Resenha de churrascaria vagabunda: Tramontana Grill

Este post foi escrito a 6 mãos, 30 dedos, 3 cabeças e outras coisas que eu nem quero citar aqui. Nesta empreitada, fui honoravelmente acompanhado pelos meus grandes amigos Luiz Caprioli e VinceVader, que meteram os seus cascos na produção desta resenha. Agradecimentos muito especiais pela boa companhia e pela ajuda com a primeira resenha de churrascaria vagabunda.

Dizem que futebol é uma caixinha de surpresas. Não é. Quem inventou essa bobagem não tem a menor idéia do quão surpreendente é a churrascaria que abre esta série. Uma surpresa atrás da outra, um lugar que, definitivamente, foi criado para alegrar os nossos malpassados coraçõezinhos. Vai vendo.

Se você já andou pelo metrô de São Paulo, provavelmente já passou pela estação Praça da Árvore. Pois o que você nem imagina é que logo acima da terra, nas imediações da estação Praça da Árvore, existe um gênio incompreendido, um verdadeiro templo da comida barata, antro da melhor gastronomia popular. Este mestre da culinária responde pelo nome de Tramontana Grill. Vai por mim, quando estiver no metrô, passando pela Praça da Árvore, cancele os seus compromissos, desça do metrô, caminhe pela rua Guaraú até o número 70 e separe $12,90 pra saborear o melhor churrasco que você pode comer com pouco dinheiro.

E a Tramontana Grill não é só excelente enquanto churrascaria, é um verdadeiro espetáculo, um local de diversão e arte. Entrenimento completo pra você pra toda a sua família.

Comecemos esta resenha pelo local. Pequeno, apertado, não tem placa na porta e não tem nada de mais. Mesas simples, toalha surrada, cadeira velha, enfim. Sinceramente, não esperava nada de luxuoso lá.

Sentamos na única mesa disponível, bem no centro da Tramontana, o que, pra quem conhece churrascarias, é uma boa estratégia, porque sempre tem garçom passando. Porém, na nossa mesa sentou-se também um cara, um desconhecido. Provavelmente devido à falta de lugar nas outras mesas. Azar o dele, teve de almoçar ouvindo a gente falar bobagem e comemorar os gols do paraguay. Mas como notei que, eventualmente ele segurava o riso, tudo beleza.

O atendimento foi um show à parte. Nada disso de fingir que você não existe, passar direto pela mesa, nada disso. Sem miséria, serviço 100%. Assim que chegamos, um simpático garçom paraibano veio nos perguntar, com sotaque gaúcho, quais as bebidas que gostaríamos de apreciar. Como não quis beber em horário comercial, pedi um guaraná com gelo e laranja, a melhor combinação de todos os tempos entre frutas e refrigerantes. Aliás, uma característica peculiar do local: todos os garçons, não importa de onde vierem, precisam ter sotaque gaúcho. Se a Tramontana contratar um garçom holandês, ele vai ter que aprender a falar bah, tche, chamar moleque de guri e levar guampo da patroa. O próprio Luiz notou que um dos garçons era barman do Madame Satã, e lá ele não usava sotaque gaúcho.

Isto posto, fomos checar a mesa das saladas. Peguei um prato, entrei na fila e coloquei nele algumas beterrabas. Foi quando eu me perguntei que diabos eu tava fazendo ali e larguei a fila pra lá, uma vez que eu não tinha ido à Tramontana pra comer salada. Pra quem gosta de desperdiçar espaço no estômago com salada em churrascaria, a mesa parecia bem completa, com folhas, verduras e todas as coisas coloridinhas que os nutricionistas dizem que fazem bem. O Vader foi mais saudável e acabou se servindo de alguns vegetais. Segundo ele, a mesa de saladas estava fabulosa, com picles, farofa e cebola aperitivo dignos de um manjar de rei egípcio, seja lá o que isso possa significar numa churracaria. Danem-se os vegetais, estamos aqui pra falar de CARNE.

Voltamos à mesa, e o ótimo atendimento já começou a mostrar os seus sinais. Os refris estavam na mesa, já no copo, excelência total. Porém, o meu guaraná com laranja não era um guaraná com laranja, e sim um guaraná com limão. Ficou ruim pra caramba, mas gostei do toque lúdico. Certamente, a primeira fanfarrice de uma equipe de garçons feita pra divertir você. Lembrei da propaganda da skol e achei redondo rir de mim mesmo. Ri redondo.

Imediatamente, um graçom bahiano com sotaque gaúcho me perguntou se eu queria alcatra. Sim, segurei um pedaço com aquele trequinho que eles deixam na mesa, e o garçom cortou um generoso pedaço pra mim enquanto a peça pingava na toalha. Deve ser pra deixar aquele cheirinho de carne no ar, coisa de gente criativa e solícita. Se meu companheiro Luiz sentisse vontade de comer mais alcatra, podia lamber a mesa. A carne, em si, estava razoável. Acho que a peça estava na mão do garçom há algum tempo, porque estava meio fria e, consequentemente, dura. Mas o sabor estava ótimo, carne bem no ponto, nota 7.

Na sequência, passou um garçom pernambucano com sotaque de gaúcho oferecendo um pedaço de fraldinha. Novamente segurei a carne com o trequinho, novamente pingou na toalha, enfim. Aí fomos surpreendidos novamente , porque a fraldinha estava sensacional. Temperada só com sal, sem nenhuma boiolice, mas muito saborosa. Dou a ela uma nota 9, sem pestanejar.

Depois da fraldinha, o japonês bateu o pênalti no travessão e a churrascaria levantou. Sensacional, acho que todo mundo lá na Tramontana estava com o mesmo sentimento que eu, aquele medo de ter que torcer "tcha, tcha" se algum time oriental ganhasse a copa. Enquanto isso, Vader dava nota 10 pra kafta.

Chegou a hora da picanha, trazida por um garçom alagoano com sotaque gaúcho. Enquanto a peça pingava na toalha, escolhi mais um pedacinho e peguei com o trequinho. Aliás, estávamos em 3 na mesa (fora o tiozinho desconhecido), e só tínhamos 2 trequinhos. Deve ser mais uma fanfarrice dos garçons. "Viu aquele cara pegando a picanha com a mão?", devem comentar os garçons no busão de volta pra casa. Entretenimento interno, coisa de gente alegre.

A picanha estava boa, como deveria ser uma picanha de churrascaria. Eles fazem aquele rolinho, espetam, salgam e deixam na churraca. Ela fica boa sempre. Se uma churracaria errar a picanha, corre dali que tem algum muito errado acontecendo. Nem vou avaliar, porque picanha é sempre nota 10.

Foi quando fomos surpreendidos novamente. Novamente. O gerente, um gaúcho com sotaque gaúcho, veio perguntar pra gente se a carne estava boa, se queríamos mais alguma coisa, se o atendimento estava divertido o bastante. Incrível, jamais imaginei que isso aconteceria num restaurante popular. Pedi mais um guaraná com laranja, o Vader pediu coraçãozinho (que depois se revelou outra iguaria) e o Luiz lembrou que não havia visto costela bovina. Quase pedi um pedaço de pão pra passar na toalha, aquilo devia estar delicioso.

O milagre do atendimento trouxe coraçãozinho enquanto o gerente ainda estava na mesa. 10 no coraçãozinho de frango, 10 no coraçãozinho da gente. Telepatia também é entretenimento. Se é entretenimento, é Tramontana Grill. O garçom rapidamente trouxe o meu guaraná, mas entregou ao Luiz. Definitivamente, não era o meu dia de tomar guaraná com laranja. Sorte que ele é um bom camarada e me devolveu o guaraná, desta vez com a laranja. Se fosse o tiozinho desconhecido, acho que eu ficava sem. Trouxe também um javali, que estava muito bom, nota 8. Tinha um temperinho especial nele, fabuloso.

A costela foi o ponto fraco do dia. Acho que, na tentativa de ser solícito, o gerente mandou tirar a costela antes da hora. Um garçom cearense com sotaque gaúcho trouxe um pedaço generoso, mas que não pingou na mesa, e parecia meio durengo, não tava legal, não. Nota 3.
Aqui temos uma discórdia, pois o Vader deu nota 10 à costela bovina. Ou seja: é loteria. No meio da costela boa, eles colocam uma duranga. Entrenimento é isso aí.
Pois é, se você pensa que acabou, fomos surpreendidos novamente, pela terceira vez. Um garçom maranhense com sotaque gaúcho apareceu com uma belíssima peça de cupim. Mais uma vez, repeti o procedimento com o trequinho e, antes que ele pudesse ir embora, gritei pra quem quisesse ouvir: pega um pedaço dessa porra!

A idéia era apenas comunicar ao Vader e ao Luiz que a carne estava muito boa, mas acho que exagerei um pouco no volume, e assustei o tiozinho desconhecido. Mas não pude me conter, aquele foi um dos melhores cupins que eu já comi na vida. Muito, mas muito melhor do que o meu cupim ao alho, famoso nos churrascos que faço. Macio, saboroso, carne bem molhada e com sal na medida, com uma casquinha por fora. Repeti duas vezes. Uma delícia, levou nota 10.

Enfim, chegou a hora de pagar a conta e levantar dali. Nos dirigimos ao caixa com a comanda na mão, dividimos a conta em 3. O custo final ficou em $17,00 pra cada um, uma bagatela. Preço de banana, mas é carne, que é muito melhor do que banana.

E se você pensa que a fanfarrice termina aí, está muito enganado. Eu pedi um cartão da Tramontana pro cara do caixa, que se assustou e deixou a máquina da Visa cair no chão. Sorte que eu já havia acertado a minha parte, porque a partir daí, ninguém mais pagou com visa. Enquanto isso, outro garçom deixava cair um copo d'água no Vader, acredita? Uma fanfarrice atrás da outra, só pra nos alegrar. E alegres ficamos, 100% de aproveitamento.

Pra finalizar, o site da Tramontana Grill é um espetáculo à parte. O preço tá errado (no site mostra 14,99, mas é 12,99), os garçons da fotos são os mesmos, o logo é o mesmo, mas o ENDEREÇO NÃO É O MESMO. Isso mesmo que você leu: o endereço, localização, mapa no site, fotos do local estão todos errados. Mas os garçons que aparecem na foto trabalham mesmo lá. Isso significa que eu não errei de site, o site que errou de churrascaria. Mais uma trapalhada meticulosamente calculada pra nossa diversão. Pensa que é num lugar, vai no outro. Sensacional, adorei! Deve ser por isso que não tem placa na porta.

