Hamburger de fraldinha: Preparando a maionese

Como disse no post anterior, os hamburgeres não seriam comidos ontem, mas sim hoje. Calma, eu não mudei os planos. Quer dizer, mudei um pouquinho. Decidi chamar a galera pra experimentar o hamburger de fraldinha, e ainda preparei o resto da fralda moída (leia o post anterior, você vai entender). Agora temos 1kg de hamburger que eu fiz, mas não comi. E ainda chamei os amigos pra experimentar. Putz, tomara que esse treco tenha ficado bom. 

Passei o dia decidindo se fazia a maionese ou comprava na lanchonete do seu Osnir, aqui na região. Aliás, se você passar por perto da Praça da Árvore, em são paulo, pare tudo o que está fazendo e mande um sanduba no Osnir, na esquina da jabaquara com a rua das rosas. Voltando ao assunto, deixe-me explicar o motivo da indecisão.

Assistiu "60 segundos"? É assim, os caras tem que roubar uns carros bacanas, mas tem um carro que o ladrãozão do filme nunca consegue roubar, porque acontecem coisas estranhas com a relação entre ele e o carro. Se você levar em consideração que ele pega a Angelina Jolie no filme, eu ia estar me lascando pra relação com o carro e ia me preocupar muito mais com a relação que envolve tão formosa garota. Mas como eu não roubo carros e não pego a Angelina Jolie, o meu drama é mais simplório, digamos assim: eu não consigo acertar uma maldita maionese. Sempre vira uma pia de porco, desanda, fica feia e mal-cheirosa. Mas dessa vez eu decidi encarar o desafio e pedi ajuda à cozinheira master desse mundo, capaz de preparar comidas que até Deus duvida, e como ela não cozinha pra Ele, e sim pra gente, continuará duvidando. Estou falando da nonna desta família, dona Ivette em pessoa.

Telefone em punho, enchi o pulmão e liguei pra ela. Em cinco minutos de conversa, nos atualizamos sobre as notícias da família, me convidei pra um almoço amanhã e anotei a receita da maionese que, na verdade, parecia ridiculamente simples. Aliás, simples pra ela que é capaz de cozinhar qualquer coisa. Mas tá valendo, se tudo der errado, já descolei um almoção pra amanhã.. 

Seguindo os ensinamentos de tão nobre senhora, botei 3 ovos pra cozinhar. O primeiro ovo já estourou logo de cara. Tirei da água e resolvi usar só dois. Ok, cozinhados os ovinhos, bora preparar seguindo a cartilha. 

Abri os ovos e retirei apenas as gemas cozidas. Assim disse Dona Ivette: 

- Use apenas as gemas dos ovos cozidos.
- Mas, vó.. O que eu faço com as claras que sobram?
- Ah, dá pras crianças, ué.

Simples, ela. Porém, das duas crianças da casa, uma dormia e outra estava fora. Achei uma alternativa razoável comê-las eu mesmo. Assim o fiz. 

O próximo passo, adicionar duas gemas cruas, desta vez dispensando completamente as claras. Olha, destacar a gema da clara de um ovo cru é uma atividade para poucos. Nojento que só. Despejei o conteúdo do ovo na palma da mão, com os dedos levementes entreabertos, de maneira que a clara nojentamente escorreu entre eles, ficando apenas ali a gema. Repeti o processo e joguei as duas gemas cruas às duas gemas cozidas. 

Pra dar um agrado, piquei um dente de alho bem pequeno, mas bem pequeno mesmo. Adicionei sal e misturei. Ah, começou a ficar com uma cara de maionese. Mas ainda faltava o azeite. Aí começaram os meus problemas.

Quando disse que usaria a batedeira pra mexer a maionese, dona Ivette caçoou de mim. "Bate na mão, dani" foram as palavras dela. Como ela tem 79 anos e eu 32, acho que ficaria difícil conviver com a minha consciência se eu não batesse aquele troço na mão. Comecei. 

Seguindo as recomendações da nonna, fui adicionando o azeite aos poucos. Ou seja, bate um pouco, adiciona azeite. Bate até pegar textura, depois põe mais um pouquinho. E assim por diante.

O resultado foi bom, e ruim ao mesmo tempo. Bom porque eu não peguei a Angelina Jolie, mas acertei a maionese. E ficou gostosa, até. A parte ruim ficou por conta do meu aspecto físico. Depois de bater a maiô no garfo, seguindo as recomendações de vovó, meu braço está pegando fogo. Não tenho forças pra levantar a minha cerveja. Parece que eu acabei de jogar uma partida de boliche. De 3 horas de duração.

Agora é esperar o pessoal chegar e começar a preparar os x-saladas. Torçam por mim, porque eu posso ter acertado a mão, mas posso ter errado o hamburger, a maoinese ou os dois :-(

Amanhã, a terceira e última parte deste especial: o x-salada e o resultado dessa baderna.

UPDATE: Não costumo fazer updates aqui, mas esse é importante: No domingo, quando almocei na casa de vovó, ela me disse que esquecera de um detalhe importante: na hora que misturar os ovos, sal e o alho, pingue algumas gotas de limão. Isso ajuda a maionese a não desandar. Embora esta não tenha desandado.

Hamburger de fraldinha: Te cuida, Ronald McDonald!

Uma das primeiras histórias bizarras que a internet ajudou a difundir foi aquela maluquice do hamburger de minhoca do McDonalds. Na época, eu trabalhava numa empresa que era a assessoria de imprensa da lanchonete do palhaço Ronald. E eu vi o trabalho que eles tinham em desmentir aquela bobagem mundo afora. Se você não sabe, a assessoria de imprensa é a empresa responsável por pautar a imprensa sobre o que será falado sobre determinada empresa. Ou seja, se aparece em algum lugar que a empresa XYZ é bacana e tá doando a renda do ano inteiro pra comunidade dos anões de Vladivostok, quem contou isso pra imprensa foi a assessoria. E se você ouvir alguém espalhar que o dono da empresa ABC congelou a vó no freezer da empresa, é a assessoria de imprensa que vai ter que desmentir isso aí, sendo mentira ou não. No caso da minhoca do Ronald, era claro que era mentira. Mas admitamos que era engraçado, vai...

E hoje, na hora do almoço, me dirigi a uma de suas lanchonetes pronto pra degustar uma refeição com nome de número. Gosto muito do número 1, mas gosto também do número do McBacon, e era esse em quem eu queria enfiar a dentadura. Eu não lembrava o número dele e chamei de Número do McBacon. Isso é bastante esquisito, pois é uma refeição com nome de número, e se eu não lembro o número, vira refeição com nome de número... de nome. Mas bastante esquisito mesmo é a fatia de bacon grande e redonda que vem no McBacon, que encaixa direitinho no sanduba. Sabemos que não vende bacon assim no mercado, e que no porco, o bacon não tem esse formato. Então me vem à idéia que os caras fazem esse bacon aí no photoshop, o que me leva ao inevitável: "Moça, me vê um número do McBacon sem bacon?". Ridículo, mas é isso que eu faço. Aí ela finge que não achou isso esquisito, dá um gritinho lá pra dentro "Bacon sem bacon!!" e a coisa acontece. Milagrosamente, aparece na minha bandeja um McBacon, sem o tal bacon. 

Em algum momento do almoço, me voltou à mente aquela história da minhoca. Acho que foi na hora que eu dei a primeira mordida e não senti o gosto da carne. Ou talvez na hora que eu dei a última mordida e ainda não tinha sentido o gosto da carne. Não importa, o que vale é que a gente gosta de ir no mc pelo evento que é, e se gostar do lanche, é pelo pão / molho / batata, etc, mas sabe que a carne é meio esquisita. Porque se for pra comer carne, lá não é o lugar não. Desculpa aí, palhaço Ronald, mas essa sua carne é uma fanfarrice.

E tive a idéia de fazer hamburger. Isso, comprar carne, temperar e fazer eu mesmo as minhas pequenas bolachinhas do prazer.  

Atenção: este é um post de receita em andamento. Explico: eu fiz os hamburgeres, mas só vou comer amanhã. Explico de novo: com a textura que eles ficaram, eu acho que seria uma boa idéia congelar antes de fritar, pra não fazer meleca na frigideira. Além disso, queria fazê-los na chapa de ferro lá na churrasqueira, mas hoje tá chovendo. E mais além disso do que isso, eu ainda não decidi se faço a maionese caseira ou meto uma hellmans mesmo. Portanto, preparei os hamburgeres que, neste exato momento, estão no freezer, ficando geladinhos pra ir pra churraca amanhã. 
Resumindo: Eu nunca fiz hamburger, não tenho a menor idéia se isso vai ficar bom, e só saberei amanhã. Preparar esta receita é por sua própria conta e risco. Mas garanto que posto amanhã mesmo o resultado, bom ou ruim. E, olha... eu acho que vai ficar bããão...

Voltando, vamos à receita. Nunca fiz hamburger, mas admito que recorri a Deus Google pra, no mínimo ter idéia de como fazer. E não me olha feio porque você tá aqui fazendo justamente o mesmo :-)

E, diante de Deus, Ele me falou que se usa fraldinha, patinho ou picanha pra fazer hamburger. Cliquei num link patrocinado e Deus se foi. Fiquei meio cabreiro com Ele, porque eu não gosto nem de dar cerveja pra carne, imagina se eu ia deixar MOER uma picanha. De jeito nenhum, isso seria um sacrilégio. Patinho eu não conheço, pois não é carne de churrasco. Mas sei que não tem uma fama das melhores, não. Mas a fraldeta é legal. Barata, gostosa e não vai me matar vê-la entrar formosa e sair uma paçaroca da máquina de moer carne. Assim procedi. 

Saí do trabalho tarde e com o saco na lua, mas ainda reuni forças para empurrar o esqueleto até o supermercado mais próximo. Pedi ao compana do açougue que moesse, duas vezes, uma peça de 1kg de fraldinha. Levei-a bora cá comigo. 

Como meu sogro faz um kibe cru nervosíssimo, imaginei que seria fácil preparar um nervoso eu também: bastava ligar pra ele e perguntar e ae parceiro como é que faz a parada. Sendo assim, separei a carne em duas partes: 0,5kg do kibe cru e 0,5kg pros hamburgeres, o personagem desta saga.

Chegando em casa, acalentei-me. Se eu me sentia moído, bastava olhar pra carne e avaliar quem é que tava na pior. Então, coberto do mais nobre sentimento de piedade pelo boi que acabara de pedir que moessem, decidi que faria uma caminha bem temperada para que a carne passasse a noite. Mas e aí, como fazer esse treco?

