pode-se dizer que nós praticamos o reflorestamento. Sim, temos vários temperos plantados, e quando acaba, replantamos tudo. Muito melhor do que aquela indústria que torra todos os recursos naturais do planeta pra fazer um pegador de bolo, depois planta 3 pés de palmito e faz propaganda no fantástico.

Isso tudo era pra dizer que você pode dar um pulinho na horta mais próxima e voltar com algumas folhas de manjericão pra jogar no seu molho. Se não há uma horta na sua casa, nem pense em pular a cerca pra conferir como a grama do vizinho é mais verde. Isso sempre termina mal, abra a gaveta dos temperos que você VAI encontrar manjericão desidratado. Se não achar o manjericão, use um pouco de orégano que funciona.

Bom, já que a gaveta tá aberta, encontre a pimenta do reino e jogue um pouco no tal molho.

Picote meio maço de salsinha e manda brasa lá pra dentro.

Agora é só misturar e jogar a carne dentro. Deixe a fralda lá uns minutinhos, ajuda a ir pegando o gosto.

Essa fralda pode ir pra churraca, ou até pro forno. Como eu fiz de almoço, não ia dar tempo de ligar a churraca e preparar tudo, então fiz no forno mesmo. Além disso, eu não consigo ficar perto da churrasqueira sem tomar cerveja, e se eu tomar uma birita na hora do almoço, acaba-se a tarde de trabalho, o que anda fora de cogitação.

Pra finalizar, você deve embrulhar a fraldeta no papel alumínio e jogar pra junto dela todo o caldo do tempero. Fecha direitinho, pra evitar que os líquidos evaporem. Assim ela fica mais macia ainda.

Fralda embrulhada (putz, isso me lembrou a tenra infância dos meus filhos e tirou o meu apetite), fogo aceso e aquela alegria na alma, chega a hora de botar a natureza pra fazer a parte dela: meta a fralda na churraca (ou no forno, você entendeu) tomando o cuidado de não deixar as labaredas queimarem a sua bunda (a da fralda, nem a sua e nem a minha, ok?) e nem ficar longe do calor.

Quando eu fiz aqui, deixei a fralda por uma hora no forno. Mas acho que poderia ter ficado mais. Se você fechou direitinho, pode deixar umas duas horas lá que ela não seca.

Depois de passado esse tempo, você já bebeu toda a cerveja que tinha na sua frente, e encontra-se bêbado e com fome, acertei? Não? Acertei sim, eu conheço os leitores pé de cana desse blog.

- pé de pano, meu nome é pé de pano.
- mas não era pé de cana?

Hora de abrir a fralda pra ver o que tem dentro. Se tem filhos pequenos, sabe o terror que essa frase pode significar. Mas pode confiar, o que você vai encontrar é bastante diferente, vai por mim.

A fralda deve estar bem cozida, cheirosa e macia. Mas branquela. Pra ela pegar uma corzinha, uma torradinha nas bordas e um cheirinho de fumaça, deita ela na grelha perto do fogo, vira todo o liquido do papel alumínio nela e deixa uns 10 minutos, vira e deixa mais 10 minutos.

Passado este tempo, corta e come. Simples assim.

O preço é preço de fralda: você compra um pedaço bacana com uns 12 reais.
Rende um kilo de carne, uai.

Post escrito no peito e na raça, ou na falta dela. Desculpem possíveis - e prováveis - erros de digitação.

Pronto, Adriano. Posso voltar pro trabalho agora? O cliente já mandou mais 5 e-mails só no tempo de escrever este post :-)

Perguntas na grelha: Tirando Abel Teixeira da masmorra

Inaugurando tardiamente a série "Perguntas na Grelha", venho encarecidamente solicitar que juntemos nossas forças pra salvar do limbo o nosso colega churrasqueiro Abel Teixeira, que lá de Teresina, no Piauí, clama por socorro. Limbo esse em que se meteu, e por infortúnio, o ajudei a chafurdar, e agora preciso mover os meus pauzinhos para tirá-lo dessa encrenca.

Há mais de uma semana atrás... ... ... Volta tudo.

Há BEM MAIS de uma semana atrás, recebi o chamado do amigo Abel, e após uma rápida troca de e-mails, prometi a pronta apresentação para a solução dos problemas dele. O que, como já tradicionalmente tenho feito neste blog, faço agora, com um atraso considerável. Isso porque o final de semana chegou, Abel continuava com dúvidas, eu não o ajudei, e, mais uma vez, ele fracassou, sucumbiu ao túmulo dos perdedores e tomou vaia da família. E eu, com meu timing britânico, com precisão cirúrgica e fazendo a volta mais rápida, chego numa segunda feira pra evitar que ele se lasque no churrasco do final de semana que vem.

corre, filhinho... porque coelho bom é coelho morto.

Ciente da condição daquele que tarda, mas não falha, segue abaixo um resumo dos problemas de Abel:
Me propus a ser responsável pelo churrasquinho do final de semana, comprei uma churrasqueira elétrica, uma faca, a tábua, o amolador, o sal grosso, etc... Mas já está com dois finais de semana q fracasso. rsrsrsrs 

No primeiro realmente foi muita fumaça, foi quando resolvi recorrer à internet e encontrei teu blog. Mas acho q é por q deixei a água acabar na churrasqueira, deve ser por isso, eu acho. Tenho dúvida se coloco muita água ou pouca, mas acho q estou encontrando um ponto médio. 
Tentei um peixe - pargo - e a pele dele soltou toda, e ficou caindo pedaços, ficou gostoso, mais ficou um prato muito feio. 
No último final de semana tentei a costela de porco, como é da fazenda, não foi de supermercado cortei a carne um pouco grossa, e demorou pra caramba pra assar... O almoço saiu por volta das 14:30, gente já com cara de bicho. 
É por aí, na verdade preciso de umas dicas, umas sugestões pra limpar a minha barra...(gosto de peixe aos sábados e domingo topo o q vier, inclusive as cervas. rsrsrsrs).

Consideremos as situações. Vejo aí 3 problemas distintos.