Tramontana Grill é um lugar que eu recomendo. O Deitando o Gato na Grelha aprova, bate o carimbo e garante com o selo "ESSA CHURRASCARIA VAGABUNDA É 10".

Tramontana Grill, obrigado por você existir.

Resenha de churrascaria vagabunda

Quem aqui nunca pisou naquele restaurante mequetrefe, aquela pia de porco? Aquele caso clássico, que você entra, se arrepende de ter entrado, tenta fugir, mas sempre aparece aquele garçom solícito que te convence a ficar e degustar aquela comida gordurosa, aquela salada mal-lavada, aquele pão surrado.

Quem nunca passou por uma situação assim que atire o primeiro coliforme.

Por outro lado, sempre tem aquele boteco porco que aparentemente não vale nada, e acaba por lhe proporcionar momentos do mais puro deleite, lhe permite cravar os dentes em iguarias nunca dantes vistas, verdadeiras maravilhas da culinária popular.

- bem passado, no capricho pro cliente da mesa 3!

Pois te cuida Fasano, te cuida Fogo de Chão, porque a partir de agora, este blogueiro, em defesa dos leitores desta esplunca e dos botecos injustiçados deste Brasil varonil, sai em busca das maravilhas encontradas em restaurantes baratos e churrascarias vagabundas mundo afora.

Seja bem-vindo, traga os amigos, limpe os pés antes de entrar e prepara aquele velho e surrado ticket refeição, porque começa aqui a mais nova série deste blog: resenha de churrascaria vagabunda.

PS: Ainda tá valendo a promoção do Kit Maturatta, vai até amanhã, dia 2 de junho! Leia o post anterior!

Quem quer ganhar um KIT MATURATTA?

Adoro o capitalismo. Sério, coisa bacana, acho demais esse lance de trabalhar pra ganhar dinheiro, gastar o dinheiro com coisas, que são feitas por empresas, que empregam as pessoas, que ganham dinheiro pra comprar outras coisas e tal. Enfim, pessoas compram coisas, empresas compram pessoas, e até pessoas compram pessoas.

Aí que você me pergunta que cogumelo eu tomei no café da manhã pra tar filosofando sobre os sistemas econômicos e seu reflexo na concepção moral do inconsciente coletivo da sociedade moderna enquanto constituição civil a essa hora, num dia de jogo do Brasil (vai Brasil sil sil). Pois é, acho que até eu me pergunto que diabos eu tou pensando nisso agora.

Ah, sim, lembrei. Tive uma conversa com um amigo na semana passada, sobre este blog aqui. Ele me perguntou porque eu não usava o blog pra ganhar dinheiro. Disse a ele que não tenho muito interesse em sair enchendo o blog de propaganda, falando bem de produtos que não gosto ou coisa do tipo. Por um motivo muito simples.

Há algum tempo atrás, algum gênio da internet criou o termo monetização de blogs, e a partir desse momento, toda sorte de adolescentes gordinhos cheios de espinha achou que putsqueparius, é só abrir um blog, começar a escrever e ficar rico!!!

Putsqueparius, é só abrir um blog, começar a escrever e ficar rico!!!

Assim procederam, cada nerd se dedicou ao seu blog, abdicando assim da possibilidade de perder a virgindade, produziram conteúdo de qualidade duvidosa e encheram de link patrocinado. Encheram, rebocaram, arrepiaram, chafurdaram cada blog em link patrocinado. Cada linha escrita tinha que encaixar com um "enlarge your penis".

E isso, honestamente, eu não curto não. Acredito muito em link patrocinado, mas não como modelo de negócios pra um blog.

Aí o mais letrado leitor se recorda de Karl Marx e já pensa: esse blogueiro é mesmo um comuna muito do safado.

E eu te digo que NÃO. Não sou comunista, comunistas comem crianças. Você já viu alguma receita de carne de criança aqui? Viu? Mas ainda vou fazer deste blog uma grande fonte de renda. Grande, imensa, de deixar a caixa-forte do tio patinhas no chinelo. Amigo leitor, este blog ainda vai dominar o mundo AAAAHAHAHAHAHAHAHAHA (risada de monstro). Mas não vai ser com link patrocinado, não. Aguardem pelas emoções dos próximos capítulos.

Voltando ao assunto, eu tava mesmo falando do lance do capitalismo, de comprar pessoas, não era mesmo? Pois então, olha que bacana, na quinta-feira da semana passada, recebi aqui na minha casa um presentinho do pessoal da Maturatta (leia-se Swift, que antes era Friboi, enfim, coisas do capitalismo). Na verdade, recebi dois presentinhos, olha que legal.

E foi então que meu amigo me perguntou: "Aí comuna, tá se vendendo é?". E nesse momento eu dei uma nota de 10 pra ele, e comprei o seu sliêncio.

- hay que endurecer

Não, não estou me vendendo, não há nada nisso. O sistema é simples: O pessoal da Maturatta, que já participou por aqui em outros momentos, me deu dois presentes: um pra mim, e outro pra vocês.

Pra você entender o lado capitalista da coisa. A Swift-Friboi-Maturatta chegou pra agência de publicidade e falou "seguinte, tá aqui um milhão de reais e eu quero que você dê um jeito de fazer o pessoal comprar mais carne e fazer mais churrasco". Aí a agência poderia pegar o milhão de reais, e meter um anúncio na Veja. Ou no Faustão, ou bancar a ana maria braga fazendo alguma cagada gastronômica com uma carne no programa matutino. Ou fabricar uns brindes e dar pra blogueiros sortearem entre os seus leitores, e foi essa a opção que eles escolheram.

Assim, fica todo mundo feliz: O Seu Friboi que vendeu mais carne, a agência que ficou amiga de um blogueiro gente fina (há!), o blogueiro que ganhou presente e um feliz leitor do blog que vai ganhar um mimo que vale UM MILHÃO DE REAIS. Sacou?

Bom, essa teoria toda era pra te ensinar como ganhar um fabuloso kit Maturatta aqui no blog: basta escrever qualquer coisa nos comentários. Qualquer coisa, mas usa a cabeça e mantenha o nível das lustrosas mentes dos leitores desta espelunca. Todo mudo que comentar, tá participando. Menos o leitor que não se identificar, esse aí tá na lama, não ganha nada e a gente não vai com a cara. O distinto leitor tem nome? Tá participando. O distinto leitor não tem nome? Não tá participando. O distinto leitor se chama Anônimo? Não tá participando também. Simples assim: tem nome, tá dentro.

Ah, e faltou falar do presente, né? O brinquedo é composto por um avental bacana pra você não sujar a sua camisa do Brasil, e uma geladeira térmica maneiríssima, pra você encher de cerveja e esconder do lado da churrasqueira. Isso vai te evitar aquele trabalho chato de correr na geladeira quando acaba cada breja.

A promoção chama-se Craque do Churrasco (bem a cara da gente, não acha?), o link é esse aqui e o kit você confere aqui. NA TELA:


Esse lance de bater bola na grelha... não sei não. Se no último post já tinha gente achando que o nome do blog era pornográfico, imagina o dessa promoção.

Boa sorte, vou sortear um felizardo antes que o Brasil saia da copa na sexta-feira dessa semana.

Drops de Churrasco - Ed. 3

Tá notando alguma coisa diferente por aqui? Cadê aquele fundo bege feioso? Porque a barra de navegação mudou de lado? E esse menu aqui em cima? E essa vaca-desenho com olhar fixo? Me dá um pedaço desse filé no alho?
Pois é, caro leitor, amigo churrasqueiro de tantas aventuras. Foi-se o tempo em que esse blog era um boteco sujo e mal frequentado. Agora ele é um boteco sujo e mal frequentado, mas pelo menos eu passei um photoshop nele pra parecer melhorzinho. Gostou do novo layout? Espero que sim, porque isso deu um baita trabalho e eu não pretendo mexer nele tão cedo. Sinta-se em casa, o gato continua deitado na grelha, mas agora, de roupa nova.

Vamos ao que interessa, os drops dessa semana:

E aí eu fui visitar uma cliente na semana passada. E alguns dos meus clientes sabem da existência desse blog. E lêem, e depois dão risada comigo. Normal. Mas essa cliente, em especial, fez um comentário que me deixou com a pulga atrás da horta. Ela me falou assim: "Sabe, esses dias eu tava pensando no nome do seu blog. Às vezes eu acho que ele tem um nome meio de filme pornô..". Cacildis, diria o trapalhão fanfarrão. Nunca, nunca tinha pensado nisso. Será que as pessoas entendem o fato de deitar o gato na grelha como posicionar um cara bonito sobre garota para ato libidinoso? Não, gente, pelamordedeus. A expressão "deitar o gato na grelha" é apenas um convite mais informal para um churrasco, uma expressão que eu sempre usei, muito antes de começar o blog.
- Ô malandro, bora lá deitar um gato na grelha lá de casa?
- Demorô.
Simples assim, uai. Mas achei engraçado, de qualquer maneira.

E tá passando essa copa na África aí, e me lembrei de uma história que eu ouvi. Uma prima e o marido dela foram pra África no começo desse ano, e particiaram de alguns churrascos lá. Disseram que se come muito bem por lá, eles fazem o churrasco sobre ripas de madeira, o que fica mega bom, mas tem um costume que achei bastante bizarro. Lá não tem dessas, que todo mundo compartilha comida e tal, como fazemos aqui. Funciona assim, tem um cara que é o churrasqueiro (como aqui, ok), e cada um leva a sua carne, entrega pro churrasqueiro e fica esperando. Aí o cara prepara a sua carne e serve a você. Prepara a carne do vizinho e serve a ele. Ou seja, se você levar lnguiça (kkk), só vai comer linguiça, mas se levar costela, só vai comer costela. Bem esquisito, não acham? Po, uma das coisas mais bacanas do churrasco é a coisa de compartilhar a comida, um lance meio instinto animal. Fora que o churrasqueiro se dá mal, porque não pode ficar roubando pedacinhos de carne. Só se ele levar a dele :-(

No post anterior, eu escrevi "merda". Um palavrão. Mas que puta cara mal-educado que eu sou. Enfim, isso te ofendeu? Espero que não tenha a sensibilidade de uma fada-madrinha, uma branca de neve ou um pokemon pouco evoluído, a ponto de achar que eu devo economizar palavras por aqui. Pois é, mas essa semana eu fui repreendido. Mais do que isso, fui reprovado. Explico: existem sites que são agregadores de links, ou seja, o site em si não tem conteúdo nenhum, mas blogs diversos enviam seus conteúdos pra lá. Pro cara, é uma maneira de ter conteúdo, encher aquela porcaria de propaganda e fazer a roda dele girar. Pros blogs, é uma maneira de atrair algumas visitas. Não acho um modelo muito bacana, mas essa semana resolvi enviar um post meu pra um destes agregadores de conteúdo. Mandei o link do último post, da picanha invertida. Pois não é que o post foi reprovado? Motivo: conteúdo de baixo calão.
O cidadão não se deu ao trabalho de ler o contexto do post, e entender porque eu escrevi "merda" ali. Inconformado com a breguice do cara que não tem conteúdo, resolvi mandar um e-mail pra ele, pedindo educadamente que lesse o post e entendesse que eu não estava ali xingando ninguém, nem mandando um palavrão da janela de casa. Tinha um contexto poético (kkk). A resposta dele foi bastante vaga e contendo algo como "eu já fiz teatro e bla bla bla, mas seu post tá reprovado". No final, desisti e me deixa aqui feliz com toda a pouca educação que a minha mãe me deu. Ou deveria ter dado. Quer saber? Amigô, tô cagando pra você e pro seu agregador de conteúdo alheio. #prontofalei.