Uma amiga havia comentado sobre uma receita com ovos e sopinha de cebola, daquelas de pacote. Dispensei a sopinha, mas achei que o ovo seria útil, pra dar a tal liga. Assim, taquei um ovão lá dentro. 

Se eu dispensei a sopinha, continuei acreditando na presença da cebola no hamburger. Piquei meia cebola. Mas é legal picar a cebola bem pequeninha, com paciência. Assim ela pega um gosto na carne, e frita bem junto do hamburger. Deve ser meio broxante morder uma carne e sentir um tecão de cebola, não? Então, deixa a cebola na tábua e vai picando ela com a faca até virar quase uma pasta.

Tá ficando legal, mas ainda falta tempero. Ah, antes que eu esqueça: dois punhados de sal e seja o que Deus quiser (nesse caso Deus mesmo, e não o Google). Pra temperar, uma espirrada de pimenta do reino preta. Mesmo sem misturar, o cheiro começou a ficar bom.

Foi então que eu abri a geladeira e quebrei um paradigma. Uma verdade: não sou fã de pimenta, não gosto de pimenta. Mas antes que você questione a minha coerência, pimenta do reino não é pimenta, é tempero. É que nem o cachorro-quente, que não é cachorro, é comida. Coisas do português, ora pois. 

Pois voltemos ao ponto do paradigma. Abri a geladeira e encontrei um vidro de uma pimenta que tava bonitinha, brilhando ante a luz fria da geladeira. Abri o pote e senti o cheiro, meio com aquela cara de nojo de quem tá cheirando a bunda do coisa-ruim. Mas o cheiro era coisa boa. O nome? Pimenta baianinha. Olha, desde a carla perez, a Bahia sempre nos mandou saborosas pimentinhas, então pensei que seria uma boa lançar mão desse artifício. Tirei do vidro uma única bolinha, picotei bem picotadinha e joguei no meio da carne, ovo, sal e pimenta do reino. Pra dar um gosto que toda carne temperada merece ter, mandei uma golada sarada de azeite. Pra engrossar, farinha de trigo, uma pequena mãozada, tímida.

Comecei a misturar com uma colher de pau, e logo notei que aquela pasta não ia pegar formato de hamburger de jeito nenhum. Tava muito mole. Pra dar uma liga naquilo? A solução foi uma mãozada nervosa de farinha, umas 4 vezes mais potente do que a última. Isso significa que eu devo ter colocado uma xícara inteira de farinha de trigo.

Funcionou, porque a textura começou a ficar legal, virou um bolo de carne. E com um cheiro animal. Confesso que dei uma pequena garfada e, mesmo cru, o sabor tava demais!

Aí eu percebi que não ia ter aquela boiolice de não querer sujar a mão, porque a colher de pau não tava dando conta do recado. Apertei o botão foda-se e enfiei a mão na tijela, mexendo pra valer. Aí sim, misturei tudo e virou uma massa homogênea, consistente. Hora de fazer as bolachinhas.

Peguei uma mãozada da massa, deitei na tábua. Tal qual fazemos no jardim da infância, enrolei a massinha pela tábua até virar uma bolinha. Uma vez bolinha, bastou apertar com a palma da mão pra fazer o primeiro hamburguinho. Repeti o processo até o fim da carne. 

A receita deu 9 hamburguinhos altos, mas pequenos. Isso porque os pães de hamburger que a gente acha nos mercados por aí são pequenos, e não adianta você ter um hamburger de 8759352352 gramas e não caber no pão. Separei numa bandejinha, cobri com papel filme e foi todo mundo pro freezer. 

Aqui acaba a nossa epopéia, porque eu não experimentei. Apenas congelei e eles estão lá, tremendo na sibéria do meu freezer. Skavurska, Ronald McDonald!!! E até amanhã.

UPDATE: No terceiro post da série sobre o x-salada, eu comentei o resultado final dessa hamburgada. Uma das coisas de que senti falta foi um pouco de salsinha no hamburger. Portanto, se você pensa em preparar essa receita, mete um pouco de salsinha picada no meio que fica animal.

Custo: o kg da fralda custou 12 cruzeiros. mas como usei meio kg, pense em R$6,00. O resto (cebola, pimentas e afins tem custo irrisório).
Tempo de preparo: dá pra tomar umas 4 brejas, mas o tempo não é tão aproveitado, porque você suja a mão e não dá pra segurar a latinha durante grande parte do processo :-(
Rendimento: 9 hamburgeres altos, mas pequenos. Quer que eu desenhe?

Como escolher uma picanha

A picanha é a rainha do churrasco. Embora eu discorde fortemente dessa teoria, tenho que engolir o choro: Em 99,9999% dos churrascos que rolam neste país tropical abençoado por Deus, tem a picanha de alguma vaquinha deitada na grelha. E, como já disse em outras oportunidades, isso tem uma explicação lógica.

Picanha é carne for dummies. Você não precisa manjar absolutamente nada de carne pra fazer uma picanha legal. A picanha é uma carne saborosa demais, macia e além de tudo é resistente às suas cagadas. Você, desastrado leitor, precisa ser muito ruim de cozinha pra errar uma picanha. Não tem segredo: salga moderadamente, taca na grelha e tira quando estiver marrom. Picanha fica legal cortada em bifinhos, assada inteira, na churracona, na churraca elétrica, na panela, no forno, até cozinhada na água do miojo. Nem a ana maria braga, a senhora mais doce da televisão brasileira consegue estragar uma carne assim com as suas receitas de misturas mirabolantes e ingredientes duvidosos.

Talvez seja por isso que eu não fale muito de picanha por aqui. Aliás, sinceramente, eu faço pouca picanha nos meus churrascos. Podem me apedrejar por isso, mas eu acho a costela bovina, também chamada de minga ou ponta de agulha, muito mais gostosa do que a picanha. Uma fraldinha bem feita custa 1/3 do preço de uma picanha e fica tão boa quanto. Ou seja, existem alternativas, mas não é todo mundo que sabe como fazer umas carnes assim, e acabam caindo na picanha. Ah, e isso não significa que eu não goste de picanha, eu adoro!! Só que eu sofro da síndrome da churrascaria: Gosto de fazer várias carnes diferentes no mesmo churrasco, e não ficar repetindo sempre a mesma.

Mas o objetivo deste post é evitar que você compre gato por lebre, que te passem a perna, que você vista o nariz de palhaço. E pode anotar aí: isso já aconteceu com você. Certamente já te venderam um coxão duro com um cheiro de picanha, ou aquela picanha linda que você comprou tava dura que nem pedra. Vamos, então, aos X pontos que você precisa verificar antes de adquirir parte da bunda da vaquinha. Comecemos pelo simpático desenho da vaquinha recortada:


Ainda vou tatuar essa vaquinha no braço, vai anotando

Compana, preste atenção ao número 6. Se um dia o seu avião cair nos andes, na índia, na selva amazônica ou na ilha de lost e você der a sorte de encontrar uma vaquinha lá, é bem aí, no número 6 que você deve enfiar os dentes. Recomendo que seja discreto no caso da Índia, pois eles não entendem muito bem essa questão de morder vaca por lá.

Presta atenção também ao número 8. Ele é o coxão duro que, como  o nome diz, é duro.

Ponto 1: o tamanho da picanha.
Você chega no açougue e encontra 300 embalagens de picanha à vácuo. Todas parecem iguais, umas mais mirradinhas, outras mais gordinhas, e de repente você vislumbra a carla peres da bunda bovina: uma picanha grande, bonita, corada... dá uma olhada no peso dela, e, orgulhoso, lê: UM QUILO E NOVECENTOS GRAMAS. Grande achado, pensa o astuto leitor. Mas não. Essa, provavelmente é a pior picanha da prateleira. Dizem que os melhores perfumes estão nos menores frascos. Mas vamos mudar o rumo dessa prosa, porque se você fica passando perfuminho pra fazer churrasco, eu desconfio de você e recomendo que vá procurar a receita da picanha de sol no site da ana maria braga. A picanha dela é de sol, mas fica marinando no leite um dia todo. No leite, meus queridos... no leite.... ai jiusis.

Uma picanha não deve, de jeito nenhum, passar de 1,3kg. Eu sou tão chato com isso que não compro picanha com mais de 1,1kg. Se precisa de muita carne, compra duas, mas não leva a grandona. A picanha vem "grudada" no coxão duro, e separar uma peça da outra requer, além de um olho vivo, honestidade. E como a picanha custa 5x o preço do coxão duro, já dá pra imaginar o que acontece, né? Você compra uma picanha e leva uma picanha e meio coxão duro. Com o detalhe que você pagou tudo pelo preço de picanha. Ou seja: Não tenha o olho maior do que a barriga, e nesse caso, o olho maior do que a bunda. Compre as pequenas e seja feliz.

Ponto 2: A capa de gordura.
A capa de gordura é o que vai ajudar a sua picanha a ficar gostosa pra valer. Isso porque a carne dela é bem macia, e a gordura fica por cima, derretendo. Parte dela derrete e penetra (ui) na carne, fazendo da picanha o pesadelo das garotas de regime no seu churrasco. A capa deve ser uniforme, com menos de um dedo de espessura (lembre-se, nem dedo de mocinha, nem dedão de ogro), e igual dos dois lados. Como você não pode cortar a picanha no meio dentro do açougue pra ver se tá boa, imagine que uma capa que vai bem do começo à ponta da picanha, e uniforme de um lado a outro da mesma, deve estar legal.

Algumas picanhas tem a capa de gordura meio amarelada. Isso não é, necessariamente, um mau sinal. Apenas significa que o boizinho que ostentava aquele pedaço de bunda quando vivo já era um boi mais velhinho. Sua capa de gordura vai ter uma textura meio mole e amarela. A aparência é meio esquisita, mas não altera muito o sabor da carne. Se você der um azar dos infernos, pegou a picanha do boi de matusalém e aí vai ficar tudo duro mesmo, mas na maioria das vezes, o boi que comemos nem chega a ficar velho.