O primeiro tá fácil de resolver. A churraca elétrica precisa ficar com água na bandeja o tempo todo. O suficiente pra cobrir o fundo dela, mas não pode deixar a água pegar na resistência. Uma dica é deixar uma caneca com água perto de você, assim pode ir completando de pouco em pouco. Honestamente, se deixou a água secar, fico feliz que você nos mandou este e-mail: é um sinal de que você não pegou fogo, pois é deveras perigoso deixar esta churraca seca assim.

Outro ponto é o da costela. A churraca elétrica demora um pouco mesmo, não tem jeito. E carne de porco mal passada, nem pensar. A solução, nesse caso, é pensar o churrasco como um todo, não apenas uma única carne. Costumo fazer assim: Uma carne é a principal, no seu caso, a costela. Tenha outras pequenas peças de carne, ou linguiça, ou queijo-coalho. Coisas que saem rápido e dão aquela forrada no estômago enquanto o principal assa. So tenha o cuidado de não empanturrar seus convidados, e na hora que a costela sair, todos os convidados estarem arrotando linguiça. Aí, compana... Segura o choro e come a costela sozinho.

O terceiro ponto é o do peixe-farofa que você usou e desmontou inteiro. Não conheço, exatamente, o pargo, o que me faz pedir novamente a ajuda dos leitores, universitários ou não. Mas a dica aqui serve pra qualquer peixe. Recomendo que você embrulhe o peixoto em papel alumínio, com os temperinhos dentro dele. Só tire dali quando estiver pronto mesmo. Então abra o papel alumínio e tire o peixe com todo o cuidado e atenção do mundo. Como se estivesse movendo a bunda da juliana paes de uma cadeira pra outra: põe a maozinha embaixo e vai com calma, muita calma nessa hora. Com a diferença que o peixe você come, e a juliana paes, não.

Ah, e não se esqueça de que a sua churrasqueira está ligada na tomada. Todo o cuidado é pouco quando se utiliza papel alumínio numa churraca eletrificada. Bote um chinelo nesse pé e evite a combustão espontânea desse seu esqueleto surrado embebido em álcool.

Um peixe bacana pra churrasqueira elétrica é um que tem um nome infame, mas funciona bem: o carapau. É um peixe relativamente pequeno e consistente, é bem gostoso e fica pronto rapidinho.

Boa sorte nos próximos churras, companheiro. Se eu passar por Teresina um dia, me convido pra um churrasco na sua casa, já sei que tem costela direto da fazenda :-)

Tá com dúvida? O bicho pegou pro seu lado? Tomou vaia, magoou, tá com medo do escuro? Manda um e-mail pra danielwalterrodrigues@gmail.com contando seus problemas. Com uma frequencia irresponsável e o timing apurado de sempre, publicaremos as dúvidas dos leitores aqui no blog.

Perguntas na grelha

Eu sempre achei que os leitores dessa espelunca eram gente batuta. Pessoal bacana mesmo, gente fina, da maior qualidade. Primeiro, porque gastam o seu tempo lendo receitas de duvidosa credibilidade. Segundo, porque eu logo percebi que não necessariamente aquele que escreve, entende mais do assunto escrito do que aqueles que o lêem. E, rápido como uma lata de cerveja num dia de calor, pude perceber que este blog se transformou num grande e profundo poço do mais puro creme do milho, digo, do mais puro e concreto conhecimento churrasquístico.

Entre outras palavras, a participação dos nobres leitores através do box de comentários é a coisa mais legal que tem neste blog. Aprendi várias receitas, dicas, trocamos idéias.. Tudo isso é muito bacana, e só prova uma coisa: quem entende de churrasco aqui, não é o escriba. Somos todos nós.

Não raro, escrevo alguma coisa aqui no blog, e algum leitor me alerta que errei, ou apresenta alguma solução melhor, etc. Tá tudo escrito aqui no blog, leia os comentários, porque eles valem mais do que os posts.

- Vale UM MILHÃO DE REAIS, Lombardi!

Bom, em resumo, meu e-mail tá aí, e todos tem a liberdade de me contactarem. E o fazem. Vocês não imaginam como é reconfortante receber, no meio de um dia duro de trabalho, algum churrasqueiro vindo de algum ponto desse Brasil varonil querendo falar sobre churrasco. Sério, faz o meu dia melhor. E eu não me poupo em responder, por um único motivo: é legal.

Os e-mails que eu troco com os amigos churrasqueiros daqui dão, por si só, posts completos.

E a partir de agora, pretendo trazer alguns destes e-mails à tona. A questão é bem simples: Sempre há, em algum canto deste país, um churrasqueiro em apuros, metido numa enrascada, segurando o choro. E, desde que não esteja mordendo a fronha, é um amigo precisando de ajuda, e devemos ajudá-lo. Sim, nós. A partir de agora, quero convocar os leitores para, juntos, salvarmos nossos colegas churrasqueiros das maiores e mais arrepiantes encrencas.

O próximo post já trará a primeira dúvida, de algum churrasqueiro metido numa cilada, precisando da nossa ajuda.

E se o bicho pegou pro seu lado, a coisa tá preta, mexeram no seu queijo ou o rei está nu, pode contar com a gente. Mande a sua dúvida para danielwalterrodrigues@gmail.com que eu publico aqui e tento ajudar, contando com a enciclopédia itinerante movida a carvão dos leitores deste blog.

Bem-vindos à Perguntas na Grelha.

Receitas de panela: Salmão com batatas

Rapaziada, vou contar uma coisa... esse carnaval foi punk. Ou eu estou ficando velho. Ou as duas coisas: um carnaval punk demais pra um velho como eu.

Resumindo, minha preguiça de pegar trânsito me impediu de viajar neste carnaval, então reunimos os amigos que compartilharam desta preguiça, e uma vez reunidos, chafurdamos na cerveja para não mais sair de dentro dela. Posso dizer que passei o meu carnaval, literalmente submerso no universo cerveja / churrasco.

Tanto que, na quarta-feira de cinzas, eu era apenas um corpo sem alma perambulando pelos cantos, pedindo aos seres das catacumbas que clamassem pela sua vida oferendo a esta alma pútrida uma travessa de salada. Opa, SALADA?????? Ma che??