É isso aí, pe-pessoal. Espero que tenham gostado do novo layout. Críticas, sugestões e doações em milhões de dólares para o e-mail danielwalterrodrigues@gmail.com

Como preparar uma picanha invertida, um espetáculo em qualquer churrasco

Merda.

Não, caro leitor. Não estou lamentando a escalação do dunga, nem escolhendo meu candidato para as próximas eleições, e nem tampouco dei uma topada na quina da cama. Até porque, eu estou escrevendo aqui agora, e não creio que seja uma boa prática digitar andando pela casa.

Merda, segundo o gooooooogle, é uma expressão muito utilizada entre artistas de teatro. Fanfarrões, os atores costumam desejar "merda" uns aos outros antes de entrarem em cena, visivelmente camuflando uma vontade iminente de que o companheiro de cena perca um dente, peide em cena ou simplesmente esqueça o texto. Atores gostam disso, sempre faz sucesso depois, nas cenas dos bastidores. Taí o video show que não nos deixa mentir.

Mas que diabos tem a ver esse negócio de merda tem a ver com o nosso combalido Gato na Grelha?

Simples, caro leitor. Eu, o escriba desta merda deste surrado pergaminho, estou lhe desejando MERDA. Muita merda.

Desejo-lhe merda, porque daqui pra frente, o artista é você. Pode liberando esse seu lado toni ramos, pode encarnar a ana maria braga (piada pronta, isso), vista a sua roupa de Freddie Mercury, e tenha parcimônia pra não sair do armário, porque essa carne que vamos fazer aqui é capaz de te colocar nos mais altos patamares da moral que um churrasqueiro pode atingir com a sua platéia.

A picanha invertida é assim: algum afortunado virou uma picanha como uma meia, encheu de coisa dentro, costurou a boquinha dela e mandou pra grelha. Consegue visualizar?

Isso, faça aí o seu exercício de imaginação. Vá imaginando as coisas que eu vou te contando aqui, ok?

Feche os olhos e imagine a Luma de Oliveira pelada, esqueça a picanha e nunca mais abra os olhos.

Abre.
Aaaaaabre.
AAAAABREEEEEEEEE!!!!!
Amigo, sei que a Luma é uma delícia, muito mais gostosa do que qualquer picanha, mas se você não abrir os olhos, não vai conseguir ler o resto da receita, entendeu?

Tá enxergando? Posso continuar? Limpa a remela do canto do olho.

Então, começamos analisando a peça de picanha. Pra fazer essa receita, você não pode usar qualquer picanha não. Ao longo da receita, vou explicando porque. Por enquanto, entenda apenas que a picanha não pode ser muito pequena (menos de 1kg), nem ter muita gordura, e muito menos sujeira na contra-capa. Não sabe o que é sujeira na contra-capa? São aqueles nervos na parte de trás dela.

Ok, de picanha na mão, hora de meter a mão na massa.

O primeiro passo é limpar a picanha. Tire o máximo que puder da capa de gordura da picanha. Normalmente, as picanhas com uma boa capa são bem vindas, mas dessa vez, recomendo deixá-la mais magrinha. Pegue uma faca, cuidado com essa mão e vai retirando lascas da gordura. Ao contrário da Luma, você não deve deixar a picanha pelada, apenas retire o excesso. Um pouco de gordurinha vai fazer bem.

Se você é meio louco como eu, guarde essas lascas de gordura pra fazer linguiça posteriormente. Se você é louco inteiro, pode botar a gordura na grelha, esperar ficar douradinha e mandar a sua coronária pras cucuias. Se você é muito louco mesmo, misture chantilly, uva passa e maionese e saboreie na cozinha da ana maria braga.

- menina, sente o cheirinho dessa gororoba!

Isso mesmo, dona ana. Vai já pra baixo da mesa que a receita aqui é bruta.

Enfim, você tirou bem a gordura da picanha, certo? Ok, vire ela do outro lado, e certifique-se de que ela está limpa. Mas a picanha nem caiu no chão, pergunta-se o auspicioso leitor. Não, amigo, ela não precisa cair na lama e nem andar na boca do cachorro pra estar suja. Se ela tiver nervos, membranas e afins, tá suja. Larga de preguiça, afia a faca e começa a retirar essa caca toda. Isso tudo vai deixar a sua picanha dura. E você não quer servir uma picanha dura num churrasco, quer? Eu não quero, e não quero que você queira. Então engole esse choro e limpa logo esse negócio.

Beleza, de picanha limpa e magra, deite ela na tábua. A sua missão é fazer um corte nela, paralelo à gordura. Difícil explicar sem fotos, porque eu não tirei fotos, pra variar. Então vou ter que improvisar, sente o cheiro de photoshop chegando:

recomendo substituir a tesoura por uma faca.
no photoshop, foi o que deu pra fazer.

O lance é o seguinte, você mete a faca no bucho da picanha, e vai abrindo o corte por dentro. A picanha tem que fica como um envolope, mas tome muito, muito cuidado pra não rasgar as laterais e nem o bico. Use toda a sensibilidade que ouvir Love of My Life na adolescência lhe deu e chegue o mais próximo possível das extremidades, mas sem rasgar a picanha. Se rasgar, esquece que vai dar merda. Não no sentido da sorte, no sentido da merda mesmo.

A picanha vai ficar parecendo uma luva daquelas de cozinha. Aquela, que a gente usa pra tirar as coisas do forno.

E, já que ficou uma luva, meta a mão dentro dela. Isso mesmo, experimente e veja se serve na sua mão.

No meu caso, a mão de raquete do garotão aqui não deu, não. Tive que chamar a patroa e pedir a ela que emprestasse sua doce e delicada mãozinha pra enfiar dentro da picanha. Exatamente por isso que a picanha não pode ser pequena. Senão sua mão não cabe dentro dela. Ou você tem mãozinha do mickey, ou vai ter que comprar uma picanha de mais de 1kg. Vai no açougue, mede a picanha, compara com o tamanho da mão e compra uma decente.

Legal, uma vez que a picanha serviu, literalmente, como uma luva, começa a parte mais difícil: virar a bicha do avesso. O plano é o seguinte: um mete a mão dentro da picanha e tenta trazer o bico dela, enquanto outro empurra o bico pra dentro. Como virar uma meia, com a diferença que você não come a sua meia depois de virar. Pelo menos é o que eu espero.

Assim que o bico entrar, venha virando a picanha com cuidado, bem devagar. Não tenha pressa e não seja um ogro, pois a carne pode ter algum ponto mais frágil nas laterais, e rasgar. Aí, dá merda, conforme explicações anteriores.

na hora de virar, deixamos algum ponto mais frágil na lateral.
na hora abrir, rasgou e o queijo fugiu. Dane-se, ficou bom assim mesmo :-)

Agora tá fácil, você deve recheá-la. Você pode enfiar o que quiser dentro da picanha (não, necessariamente, o que quiser, mente suja do capeta). Recomendo seriamente queijo provolone cortado em cubinhos, com bacon e um pouco de orégano. Mas já vi gente que coloca pimentão, cebola, farofa, enfim, um monte de coisa. Minha próxima receita vai ser com catupiry e ervas. Ou seja: use a imaginação. Se você não tem imaginação, encha a picanha com provolone e bacon que funciona. Não precisa lotar a picanha, senão vai vazar e fazer lambança. Encha, mas seja comedido. No caso do provolone, nem precisei colocar sal, pois o queijo já é bastante salgado. Se usar coisas sem sal, salgue as coisas.

Chama a vó aí.

Hora da costura. Para que aquele recheio todo não vaze, você precisa dar um jeito de costurar a boca da picanha. Não me venha com essa história de que não sabe cozinhar. Eu sei. E sabe porque eu sei? Porque no meu tempo as camisas de futebol não vinham com os números impressos nas costas, como hoje. A gente tinha que comprar o número na papelaria, e costurar na marra. E como minha mãe não era, exatamente, uma serzideira, ela ignorava meus pedidos e se eu quisesse jogar com um número nas costas, tinha que me virar. Assim aprendi que espetar o dedão dói, descobri que tenho hipermetropia e, por fim, aprendi a fazer uns pontos porcos que prendiam o número na camisa, e agora prendem o recheio dentro da picanha.

Tal e qual o 10 nas costas do artilheiro, costure a boca da picanha. Uns 6 pontos já são suficientes, nem precisa ser muito bem feito. Como na famosa macumba, lembre-se daquele chefe chato, e pense que tá costurando o nome dele na boca do sapo.

A picanha tá quase pronta pra ir pra churraca. Na verdade, se você é ansioso e não acha ruim o velho ditado que diz que o apressado come cru (CRU, mente suja), manda ela pro fogo. Se você quer dar um agrado nela, esprema uns dentes de alho e passe por fora na gordinha (sim, ela fica gordinha, parece um bebezinho).

Ah, é interessante passar um pouco de sal grosso por fora dela.

Deixa na churraca, perto do calor, e sem deixar que as chamas encostem nela e abre uma breja. Mais outra. E mais outra. Pronto, se a tua churraca é quente e funciona direito, tá na hora de tirar.

Pra experimentar, retire um pedacinho do bico tomando cuidado pra não chegar no recheio, e veja a cor da carne. Se estiver muito vermelha, volte pra churraca. Essa carne não é legal malpassada, não.