Ponto 3: A limpeza.
Dizem que roupa suja se lava em casa. No caso da picanha, prefiro deixar essa parte pro açougueiro ou pro frigorífico. Mas peraí, uma picanha tem que ser limpa? Sim, parceiro. Tem que ser limpa. Quando estiver com a piqueta em mãos, veja a parte de trás dela. Se você enxergar ali umas membraninhas, saiba que trata-se de uma picanha suja. Essa membrana do mal vai esquentar, assim como toda a carne. Como a membrana não tem água, ela vai diminuir de tamanho, e vai bagunçar toda a sua carne. E vai ficar dura pra dedéu. Você tem dois caminhos: Ou compra ela assim e limpa, retirando tudo como se fosse uma etiqueta usando uma faca afiada, ou procura uma picanha limpa. Eu prefiro comprar limpa por um motivo simples: quando limpa, vc joga carne fora, e você pagou por essa carne, e não pagou barato. Então os açougues e frigoríficos desse Brasil que se virem e vendam a picanha limpa.

Ponto 4: a maciez.
Embora, no geral, a picanha seja uma carne super macia, você pode dar o azar de pegar uma peça cheia de nervos, ou que endureceu por qualquer motivo. Nesse caso, recomendamos o teste da dedada, uma grande invenção do meu amigo Pão. Funciona assim: você pega a picanha na mão, vira ela com a gordura pra baixo e enfia o dedão na parte da carne. Recomendamos também que o faça discretamente, pois o gerente pode não gostar muito da realização do teste na sua presença. Feito o teste, fica fácil imaginar se a carne tá boa ou não.

Ponto 5: a cor.
Olha, depois que inventaram o photoshop, eu desconfio de tudo o que eu vejo por aí. Taí a Suzana Vieira que não me deixa mentir.



- Sou uma picanha novinha e macia. E sem coxão duro! Pode acreditar.

Mas em alguma coisa a gente tem que acreditar nessa vida. Então tenha em mente que quanto mais vermelha for a carne, mais novo o boi era, ou mais tinta levou pra ficar assim. Se o boi era novo, é certeza de carne macia. se tinha tinta, lamentamos. Mas pode comer assim mesmo, tem tanta tinta na comida da gente hoje em dia que já tá quase virando tempero.

Bom, são essas as dicas pra compra de uma boa picanha. Pequena, macia, limpa e vermelha. Se você conhece algum outro teste, mais alguma dica infalível pra escolha da picanha, comenta aqui!

Bom churrasco. Me convida #prontofalei.

[update] O leitor Raphael Neiva, se São Bernardo do Campo, me deu uma bronca e ele tem razão. Além disso, é dono de açougue e neste blog a gente enche a bola desses caras mesmo. A questão é que neste post estou falando das picanhas que encontramos em supermercados e açougues comuns. No caso de uma carne classe A, tipo exportação, a picanha pode ser muito maior do que 1,2kg. Portanto, se você tiver a sorte de experimentar uma dessas pra comprar, pode ser mais flexível quanto ao tamanho.
Essa foi a minha bronca. E eu retribuo: O Raphael escreveu isso como comentário lá no post do queijo coalho. Queridão, errou por pouco, hein!
Aliás, manda pra gente o endereço do açougue, faço questão de divulgar quem vende carne boa.
Valeu!

[update 2] Mais um leitor conhecedor das picanhas e maravilhas do mundo das mimosas e sua saborosa lataria me procurou para avisar que, respeitosamente, utilizou um pedaço deste parco pergaminho num post para o seu blog. Colocou os créditos e tudo mais. Mas, ao conferir, pude notar que ele escreveu muito bem sobre as grandes peças de picanha, as quais reneguei neste post. Recomendo a todos que o visitem e conheçam mais este lado tão palpitante desta peça de carne que tanto amamos: a picanha. Conheçam o blog do Alexandre Mitre

Especial Churrasqueiras: a churraquinha de papel

Sabe quando você tá fazendo alguma coisa com a certeza de que não tem chance nenhuma daquilo dar certo, mas ainda assim continua? Vai vendo...

Este post é a prova concreta de que Deus errou ao nos dar o livre arbítrio, porque com ele, cometemos este tipo de cagada. Se fôssemos todos condicionados como as crianças no The Wall (Pink Floyd, fantástico, tá tocando agora) a gente fazia tudo do jeito pré-programado e o livre arbítrio não nos levaria a inventar moda. Se você já leu o título desse post, e eu gosto de acreditar que leu, certamente pensou "esse aí fez merda". E você, astuto leitor, encontra-se coberto da mais pura e cremosa razão. Fiz merda. 

Conhece o que é uma situação FAIL? É quando as coisas dão errado por pura e simples cagada. O vídeo abaixo é um ótimo exemplo:


Estava eu caminhando e cantando e seguindo a canção pelos supermercados da vida quando me deparo com esta maravilha da preguiça moderna: a churrasqueira descartável. É, isso mesmo, uma churrasqueirinha pequena, de papelão. Li rapidamente a embalagem, e já pensei na fanfarrice que seria fazer um churrasco com isso. O preço, menos de 5 reais, não me deixava outra opção, eu TINHA que levar esse brinquedo pra casa. E assim procedi.

Chegando em casa, bora fazer uma análise mais detalhada na invenção. A embalagem é bonitinha, fotos bem feitas.. mas o redator que escreveu os textos da embalagem é um pândego. "Perfeita para camping", "prática", "ecológica", coisas normais que publicitário adora escrever. Mas um dizer me chamou a atenção: "Cuidado, pois o calor é imenso". Assim mesmo, imenso. Chegou a dar um frio na espinha. Então me dei conta de que ali não tinha apenas a churraca, mas também carvão, acendedor, fósforos, 4 pratos, 4 facas, 4 garfos, 4 guardanapos, espetos, sal e pimenta. Calcula, Ivette, como diria o meu avô. Uma embalagenzinha pequena, R$4,95 e tinha um churrasco inteiro lá dentro. Faltava só a carne. 

Os acessórios. Vê se dá pra comer com esse grafo.
Mil e uma utilidades: Churrasqueirinha pra sequestro-relâmpago.
Basta deixar uma dessas sempre no porta-malas do seu carro. Quando o bandido te abordar, basta entregar o seu cartão do banco com a senha pra ele e se recolher ao porta-malas, local destinado à vítima em tal situação. Tudo o que você precisa fazer é pedir ao ladrão que passe num açougue pra comprar um bifinho, já que ele tá com o seu cartão mesmo. Tem sequestros-relâmpago que duram horas, você arruma alguma coisa pra fazer no porta-malas enquanto o safado dilacera a sua conta bancária, e um churrasquinho ainda ajuda a relaxar a tensão um pouco. Taí a dica, fabricante. 

Bom, abri a embalagem e não parava de sair coisa de lá de dentro. Tava tudo quaaase certinho. Não encontrei o tal acendedor. Ok, sem problemas. Tinha um tubo branco, aberto e vazio lá dentro, parecido com um tubo de acetona. Não constava no manual, joguei fora. 

A montagem foi mamão com açúcar. Não precisa nem ler o manual. Junta as duas laterais, mete o araminho no meio e ela tá de pé. O carvão vem numa bandeja daquelas de alumínio, de marmita, e você posiciona sobre o araminho com marmita e tudo. E no alto você encaixa a grelha. Po, bico, né?

Ela é pequeninha, compara com o tamanho da lata.

Como gato escaldado tem medo de água benta, eu imaginei que a chance disso ser sem-vergonha era imensa, e preparei alguns espetinhos que saem bem rápido e não tem risco de torrar, já que o calor seria imeeeeensoooo.

Beleza, sem acendedor, taquei um pouquinho de álcool gel e usei a primeira parte do produto: o fósforo. Funcionou, sem sustos, acendeu direitinho. Taquei a grelha em cima e bora esperar um tiquinho pra ver se pegou. Pegou rápido. 

Pó falá: puta espeto bunitu, nénão?

Começo a achar que o redator tinha razão, o calor é considerável mesmo no começo do churrasco. As paredes de papelão são forradas por dentro com papel alumínio, e a bandeja do carvão tb é de alumínio. Ou seja, qualquer calor gerado ali não tem pra onde dispersar, e sobe pra grelha e esquenta pra dedéu. Inteligente, não?

Deitei os espetos. De repente subiu uma chaminha na carne, e eu tirei ela dali, como se faz quando sobe chama. Provavelmente pingou uma gordurinha e acendeu, pensei eu. Ledo engano. A chama subiu, subiu e virou uma labareda. Senti que o churrasco tinha grandes chances de acabar mais cedo.

Rescaldo de incêndio

Aí eu matei a charada: o acendedor tava lá sim. mas olha que idéia genial!! O acendedor tava no meio do carvão, por isso eu não vi, embora tenha mexido bastante no meio dele à procura do mesmo. Deixa eu dar uma dica, seu fabricante: Eu não preciso de um tubo de acetona vazio, mas se o senhor puder mandar o acendedor separado da próxima vez, vai ser bem legal. Se fosse um acendedor normal, tava valendo. Mas não, era um acendedor grande. Aí não tem jeito: era matar formiga com tiro de canhão.  Mesmo se eu tivesse posicionado ele direitinho e não tivesse usado álcool ia levantar labareda.

Mil e uma utilidades: Churrasqueira de primeiros socorros pra Lost.
Quando o pessoal do Lost caiu de avião na ilha, eles se lascaram pra conseguir fazer fogo. Fez bolha na mão, o véio gordinho teve que esfregar pauzinho durante um tempão.. Imagina se tivesse uma dessas embaixo de cada poltrona? O Sawyer ia roubar todas pra ele, enterrar, esconder e depois trocar tudo por favores sexuais da garota sardenta gatinha. Além disso, eles poderiam chamar o pessoal da Iniciativa Dharma pra um churras de confraternização e evitar a maior treta com Os Outros. Ah, e ela também faz uma fumaça sinistra.

Então veio o pior. Um horrível cheiro de coisa química queimando. O acendedor, além de estar genialmente posicionado no meio do carvão devia ter uma embalagem, que derreteu e ficou fedendo a plástico. Comer carne assada assim te leva pro hospital na hora. E vai explicar pro doutor que você tá passando mal porque comeu carne de churrasqueira de papel. Tá na lama.

Olha a proporção descomunal do tamanho do acendedor em razão da
quantidade de carvão e o tamanho da churraca. É acender e correr!

Foi o fim do churrasco. Mandei um copo d'água lá dentro e acabei com a brincadeira. Como não sou bobo nem nada, tinha um saco de carvão na manga, acendi a churraca de verdade e terminei os espetinhos. Que estavam uma delícia, por sinal.

Assim que esfriou, desmontei a grelha, joguei fora as partes queimadas e dei a estrutura de papelão pro meu filhinho brincar de churrasco no quarto dele. O moleque ficou feliz, valeu os R$4,95.