Tenho que admitir que eu perdi a batalha da quarta-feira de cinzas. Como antes nunca perdera. Acordei, tomei um copo de água, outro, mais outro e mais outro, e não consegui chegar perto da geladeira de cerveja, e muito menos da churrasqueira.

Claro que eu não poderia me entregar à saladinha, mas precisava me alimentar, e carne não ia dar pra comer de novo, não. Precisava de alguma coisa consistente, saudável, gostosa... Mas, que alimento poderia preencher tais requisitos?

Aqui: consistente, saudável, gostosa...

Tá. Levei um ralo da patroa. Fora a Luma, o que poderia ser?

Neste momento, me lembrei do urso marrom. O urso marrom é um cara batuta, malaco lá das ilhas Kodiak (e viva a wikipedia). O bicho passa o dia inteiro com a cara chafurdada no rio à espera do salmão que, mesmo sabendo que o urso vai estar lá, nada rio acima na maior pirambeira, tudo pra sapecar a sardinha na salmoa, encher a água de pequenos filhotes de salmão, e depois morrer. Ou, no caso do encontro com o urso, morrer sem sapecar a sardinha na salmoa. Vida dura, essa de salmão.

Enfim, lembrei do nosso amigo urso, e pensei em chafurdar a cara no rio também. Mas, como moro em São Paulo e os rios por aqui costumam não ser muito bacanas pra se chafurdar a cara, corri até o compre-bem mais próximo da minha casa e voltei com um salmão inteiro e umas batatas.

Adoro comprar peixe inteiro. Só pra assustar o meu filho de 4 anos. Só que dessa vez ele foi esperto, não se assustou, pegou o peixe da minha mão e saiu correndo atrás do cachorro gritando "Buuuu... o peixe vai te pegar!!". Enfim, melhor parar com essa brincadeira, porque deu o maior trabalho recuperar o salmão e a piada não assusta mais ninguém.

Bom, vamos à receita, que dessa vez eu já tou enrolando demais.

O lance é o seguinte, essa receita tá na categoria "Receitas de panela", mas ela não é feita, exatamente, na panela. É feita no forno. Espero que o compreensivo leitor entenda a questão.

O primeiro passo é cuidar das batatas, que depois vão fazer companhia ao salmão dentro do forno. Pra que ela fique bastante macia e gostosa, você deve cozinhá-las. Simples como tirar o peixe de uma criança: Descasque umas 4 batatas, corte cada uma delas em 4 pedaços e bote numa panela com água, e uma quantidade comedida de sal. Enquanto ferve, vamos dar uma atenção ao salmão.

Comprei o peixe inteiro, mas como não sou sushi-man, e não tenho a menor técnica para cortá-lo, peguei uma faca afiada e picotei, de maneira que eu fiquei com 4 grandes pedaços de salmão. Se você for ao mercado e encontrar aquela bandeja com um tecão de salmão, é aquilo. Compre somente a bandeja, ou compre o peixe todo e desmonte ele da maneira que bem entender. Não tire fora a pele do peixe, você vai agradecer pela presença dela mais tarde.

Mexer em peixe cru é meio nojento mesmo, então lave as mãos e abra uma cerveja. Isso vai te fazer bem.

Numa bandeja (ou pirex) grande, jogue uma camadinha de azeite, de maneira que o fundo da bandeja fique coberto com uma fina camada de azeite. Sem ensopar a parada, companheiro. Você está fazendo um prato fino, e não uma sopa oleosa.

Com a pele pra baixo, deposite os pedaços de salmão na bandeja.

O tempero é bem fácil, também. Roube do jardim da sua mãe (ou esposa, ou irmã, ou vizinha) algumas folhas de alecrim. Umas 15 folhinhas já dão um bom agrado. Taque todas num potinho e adicione uma boa golada de azeite. Mais ou menos meia xícara.

Agora jogue lá um pouco de pimenta do reino preta, e sal. Imagine que você vai depositar aquele molho sobre os pedaços de peixe. Então faça as contas para o sal e não deixe o seu salmão ficar parecendo um bacalhau.

Tenho em casa uma pimenta que se chama Pimenta Bode. O nome é terrível e parece uma insanidade jogar algo de bode dentro de uma receita de salmão, mas vai por mim: A pimenta bode não tem nada a ver com o barbicha, e você não vai ficar com uma buchada de salmão no forno. Mas jogue no molho uma bolinha da pimenta, e não picote ela, nem amasse, nada disso. Apenas deixe a pimenta lá que ela faz o trabalho dela.

Voltemos às batatas, que a esta hora, devem estar macias dentro da panela. Espete com um garfo pra conferir. Se estiver macia, desligue o fogo e jogue a água fora. Coloque as batatas na bandeja, viradas pra baixo, de maneira que elas fiquem com a maior superfície possível em contato com o fundo da bandeja.

Agora só falta depositar o molho sobre o peixe. Faça isso. Mas não deixe a pimenta ir junto, você pode jogá-la fora antes. Pimenta é assim mesmo, a gente usa e joga fora mesmo. Sem canalhice, sem remorso, sem coração.

Não precisa espalhar o molho sobre as batatas, apenas sobre o peixe. Quando você colocar no forno, o azeite vai ferver, o tempero vai penetrar no peixe, que vai perder líquidos pra bandeja, que serão absorvidos pela batata. Entendeu?  Sobre as batatas, pode passar uma camada fina de azeite, só pra ter a certeza de que elas ficarão crocantes por fora e macias por dentro (chupa essa manga, mcdonalds!).

Cubra tudo com um papel alumínio e deixe no forno médio por, mais ou menos, umas 4 cervejas. Abra o forno e dê uma olhada no peixe. A carne dele deve estar meio branquela, é um sinal de que ele está ficando assado. Hora de abrir o papel alumínio e deixá-los (os peixes e as batatas) queimarem um pouco por cima. Tome mais umas 3 brejas e retire do forno.