Ok, se a cor estiver legal, retire, fatie e manda bala. Nesse momento, abrem-se as cortinas e começa o espetáculo. A picanha invertida te faz artista.

tá duvidando? dá uma olhada nisso.
não dá vontade de bater palmas pra ela?

Duas histórias engraçadas sobre a picanha invertida:


  1. Tenho um filho de 4 anos, que adora me acompanhar nos churras, prepara as carnes comigo, maior barato. No dia da picanha invertida, ele foi comigo no açougue, ajudou a escolher a peça, queria saber como fazia, a coisa toda. Na volta do açougue, ele começa a rir sozinho no carro. Perguntei qual era a graça, ele falou: "Pai, legal esse negócio de picanha DIVERTIDA!" hehehe. Aqui em casa a receita mudou de nome, chama-se agora Picanha Divertida.
  2. Minha prima, e melhor cliente da churrascaria lá de casa, me decepcionou. Disse que a picanha invertida ficou com gosto de pano de chão. Fila da mãe, pode deixar que eu vou aprontar uma pra ela no próximo churrasco. Se alguém tiver uma boa idéia de vingança, agradeço.
  3. Semana passada, estive em Penápolis, cidade da saborosa Sabrina Sato, e da respeitável família de uma amiga nossa. Fizemos a picanha invertida juntos, a N mãos, maior barato. Ficou todo mundo tão pilhado com a picanha, que quando ela saiu, o amigo que estava cortando a carne teve que desviar dos dedos na tábua, de tanto que o pessoal voou pra cima da picanha. Foi a primeira vez que eu vi uma peça inteira de picanha sumir em menos de 4 minutos. Taí a foto pra provar:

sente o enxame pra cima da picanha


Tempo de preparo: 2 breja na cozinha, 3 na churraca. Sirva feliz.
Custo: meio carinho, $30 da picanha e mais $10 do queijo. Mas vale a pena.
Rendimento: complicado, porque o pessoal acaba comendo mais do que comeria normalmente. Serve bem umas 5 pessoas. Mas sempre pode aparecer aquela prima magrinha que se revela uma ogra e come tudo sozinha.

Receitas dos leitores: Tainha assada com farofa de camarão

Começamos este post com uma constatação fatal: todo mundo tem pai. Você pode não conhecer o seu pai, ou pode ser que ele já não esteja mais por este mundo. Ou sei lá, pode ser que você tenha pai, ele esteja vivo, mas você não goste dele. Ou ele não goste de você. Mas a verdade é: todo mundo tem pai. Alguém, um dia, convenceu a sua mãe de que seria um bom negócio realizar a cópula, assim procedeu, e olha só: você nasceu.

Pois é, eu também tenho pai. Eu conheço ele. E ele tá vivo. E eu gosto dele. E acredito até que ele goste de mim :-)

E meu pai, além de um cara batuta, gente da mais alta camaradagem no que tange árvores genealógicas, é um excelente cozinheiro, o que já foi demonstrado no post das alheiras. O que é muito lucrativo para mim, pois ele é um verdadeiro mestre na arte de cozinhar frutos do mar, o que não é a minha especialidade. Assim, qualquer visitinha à casa dele no litoral (pai caiçara, é mole?) sempre se transforma naquela tradicional lambança gastronômica, do jeito que a gente gosta, pra ficar refestelado. Aqui eu faço churrasco, lá ele faz peixe e assim caminha a humanidade, cozinhando formiga e comendo com vontade.

E eis que meu pai me conta, dias atrás, que fizera uma fabulosa tainha, e que escreveria a receita para ser postada neste blog. O que me fez encher a fralda, rechear a ceroula, borrar a sunga mesmo. Isso porque eu conheço bem a qualidade literária dos textos do meu pai, e temeroso pela possibilidade de gostarem muito mais da receita dele, do que das minhas, procurei fingir de morto, torcendo para que a internet nunca entregasse o e-mail dele, contendo a receita. Mas a internet é essa coisa louca, cheia de miguxo, caninha e ruth lemos (joga no google, beibê), e, pasmem: ela entrega e-mails. E entregou o email do meu pai, que reproduzo aqui.

Os leitores deste blog estão terminantemente proibidos de gostar mais da receita do meu pai do que da minha, ok?

"Estava procurando por alguma novidade que pudesse enriquecer o meu cardápio de especialista em frutos do mar. Enquanto o meu prezado filho adotou a churrasqueira eu procurei outros caminhos que me apeteciam mais.


Em tempo, sou o pai do prezado articulista criador deste blog. Já fui citado no artigo sobre as alheiras e desta vez decidi escrever o meu artigo.
Iniciei a minha peregrinação nas peixarias da ponta da praia em Santos. Não que eu faça publicidade de ninguém, mas é onde tenho o habito de procurar as minhas delícias do mar. Entre polvos, lulas, mariscos e outros seres das profundezas resolvi inventar um assado especial e levei uma tainha de cerca de 1,5 Kg e mais 1/2Kg de camarão que rendeu mais ou menos umas 300 g depois de limpo.


O prato que imaginei fazer é parecido com o peixe que comi em Florianópolis no começo deste ano, num restaurante muito simpático que fica bem ao sul da ilha e onde o publico costuma deixar suas impressões em bilhetinhos colados nas paredes. O prato estava fantástico e além disso estávamos sentados ao lado de uma mesa cheia de argentinos, o que nos dava a chance de contar, em voz bem alta, varias piadas.... de russo ! foi uma noite muito saborosa e divertida !


Mas falando do meu peixe, primeiramente temperei a tainha com sal, alho, azeite extra virgem e algumas gotas de limão. Esfreguei uns 5 dentes de alho moído por toda o peixe, por dentro e por fora, apliquei o sal e bastante azeite por cima e deixei que ficasse pegando gosto enquanto preparava a farofa de camarão.


Essa dita farofa é feita à partir de um refogadinho de camarão engrossado com farinha de milho.


Peguei dois tomates picados, um pouco mais de alho moído, cerca de um dente, uma cebola de tamanho médio picada no processador de alimentos, um punhado de salsinha também picada à mão, um punhado de azeitonas sem caroço, dessas que se compra em conserva e pouco mais de meio dedo de moça. ( não vá cometer nenhuma violência doméstica ! ) é aquela pimenta vermelha que mantemos conservada em vinagre.


Ponha mais ou menos meia xícara de azeite extra virgem no fundo da panela e quando estiver quente acrescente a cebola com o alho, a pimenta, as azeitonas e depois que tiver refogado um pouquinho, junte o camarão, a salsinha e o tomate picado com um pouco de agua. Deixe cozinhar até que o camarão esteja no ponto. Eu costumo esperar cerca de trinta minutos. Quando o camarão estiver bem cozido acrescente uma xícara de farinha de milho ou um pouco mais, até pegar o ponto.


Nesse meio tempo dê uma ligada no forno para ir esquentando e quando o recheio estiver pronto, deite o peixe numa travessa de metal e coloque a farofa na barriga do dito cujo. O que não couber fica por fora mesmo. O peixe deverá ir ao forno e assar por mais ou menos uns 20 a 25 minutos. Consuma quantas latinhas você achar que precisa para essa tarefa.
Como eu não tomo cerveja, sou um tipo meio jurássico, do tempo que se fazia churrasco com picanha de dinossauro, aguardei que tudo fosse para a mesa e degustei a minha proeza culinária acompanhada de uma garrafa de vinho branco “Frascatti” bem gelado.


Achei que ficou tão bom que resolvi compartilhar minha criação com os leitores deste renomado blog, com permissão do seu criador. Espero que vocês gostem.
Renato Rodrigues Fº"

Salmão na grelha

Quando eu comecei a escrever nessa espelunca, eu nunca imaginei que um dia levaria isso a sério. Na verdade, até hoje eu não levo, mas pelo menos me preocupo um pouco mais com a total, irrestrita e absoluta falta de qualidade das coisas que escrevo aqui, procuro receitas novas, enfim. Comecei a escrever aqui despretensiosamente, e alguns incautos, para a minha surpresa, decidiram que seria uma boa idéia ler estas porcarias. Então me vi obrigado a tomar vergonha na cara, buscando me informar para que pelo menos pareça que eu entendo do que estou escrevendo.

Com isso, acabei encontrando vários blogs e sites bacanas internet afora. Um deles é o Mesa pra 1. A receita de bolo deles é parecida com a nossa: macho na cozinha, fazendo comida boa e falando merda. A gente sabe que isso funciona. Homem escrevendo merda de um lado da tela, homem lendo merda do outro. Entre uma breja e outra, assim vamos indo em direção à derrocada. Enfim, como a direção da derrocada é nossa via de mão única, certa vez encontrei uma receita por lá que me animou muito, e decidi fazê-la, e aqui reproduzo com uma fidelidade malúfica.

A diferença entre os dois blogs é que neste aqui, eu enrolo, enrolo e enrolo parágrafos e mais parágrafos (tá vendo como é fácil enrolar?) pra postar uma receita que poderia ser descrita em 5 linhas, e lá eles metem a mão na massa mesmo. Gente que faz. Em tempo real, ao vivo e à cores, com uma câmera na mão e uma cerveja na cabeça lá vão eles filmando pataquadas gastronômicas e recheando o youtube com uma turminha muito louca aprontando altas receitas numa cozinha do barulho. Sério, o blog é legal, já passei o link, vai lá que eu espero.

...
...
...

acho que o pessoal gostou mais do mesa pra 1

...
...
#jascakszxcz xz @#$#!%ˆ$
...
...
...

voltou? ufa, então vamos à receita.

O esquema é muito simples, e faz o salmão, que já é um peixe muito saboroso (taí o urso marrom, malaco da ilha kodiak, que não deixa a gente mentir), ficar ainda melhor. E não é só simples, não. O esquema é roots, coisa de gente rude, de sola dura e calcanhar rachado. Sem essa de garbo e elegância, se você chora na novela ou passa ppt de paisagem, sai desse corpo que não te pertence, prepara o capitão nascimento que existe dentro de você e TRAZ O SACO AGORA!