Obs1: Não tive coragem de usar a pimenta, temperei os espetos normalmente. Eu já não gosto muito de pimenta, e achei que aquela ali poderia ser xumbrega demais.

Obs2: Achei o site do fabricante, os caras têm também um forno de pizza de papel, que deve ser outra fanfarrice da criatividade humana. Maldito departamento de marketing.

Obs3: Tem um cara no mercado livre vendendo a churraquinha por R$19,95. Picareeeeta... Po, cumpadi. Onde que você acha que isso aí vale vinte mangos?

Obs4: Visite o FailBlog e comprometa os músculos da sua cara de tanto rir. Ana maria braga, recomendo cuidado com o botox. Ah, o vídeo da comemoração do gol saiu de lá.

Avaliação final: Olha, não deu pra fazer um churras, não. Então, enquanto churrasqueira, ela é inútil. Mas custou muito barato e virou brinquedo do meu filho. Valeu o investimento. Claro que eu não vou mais gastar dinheiro com esse treco, mas eu acho que se comprasse outra, descartaria o acendedor nuclear que veio nela, e aí eu acho que daria pra fazer um churrasco sim. Mas eu chamusquei a sombrancelha e magoei: não arrisco mais.

Especial Churrasqueiras


Uma das coisas que vai determinar como vai funcionar o seu churrasco é o tipo de churrasqueira que você tem em mãos. Churraca de tijolo, pré-fabricada, montada na gambiarra, elétrica, de metal, a bafo, de roda de caminhão, carcaça de computador, George Foreman, e se deixar essa conversa vai longe. A criatividade do povo voa quando o assunto é assar uma mimosa.

Pretendo, nessa série de posts que começa agora, experimentar todos os tipos de churrasqueiras que conseguir. E, claro, fotografar, registrar, rotular, carimbar e reconhecer firma de cada carvão queimado neste pergaminho.

Eu já falei aqui de churrasqueiras pra apartamentos. Um leitor brasileiro morando na Suíça me contou sobre a churraca a gás que ele tava usando lá na terra onde as vacas são loiras e têm tetões. Eu já contei como improvisava churracas com tijolo roubado lá em Bertioga... Tem bastante assunto pra explorar aí, não acha?

Aliás, dicas são sempre bem-vindas. Se você tem alguma churraca diferente, inventou algum novo modelo revolucionário, fez uma gambiarra que funcionou tão bem que nunca mais desfez... Conta a história aqui que a gente publica e ainda dá os créditos.

Venham, caras! A linguiça de plástico está quase no ponto, hã!

Coraçãozinho temperado

O coraçãozinho de frango é uma carne ingrata. Primeiro porque você tem que limpar, e isso dá um trabalhão. Já mostrei num post anterior como é que faz isso, e é nojento e eu não vou falar nisso de novo. E você compra 1kg e quando limpa, fica com 650g. Isso porque depois de tantos anos nessa indústria vital, os fabricantes de coração (sic!) ainda não entenderam que é uma delícia assar coraçãozinho de frango, mas as artérias e outros presentes do mal que sempre vem junto ficam um lixo. Colocar os coraçõezinhos com artérias na churrasqueira é como se você estivesse assando um pedaço da perna cheia de varizes da bruxa do 71.


- Num vô!


E não é só por isso que o coraçãozinho é uma carne ingrata. Conhece a história do garçom da churrascaria que tem como tarefa servir o coraçãozinho, que ninguém quer e depois o cara é zuado pelos colegas? É bem por aí. Todo mundo olha feio pro coraçõzinho, mas no fundo, no fundo, não tem quem não goste de cerrar os dentes no órgão vital do doce e cacarejante frangote.

A idéia dessa receita é fazer um coraçãozinho diferente, que vai dar uma trabalheira e quase nada de carne (já vou avisando), mas fica uma delícia e vai manter a auto-estima do seu garçom em dia.

Bom, partamos do princípio que você é um churrasqueiro cuidadoso e tomou as precauções necessárias em relação às artérias e demais órgãos encontrados, ok? Estou acreditando que você tem aí uns 600g de coração limpo, parceiro. Não vem com churumela pro meu lado, que depois a receita fica ruim e você vem botar a culpa no blog.

O primeiro passo é cortar em pedaços bem pequenos um dente de alho. Pra isso tem uma dica sensacional, direto da patroa lá de casa: deixa o alho sempre no freezer. Quando vc destaca o dente, a casca sai facinho e fica uma moleza cortar ele. Descobri isso sem querer, porque em casa sempre tem alho no freezer e eu nunca tinha me ligado porque. Neste final de semana, uma prima foi fazer um macarrão pras crianças e deixou o alho fora. Quando eu fui cortar, foi uma meleca só. Portanto, deixa o cabeção do alho no freezer que é mais fácil manuseá-lo. Beleza, feito isso, mande pro coração um dente de alho picadinho. 

Agora é a hora da combinação perfeita. A hora do Romário e Bebeto, do Roberto e Erasmo Carlos, do Pica-Pau e Pé de Pano, do William Bonner e Fátima Bernardes do churrasco: a dupla perfeita Azeite e Orégano. Incrível como esses dois ingredientes nasceram um pro outro. Qualquer coisa que receber azeite e orégano fica bom. Portanto, jogue lá uma golada de azeite, e uma tacada de orégano. 

Um bom agrado pra essa receita é um teco de molho shoyu, o melhor trava-linguas da cozinha moderna. Fale mil vezes "moio shoio" que você enlouquece. Mas antes, deixe uma meia golada dele na nossa receita.

Pra finalizar, despeje uma colherada de mostarda, de preferência a preta. Acho que a mostarda preta fica melhor depois de misturada e assada do que a amarela. Mas fica a seu critério. 

Pra finalizar de novo: não faça como eu acabei de fazer, não esqueça de colocar sal. Uma mãozada de leve já tempera todo mundo. Não seja o monstro da salina mal-assombrada, salgue com parcimônia. E pode usar sal fino mesmo, já que tá cheio de molho não faz sentido deixar o sal derreter.

Agora é só misturar tudo e usar da malandragem. Feita a receita, você tem duas opções: Ou espeta os corações e se suja todo, ou usa do bom e velho jeito malaco de ser. Em todas as vezes que fiz essa receita, dei um migué pra cima de alguma mulher (a maior parte das vezes, a minha própria) e disse que ia acendendo o fogo e bla bla bla e deixava ela com a tarefa de espetar, o que, além de sujar as patas, demora pacaramba. 

A partir daí é fácil, basta tomar uma cerveja na frente da churrasqueira enquanto espera a mulher espetar os corações. Quando eles chegarem, deixa na grelha de qualquer jeito e boa. quando o coração tem tempero assim, não tem muita técnica na frente da churraca. Você pode colocar o coração direto no mais quente, deixa lá e vira de vez em quando. Só tira quando estiver bem passado, porque ele vai ter bastante molho dentro dele, que precisa estar seco. Caso contrário, o gosto pode ficar um pouco forte, acentuado pro lado da mostarda.

Aí você vai descobrir que o coraçãozinho é mesmo uma carne ingrata: os 650g que você preparou secam e diminuem drasticamente de tamanho, resultando em uns 400g de carne. Assim que você tira do espeto, as pessoas devoram e ele some em segundos. 

Mas vale a pena tanta ingratidão, já diria a mulher do bandido. Isso porque fica gostoso mesmo e todo mundo elogia depois. 

Custo: R$7,00 a bandeja de coração, balato.
Tempo de preparo: 4 brejas na cozinha, 2 na churraca: sirva feliz.
Rendimento: quase nada, faça outras carnes junto.

Teoria da conspiração: minha alma por uma fraldinha

Sabe que o Abílio Diniz é um cara bacanão, né? Ele é ziliardário, tem um mercadinho massa, escreveu um livro que ninguém leu e ele não tá nem aí, e tem dinheiro pra comprar tudo o que ele quiser, de político honesto (há) a jogador de futebol.

E já foi falado por aqui que eu costumo comprar as carnes que faço e as brejas que bebo num Pão de Açúcar mais perto da minha casa, e faço questão de dizer que não ganho nada do seu Abilhão, porque não ganho mesmo. 

Mas eu ando desconfiando de uma coisa séria. O Abílio anda me seguindo. Ele tá lendo isso aqui, sei lá, alguma esse cara tá me aprontando. Já assistiu o "Show de Truman"? Então assiste. No final, o Jim Carrey começa a sacar que tá sendo observado e tal. E é assim que eu tou me sentindo. Acho que o Abílio tá pagando uns arapongas pra ficar na minha cola. No maior estilo sai-da-minha-aba-sai-pra-lá, eu vou explicar, senta que lá vem a história:

- passa o sal, garotão!

Eu escrevo nesse blog porque eu gosto, única e exclusivamente por isso. Tou me cagando se alguém vai achar ruim porque eu escrevo palavrão. Tou me cagando se a ana maria braga vai me processar e, principalmente, tou me cagando pra qualquer estratégia que envolva dinheiro nesse blog. Isso aqui é uma diversão, e eu me cago de rir com os "blogueiros" estrelinhas mundo afora que ficam enchendo seus blogs de propaganda do google, torrando seus neurônios em estratégias e traquitanas pra "monetizar" seus blogs. Tô tocando um foda-se grandão pra isso. Quer dinheiro? Arruma um emprego, sabichão!

E o Abilhão é um cara sabido, tem visão além do alcance, sentidos aguçados, fica invisível, respira debaixo d'água e só não sabe voar, mas tem um helicóptero maneiro que resolve a parada. E antes que eu pudesse dizer o preço, ele sacou que esse blog aqui não se vende, mas o cara sabia que tinha uma dívida de gratidão para comigo. Afinal, eu falo do mercadinho dele aqui, e a gente sabe que ele tá estourando de venda na nossa conta :-)

E o Abílio não é do tipo de pessoa que gosta de ficar devendo, por mais que eu faça isso numa boa. Recentemente, tenho notado um comportamento estranhíssimo por parte do pessoal que trabalha pra ele. Acho que esse pessoal tá querendo me comprar. Medo, muito medo. Sente o drama.. 

PRIMEIRO SINAL: 
Já falei que fiz um churras pra 40 pessoas, certo? Nesse dia, fui no PDA e comprei quase todas as carnes lá. Como tinha um trampo de cozinha considerável, meti na conta uma caixa de breja, pois eu sou um filhinho de Deus, e se ele inventou a cerveja, eu quero um gole. Pois na hora de conferir a filipeta pra escrever o post, notei que a caixinha não havia sido cobrada. Lucky day, pensei eu. Mal sabia que este era apenas o primeiro passo de uma conspiração.