Na hora de servir é fácil, você tira as batatas e põe no prato, tira o peixe e põe no prato. A diferença estará na pele do peixe, que ficou colada na bandeja e vai dar o maior trabalho pra mãe lavar depois. Mas em compensação, o salmão desgruda facinho da pele, e vai inteirinho pro seu prato, sem trabalho e sem desperdício.
UPDATE: A leitora Viviany me alertou, de forma delicadamente ríspida, que eu deveria forrar a bandeja com papel alumínio, assim não deixaria aquela pele de peixe grudada que poderia deixar a sua mãe com muque. Então, faça como ela: forre embaixo da pele do peixe com papel alumínio. Valeu Vivi!
Receita boa pra fazer amigos e influenciar pessoas. Se eu não fosse casado, daria outras dicas a respeito da boa utilização desta iguaria, mas como a patroa lê este blog, prefiro deixar a dica no ar. Pesca quem é bom. Ou quem é urso :-)

Em tempo: Depois de alguma pressão pública, minha prima devolveu a minha máquina, e eu bem que tentei montar um prato bacana pra fotografar. Mas a fome tava grande eu não tenho o menor talento pra decorador de prato. De qualquer maneira, veja com seus próprios olhos.



Rendimento: 1,5kg de salmão deu pra encher 2 buchos, duas vezes e ainda sobrou. Ou seja: rende pacas.
Custo: Acredite, um salmão congelado de 1,5kg custou R$13,90 no compre bem. E nem foi preciso chafurdar a carona na água gelada.
Tempo de preparo: 1 breja na preparação, 6 ou 7 brejas na espera do forno. Sirva feliz.

Receitas de CANA: Como preparar uma caipirinha

Mais uma vez, encontro-me exatamente tal e qual a sexta-feira pré-carnaval de 2009: sentado na cadeira do trabalho, dando a parecer que estaria trabalhando, mas contando malemolemente os últimos 106 minutos que ainda restam até que o verdadeiro grito de carnaval saia da minha alma e adentre a geladeira de cerveja mais próxima.

Geladeira esta que, por infortúnio, encontra-se sem cerveja. Paciência, mas eu encho ela logo, logo...

Dizia eu, que no ano passado, na malemolência pré-carnaval, nada conseguia escrever, e dei uma enrolada básica com algumas dicas pra churrasco de galera, o que mais ocorre no carnaval. Lê lá. Enfim, este ano, pretendo fazer a mesma coisa, já que conto os minutos pra ouvir o barulhinho da primeira cerveja. Barulho este que deve se tornar a verdadeira trilha sonora do meu carnaval.

Aliás, a grande dica deste carnaval é exatamente esta, sobre o álcool e seus excessos, atividades estas às quais devemos nos empenhar e aprofundar com propriedade durante os próximos dias. Vamos falar da cana mais preparada, querida e consumida destes quentes dias de fevereiro: A Caipirinha.

O Jo Soares tem uma teoria sobre o aparecimento da caipirinha muito interessante. Mas, como tudo o que ele faz, foi tão repetida (por ele mesmo) que perdeu a graça. A melhor representação da sua própria piada foi feita no filme "O Xangô de Baker Street", filme bem bacana do gordo. Na tela:
Droga, eu não queria escrever tanto assim, mas não tem no youtube, nem na internet inteira. Malditos direitos autorais. O lance é o seguinte: o sherlock holmes entra com o watson num boteco, e pede uma cachaça. Como tá calor, pede um limão, açucar e gelo pra refrescar. Aí o tiozinho do boteco olha pros dois e comenta com o amigo: "Qual dos dois caipiras inventou essa batida? Foi o caipirão?". O outro responde: "Não, foi o caipirinha", se referindo à baixa estatura do watson. Assim, piada boinha, mas se repetir muito, estraga. Foi o que o Jo fez. Estragou a própria piada.
Continuemos.

Existem dez milhões de receitas de caipirinha, todas elas envolvendo limão, açúcar, gelo e cana. Mas sempre se inventa uma boiolage pra se poder dizer: "A minha caipirinha é a mais foda do mundo". E sempre é, porque a caipirinha é um goró muito bom e fica boa de qualquer jeito. Vou, portanto, lhes contar como faço a minha própria dose de alegria.

Pra um copo razoável, daquele que cabe uma lata de cerveja inteira, use um limão e meio. Pense que o fato de deixar meio limão inutilizado servirá como estímulo para que prepare outra caipirinha posteriormente. Vai por mim.

Corte o limão na metade. Sem descascar nem nada. No máximo, lave o limão. Mas só quando houver alguma mulher por perto, elas detestam quando a gente não lava os vegetais. Ok, corte cada metade do limão novamente na metade. Pensando comigo, você tem 4 pedaços de limão. Bacana, não perca a concentração, corte cada pedaço na metade. Juntando com a outra metade de limão, você deve ter 12 pedacinhos de limão no seu copo. Foda-se a matemática, vai cortando e mete tudo no copo, porque essa batida é feita pra ajudar a gente a PERDER as contas.

Sugiro que não descasque o limão, por dois motivos: o primeiro, é a considerável economia de tempo e recursos que seriam dispensados descascando. E o outro, o mais legal: Pegue um pedaço de casca de limão, e esprema, como se fosse uma espinha. CUIDADO COM O OLHO. Caso contrário, não poderá mais ler este blog, nem ler mais nada. E eu perderei um leitor, coisa que muito me dói na alma e no coração. Bom, espremendo a casca, você notará que ela espirra um líquido, muito cheiroso e meio amargo. É ele que faz uma caipirinha batuta.

O segundo passo é jogar açúcar. Ponha açúcar de monte. Muito, até cobrir todo o limão. Vai por mim, não fica doce demais por conta do suquinho amargo da casca.

Antes de encher de cachaça, pegue o socador e amasse. Faça uma maçaroca daquilo lá. O atrito do açúcar com a casca do limão faz o mesmo efeito que a sua espremida. Com a diferença que o suco amargo e cheiroso se mistura com o caldo do limão e com o açúcar (pelo teclado brasileiro, dá um puta trabalho escrever açúcar, já percebeu? Tou quase escrevendo assucar).