O lance é que você deve ter adquirido anteriormente, um belíssimo filé de salmão. Não recomendo disputá-lo na beira da pirambeira com o urso marrom, nem navegar pelos mares da noruega em busca do salmão perfeito. Muito mais fácil conferir comigo que salmão bom é salmão morto, dar um pulo num mercado e comprar uma bunda de salmão fresca, por mais que possamos estranhar essa coisa de bunda fresca. E a bunda do salmão só tá fresca quando tá firme (ai, a luma de oliveira...) e larnja escuro. Fica atento, se o peixeiro te passar um salmão laranja meio branquelo, que parecer meio mole, dá-lhe logo um pescotapa e se manda dali porque esse salmão tá velho.

Beleza, de salmão em punhos, TRAZ O SACO SENHOR ZERO UM e mete o peixoto lá dentro. Pode ser um saco de freezer, saco de pão, saco de lixo, o que você quiser. Apenas se certifique de que o saco não vai vazar, porque além do salmão, você ainda vai jogar mais algumas coisas lá dentro.

E, pra que o salmão não se sinta um peixe fora dágua, você deve colocar ali alguma coisa pra ele nadar. A coisa, no caso, é o mundialmente conhecido molho soyu. Deposite no saco um monte, um copo, uma lata, bastante molho shoyu. O salmão agradece.

Como sabemos neste blog que uma andorinha só não faz verão, sabemos que o salmão não pode ficar ali sozinho, boiando alegremente naquela piscina de shoyu, não? Pois lance mão de toda a cebola que você conseguir carregar. Vai na fé, pra meio quilo de salmão, você pode picotar umas 3 cebolas.

Picotar, não. Corte em rodelas, e eu espero que você saiba como fazer isso. Não vou ensinar marmanjo a descascar a cebola, posicionar na tábua, fazer cortes paralelos e desmontar com as mãos. Não vou mesmo. Enfim, o sabichão aí já deve estar imaginando que a cebola deve IR PRO SACO TAMBÉM. Desse jeito mesmo, com agressividade, macheza e virilidade.

Cebola no shoyu, cebola no olho e a essa hora já tem salmão chorando dentro do saco, certo? Pois então, pra acabar com essa tristeza, nada como uma musiquinha pra alegrar o ambiente, não acha?

Pra animar, pode preparando as suas maracas e o bigodón, que chegou a hora de muito merengue e SALSA, maricón. Isso, picote um maço inteiro de salsinha e MANDA PRO SACO E CADÊ O BAIANO???? Cadê o baiano? Boa, manda lá pra dentro duas pimentas baianinhas, sem picotar nem nada.

Agora que tá todo mundo animado, na maior agitação, hora da sacanagem. Você dá um nó na ponta do saco e deixa a putaria comer solta lá dentro. Pode chacoalhar, pode mexer, pode fazer essa galera balançar o esqueleto na festa que rola dentro do seu saco. O do peixe, claro.

Tamo quase lá. Abre a geladeira, deposita o saco lá dentro e vai acender a churrasqueira. Já te falei pra abrir uma cerveja? Não? Então tá esperando o que, criatura? Aproveita a geladeira aberta e saca uma latinha agora mesmo.

Deixa o saco lá dentro da geladeira, enquanto você acende a churraca e tal. Isso vai demorar uns 15, 20 minutos, dependendo da sua destreza para com as atividades pirotécnicas.

Quando você conseguir acender a churraca e terminar a cerveja, a coisa já deve estar no ponto lá no saco. Agora você abre o saco e procura o salmão lá dentro. Com a mão mesmo, larga de nojinho. Posiciona o peixoto sobre a grelha, com a pele pra baixo, o que parece óbvio, mas sempre é bom avisar.

Agora é bacana: pega toda aquela maçaroca de cebola e salsa, devidamente embriagados de shoyu, e deposite cuidadosamente sobre o salmão. O resultado será surpreendente.

Abra outra breja, e mais outra. A essa hora, o peixe deve estar ficando bom. Você percebe que ele tá bacana quando a pele fica mais durinha, e a carne do salmão começa a fica mais branca. Como salmão é um peixe que se come cru (favor não confundir, mente suja), não tem muito essa de ponto, não. Olha pra ele, gostou? tira. Ele não fica seco, porque tem um monte de salsa e cebola molhadas em cima dele, e fica gostoso mesmo se você tirar antes da hora.

Na hora de tirar, recomendo uma espátula. Você mete a espátula entre a pele e a carne, elas se soltam facinho, você taca o peixe na tábua, dá um garfo pra cada um e come-se assim, no esquema pia de porco, mesmo.

Dica: o shoyu já tem sal, não seja besta e tira esse ajinomoto daí.

O vídeo da receita feito pelo pessoal do Mesa pra 1 é bem legal, clica aqui que eu não vou dar um embed assim, na cara dura. Já chupinhei a receita deles, uai.

Rendimento: 500g de peixe dá pra umas 2 ou 3 pessoas. Mas recomendo um camarãozinho pra ajudar.
Custo: 500g custaram R$11,00, mas acho que você pode encontrar mais barato, depende muito da sua localização geográfica.
Tempo de preparo: 1 breja na cozinha, 2 ou 3 na churraca. Você vai precisar de mais umas latinhas pra servir feliz.

Drops de Churrasco - Ed. 2

Lá vamos nós pra mais uma edição dessa catástrofe literária chamada deitando o gato na grelha. Acerte o seu aí que eu arredondo o meu aqui, segura no apito do árbitro que vai começar a peleja, e te prepara que nós vamos chutar pra cima de você informações rápidas e diretas, acerca do cotidiano sem sal, sem açúcar e sem escúpulos desse mundo do churrasco e demais iguarias.

E por falar em chutar, lá chegou o Dunga chutando bunda de vaca (opa, aí não), chutando o pau da barraca, chutando o balde e chutando pra longe a chance da gente se divertir durante a copa. Olha, acho que nem o lazaroni foi capaz de convocar uma seleção tão cheia de jogadorzinho pereba. Fuja da bicuda, amigo churrasqueiro, e te prepara pra caprichar no churrasco durante os jogos, porque alguma coisa aí tem que ficar boa, e não vai ser o futebol.
Praticamente uma pegadinha do mallandro. Isso me lembrou da vez que o Sergio mallandro me perguntou uma informação na rua, mas isso é pra outro post.

E, já que estamos falando de seleção, tá fazendo o maior fordúncio aí a propaganda da seara com o neymar, o robinho e o ganso. Tá, a coreografia é ok, a música é legal, bla bla bla. Mas eu espero ansiosamente que o caríssimo, letrado e versado leitor tenha atentado para pequenos fatores que, pra mim, fazem desta uma das mais cagadas invenções que os nossos criativos e inventivos publicitários já vomitaram da telinha da tv para a sala da nossa casa. Pensa comigo: Temos ali 3 jogadores de futebol com uma camisa do Brasil. Porém, só um deles está convocado #FAIL. Estou, até agora, tentando imaginar que cacetas fazem 3 marmanjos na televisão fazendo coreografia de uma música chamada single LADIES numa propaganda de linguiça????? Será que os meninos da vila se deram conta do mico? Parece que sim, note a cara de constrangido do Ganso ao longo do comercial, só no sorriso amarelo. Shame on you, nizan guanaes!!!!

Ontem eu inventei uma verdadeira gambiarra. Uma gambiarra que deu certo e, então, foi promovida a invento. Agora, além de palmeirense, churrasqueiro e blogueiro, eu sou também inventor. Chique demais. Mas pra que serve essa invenção? Uma das carnes que eu mais gosto é a costela bovina. Acho que é a carne que eu mais gosto, mas prefiro não falar alto assim porque as outras carnes também têm coração. Inclusive o coração. Só a costela que não tem coração, porque a costela tem osso. Assim como o ofício, que tem o osso do ofício. Não confundir com orifício. Mas o que tem a ver o orifício com o invento? Melhor começar de novo.



Ontem eu inventei uma gambiarra bacana. Eu gosto muito de costela, e já tinha feito de duas maneiras. Uma no celofane, que funciona muito bem. Outra direto no fogo, que funciona bem, mas depende de vários fatores, e nem sempre eu tenho isso na minha churraca. Isso porque eu fui uma anta na hora de escolher a localização dela, mas isso não vem ao caso. Afinal, eu sou o inteligentão que inventou uma parada aqui, rapaziada. Mas inventou o que? pergunta-se o aflito leitor. Inventei uma gambiarra, respondo. Uma gambiarra pra fazer costela no bafo. Cuma? perguntaria o Didi. eu explico, negadis, responderia o mussum.

Uma lata de heineken, daquela de 5 litros, devidamente e deliciosamente esvaziada que, após aberta em um dos orifícios (sabia que isso ia ser útil pra alguma coisa), levou uma dezena de furos, de maneira que eu consegui um respiro no alto, e 4 buracos nas laterais, por onde passa um espeto. Ao passar pelo meio da lata, o espeto leva uma costelada, digo, a costela leva uma espetada e... bom, você entendeu. O espeto vara a lata, e dentro da lata, espetada, fica um pedaço de costela. Aí você põe sobre a grelha e esquece que aquilo existe, por mais que possa parecer estranho uma lata de cerveja gigante com um espeto na sua churrasqueira. Vai parecer que está assando uma cerveja espetada, mas não é. É uma costela. Faça como eu: desbanque a sua mulher e faça uma costela de lavar a alma, porque a patroa vinha tentando me desmoralizar enquanto eu fazia os furos. Elas sempre falam que não vai dar certo, e no final, dá. GPS pra quê? A gente sempre acha.

Aí eu fui no mcdonalds ontem, experimentar o tal do McBrasil. Não tenho palavras pra descrever. Aliás, tenho uma: ruim. Não experimente essa porcaria, é caro, seco, feio, chato e bobo. A melhor coisa do lanche é a cocacola de 750ml que, desculpa aí, é uma cocacola e vende em qualquer lugar. O lanche tenta ser um sanduíche de pernil, e começa bem, muito bem. Contrariando toda a filosofia da culinária mcdônica, o hamburger de pernil estranhamente tem gosto de pernil. Imaginei que fosse como os outros hamburgeres da rede, onde a carne tem o mesmo gosto da embalagem, mas não. Acontece que nada mais no lanche é bom. O pão, achei seco demais. A salada, pra variar, ficou toda na caixinha. O queijo, nem notei e tinha um molho lá dentro que tava apimentado. No final, tirei o hamburger de dentro do pão e comi só o hamburger. Quer uma dica? economiza 15,50 e não come esse treco. Lanche ruim, de fazer o palhaço chorar.