SEGUNDO SINAL:
Olha, se tem uma coisa que esse cara manja é de marketing. Ele conhece o seu público como ninguém. E ele sabe que eu gosto de cerveja, e decidiu que é assim que ele vai me comprar. Semana passada foi o aniversário de 79 primaveras da Dona Vovó, uma senhora de fina gala que me ensinou, entre outras coisas, a apreciar a boa alimentação, a comida saborosa que só a culinária de uma legítima mamma italiana é capaz de proporcionar. Nessa festa, a família se reuniu para uma feijoada, e a minha parte na realização de tal evento ficaria, claro, a cargo da compra das cervejas que a horda, digo, família, consumiria. Já no caixa, pude perceber que a garota do caixa contabilizou 5 caixas de latas, em detrimento às 6 que levava. Resumindo: mais uma caixa de graça.

[PÁRA TUDO AGORA] desculpe, mas é impossível continuar a escrever qualquer coisa sem registrar que eu acabei de ver foo fighters e JIMMY FUCKIN PAGE AND JOHN PAUL MOTHERFUCKER JONES tocando juntos no multishow. Quando eu secar as lágrimas do meu rosto, continuo.
[/PÁRA TUDO AGORA]

Bom, voltemos, pois, à programação normal.

TERCEIRO SINAL:
Agora ele começou a dar muito na cara. Saí tarde e faminto do trabalho. Tal qual o guepardo na savana correndo atrás da indefesa zebrinha, adentrei as portas do PDA mais próximo da minha casa. O objetivo era simples e direto: comprar um pedaço honesto de queijo gorgonzola e pão francês, pra amassar com azeite e degustar enquanto meu bravo Palmeiras se desdobraria em campo contra o Colo-colo (isso lá é nome de time?). Porém, meu já condicionado subconsciente me levou à prateleira de carnes do mercado, onde encontrei a prova de que esse senhor anda grampeando meu telefone, ouvindo o meu ronco e seguindo meus passos. Como ele sabia que hoje não faria churrasco, partiu pra uma estratégia mais agressiva. Bati os olhos na prateleira das carnes e dei de cara com uma linda peça de fraldinha, limpa e tudo. O preço? R$1,81. Exatamente, um pequeno real e oitenta e um pequenos centavos. Na etiqueta, estava escrito "coração bovino". E não era a única peça. Havia umas 5 bandejas com lindas fraldas, batizadas de coração de boi e a preços ridículos. Fiz uma ligeira conferência, só pra ter certeza de que aquilo não era mesmo uma porcaria de coração de boi, e meti no carrinho, ainda decidindo se contava tudo ao caixa e pagava os + - R$15,00 que a peça deveria custar. 

- num olha pra mim, comprei na promoção

Lembrando-me dos inúmeros centavinhos de troco que ele nunca me deu (porque raios os produtos tem que custar R$x,99?? Cade meu troco de um centavo?), decidi usar dos meus direitos de consumidor e passar pelo caixa. Pois tenho em minha geladeira hoje um belíssimo pedaço de fraldinha que me custou R$1,81. Menos do que uma embalagem de Halls. Menos do que uma coca-cola 2L, menos do que um pastel na feira.

MORAL DA HISTÓRIA: ele conseguiu. Comprou a minha alma por uma peça de fraldinha.

- manda um lá menor aí, Danny boy, senão eu tou na lama.

O mal disso é que eu me sinto o Daniel San no filme "Crossroads", quando ele percebe que o parceiro dele, Willie Brown, vendera a alma ao diabo. Naquele pedaço de carne está selado o destino da minha alma. Serei condenado a perguntar "O senhor é cliente mais? Nota fiscal paulista?" pra toda a eternidade. Fudeu. 

Linguiça de picanha

Neste blog eu nunca escrevi sobre linguiça (exceto a cuiabana, que é outra história). E isso tem um motivo bastante lógico: linguiça não tem receita. Quer dizer, até tem, mas a gente não vai chegar no ponto de comprar tripa, moer a carne e colocar lá dentro e tal. Esse é um processo mega trabalhoso, meio nojento e nem um pouco amigável. Além disso, existem vários tipos legais de linguiça à venda por preços honestíssimos por aí. Ou seja: Não espere que nós vamos estimulá-lo a moer a carne, temperar, enfiar tripa de carneiro abaixo pra depois fazer o nozinho na ponta. Nada disso, corre no açougue, no supermercado, na geladeira de sogra e compre uma boa linguiça (exceção feita à geladeira da sogra, onde deve-se praticar o furto, mesmo).

Pois a boa notícia quando se fala de linguiça vem de um cara que tem um nome infame, mas um coração de ouro: O Rei da Linguiça. É, o Rei da Linguiça é aquele cara que começou de baixo, montou seu negocinho de encher tripa, cresceu e hoje é um cara foda nesse meio (sem trocadilhos, ok?). A única coisa em que ele não pensou foi que ele faria tanto sucesso, mas tanto sucesso, que o nome besta que ele escolheu pro negócio dele pudesse virar motivo de chacota. E virou. Pô, seu Linguiça, vacilou feio hein!



- Eu já falei pro Bill que lá em casa só entra a linguiça do Rei.

E eu resolvi experimentar a linguiça do Rei da Linguiça. E gostei.

ATENÇÃO: Antes de continuar a ler este blog, certifique-se de que está em dia com a sua sexualidade, seja lá ela qual for, e tire da sua cabeça todo e qualquer pensamento maldoso e/ou capicioso. O editor deste pergaminho informa que "experimentar a linguiça", no nosso vocabulário, significa única e exclusivamente ato ou efeito de saborear um alimento. Toda e qualquer interpretação diferente desta citada, será considerada inapropriada, afronta, provocação, PALHAÇADA E QUERO VER VIR AQUI FALAR ISSO NA MINHA CARA PORQUE AQUI O SISTEMA É BRUTO, MOROU!!

[Este site ficará fora do ar por motivos de força maior. Pedimos que aguardem o tempo da maracujina fazer efeito e releiam as regras acima dispostas, afim de evitar novos problemas]

Ok, acalmados os ânimos, voltemos ao assunto que nos interessa.

As linguiças do Rei da Picanha são diferenciadas, e é por isso que ele é Rei. Já viu o Pelé jogando? O cara era diferenciado, não? Por isso que é rei. E o Robertão? Cê acha que ele faz especial no fim de ano desde que a globo é globo porque? Porque é diferenciado! Lá em Cachoeiro do Itapemirim não tinha UM capaz de dar aquela risadinha sem-graça como ele, não tinha UM que usava uma pena no meio do cabelo que nem ele, e não tinha UM capaz de usar calça branca, camisa branca e paletó azul que nem ele, nem cantar de ladinho no microfone, nem dar aquela levantadinha brega na sombrancelha, enfim. Por isso que o cara é rei. Porque ele, o Pelé e o Rei da Linguiça são capazes de fazer um monte de coisas que eu e você não conseguimos fazer, e ainda meter gol, descer a Augusta a 120 por hora e enfiar a calabresa... bom, deixa pra lá.


- Deita na brasa, mora?

Essa conversa mole toda (sem trocadilhos, a brincadeira tá começando a ficar chata) era pra dizer que o seu Linguiça inventou um monte de tipos diferentes de linguiças recheadas muito bacanas. O preço não é dos mais baratos, mas a gente não tá falando de uma linguiça qualquer. É a linguiça do Rei, porra!

Neste post, estamos falando da linguiça de picanha. Comprei uma embalagem contendo 4 linguiças grandes (limpa essa mente AGORA), pesando 400g. O que eu mais gostei foi o tempero, dosado na medida, e a honestidade na picanha. Porque muitas vezes você vê produtos (hamburgeres e outras merdas) de picanha que não tem nem o cheiro da mesma, e aí os caras entopem de tempero pra enganar. Essa linguiça parece bem honesta nesse sentido, por isso o tempero é bem suave.

Pra preparar, é a coisa mais besta do mundo. Mete a linguiça na grelha (pensa bobagem agora, pensa) e deixa lá esquentando. Quando começar a ficar escura embaixo, é hora de virar. Como não é uma linguiça gordurosa, recomendo virar com cuidado pra não furar, senão ela pode perder todo o pouco líquido que tem e secar. Ficou escura do outro lado, mete na tábua, corta (tá vendo? pensou bobagem, ficou de linguiça cortada) e come.

Custo:
R$11,00 o pacote com 400g. Caro, mas trata-se de um produto de primeira. Não é pra servir num mega churras.
Rendimento: Ah, alimenta umas 4 pessoas, mas você tem que ter outras carnes.
Tempo de preparo: Umas 3 brejas de um lado, mais 2 brejas do outro: sirva alegre.

A costela do porco-cabrito

Neste blog, nós adoramos os Simpsons. A razão dessa adoração toda tem nome e sobrenome: Homer Simpson, esse é o cara. Homer querido, você mora no nosso coração. Nós escolhemos você pra jogar no nosso time. Nós emprestamos a velha camisa da seleção de 70 pra você, dividimos a nossa cerveja e deixamos o controle da TV na sua mão. 

Isso porque o Homer é um cara que gosta de cerveja, e a gente gosta de cerveja. Hommer tem uma pança responsa, e a gente ainda não tá assim, mas é questão de tempo pra chegar lá. Homer é foda porque manda pensamentos como esses aqui:
"Filho, uma mulher é parecida com… [olha ao redor na cozinha] uma geladeira! Elas têm quase 1,90 m e uns 130 kg! Elas fazem gelo e… hum… [encontra uma lata de cerveja na geladeira]. Não, espere um minuto! Na verdade, mulher é mais como uma cerveja. Elas cheiram bem, são bonitas e você pisaria na sua própria mãe para conseguir uma! [Bebe a cerveja.] E você não consegue parar com uma só!
Você sempre quer beber outra mulher!"

Ou ainda:
"Ele já sabe como gosto do meu DRINK.... Com muito álcool!"
E Homer criou o porco-aranha, a fantástica criatura que compartilhou o meu imaginário esse final de semana. Tudo isso porque eu assumi o meu lado Homer e criei o... Porco-cabrito!!!




Sabe que eu percebi que nunca escrevi uma receita de costela de porco por aqui? Pois é, sabichão. Como é que você pensa que entende de churrasco, se nunca escreveu nada sobre uma das carnes mais fáceis de fazer? Pois é, maior furada, então corre ae, bora recuperar o tempo perdido. Mas, enquanto o sr. Homer caminha com o porco no teto, vamos convidar o leitãozinho até a área da churraca pra deitá-lo na caminha de carvão quente que preparamos pra ele. 