Tá bem amassado, a parada toda virou um caldo? Então encha de cachaça. Ou vodka, embora eu prefira a caipirinha de pinga. Sem a viadage de tirar os pedaços de limão de dentro do copo. Deixa todo mundo lá. A vantagem é que você pode ir completando só com pinga e misturando depois. Pensa pelo lado prático, companheiro.

Agora mexe bem, muito bem. Sem aquela frescurada de meter um copo em cima do outro e bla bla bla. Isso é coisa de barman, e a gente aqui faz goró, e não drinkezinho. Mete uma colher lá dentro, mexe, dá uma lambida na colher e manda pra pia (a colher, não a caipirinha). Lambeu, tá gostoso?

Só jogar ali umas pedras de gelo e correr pro abraço.

PS1: De novo, este post não tem fotos porque a minha prima não devolveu a minha máquina. Vanessa, terceira semana e nada???

PS2: Estou escrevendo num novo blog, sobre futebol. Com o mesmo carinho e preocupação com a moral e os bons costumes que este aqui. É um blog coletivo, então existem outros autores. Meus mal-escritos caracteres estão sempre assinados como "Parmera". Pra quem se interessar, visite o Foot Loser.

Bom carnaval, crianças! Vão pela sombra, bebam toda a cerveja que conseguirem carregar e lembrem-se daquele ditado sobre o cu de bêbado.

Faça sua própria linguiça: A Cuiabana

Começo hoje com uma série que me mete logo de cara em contradição. Isso porque eu havia dito que jamais ia moer carne e encher a tripa, ou seja, no post da linguiça de picanha eu disse que jamais faria minha própria linguiça. Mas eu menti, caros leitores. Menti, e aqui assumo a porção pinóquio deste que vos escreve. Quer saber? Dane-se que eu menti. E se quiser, minto de novo.

- Mentiroso, safado, vagandundo!

O que importa é que a partir de agora, você vai conhecer a fundo a linguiça deste que vos escreve e... pára tudo, que conversa mole é essa?

cabou o post.
...
...
...
cabou, não.

Entremos num acordo: a linguiça não é de ninguém. Diabo de mente suja.

Voltando ao assunto, esta já é a segunda vez que eu preparo linguiça. Mas não quis escrever até então, porque eu errei feio na primeira, e não acho justo escrever quando eu erro feio. Mas pode confiar na receita, que desta vez ficou de fazer a ana maria passar por baixo da mesa, das cadeiras, do tapete, por baixo da porta, por baixo de um tanque de ácido furado, por baixo de uma avalanche de neve, por baixo da tampa da privada.. melhor parar por aqui.

Se você não sabe o que é a linguiça cuiabana, faço um pequeno resumo tipo flash-back aqui e agora:
A Cuiabana, ao contrário do que diz o nome, é um tipo de linguiça tradicional no interior de São Paulo, e não, necessariamente, em Cuiabá. É feita de carne bovina, ervas, leite e queijo, e deve ser consumida fresca (ui!). Já escrevi sobre ela, quando um bom amigo trouxe da região de São José do Rio Preto. Lê aqui que eu espero, vai lá.
Bom, como essa linguiça é tradicional no interior, mas não é aqui na capital, me restaram duas opções para consumir tal iguaria: Meter a cara na estrada, pagar pedágio e comprar a linguiça, ou preparar em casa.

No final de semana passado, saí da cama às 13 horas da manhã, numa ressaca do capeta, mas imbuído da vontade de mandar uma Cuiabana pra dentro. Como a estrada estava fora de cogitação, respirei fundo e tomei a decisão de passar o sábado enchendo linguiça. Literalmente.

Pra fazer linguiça, e isso é comum a qualquer linguiça, a primeira coisa que você precisa ter em mãos é a tripa. E, vou te avisando desde já: tripa é nojento. Se você tem estômago de maricas, corre daqui e pede a linguiça pro açougueiro, isso aqui é para os fortes.

Pensa comigo: A tripa é, sem rodeios nem photoshop, o intestino seco do boi. Intestino, aquele, que durante toda a vida do boi esteve cheio de bosta e peido. E agora, você vai encher de comida. E comer. E achar gostoso. Portanto, todo cuidado é pouco pra lidar com esse verdadeiro saco de bosta.

Aqui em São Paulo, o único lugar que eu conheço que vende tripa seca é o Mercadão Municipal. E lá fui eu, em direção ao centro da cidade, adentrar aquele recinto com toda a cautela que me cabe. Cautela porque o mercadão é o pior lugar do mundo pra você estar, se você gosta de comida. Aquele local maldito tem o poder de influenciar a sua mente, te fazendo uma vontade incontrolável de comprar tudo o que vê pela frente. Pensando nisso, saí de casa com o dinheiro contado pra tripas + metrô.

Bom, comprei um feixe (eles vendem assim, um treco que parece um cacho de bananas, só que de tripas) com uns 5 metros de tripa. Assim, poderia fazer uns 2 metros de cuiabana, e ainda guardar tripa pra fazer mais linguiça em outro momento.

Antes de começar a mexer na tripa, abra uma cerveja. Não passe para a próxima etapa antes de terminar a lata. Você vai me agradecer por isso depois.

O primeiro passo é hidratar a tripa, e é nessa hora que 90% das pessoas desistem de fazer linguiça. O cheiro daquele treco começa a levantar e o nojo é inevitável. Na primeira vez que fiz, deixei as tripas em uma solução de água + vinagre, e minhas mãos ficaram fedendo bosta de boi morto durante semanas. Desta vez, troquei o vinagre por limão. Ajudou bastante.

Li, num livro antigo sobre condimentos, que você deveria esfregar a tripa em caldo de laranja e fubá, até que ela ficasse cheirando laranja. Olha, se a tripa cheirar laranja, tá lindo. Porque da última vez, cheirou bosta de boi morto. Assim sendo, espremi duas laranjas na água com limão, e deixei as tripas de molho, por uma hora. Funcionou lindamente, a tripa ficou mesmo cheirando a laranja.

Enquanto isso, você pode começar a parte boa da coisa, e ir preparando a Cuiabana em si.