Sabe quando você mete o pé na jaca, enche os cornos e fica bêbado como uma lhama? O instituto de pesquisas tecnológicas Gato na Grelha apurou que 9 entre 10 bêbados, no dia seguinte prometem que não vão mais beber. E 9 entre cada 9, furam essa promessa. E, num desses dias, nos quais o fígado passa o dia alojado em algum lugar obscuro e impronunciável do corpo, entre o branco do olho e o tendão de aquiles, descobri um santo remédio pra curar a ressaca e colocar o corpinho novamente em funcionamento. E essa descoberta tem fundamento científico, não é chute e não foi a mãe dinah que me deu a dica. Foi o Terra, mesmo. Vai lá ver, descubra o que um sanduíche de bacon pode fazer pela sua alma e nunca mais se sinta um pedaço de estopa vagando encharcado pelo mundo à espera de um transplante.

Enfim, era isso. Tenho novas receitas na mente, mais trabalho do que eu consigo fazer e uma falta de habilidade ímpar com as palavras que me fazem gastar uma hora inteira pra escrever aqui no blog, mas aguardem, quem espera sempre alcança. Ou dança? ou cansa? como era mesmo o velho ditado? ou seria um velho deitado?

melhor parar. bom final de semana.

Nome aos bois - parte 1

Eu queria muito saber quem foi o primeiro camarada que abriu o primeiro boi e saiu dando nome pra tudo o que ele encontrou lá dentro. Sério.

Afinal, caro leitor, vamos combinar que os nomes das carnes são de uma fanfarrice ímpar. Sujeito controverso, este. Controverso, no sentido da antagonia da sua própria fanfarrice, seja lá o que isso signifique. Controverso porque ele encheu a cara, abriu o boi e deu nomes esdrúxulos e bizarros pras carnes, mas o inusitado se fez presente, e aí todo mundo acreditou no que ele tava dizendo, e os nomes continuam sendo falados nos açougues desse nosso Brasil varonil afora, comprovando a controvérsia da coisa. Controverso, côncavo e convexo. Ou não.

Sério, eu queria muito bater 15 minutos de conversa com esse cara, que abriu o primeiro boi e mandou logo um "Caracas, tem um pato aqui dentro. Tem um lagarto, também. Ou seria um tatu? E tem uma agulha, e um cupim, e um peixinho, uma fralda e uma raquete!!! Maneiro!".

Sigamos adiante.

Aí eu me lembro que meu nome é Daniel Walter, e quem um cara que tem dois nomes tão diferentes pensa que é pra questionar uma peça de carne de BOI que chama LAGARTO? Logo depois eu me lembro que a isso se deve o fato de Walter ser sobrenome, e não nome, e me dou conta da sorte que tenho de ter nascido homem, porque a minha irmã se chama Monica Walter, e minha prima Carol ganhou na escola o apelido de CaWalter durante o duro e cruel período da adolescência. Me lembro também que o sobrenome Walter é de origem germânica, e, definitivamente alemão não é um povo bom pra dar nome às coisas, taí a Volkswagen pra provar. Então, mais uma vez, me lembro da sorte que tenho da minha mãe ter me dado o simples e comum nome de Daniel e abdicado da criatividade chucrútica impregnada na nossa corrente cromossômica. Eu poderia tar matando, eu poderia tar roubando, eu poderia me chamar Hans, Wolfgang ou Fritz, e isso seria bastante ruim. Mas isso me faz lembrar de que a minha avó não teve esse ato de bondade e deu o nome de Gudrun pra minha mãe. Mas a grande sacanagem é que a minha avó se chamava Joanna, o que mostra que a nossa família, geração sim, geração não, sacaneia os filhos com nome de cerveja. Mas eu não passei adiante, meus filhos são Júlia e Rodrigo.

Cada coisa que eu tou me lembrando hoje. Sigamos com a história.

Já que é pra lembrar, lembrei de mais uma, e quando a gente fala de nomes de coisas, tem uma pessoa que é imbatível, uma autoridade no quesito nomes-bizarros-pra-coisas. Estamos falando da Baby do Brasil.

capa de disco com peitola de fora, colar de talheres,
pintura de índio e bebê mamando: é disso que eu tou falando.

Primeiro porque a Baby do Brasil se lançou na carreira artística sob o nome de Baby Consuelo, mesmo se chamando Bernardete Dinorah. O que, por si só, já nos mostra que estamos tratando de uma pessoa dotada de altos índices de noção.

Em determinado momento da carreira, Baby Consuelo achou que algo ia mal, e que era a hora de dar uma mudada nesse nome. E aí, quando todo mundo pensava que ela ia trocar o Baby por Juliana, Alessandra, Fernanda ou algo do tipo... ela tira o Consuelo e põe Do Brasil.

ééééééééé......   do brasilllllll!!!!!!!!!!!!!

Baby do Brasil é o tipo de pessoa que chamaria um pedaço de carne de raquete. Vai por mim.

Mas isso não é tudo, nossa feliz colaboradora não terminou por aí. Preocupada em perpetuar o seu legado de criatividade e alegria na arte de nomear pessoas, Baby do Brasil se uniu ao seu guitarrista pepeu gomes, copulou e se reproduziu, daí a capa do disco. Hippies e bebês foram feitos um pro outro. Assim nasceram pessoas da mais fina elegância, gente que merece o nosso respeito pelo simples fato de ter respondido chamada durante a vida escolar sob a alcunha de "Riroca", "Zabelê", "Nana Shara", "Pedro Baby", entre outras pérolas.

E isso não é apelido. É nome. Cidadão chamava Pedro Baby. Envelhecia, tinha filhos, ganhava profissão, e continuava chamando Pedro Baby. Você contrataria um advogado chamado Pedro Baby? Como você se sentiria ao ouvir "boa tarde, passageiros, aqui é o comandante Pedro Baby, estamos viajando a 8.000 pés sobre o oceano pacífico e..."?

Enfim, aí a Riroca, revoltada, atingiu a maioridade e correu para o cartório mais próximo da sua residência, embuída da missão de se livrar desse nome mezzo doce do interior, mezzo apelido de vó. E assim procedeu, trocando o nome Riroca por... Sara Sheeva.

SARA. SHEEVA.

Isso, assim se faz as coisas com perspicácia e sapiência. Trocando um nome ridículo por um nome feio. É como se o Patinho, infeliz com o nome que o tiozão que abriu o boi lhe deu, corresse no cartório pra mudar o nome de Patinho pra Roda Gigante. Ou Abajour. Ou Alfazema, ou abacaxi, ou berinjela.

Bom. Muito bom.

Muito bom que não foi a baby do brasil, nem a riroca baby que deram o nome às carnes.

Enfim, agora que todo mundo já tá curioso, eu aproveito pra contar que isso não é um post, é uma série, e aos poucos eu pretendo pesquisar sobre os nomes divertidos das nossas carnes, e contar aqui, uma a uma. Leitores cultos e letrados são muito bem vindos nessa epopéia em busca da arca perdida do que bebeu o fanfarrão que abriu o primeiro boi e deu os primeiros nomes às peças.
Uma dica importante: Se você está grávida (o) e ainda não decidiu que nome dar a seu rebento, recomendo veementemente que mantenha toda a distância possível deste post. Tememos que más idéias impregnem a sua mente e façam uma criança infeliz por toda a sua existência. Grato.

Drops de Churrasco - Ed. 1

Tamosae com uma nova série neste mal escrito, mal interpretado e, porque não, mal-passado blog. Estamos falando da novíssima seção "Drops de Churrasco".

E antes que o imaginável leitor imagine que o escriba desta porcaria andou experimentando balinhas ilícitas e, entre um elefante de bolinhas e um tapete voador, já se imagina degustando um Halls sabor churrasco, eu acho melhor explicar.

"Drops" é uma expressão de cunho jornalístico, que denomina pequenas informações, que não são exploráveis o suficiente para virarem notícias, e nem desimportantes o suficiente para serem descartadas. Então, os editores costumam agrupar estas informações num boletim, determinado Drops. E aqui comigo eu tenho centenas de pequenas pautas armazenadas, que nem servem pra virarem posts, e nem inúteis o suficiente para me encorajar a apertar o delete.

Sendo assim, nasce esta série. De parto normal, fora do peso ideal e chorando sem levar tapa do médico.

Sem mais delongas, vamos a elas:


Dia desses eu fiz carne de avestruz na churrasqueira, iguaria essa que populava o meu imaginário há tempos. Comprei dois filés de peito, custou uns R$8,00 (R$26,00 o Kg, carinho).
Olha, esquece que ele é um primo grande do frango, porque não tem cara de ave. Quer dizer, tem cara mas não tem gosto de ave. Tem gosto de carne bovina.
O veredito? É bonzinho. Gostoso pra uma carne de ave, porque tem gosto de carne bovina. Mas não é melhor que carne bovina, logo... Se você quer a minha opinião, compre um contra-filé, economize dinheiro e seja feliz.

A Skol tem mandado muito bem na dobradinha cerveja + churrasco, não acham? Já é a quinta ou sexta propaganda que eu vejo deles e a risada é inevitável. Demorou pra desvincular a propaganda de cerveja da gostosona de biquini pra mostrar algo que faça parte da realidade de todos. Não que a gente esteja achando ruim aquele desfile de bundas, mas é que é muito mais fácil você encontrar um amigo dançando lambada de tanga num churrasco do que gostosas com biquini pequeno, cara de safada e vento artificial no cabelo. A gente é fã da gostosa, mas é sempre bom encontrar publicidade inteligente, né?

O caríssimo leitor Carlos Gallo, dia desses me mandou um e-mail. Isso é bem legal, recebo vários e-mails da galera, sempre com coisas interessantes. Dessa vez, era um link do UOL com comemoração dos 61 anos da nossa querida apresentadora matinal, a dona ana maria braga. Um álbum de fotos que, segundo ele, davam pauta pra uns 100 posts. Pois é, logo no primeiro que cliquei, nossa querida anciã inadvertidamente comera uma salada com um verme. E ainda passou por baixo da mesa. Adoramos isso! Adoramos ela! Adoramos ela comendo larva!

E daí que a Glorinha Kalil, aquela que dá dicas de etiqueta no fantástico mandou umas dicas de etiqueta pra um churrasco. O link tá aqui e o tópico no orkut é hilário por si só, mas você nem precisa ler, xá cumigo que eu resumo: No único trecho que meu estômago me permitiu ler, ela sugeriu salada verde, farofa e sobremesa. Oiê, cadê a carne, dona etiquetada? Churrasco é coisa roots, tia. Churrasco a gente come com a mão, tia. Coisa de gente que tem culhão. Etiqueta só serve pra incomodar na cueca, e eu corto todas as minhas com a tesoura. Faz assim, dona Glorinha: não enche o saco alheio e vai pagar R$100,00 por pessoa no fogo de chão, vai.
Saladinha, faça-me o favor.