Na semana passada, eu tava numas de querer fazer um porquinho marinado, porque o cabrito tinha ficado massa, e eu sabia que dava pra fazer algo bacana com a costelinha. Corri no mercado e encontrei uma peça de costelinha de porco de 1,2kg bem carnuda, como há tempos não via. Comprei ela, a costela, e mais uma garrafa de vinho branco vagabundo. Tá, mas e agora, e o tempero?

Pois eu encontrei, num hortifruti lá perto de casa, uma pequena porção de felicidade desidratada. Estamos falando de um tempero chamado Chimichurri, que, na verdade é um molho, mas no nosso caso, estava desidratado. Explico:

Os argentinos não entendem nada de futebol, mas se tem uma coisa que eles entendem é de carne. E de churrasco. Lá na terra deles, a vaquinha come capim mais verde, faz cocô mais cheiroso e até o mugidinho dela é mais bonitinho. Portanto, quando um argentino falar de churrasco para você, escute. Mesmo que você tenha que fingir ignorá-lo. Pois eles inventaram o tal molho chimichurri, um molho à base de azeite, alho, vinagre, salsinha e mais um monte de coisas que ficam animais num churrasco. Mas o chimichurri dessa receita é outro: desidratado. 

Comprei uma pequena embalagem de "tempero chumichurri". Tinha cebola desidratada, alho, tomate, sal, salsa, bacon, pimenta calabresa e mais alguma coisa que não consegui reconhecer. Não se preocupe com o meu tempero, eu mesmo sei que não vou mais encontrar desse pra comprar. Sendo assim, siga minimamente os ingredientes do molho que funcionará bem.

Bom, joguei o pacotinho de chimichurri num pote e adicionei o vinho branco. Metade da garrafa foi suficiente. O porquinho bebe super bem o vinho, então você tem a vantagem de beber a outra metade da garrafa, e dane-se que o vinho é vagabundo. 

Misturei bem com uma colher, adicionei um golão de azeite e joguei sobre a costelinha, que a essa hora já estava deitadinha numa bandeja grande. Só pra caprichar, picotei meio maço de cheiro verde e joguei sobre a costelinha, sem misturar demais com o vinho. Antes disso tive o prazer de descobrir a diferença entre o cheiro verde e a salsinha: você coloca dois talinhos de cebolinha num maço de salsinha e voilá! Você tem um maço de cheiro verde.


Foi assim que o porquinho dormiu: vinho branco, tempero chimichurri e dois nana-nenéns.

Bom, daí pra frente foi bico. Cobri a bandeja com papel alumínio e botei o porquinho pra dormir lá no calor da minha geladeira.

No dia seguinte, segue-se o ritual de preparação de qualquer costelinha de porco. É só colocar a costelinha com o lado do osso pra baixo, deixar lá até parecer assado, virar, deixar assar, cortar e comer. Fácil!

E aí você me pergunta: porque porco-cabrito? Ah, eu te conto.

A costela de porco é uma carne rosada, que tende a ficar branca quando assada. O cabrito também. O cabrito bebe o vinho de um dia pro outro e fica com gostinho de vinho. O porco também. Cabrito e costela de porco são carnes bem macias, com a diferença que algumas pessoas torcem o nariz pro cabrito só porque não conhecem, e o porquinho todo mundo sabe quem é e come feliz. Além disso é mais barato e você prepara uma carne batuta com pouco cascalho. 

Na hora de servir, teve gente que pingou limão, mas eu preferi sentir o sabor do vinho. Fica bem legal e a galera come em segundos. Faça bastante.

Custo: R$15,00 por 1,2kg de costela. R$6,00 uma garrafa de vinho vagabundo.
Tempo de preparo: Meia garrafa de vinho vagabundo na cozinha, 2 latinhas na churraca.
Rendimento: Serve legal umas 5 pessoas, mas é legal ter outra carne pra compor o churras. 

Dá pra não amar essa mulher?

E daí que a minha esposa tava me questionando esses dias porque eu pego tanto no pé da ana maria braga. Já disse que pago um pau pra esse negócio dela falar e não mexer a boca, da pele dela ser esticadona, de fazer receitas esdrúxulas e achar aquilo o máximo e, po, a tiazona até curte um churrasco. Qualquer um fica fã de uma peronalidade dessas.

A ana maria braga é pessoa tipo piada pronta. Não precisa arrumar motivo pra sacaneá-la, ela mesma faz isso por você. 

Pois eu batizo esse vídeo de "É por isso que nós amamos a ana maria braga". Prepare o seu estômago e veja com seus próprios olhos. Não assista esse vídeo na presença de outras pessoas.

Ana maria braga, obrigado por você existir.

Não deu pra resistir. Acabei vendo o vídeo mais uma vez e preciso comentar alguns momentos dessa pérola.

"Good morning boys!! Wake up guels!" Só esse começo apoteótico já mostra o que vem por aí.
Então o loro pergunta "cadê a minha mãezinha??". Então tá então, mamãe.

"- Se você pudesse mudar tudo e ser outra pessoa, quem você gostaria de ser?" pergunta a madame do botox de ouro, senhora dos nossos corações. Pois eu queria ser uma mosquinha nos bastidores do programa só pra saber quem teve essa idéia fantástica. Aliás, uma mosquinha não. Um mosquito da dengue, pra poder morder esse gênio e garantir que idéias como essas nunca mais sejam postas em prática.

Olha, dona ana. A gente ama a senhora, mas com a madonna a senhora não ficou parecida não. A minha responsabilidade jurídica me impede de falar o que me vem à cabeça agora, mas olha: se o Ronaldo fenômeno te vê assim, ele gama.

Peixe na churrasqueira: Lugar de tainha é na brasa

A páscoa se passou, e com ela a antiga e dolorosa tradição de não comer carne na sexta-feira santa. Isso acontece porque a Igreja diz que a gente tem que passar por alguma penitência nesse dia em respeito ao sofrimento e Jesus e tal, e aí tem esse lance que a gente não pode comer carne nesse dia. Ainda bem que eles não falaram nada da cerveja, porque isso sim ia ser o maior sofrimento. Dói um pouco ficar sem comer carne num feriado, mas se tem um cara que a gente curte é o Papai do Céu: sabendo que a gente ia ter que passar por essa, ele chegou lá pelo quinto ou sexto dia e inventou O PEIXE e ensinou o pessoal da peixaria a pescar. Aí se o pessoal acha de bom tom sofrer um pouquinho e não comer carne, a gente come peixe e ele que sofra no nosso lugar. Tá fácil.

O peixe escolhido, não por Deus, mas por mim, foi a Tainha. Tenho boas lembranças da Tainha. Em Bertioga, existe uma festa que ocorre uma vez por ano, onde eles fecham um lugar grande e fazem uma festa regada a receitas diferentes de tainha e de derivados alcoólicos. É uma festa bacana e eu recomendo a visita no mês de julho. Tenho, como lembrança de infância, a família chegando tarde em casa, todo mundo embriagado enquanto a criançada fingia que dormia (o que nem precisava, pois eles estavam bêbados mesmo). Mas vamos aos finalmentes: eu SEI que a tainha é um peixe gostoso, então bora lá deitar a garota na brasa.

Comprei duas tainhas - limpas, porque eu limpo carne, mas tenho nhaca de peixe, que pesavam, mais ou menos 800g cada uma. Como peixe rola um puta desperdício (pele, escamas, rabo, cabeça, vc não come quase nada), 1,6kg de tainha não é lá um grande banquete não. 

Existem várias maneiras de preparar a tainha. Minha mãe fazia uma no forno com batatas, azeite e orégano que ficava bacanérrima (taí a dica, hã!). Mas aqui a gente deita os bichos na grelha e é assim que vai ser com a tainha: deitada lá, assadinha! Preparei um molhinho pra temperar, embrulhei e boa.

O temperinho ficou super suave e saboroso. Vamos a ele:

Num pote, esprema uns 5 limões. Não vai querer economizar nisso, o importante é o peixe estar bem temperado. No mesmo pote, manda umas 2 mãozadas cheias de sal grosso. Deixa o potinho de lado e vai cuidar dos outros ingredientes, e isso tem um motivo: o sal grosso vai começar a derreter no caldo do limão. E pode esquecer esse maldito pensamento prático: o sal grosso derretido não é igual ao sal fino. Ah, você já entendeu: deixa lá o sal descansando no limão e vai cuidar do alho. Alho? Que alho?

Esse aqui, ó: pegue 3 ou 4 dentes de alho, dos graúdos. Usando uma faca afiada e muito cuidado com a integridade dos dedos que tem na mão, triture o alho em pedaços bem pequenos. Olha, eu sei que a vida moderna é toda bacanona, e vende alho triturado no supermercado. Ok, se você pensa assim, pode fazer o peixe direto no microondas, e tenta a sorte ae. Entenda, ilustrado leitor: a qualidade dos ingredientes fazem a sua comida ficar melhor. Quanto mais frescos (ui!) os ingredientes que utilizar, melhor fica o sabor. Voltando ao ponto: tritura a porra toda e joga lá junto do sal grosso e do limão.

A tainha é um peixe muito carnudo, e eu acho que um pouco de manteiga pode fazer essa carninha aí mais feliz e saborosa pra preencher as crateras dos nossos cânions estomacais. Mas a gente sabe que se jogar manteiga de qualquer maneira lá não vai misturar nunca. Aí a gente te manda uma dica: pega uma colher, enche de manteiga, acende o fogo e segura a colher ali, durante alguns segundos. A manteiga magicamente derrete e agora você pode misturá-la com o limão, o sal e o alho. Faça isso. No caso, derreti umas 4 colheres de manteiga.

Pra completar, dê uma chacoalhada num pote de tempeiro. No caso, chacoalhei o de pimenta do reino. Mistura tudo e começa a passar no peixe.

Com o instrumento correto, abra a barrigada do peixe (note que já deve haver um bom corte ali, por conta da limpeza feita na peixaria) e sapeque umas boas colheradas dentro dela. Passe um pouco na parte de fora e embrulhe a tainha. Se você for malaco, vai fazer uma espécie de conchinha com o papel alumínio, e então poderá depositar uma ou duas colheres de tempero a mais antes de fechar o alumínio. Isso vai ajudar a sua amada tainha a beber mais limão, mais sal, mais pimenta, mais manteiga e mais alho, ficando mais... gostosa.