Comece pela carne que não deve ser, no todo, moída. A cuiabana é feita de alcatra, que é uma carne bem macia. Se você moer tudo, vai fazer da sua cuiabana uma pasta, e nós não queremos isso. Portanto, de uma peça de 1kg de alcatra, mande moer apenas uns 300g. Bem pouco mesmo. Para o resto da peça, faça como eu: Tenha em mãos uma faca afiada, hipermetropia e muita emoção. O seu objetivo é picotar 700g de carne em cubinhos muito, muito pequenos, do tamanho de um exército do War, sem decepar a ponta do dedo. Feito isso, taque todos os exércitos vermelhos, junto da carne moída numa bacia.

Agora faça o mesmo com o queijo. Picote meio quilo de queijo do tamanho de exércitos do War. Mande os exércitos brancos pra dentro da bacia. O melhor queijo pra fazer a Cuiabana é o tal "queijo meia cura". Ele é mais consistente do que o queijo branco, e não derrete tanto quanto uma mussarela, por exemplo. Vai por mim: 500g de queijo meia cura picotados.

Tamos quase lá. Picota um maço inteiro de salsinha. Não faça serviço porco, não usa salsinha desidratada e não aceite doces de estranhos. Taí um conselho. A salsinha fresca (ui) faz o agrado no tempero.

Pausa pra mais uma cerveja. Embora, eu acredito que você já tomou mais de uma nesse processo.

Agora, picote uns 5 dentes de alho até ficar bem pequeno. Sem essa de jogar aquelas pastas de alho triturado porque aquilo é nojento. Pega o alho, ranca os dentes, tira a casca e picota. Não é hora de ter preguiça.

Dê umas boas pitadas de pimenta do reino. Não precisa exagerar, acho que 1/4 de uma colher de sopa é mais do que suficiente.

Se você gosta de alguma pimenta, hora de picotar e jogar lá dentro. No meu caso, como sou fã da pimenta biquinha, picotei 4 bolinhas dela. Recomendo muito cuidado com a sua pimenta favorita. Não se esqueça de que o legal da cuiabana é a suavidade dos temperos. Não encha uma receita que tem leite e queijo de pimenta.

Pra misturar tudo, você pode dar uma bela golada de azeite extra-virgem. Golada por golada, dê uma de cerveja, e jogue uma de azeite dentro da bacia. Misture com uma colher de pau. Peraí.. O que eu tou falando? Ah, misture com o que você quiser, isso aqui tá parecendo receita da ana maria braga.

Vamos dar um tapa na parte das ervas? Sem duplo sentido porque, crianças... isso é proibido!

Você pode picotar algumas folhas de manjericão fresco (ui, que frescurada nessa receita), e talvez uma sapecada de orégano. Mas não exagere, quem manda na cuiabana é o leite e o queijo.

Tá quase pronto, agora basta jogar meio litro de leite lá. E sem economia porca, compra um leite tipo A e manda pra dentro.

Mistura tudo e o recheio tá pronto. Certamente, você vai sentir vontade de experimentar o recheio cru mesmo. Não passe vontade, coma carne crua e morra de toxoplasmose.

Pra terminar, o último trabalho é, literalmente, encher linguiça. Lembra daquela tripa que a gente deixou no limão e laranja? Pois é... tira da água, liga a torneira e lava, esfrega e enche de água, esvazia, enche de novo, esfrega de novo. Tire toda a sujeira que enxergar e, principalmente, a que não enxergar. Trabalhinho nojento, esse. Mas alguém tem que fazê-lo. E esse alguém é você.

Na hora de encher, recomendo que corte em pedaços de, mais ou menos, 30 centímetros. Assim, pode fazer várias linguiças independentes. Não acho legal fazer linguiça cuiabana muito grande, porque ela tem grandes chances de furar na hora de assar.

O processo de encheção de linguiça é simples, você fazia isso na redação da quinta série, e deve fazer nos relatórios que o teu chefe te pede.

Você dá um nó na ponta da tripa, e encaixa um funil na outra ponta. Com uma colher, vai jogando o recheio pra dentro da tripa. Quando o recheio chegar no alto da tripa, solte do funil e dê outro nó. Simples assim.

Na hora de assar, a cuiabana incha, o leite ferve, queijo derrete, acontece o capeta dentro dela. A última coisa que você pode querer é um furo na sua linguiça (kkkk). Portanto, não encha demais a linguiça. Ela tem que ficar meio mole, meio naquele esquema da pipa do vovô. Aí você pode por a pipa do vovô na churraca, que ela fica feliz.

Pra preparar a cuiabana, basta colocar na churraca sem deixar fogo encostar nela, e virar uma vez só, pra evitar furos.

Mais detalhes sobre a preparação na churraca neste post aqui.
Este post é dedicado a grande amigo Pão, que sempre compartilha dessas maluquices na cozinha, e participou dessa receita, cheirando comigo toda a bosta do boi morto. Além disso, fizemos também uma linguiça de alcatra suína que ficou animal. Mas ela fica pra outro post. 
Este post não tem fotos, pois minha prima viajou pra europa e levou a minha máquina. Já tem duas semanas que ela voltou, mas até agora, nada de devolver. Fica o toque ae, Vanessa :-)

Rendimento: Nossa, isso deu mais de 2,5kg de linguiça. Coisa pra caramba, congele e tenha cuiabana sempre que quiser.
Custo: metrô + tripa, $12. Carne, $15. Leite, $2. Queijo, $15. Gastei 44 reais e tenho 2,5kg. Justo.
Tempo de preparo: 7 brejas na cozinha, 4 brejas na churraca. Sirva bêbado.

Kit Maturatta no twitter!

Churrasqueiros e churrasqueiras!!

Quem se lembra do caso antigo da Maturatta? Se você não lembra, senta que lá vem a história: A gente tava aqui cabreiro se a tal Maturatta era maturada ou não, e ficou todo mundo boiando, mais firme que geléia na boca de banguela, quando de repente o gerente de marketing da Friboi chegou chutando bundas e salvou o dia, confirmando que a carne era sim maturada, e que queria ver quem era macho aqui pra duvidar dele, e que se duvidasse era bom dormir de olho aberto e coisa e tal. Gerente bom, esse. Gosto de gente assim.