Tem vários blogs bacanas por aí, que falam não só de churrasco, mas de peripécias gastronômicas masculinas, provando que a gente também esquenta a barriga no fogão. Um dos que eu mais gosto é o Mesa pra 1. É bacana, porque o pessoal deixa a camera ligada enquanto prepara as receitas, toma umas brejas, fala merda... é bem divertido, e um conceito bem diferente do Gato na Grelha, onde eu escrevo muito mais do que deveria pra escrever uma receita. Bom, fiz uma receita deles e será o próximo post no blog. Enquanto isso, visite o site dos caras e veja como faz: Salmão à moda caipira do Mesa pra 1.
[UPDATE]
Escrevi este post ontem, no final da tarde. À noite, o velho Jo entrevistou a dona Palmirinha. Se você está lendo este blog, provavelmente buscou alguma receita no google e acabou caindo aqui. E, se buscou uma receita no google, provavelmente achou o site da Dona Palmirinha.
Pra quem não sabe, a Dona Palmirinha é uma senhora que tem um programa de receitas na televisão. Porém, ao contrário de ooooutra senhora que tem um programa na televisão, eu adoro a Dona Palmirinha. Ela não tenta se mostrar jovial e gostosona, até dá umas furadas no programa dela por conta da idade. Isso é autêntico, isso é dar a cara pra bater, e se a velhinha dá a cara pra bater, a gente bate a gente paga um pau.
A questão é que essa senhorinha roubou a cena ontem. Desculpa ae, seu jo, mas a Dona Palmirinha foi sensacional. A entrevista parecia uma conversa com vovó. Eu me senti assim e você também vai sentir. Além da história de vida dela ser linda, que fez todo mundo ficar emocionado. Incluindo ela, que chorou no programa, e gente que tem a moral de chorar na tv SEM fingir, tem culhão. E, mesmo sendo uma senhorinha, Dona Palmirinha tem culhão que a gente sabe.
Quer receita de verdade, sem enrolação e com muito mais chances de acerto? Vai no site da Dona Palmirinha.


Bom, tamo dropado, fico por aqui. Pautas, dicas, idéias e reclamações, o meu e-mail tá lá no alto.

Mas olha... Fiquei pensando numa coisa. Bem que um Bubbaloo sabor picanha não seria uma má idéia hein!! #fikdik

Peito na cerveja

Putz, o nome dessa receita dá margem pra tanta piada de duplo sentido, que eu confesso que meu coraçãozinho fraqueja, a perna tremelica e o olhinho embaça, e tenho que admitir que eu não sei nem por onde começar.

Bom, dizem por aí que uma imagem vale por mil palavras, certo? Pois então, vamos começar ilustrando esse post com uma foto. Segura ae, na tela!

amamos muito tudo isso.

Por mim, eu terminava o post aqui mesmo. Peito na cerveja, olhe pra foto e fique feliz. Simples assim.

Tá, mas temos um objetivo aqui, que é falar de uma tal receita de peito na cerveja. Vamos tentar manter o foco, mesmo diante de assunto tão, digamos, sugestivo.

tem peito, tem cerveja. tou dentro.

Ainda não é disso que eu tenho que falar. Concentra, menino. É peito de vaca, aquela que faz muu, que come capim e quando peida fura a camada de ozônio. VACA, meu filho, entendeu?

peito de vaca e cerveja.

Pois é, o astuto leitor já deve ter notado que chegamos perto, mas ainda não é, exatamente assim, a nossa receita.

E é melhor parar com a brincadeira, porque isso aqui é um blog sério (ô!),  escrito por um blogueiro sério, a patroa do blogueiro lê o blog e ainda por cima é uma fera. Então, amigo, respira fundo aí e vamos tentar recobrar a concentração pra voltar ao motivo que nos trouxe aqui: a receita.
-tô de olho em você, cidadão

Bom, falando sério agora, o peito do boi é uma carne extremamente macia, ridiculamente barata, e se você tiver um pouquinho de paciência e cuidado com ela, vai conseguir mandar um churras responsa com bem pouco dinheiro. Ideal pra você que, assim como eu, não ganhou a mega-sena acumulada e anda com as contas de casa meio apertadas. Então pode ir parando de pensar nos atributos da menina da segunda foto, ou na vaca que dá cerveja e escuta as dicas de economia que o titio aqui trouxe pra você.

Dirija-se até o mercado mais próximo, e uma vez lá, encaminhe esse esqueleto surrado até o balcão das carnes. Ok, feito isso, procure pelo peito e ponha as mãos numa peça de 1kg. A carne, queridão. Esquece a loirinha do seu lado e se concentra. Não vai errar de peito e arrumar confusão dentro do supermercado.

O peito, o da vaca, se parece muito com o cupim, na sua composição. Isso porque tem uma carne muito macia, porém cheia de nervos passando pelo meio dela. E o que faz do peito uma carne ridiculamente barata é o fato da maioria das pessoas não terem paciência, ou até mesmo técnica pra detonar esses nervos e saborear uma carne maravilhosa. Aí, é lei da oferta e da demanda: ninguém quer comprar o peito, o preço cai. Todo mundo quer comprar picanha, o preço sobe. E se você quer saber como subverter a regra, compre um belo pedaço de peito, faça uma carne barata ficar mais gostosa que uma picanha e dê plantão na porta do mercado chamando de otário todo mundo que sair de lá com uma carne de $46,00/kg a tiracolo. Vem comigo!

Basicamente, as técnicas milenares usadas pra detonar os nervos que tem dentro da carne são, somente, temperatura e paciência. Pra temperatura, carvão. Pra paciência, cerveja. Partindo desse princípio, a gente sabe que isso aí foi feito pra nós, não?

O primeiro passo é embrulhar a carne no papel celofane. Antes que você comece a desencapar os cadernos das crianças, entenda que existe um celofane especial pra churrasco, que aguenta a temperatura, e serve para que você possa fazer, na churraca, carnes que precisam de temperatura e uma certa pressão.

Antes de fechar, espero que imagine que você precisa colocar sal lá dentro, ok? Senão a carne vai cozinhar (sim, com esse processo ela cozinha, e não, necessariamente, assa) sem sal e ficar sem gosto. Um pouquinho de alho picado também pode ajudar, põe sem medo.

Recapitulando: você cortou um pedaço grande de papel celofane e esticou na pia. Estou contando que você largou de ser mão de vaca e cortou um pedaço grande o suficiente pra dar umas 4 voltas na carne. Feito isso, deitou a carne em cima, jogou um pouco de sal e um pouquinho de alho picado. Aí começa a parte da enrolação, e isso eu sei que você faz bem. Vai lá, enrolão. Levanta essa bunda daí e enrola a carne no celofane.

A carne está, agora, devidamente embrulhada, mas as laterais ainda estão abertas e você me pergunta: Meldels, o que eu faço agora? E eu te respondo: se vira e fecha uma lateral. Só uma.

Pra fechar, eu costumo cortar uma tirinha de papel celofane da largura de 2 salsichas, enrolar e utilizar pra amarrar as laterais. Amarra forte, sem medo de ser feliz.

Agora você tem em mãos um embrulho de celofane, fechado de um lado e com uma carne dentro. Olha só, parece um copo! Legal, e se é copo, desce uma breja que a gente adora isso.

ABRA UMA CERVEJA. agora.

DÊ UM VIGOROSO GOLE.

ME DÁ UM MINUTO QUE A MINHA ACABOU, VOU NA COZINHA E JÁ VOLTO.

VOLTEI.

Pronto, agora que deu um gole, despeje com todo o cuidado e parcimônia que Deus lhe deu, outro gole dentro do celofane. Você vai notar que a cerveja borbulha toda com o sal e a carne. Parabéns, você já está começando o processo de detonar os nervos da carne.

Um adendo: essa receita fica especialmente gostosa se feita com cerveja preta. Tomando todo o cuidado pra não mandar lá pra dentro uma malzebier ou coisa do tipo. Essas cervejas são doces, não me vá fazer um serviço desses, hein. Quando fiz, utilizei uma caracu mesmo. Não vale comprar aquela schin ou a cerveja mais barata do mercado por um motivo muito simples: você manda só um gole pra dentro da carne, o resto você toma. E uma economia de 20 centavos na hora de comprar a cerveja pode significar uma série de caretas e trejeitos na hora de beber o resto, que podem te comprometer moralmente e te fazer motivo de chacota. E a gente não tá aqui pra ver homem chorar, então manda logo uma breja responsa aí.

Se você for rápido, vai conseguir fechar a outra lateral do celofane enquanto a cerveja ainda borbulha, o que vai fazer com que o embrulho fique cheio de gás dentro, parecendo uma bombinha. Bacana, tá pronta pra ir pro fogo.

Ah, seria legal você acender a churraca antes de preparar o embrulho. Por dois motivos:

1 - Quase sempre que se acende a churraca, ela levanta labareda por conta do combustível, que depois abaixa. Então, o celofane é especial pra churrasco, mas você não pode deixar, de jeito nenhum labareda encostar nele. É incêndio na hora, cerveja derramada e plástico derretido na carne. Perda total, papelão, vexame. Não faça isso.
2 - Você enrolou, amarrou direitinho e tal, mas o embrulho não tá vedado. O ideal é mexer nele o menos possível. Fechar a embalagem, meter na churraca e não mexer mais, pra evitar que a breja saia de lá. Então, deixe o fogo aceso, a churraca quente, esperando o embrulhinho da alegria chegar.

Bacana, deixa lá, no local mais quente possível longe das chamas. Você vai notar que a breja vai ferver, a embalagem vai inchar, vai fazer o capeta lá dentro. Esse é o objetivo.

Esqueça que a carne tá lá. Não fique mexendo, não vire, não fale com estranhos e vai buscar uma cerveja porque isso aqui vai demorar. Umas 3 horas, pra ser mais exato. Sem ansiedade, saiba esperar que vai valer a pena.

Passado esse tempo todo, pode abrir a embalagem. Recomendo que faça um furinho com uma faca, e posicione uma lata vazia logo abaixo. O caldo que cai dela é uma mistura de cerveja com gordura, uma verdadeira nojeira, e recomendo que não deixe aquilo cair na sua churraca.