Embrulhada a nossa feliza nadadora, deita ela na grelha, no andar de baixo, tomando conta apenas do fogo não ficar muito alto. Cuidando pra não deixar a chama queimar o papel alumínio. Deita ela, enxuga 3 latinhas, vira com muito cuidado e enxuga mais 3. Você, à medida que vai bebendo, começa a sentir o cheiro da tainha ficando legal. Ok, findas as 6 brejinhas, abra o papel com a faca, sem necessariamente desembrulhar. Abre um corte na parte de cima e vai abrindo o papel que já tá bom. 

Pra servir, deite a tainha com papel alumínio e tudo na tábua. Ofereça um garfo para cada convidado e dê a largada: as pessoas vão voar sobre o seu peixe. 

Cuidado com as espinhas, a tainha tem montes delas. A boa notícias é que elas são grandonas, e só vai se engasgar aquele mais morto de fome. Mas aí, como dizem: apressado come cru e se engasga com a espinhona. Avise a ele que a sua parte tá feita.

O peixe fica bem legal. Pra provar isso, reproduzo aqui uma conversa telefônica gravada com autorização da justiça entre a minha esposa e a mãe dela, que por acaso é minha sogra:

- Mãe, tudo bem?
- Tudo, filha. Quer dizer, tudo menos o pedreiro que jhasck skdn kjnskdd;f bowjo aknx, cnskdj, o presidente lula que jksdn lsnjkdc kdnksdv ksjdvnbks e a ana maria braga que falou no programa dela que xzlkvs klvjx lcvnx jklcnv kxnv slkj e passou embaixo da mesa. Mas olha, como estava bom aquele peixe do Daniel ontem, hein! Mas não conta pra ele, senão esse moleque acha que eu sou mole. 

Alguns trechos dessa conversa foram retirados da transcrição por não ter absolutamente nenhuma relevância neste contexto, e, na verdade, em nenhum outro.

Ou seja, cumpra a penitência, asse o peixinho e ganhe o coração da sua sogra para todo o sempre. Mesmo que ela jamais admita isso. 

Rendimento: essas duas tainhas encheram o bucho de 4 pessoas, e ainda fiz uma pecinha pequena de lombo de salmão, que abordaremos em outros versículos.
Custo: as duas tainhas custaram R$18,00. Sei que paguei caro, mas estava em são paulo no meio do feriado, e sem a menor vontade de correr mundo atrás de peixe barato. Ah, 18 mangos tá bom, né?
Tempo de preparo: todas as latas que julgar necessário na cozinha, 3 de um lado do peixe e 3 do outro lado: sirva bêbado.

Este post é uma homenagem aos personagens desse post: Deus, minha sogra e a tainha, nessa ordem. Todos os 3 são seres vivos bacanas, com a exceção do peixe que eu prefiro morto.

Como eu fiz um churrasco pra 40 pessoas com R$175,00

Antes de iniciar, vou avisar: este post é longo, e pra caraio. Trata-se de uma epopéia, e eu tou dando a dica pra você mandar um churrasco responsa pra 40 esfomeados com menos de 200 mangos, ou seja, menos de 5 cruzeiros por pança. Se você não tá afim de ler, leva a sua galera na churrascaria de sua preferência e hipoteque a sua casa quando chegar a conta. Esclarecidos os fatos, vamos aos assuntos que nos interessam.

Eu não sou churrasqueiro profissional. E eu não quero ser churrasqueiro profissional. Me incomoda a idéia de fazer comida pra pessoas que não conheço. Incomoda também a idéia de fazer carne sem nenhum amigo pra bater um papo. Além disso, fazer carne sem enxugar umas boas brejas não faz o menor sentido. Eu, como churrasqueiro profissional ia passar vergonha. Ia encher a cara em todo churrasco, queimar o meu filme, e no final sairia breaco demais e nem ia lembrar de cobrar o meu dinheiro. Por isso que eu faço carne pras pessoas que eu gosto e tá bão por aí. Claro que existem excelentes profissionais por aí e eu acho super bacana. Pra eles. Pra mim, carne e trampo não se misturam.

Só que nesse final de semana eu fui churrasqueiro profissa por um dia. Foi o aniversário da minha queridíssima sobrinha Nicole. Vã, a mãe dela e minha prima-irmã, queria fazer um churras pra chamar a tiarada, primaiada, molecada, padrinhada, vizinhada, hunos, godos e visigodos. E me pediu pra cuidar da parte da carne. Eu não tinha como dizer não. É pra Nick, pô!! E aceitei o desafio de cuidar de um churras pra 40 pessoas. Peguei 200 cruzeiros com a Vã e  bora pro jogo. 

Vem comigo fazer uma continha. Aproveita que a minha filha teve prova de matemática ontem e eu estudei com ela, e a conta tá quentinha na cabeça: 200 fuckin mangos é um dinheirão, né não? Éééééé... opa, então sente o problema chegando:

Pedrinho foi ao açougue comprar carne pra 40 pessoas. Se o preço da picanha anda valendo R$30,00 em média, qual dos dois rins o Pedrinho vai ter que vender pra pagar esse banquete: o direito ou o esquerdo? Sem rim, como ele vai processar a cerveja do churrasco? Tem chance disso dar certo?

Pois então, foi assim que eu me senti. E ao contrário do Pedro Bial, encarei o paredão e dane-se os 300 milhões de votos (a globo acha que a gente tá na china. um paredão tem 50 milhões de votos num país de 200 milhões de habitantes. Um pra cada 4, Bial??). O primeiro passo foi pedir a grana ao vivo pra Vã, e isso teve um motivo. Seu eu faço o velho esquema de eu-pago-e-depois-vc-me-paga, eu ia acabar gastando mais, e absorvendo o preju. Claaaro que eu pagaria o quanto precisasse pela Nick, mas achei que valeria a pena abraçar o desafio. Meti as quatro onças-pintadas na mochila e era aquilo que eu tinha pra gastar. Pois eu fiz o milagre, e vou contar o santo.

Primeiro enfiei na minha cabeça que não ia ter picanha. A piqueta é uma delícia, mas é cara pra diabo e acaba em segundos num churrasco. Optei por fazer outras carnes mais baratas e igualmente saborosas. Minha estratégia se baseava em comprar pequenas peças de um monte de tipos de carnes diferentes. Depois pude ver que essa estratégia foi perfeita, mas foi puro chute. Vou destrinchar as peças compradas uma a uma daqui pra frente.

1 - A costela ponta de agulha: Foi minha primeira idéia. Primeiro porque eu tava com vontade (outra vantagem de não ser profissional, vc escolhe de acordo com a sua gula). Segundo porque é uma carne deliciosa e ridiculamente barata. Nos pão-de-açúcar da vida só vende pedaços pequenos, e eu precisava de um grande, ou seja: tinha que comprar em algum açougue, no horário comercial. Pois então, lá estava eu voltando de uma reunião na casa do chapéu, estressado com o trânsito, quando me surge um mercadinho de bairro que tinha belas peças de ponta de agulha penduradas. Parei o carro, peguei a peça que julguei mais bonita e comecei as compras. Moral da história: Uma belíssima peça de 2,5kg por R$12,50. Sacou?? 12 fuckin reais por 2 quilos e meio de carne fodona!! Na dinâmica de um churrasco de galera, já resolvi o problema do final do churrasco, quando ficam os mais chegados do seu lado. A ponta de agulha demora hoooooras pra ficar pronta e vale a pena tratar os que te acompanharam durante essa peleja com carinho. Ou seja: quando as tias esfomeadas forem embora, vais compartilhar com os amigos 2,5kg de pura felicidade.

Pronto, agora faltavam as outras carnes. A semana de trabalho acabou com meus glóbulos brancos, fez empretejar os meus glóbulos vermelhos e derreteu as minhas plaquetas, e com isso só consegui tempo pra comprar o resto das coisas no próprio sábado, lá pelas 13:00. O churras era às 16:00. Logo, fudeu. Decidi ir até o pão de açúcar da av. Ibirapuera com Rep. do Líbano (quem é de sp sabe, quem não é, trata-se de um dos poucos mercados grandes e com bons produtos do pda, e eu não ganho nada do abílio diniz pra falar isso). Lá, eu sabia que encontraria boas carnes.  Pega carrinho e empurra PDA adentro. Cheguei rapidamente a uma gôndola de congelados que tem brinquedos especialmente divertidos (perdiz, paleta de cordeiro, pernil do porquinho), mas principalmente peças de costela de porco congeladas. 

2 - Costela de porquito: Como o churras seria horas depois, comprei algumas congeladas, mesmo. Dei uma bela sorte de encontrar duas peças altas, com bastante carne, e da parte boa do osso, aquela em que se vê o vãozinho dos ossos direitinho. Em posts futuros, pretendo discorrer mais profundamente sobre a anatomia costelar suína. Por enquanto, entenda que acertei nas duas peças que comprei. Uma custou R$6,80 mangos e a outra R$4,90. Ou seja: mais 12 cruzeiros em carne boa. Costela de porco não tem segredo: hora que sair, geral come feliz e acaba num segundo. Foi o que aconteceu.

3 - A alcatra do porco fez a festa: Achei um belíssimo pedaço de alcatra de porco. Como disse no post sobre a alcatrinha, é uma peça barata, que ninguém sabe o que é, mas todo mundo come lambendo a cara. Comprei uma peça de 1kg e dividi em 3 partes. Servi com intervalos de mais de uma hora entre elas. Na boa, um monte de gente veio lambendo os dedos perguntando que carne era aquela. Disse que era carne de leprechaun e o pessoal desistiu de perguntar. Sabe quanto custou essa peça? R$14,50. Em três levas, fiz a festa com 3 tecos de carne de R$4,80.

4 - Linguiça de pernil ao alho: Neste blog eu nunca falei muito de linguiça. Primeiro porque eu sou espada, e pega mal ficar falando de linguiça. Segundo porque eu não sou um grande fã mesmo. Quando eu preparo linguiça, prefiro umas recheadas, mais caprichadas (e caras, infelizmente). Acho que, no meu tempo de moleque, fiz tanto churrasco de linguiça que enjoei. Bom, comprei uma embalagem de linguiça de pernil ao alho com quase 1Kg por honestíssimos R$6,30. Fui soltando aos poucos no churrasco, fazendo uma por vez. Ajuda a dar volume.