Mas vamos lá, o motivo deste post não é, exatamente, o gerente, mas sim, a própria Maturatta.

Fui procurado, hoje, pela agência que cuida do marketchim online da Maturatta. A sagaz garota com quem interagi (limpe estes pensamentos impuros a respeito da moça) me contou que haveria um concurso via Twitter, que iria sortear um kit bacanudo e me pediu uma forcinha pra divulgar.

E como eu sei que os leitores desta espelunca são batutas, espertos e matreiros, logo pensei: bora lá contar pra todo mundo!

E assim procedi, ou melhor, estou procedendo.

O concurso é simples: você segue os caras no twitter http://twitter.com/EuAmoChurrasco.
Ok, eu também amo churrasco, então vamos ao próximo passo.

Agora que você seguiu, basta dar um RT do tweet da promoção que você tá dentro. Amanhã, ao meio dia, na ceilândia em frente ao lote 14 que é pra lá que eu vou [/joao de santo cristo] vai rolar o sorteio.

O kit é esse aqui:

Tem avental pra você não sujar a roupa surrada, 4 pratos pra mulherada (homem come com a mão) e 3 copos shot pra você fazer aquele vira de tequila com os amigos, ficar bêbado e dar trabalho pra família toda.

Se algum leitor daqui ganhar, tou confiando que divida, pelo menos, o shot de tequila comigo.

Ah, e pros mais puritanos: eu não estou ganhando nada da agência e nem da maturatta por isso. Embora não ache uma má idéia o pessoal de lá mandar umas picanhas aqui pra casa.

Gerentão, #fikdik.

UPDATE: A promoção já acabou, ja teve ganhador e se foi daqui, quero o meu shot de tequila. 

Sonho de uma noite de verão

Não, caro leitor. Não é o que você está pensando, e nem o que o título está dizendo. O embrutecido escriba deste mal cuidado boteco não emboiolou-se, e muito menos encarnou a porção lusitana do seu sobrenome utilizando-a para abrir uma padaria. Isto aqui não é uma receita de doce, muito menos de um doce duvidoso com o nome de sonho. Muito embora nós, por aqui, apreciemos muito um açúcar quando, porventura, submetemos nossa corrente sanguínea à exposição maciça ao álcool. Nada disso, isso aqui é um relato de um sonho.

Tal e qual Raulzito, o eterno maluco beleza, preciso lhes dizer que esta noite, eu tive um sonho, de sonhador. Maluco que sou eu sonhei com o dia em que a Terra parou. Não, não, volta tudo. Essa é a letra da música. Mas olha, te conto: no meu sonho, só não parou a Terra, porque todo o resto aconteceu.

Vamos começar com um flash-back, pra você começar a captar as mensagens que o meu cérebro, de maneira bastante fanfarrona e irresponsável, me madou esta noite.

Estávamos eu e a patroa, acomodados no sofá da sala, a acompanhar as notícias do jornal da globo, com william waack e christiane pelajo. Espero que a patroa não leia isto, mas tenho que admitir que, não raro, o decote da âncora se apresentava muito mais interessante do que qualquer notícia.



- Ouvi falar que o pessoal do gato na grelha adora o meu jornal!
- Manda um beijo pra maminha, dona Christiane!

Tentemos deixar de lado a nossa querida apresentadora e voltemos às notícias. Uma das reportagens da noite tratava do nosso folclórico presidente, o cidadão mais alegre, folião e fanfarrão que habita estas maravilhas tropicais, um companheiro que tratamos por presidente, mas chamamos de Lula. Calma que você já vai entender o que ele tem a ver com a história.
Antes, um adendo sobre política: Eu não votei no lula, não pretendo tomar partido sobre ele e muito menos sobre nenhuma posição política ou ideológica, e isso aqui é um blog de churrasco, e não um blog sobre política. Portanto, se pretende continuar a ler este post, esqueça toda a sua valorosa bagagem política e guarde isso pra você, e entenda que neste blog, tirando a ana maria braga, todo mundo é igual e merece ser respeitado. Até o presidente Lula!
Bom, nosso festeiro presidente vestia um macacão da petrobras e inaugurava a primeira usina flex do mundo. Entenda como usina flex aquela que é capaz de operar queimando gás natural, ou álcool. E mesmo que o álcool custe 3x mais do que o gás e cause um sério problema ambiental na sua produção, eles fizeram isso. E o presida tava lá, de capacete no coco e nove dedos na mão; pronto pra apertar o botão que ia fazer a usina inteira operar no álcool. Afinal, tanto nós quando ele, sabemos o que fazer quando o negócio é operar no álcool, não?

Nesse momento, o que me chamou a atenção foi a alegria do homem ao girar a válvula da usina. O presidente, ali, se sentia em casa. Presta atenção, amigo leitor, como o nosso presida se sente sempre muito mais à vontade abrindo válvula, batendo prego e acariciando cabeça de bode do que nos eventos da ONU e representando o país. Mas isso é assunto pra outro post que, certamente, não será escrito aqui.

Ok, o jornal acabou, christiane pelajo foi dormir, assisti lost e também fui. Não com ela. Não toquemos mais neste assunto, a patroa pode não gostar.

Pois aquele que toma cerveja sofre de uma maldição: aquela que nos faz acordar todos os dias às 6 da manhã, só pra aliviar a bexiga, e depois voltar à dormir. Assim aconteceu, acordei às 6, mijei e voltei pra cama. Geralmente, nessa dormida pós-mijada é que eu tenho os sonhos mais bizarros. Vamos direto a ele. Na tela!

Bom, sonho é assim mesmo, a gente não lembra muito os porquês das coisas, mas elas acontecem. Então, entenda que isso aqui não é uma novela do manoel carlos, é um sonho, e bastante disconexo. Feche seus olhos e leia as próximas linhas. Ok, pode deixar um olho aberto, mas vê se finge direito.