Retirada a peça, basta deixá-la alguns minutos bem perto do fogo. Assim ela ganha uma corzinha, um cheirinho de fumaça e ainda dá aquela torradinha por fora que faz a alegria de qualquer um que já tenha metido os dentes num animal que já mugiu.

Basta cortar e comer, não tem segredo.

Pela proximidade com a costela, particularmente acho que o peito fica com um sabor muito parecido com da ponta de agulha. Mas isso é só uma opinião minha. Pra saber mesmo, vais ter que preparar uma, parceiro.

Rendimento: quase toda a carne que você comprou. O peito não perde muita gordura, não tem osso, nada disso. Aproveitamento máximo.
Tempo de preparo: 1 breja na cozinha, 10 na churraca. Sirva embriagado e feliz.
Custo: 13 mangos. mas estou contando que você tem o tal celofane, ok?


E essa foto aqui é só pra alegrar a sua vida.

epa, mas peraí! isso não é peito na cerveja, é cerveja no peito!

Receitas de panela: Homus, um prato tipicamente árabe

Já comeu homus? Sabe do que se trata? Então aproveita que na páscoa tem aquele lance de não poder comer carne e bota uma receita maneira no cardápio.

O homus é um rango árabe, feito com grão de bico e mais uma meia dúzia de temperos maneiros que, inacreditavelmente, funcionam bem juntos. O homus é comida típica do mundo islâmico, que é uma região muito complexa socialmente e bacana, mas infelizmente tudo o que chega de notícias pra gente é o imenso e interminável quebra-pau que aquele bando de doido promove lá naquelas bandas. Às vezes nem tão lá.

"aqui tem um bando de locoooo
loco por ti mohammed"

Isso, não abandona nunca.

E entre um camelo aqui e uma tempestade de areia ali, quando a labuta se finda e nosso destemido mohammed pode adentrar o seu lar, doce, lar, sempre encontra um ranguinho preparado carinhosamente pela sua dedicada e carinhosa patroa que, debaixo da burca, o aguarda ansiosamente e cheia de amor pra dar. E, acredite: o rango desses caras é muito, muito gostoso.

Morar no oriente médio é isso, é amor no coração, é dizer eu sou afegão e não desisto nunca, é pegar um lance sem graça como o grão de bico, meter na panela e deixar lá um tempão e depois comer frio, é fazer um rango de fazer a ana maria braga passar por debaixo do rio nilo. Com todo o respeito ao crocodilo, que não come plástico nem silicone.

O lance é o seguinte, o homus é uma pasta de grão de bico que se come fria, com o pão sírio. E hoje, vamos chafurdar nas catacumbas da babilônia atrás das delícias e sabores da culinária lá de longe.

Bom, se você conhece o grão de bico sabe que ele é uma espécie de semente (ou ele É a semente?) dura pra dedéu, e se tentares meter os dentes nele sem o devido preparo, não mais meterá dentes em nada nessa vida. Portanto, atenção aos detalhes pode fazer toda a diferença a favor da sua arcada dentária.

O primeiro passo é adquirir um pacote de 1/2 kg de grão de bico. Isso você consegue no mercado mais próximo, ou no mais longe da sua residência.

Feito isso, abra o pacote e despeje o grão de bico numa tigela. Cubra com água e deixe lá.

Abra uma cerveja. Avalie ponderada e auspiciosamente a condição do nosso pobre amigo mohammed, que morre de calor mas não é chegado numa breja. Que chega na copa e tem que torcer pelo brasil, enfim. Vida dura, essa.

Acabou a cerveja? Abra outra.

Proceda assim, tomando uma cerveja atrás da outra por, aproximadamente, uma hora. Futebolzinho na TV é extremamente providencial nessa hora.

Legal, tomaste uma bela quantidade de cerveja, o mundo encontra-se, nesse momento, melhor. Pelo menos eu fico assim quando tomo mais de uma cerveja. Na verdade, o mundo melhora a cada cerveja que eu tomo. Dia desses, tomei tantas que eu achei que tava no céu. E quase que eu fui mesmo pro céu, se é que é pra lá.

Agora, dê uma lavada no grão de bico. Isso, jogue fora aquela água toda, e passe os grãos debaixo da torneira.

Essa é uma receita demorada, mas não difícil. A parte mais chata é essa que vem agora. Você vai notar que algumas casquinhas começam a se soltar dos grãos. Sim, esse grão tem uma casquinha, e quanto mais você conseguir retirá-las, melhor. Depois você vai moer tudo no liquidificador, então dane-se as cascas, pensa o mais preguiçoso dos leitores. Mas como sei que você é preguiçoso, mas não é o mais preguiçoso, e sim uma pessoa pró-ativa, bacana e trabalhadora, então seja brasileiro e não desista nunca: vá tirando, com as mãos, as cascas dos grãos, até onde a sua paciência permitir. Entenda que o homus vai ficar mais suave à medida que você vai tirando as cascas.

Uma vez cumprido o trabalho de hércules, mete todo mundo numa panela de pressão, com água o suficiente pra cobrir 2x os grãos.

Vixe, olha que difícil: abra outra cerveja. Mais outra, e depois mais outra. Até o relógio completar uma volta inteira de ponteiro grande. Não fique olhando pro relógio, olhe pra cerveja. Quando ela acabar, olhe pra outra. Cerveja é assim mesmo, elas não tem ciúmes.

A essa hora, você já deve estar pra lá de Bagdá, e vai por mim: esse é mesmo o local. E, estando em bagdá, o grão de bico já deve estar bombando na panela de pressão. Desligue, deixe sair a pressão e abra a panela. O que tem lá dentro? Grão de bico amolecido e uma água com cara de água de poça. Mas vai por mim, não jogue essa água fora, você vai precisar dela.

Prepare o liquidificador. O segredo, agora, é bater em várias levas. Ou seja, como é uma pasta consistente, você não pode ser apressadinho e jogar tudo no liquidificador. Assim você vai acabar travando o referido eletrodoméstico, o que só vai trazer alegria pro gerente das casas bahia.

Pense que você vai bater em 4 levas. Isso ajuda muito, porque você pode ir sentindo o tempero e corrigindo o gosto.

Jogue no LD (nome difícil do cão, vou chamar o liquidifoaakjdajk de LD) o primeiro 1/4 de grão de bico, junto com um quarto da água de poça que ficou na panela.

Nessa primeira leva, eu costumo carregar nos temperos, e ir só corrigindo nas outras. Isto posto, esprema (não digite errado, senão vira esperma e pelamordedeus, sua comida vira um lixo) um limão inteiro, jogue 3 dentes de alho, uma golada sarada de azeite, um bom punhado de sal e uma golada de um tempero chamado Tahine. Ligue o LD.

Se o seu LD é vagabundo como o meu, vai acontecer o seguinte: as lâminas vão moer o grão de bico que tá embaixo, vai começar a rodar sozinha e o resto do grão de bico não desce. Se tu meteres uma colher lá dentro, corre o risco de gerar um acidente compatível com a imbecilidade de meter uma colher dentro de um liquidificador em movimento. A dica do século é ficar chacoalhando o LD enquanto ele bate. Vai por mim, parece loucura, mas evita que se forme uma camada de ar entre o grão batido e o grão inteiro. Demorei alguns anos pra descobrir essa maravilha da força centrífuga.

Beleza, uma vez batida a primeira leva, deposite ela numa poupança da caixa num pote grande e meta uma dedada. Esse é o segredo, vai dando umas dedadas pra sentir o tempero. Recomendo seriamente desligar o LD antes de meter o dedo, ok?

Sinta, com esse paladar de ogro  que deus lhe deu, se está bom de sal, de limão, de alho e de tahine. O ideal é que o homus não seja forte demais em nenhum dos temperos. Equilíbrio é o nome que você tem que lembrar.

Na segunda leva o procedimento é igual, mas acho que você entendeu que só deve ir calibrando os temperos, e não acrescentando tudo de novo. O mesmo com a terceira e com a quarta leva. Tudo isso torcendo pro seu liquidufadssdfsdfsdsd não queimar.

O rango tá quase pronto.

Você pode esperar esfriar e servir. Na hora de comer, tenha na mesa um vidro de azeite. Azeite bom, parceiro. Gasta uns reais aí e compra um azeite decente, senão você deixa um prato maneiro com gosto da pizza da padaria. Tenha também um belo punhado de salsinha e cebolinha picadas. Tem gente que gosta de cebola picada pequeninha pra acompanhar, mas... olha os gases aí, amigo.

No prato, as pessoas devem adicionar azeite e salsinha, misturar e comer com o pão sírio.

Desta vez, me animei a fazer algumas fotos, acho que, diante do meu histórico de péssimo fotógrafo, até que tá enganando, não?

Comandante Amílton, põe na tela:

no prato, o homus, azeite e salsinha. 

salsinha, manda um OE aí pra rapaziada

mas não pense que você vai comer um prato todo decoradinho e boioladinho assim.
Mistura tudo e chafurda o pão sírio antes de comer.

Rendimento: Rende pacas. Vai por mim, desperdício zero. Pode chamar uns 5 monstros pra compartilhar.
Tempo de preparo: um monte, umas 10 brejas. sirva bêbado e feliz.

CustoR$5,00 o grão de bico, mais salsinha, alho, uns goles de azeite, limão. Fica barato, você não gasta nem 12 mangos.

UPDATE:

Fiz um update neste post graças ao questionamento feito pelo leitor Raphael, o nosso querido Personal Grill lá de BH. A brincadeira é a seguinte: a partir de agora, toda vez que eu falar de preço de qualquer coisa, abrirei um carrinho de compras num famoso supermercado online da cidade, pra que possamos ter a noção exata do custo de cada receita.

O legal disso é que eu trabalho com e-commerce e sei o quanto de trabalho dá abrir um carrinho de compras e não comprá-lo. Chora, Abílio Diniz!! kkkk.

Note que: 
  1. Compramos 100g de alho, mas só vamos usar dois ou três dentes;
  2. O mesmo ocorre com a salsinha;
  3. Só vamos usar um limão;
  4. Só vamos usar um golinho de tahine;
  5. Vai sobrar mais de meia lata de azeite.
Ou seja: esta conta dá 26 mangos, mas você ainda utilizará quase todos os ingredientes. Se tiver um mínimo de bom senso, vai entender que eu acertei a conta em botar o custo da receita numa média de R$12,00.

Agora a equipe do site já pode fechar o meu carrinho e devolver os produtos ao estoque, porque eu não vou fazer isso não. hehehe