Eu estava na frente de uma casa comum, com aquela cara de casa da vó: portão baixinho, muro coberto de paralelepípedo, fusca na garagem... conversando livremente com o Lula. Isso mesmo, eu e o presida. Se coloca no meu lugar, amigo. O que você perguntaria pra ele? Só pensando no esquema do mensalão, eu consigo imaginar um monte delas, mas meu assunto foi um só:

- Taí o nosso presida, o homem que tem um churrasqueiro próprio... E aí, Lula, que tal aquela costela?
Outro adendo: não sei onde está o vídeo hoje, mas se você é um leitor minimamente informado, viu o vídeo onde o churrasqueiro do lula sacava da churraca uma belíssima, belíssima peça de costela bovina. Admito que isso me encheu de água na boca, na época.
Voltamos ao diálogo:

- Daniel, sabe que aquela foi uma baita cagada que eu fiz?
- É mesmo, presida? Por que?
- Porque aquela costela é receita minha, eu só chamei aquele cara pra fazer e isso caiu na mídia. Um saco!
- Olha, e parecia apetitosa! O que tem na tal costela, seu Presidente?
- Ôooo... Marisa!! Traz um pedaço daquela costela pro menino aqui.

E nessa, a dona marisa, a nossa primeira-dama, vinha de dentro da primeira-casa, com uma primeira-bandeja onde continha uma primeira-costela. E eu experimentei. E a costela do lula era simplesmente maravilhosa. Eu não conseguia acreditar como aquela costela que eu conheço tão bem conseguia ficar tão gostosa. Perguntei a ele qual o segredo da costela presidencial:

- Ô, vossa excelência, qual o segredo dessa delícia?
- Seguinte, companheiro blogueiro: A costela tem uma camada de alecrim em cima dela.. O alecrim perde líquido e faz essa camada cremosa no alto da costela.
- Uau, nunca pensei em jogar alecrim na costela bovina!

Bom, experimentei mais alguns pedaços, deu vontade de mijar de novo, eu acordei e não mais sonhei.

Mas ficou a pulga atrás da orelha, na cueca e no rabo do cachorro: Porque diabos alecrim? Não consigo imaginar uma receita de costela de vaca com alecrim.

Algum leitor aí já experimentou?

Mas o que mais me preocupou nem foi isso. Partindo do princípio que os sonhos podem ser avisos do subconsciente para a gente, que diabos fazia um fusca na garagem da casa do presidente?

Ainda bem que tem a christiane pelajo pra me dizer "Boa Noite" daqui a pouquinho :-)

As carvoarias e o trabalho escravo - final

Aqui não tem datena, milton neves nem alborghetti, mas o nosso compromisso é com a verdade. E foi por isso mesmo que fomos lá cutucar o pessoal do Carvão São José, por conta daquela tal lista do trabalho escravo que o Ministério do Trabalho divulgou na internet.

Se você perdeu as cenas dos últimos capítulos, fazemos logo abaixo um resumão da coisa:


  1. Descubro uma lista da MT com empresas pegas com trabalhadores em escravidão;
  2. Acho na lista o nome "Carvão São José", homônimo ao carvão que mais compro pros meus churrascos;
  3. Confiro o CNPJ divulgado com o existente no saco de carvão - não são iguais;
  4. Pergunto ao Carvão São José, aquele que eu costumo comprar, se são eles mesmos;
  5. Recebo a resposta.
Pois é, recebi a resposta do pessoal do Carvão São José. Confesso que me deu um frio na barriga quando o e-mail pingou aqui na minha caixa de entrada. E foi com o focinho baixo que abri a mensagem e comecei a ler o texto.

Foi quando os sinos tocaram, o céu se abriu e abriram-se as portas da esperança: eu recebi a resposta que, honestamente, eu esperava.

A resposta foi rápida e esclarecedora. Trata-se de uma infeliz, muito infeliz coincidência. O Carvão São José que conhecemos nada tem a ver com tal carvoaria homônima e sem-vergonha no que tange o trato com os trabalhadores. O Carvão São José que conhecemos produz seu carvão no interior de SP há mais de 50 anos, e todo o processo que acontece desde a sementinha de eucalipto até a brasa vermelhinha debaixo da nossa carne ocorre dentro do script das coisas mais batutas e bacanas.

Tirando a parte do "debaixo da nossa carne", porque você pode ter lido uma receita de picanha com figo no site da ana maria braga, e aí, amigo... o carvão vale mais que a carne.

Fica aqui nosso mais sincero agradecimento ao José Roberto de Freitas Veríssimo, que nos prestou o devido esclarecimento em nome do Carvão São José.

Fica, também, registrado o nosso alívio. Afinal, Carvão São José, nós gostamos de você.

Abaixo, o e-mail que recebi com a reconfortante resposta:

Daniel,boa tarde


Com certeza,trata-se de uma infeliz coincidencia,pois nossa produção de carvão esta localizada no interior de São Paulo há mais de 50 anos,onde trabalhamos apenas com floresta de eucalipto sustentável e não damos empregos à menores de idade.


Agradecemos a preferencia pelo nosso produto e desculpa pela demora da resposta,um abç



José Roberto de Freitas Veríssimo

Sendo assim, o Repórter na Grelha finaliza mais essa história com um final feliz.

Acesse: www.carvaosaojose.com.br

As carvoarias e o trabalho escravo - 2 parte

Não vou ficar me alongando muito neste post, pois este está aqui apenas pra registrar que, até agora, não obtive nenhuma resposta do pessoal do Carvão São José.

Fico realmente receoso com este silêncio, que me leva a crer que:
1 -  O Fale Conosco do site deles não presta, pois o e-mail chega, e não tem ninguém pra responder;
2 - Os caras não tem uma resposta pra me dar, o que me entristece demais.

Continuo acreditando que se trata de uma infeliz coincidência. Mas, se a empresa não se defende, não sou eu que vou botar a cara a tapa e fazer qualquer tipo de defesa.

A pulga tá atrás da orelha. E no domingão tem o aniversário de 4 anos do meu filhote, com churras em casa. Ainda não decidi se vou comprar carvão são josé ou não.