5 - Fraldinha: A fraldinha é uma carne perfeita pra churrascões. Fácil demais de preparar, e é uma carne saborosa, que agrada inclusive aos que acham que churrasco é significado de picanha e mais nada. A pecinha que fiz pesava 400g e custou R$6,10. Cheguei a cogitar a hipótese de preparar o rocambole de fraldinha, mas ia dar um trabalho monstruoso, e meu tempo tava curto. Optei por deitar a peça inteira mesmo, só com sal grosso. Funcionou lindamente.

6 - Drumet: Frango é bom em churrascão porque não dá trabalho e fica pronto logo. Se chegar um grupo de esfomeados, você lança uns drumets na grelha e serve rapidão. No PDA vende um drumet temperado honestíssimo. Nem pensei em preparar nada, comprei aquele mesmo e assim foi. Comprei duas bandejas que, juntas, pesaram 1,1kg e custaram R$9,50. 

Antes que você saque a calculadora, relaxa que eu faço as contas no fim do post. Mas vai vendo, só comprei coisa barata até agora.

7 - Coraçãozinho de frango: Esses dias vi uma reportagem sobre um inglês que mora no Brasil, e faz torta de rim de boi. O cara dizia assim: "Como vocês tem nojo do rim? Vocês comem coração de frango!!". Eu digo, companheiro: no coração do frango só passou colesterol e os mais puros sentimentos pela galinha sua mãe. No rim, passou mijo e eu tou fora disso. Pensando assim, comprei uma bandeja de coração que, incrivelmente, estava limpinho. Se eu tivesse que limpar não ia dar tempo. Foram 530g por R$5,80. 

8 - O famoso espetinho de contra-filé: esse já virou um clássico. Dá um mega trabalho preparar, mas vale a pena demais. E espetinho em churrascão é legal porque sai rápido. Chegou monstro faminto? Mete dois espetos, vira duas vezes e serve. Comprei 1,2kg de contra-filé por R$21,80, três embalagens de 150g de tomate-cer(v)eja por R$9,00. Tá, azeite e orégano eu não comprei, e ainda usei uma mostarda preta que eu tinha em casa. Dediquei todo o tempo que eu teria em casa a esta carne, porque eu sabia que ia fazer sucesso na festa. E, realmente, fez. A veiarada ficou doida hora que experimentou. 

Tanto para o coraçãozinho, quanto para o espetinho, eu comprei 3 embalagens de espetos de bambu (e pra que serve o bambu? haha). Custaram R$1,25 cada, totalizando R$3,75.

9 - O pão com alho do Daninho: Essa foi uma receita que veio em boa hora. O Daninho veio com essa idéia no meio da semana passada, e eu aproveitei pra arrebentar no churrasco. Fez um baita sucesso, o povo ficava louco com o pãozinho com alho e catupiry. Minha estratégia era ter pão saindo o tempo todo, intercalado com qualquer carne. Ajuda a encher as panças, e como é caprichado você não parece um picareta, que convidou a galera pra um churrasco mas tá enfiando pão goela abaixo. Usei um pote inteiro de maionese (R$2,80), um pote de 250g de catupiry (R$4,99), azeite e alho eu tinha em casa e comprei 20 pães (R$9,15). Como eu sabia que na casa da Vã só tem mulher e se tem coisa que mulher compra pra churrasco é pão, comprei só 20, mas na real acabei preparando uns 50. 

Parei o carrinho num corredor sossegado, e fiz rapidamente as contas. Fiquei surpreso ao perceber que ainda sobrava uma nota preta. Já tinha carne pra caramba no carrinho, os 200 mangos iam dar e sobrar. Diante disso, abri mão da minha estratégia de pão-durice. 

10 - Linguiça calabresa com provolone e orégano: Essa linguiça é legal mesmo. A marca é Rei da Linguiça, que apesar no nome infame, tem umas carnes bacanas. Depois vou escrever melhor sobre isso. A embalagem tinha 500g e custou R$12,50. 

11 - Aí sim, a picanha!! Bom, como tinha dinheiro sobrando, bora lá procurar se tem uma picanha pequeninha e barata. E olha só, não é que tinha uma sorrindo pra mim? A lindoca tinha 850g, uma capa de gordura perfeita e custava R$19,00. Não dá pra resistir, né? Bom, eu a preparei em bifes grossos, com o esquema do alho. Ficou sensacional.

12 - A breja, claro: Olha, eu também sou filhinho de Deus. Saindo do supermercado, teria uma trabalheira na cozinha pra preparar os espetinhos, e quando chegasse no churrasco eu tava verdadeiramente lascado. Já vou te avisando, num churrasco pra 40 pessoas, você não consegue parar um minuto, nem pra fazer xixi. Sabendo da labuta que me aguardava, comprei uma caixa de Itaipava pra tomar enquanto preparava tudo. Com o dinheiro da minha prima. Mas aí que vem o legal da coisa: verificando o ticket aqui, acabei de perceber que a garota do caixa passou apenas UMA cerveja. Ou seja: Abíliô, valeu pelas 11 de graça, parceiro!

Ainda corri num mercadinho próximo de casa e comprei 4 sacos de carvão por R$5,60 cada um, totalizando R$22,40.

Agora soma tudo isso ae que eu tou cansado de digitar. Vai dar marromeno R$175,00, porque eu ainda devolvi R$25,00 pra Vã, que acabaram se transformando em cerveja. E eu bebi.

Bom, o churras foi bem legal, trabalhei pra cacete, tive companhia o tempo todo (esse é o medidor: se tem muita gente em volta de você, é porque a carne tá boa, vai por mim). Tive uma grande ajuda do Hugo, que também manja de carne e matou a ponta de agulha comigo, e me ajudava quando eu precisava largar a churraca pra mandar um pipi.

Felizes leitores, taí a dica. Agora nós sabemos que você não precisa ir à falência pra mandar um churras densamente populado. Com R$200,00, você pode comprar 4 picanhas grandes, ou esse monte de coisa aí.

Esse post é especialmente dedicado à Ni, pelos seus 11 aninhos. Parabéns, lindinha. Você merece muito mais do que esse monte de carne aí, você merece o mundo!! Aliás, você descobre que tá sabendo fazer churrasco quando uma criança de 11 anos te pede um churrasco de aniversário :-)

Muitos Danis e um pão de alho

Na minha turma tem Dani pra cacete. Eu sou Dani, a minha esposa é Dani. Tem a Dani do Pão (o Pão é uma pessoa, abordaremos esse assunto mais tarde). E tem o Daninho, o personagem desta fábula. 

Eu não sou de botar apelido, mas quando comecei a ver que a gente saía em 8 pessoas e apenas 4 nomes, achei que seria a hora de arrumar uma maneira de nos diferenciar. E chamei o Daniel de Daninho, afinal, eu sou grande e ele é pequeno. Mas o Daninho é um cara marrento, e na primeira oportunidade me chamou de Daninho de volta. E pegou o apelido. Nele e em mim. Ou seja, era pra diferenciar os dois, e confundimos mais ainda. E no final, temos 2 Danielas e 2 Daniéis que na verdade são 2 Daninhos, e no meio dessa bagunça a gente se entende. 

Pois ontem eu estava me preparando pro futebol quando o Daninho me ligou. Antes que você me pergunte, eu respondo: sim, eu jogo bola. várias vezes por semana. Lendo esse blog, dá pra imaginar que eu faço churrasco e tomo cerveja com uma certa frequencia, certo? Pois então, pra evitar que minha circunferência abdominal se assemelhe a de um barril, um cofre ou até um piano, eu jogo bola, no mínimo duas vezes por semana. Recomendo a todos os que lêem esse blog com o mesmo entusiasmo com que escrevo: pratiquem esporte! 

Voltando ao Daninho. Ele me ligou com péssimas intenções. Seguindo a nova lei do SAC, pedi a gravação e transcrevo aqui o diálogo:

Daninho ele: Daninhô, ce vai no futebas hoje?
Daninho eu: Vou, cara. Não sei se jogo porque meu tornozelo tá uma velha, mas pelo menos vou no campo.
Daninho ele: Tem certeza? (bote aí uma entonação maliciosa)
Daninho eu: Diz aí o que que você tem nessa mente maldita.
Daninho ele: Tem vinte e tantas cervejas na geladeira de casa pedindo pra serem consumidas.
Daninho eu: 20h30?
Daninho ele: 20h30.

Tá feita a merda. Na sequencia, chega um e-mail de daninho.thome@empresafodona.com.br (Daninho é um folião, mas no horário comercial se disfarça de advogado de uma mega empresa) sugerindo um tal pão de alho com uma receita anexa. Meu primeiro pensamento foi: receita é o escambau, pão de alho se compra pronto. Resolvi abrir o anexo e aí mudou tudo. O que se segue é uma receita de fazer a ana maria braga chorar! 

Façamos igual à novela, quando alguém viaja daqui pra Índia: entra no avião / cena de paisagem / desce do avião. Assim, pulemos para a pia da minha casa, já preparando o pão de alho. Só peça ao piloto pra fazer uma paradinha na padoca e providencie alguns pães. Como a receita é boa, compre logo uma dúzia. 

O lance é o seguinte. Você tem que fazer uma pasta nojenta pra passar no pão (o francês, e não o meu amigo).  Taque, num pote, 4 colheres de maionese. Sabe aqueles saquinhos de catupiry que tem uns 500g? Espreme meio daquele junto da maionese. Catupiry do bom ajuda a receita a ficar melhor, assim como todo e qualquer ingrediente que você usar. O próximo é o azeite, joga ali umas 2 colheres de sopa, mas não vá medir com a colherinha, hein! Macho que é macho põe os ingredientes no olho mesmo!

Picote 2 dentes de alho em pedaços bem pequenos. Seja paciente na hora de cortar, os pedaços menores ajudam a ficar mais legal. Se você é daqueles que adora um bafão de alho, pode colocar 3 dentes. Mistura tudo. 

Adendo => eu aaaacho que um tequinho de orégano ajudaria a ficar animal, mas eu não posso dar certeza, porque eu não experimentei.

Adendo 2 => eu também aaaaacho que passar uma manteiga na parte de fora do pão, e salpicar um pouco de alho frito deve ajudar a ficar mais animal ainda. Mas, como isso aqui é um adendo e eu não preparei assim, eu tou chutando e não posso garantir o sucesso.

Agora é o básico, abre o pão, passa isso lá dentro, manda pra churraca, quando começar a queimar a casquinha do pão, corta em pedaços pequenos e serve. 

Ah, as fotos dessa receita estão no celular do Daninho. Embora eu já as tenha pedido, ele ainda não mandou. Coisa de advogado, isso.. Quem quiser reclamar, daninho.thome@empresafodona.com.br.

Dica: Pão com alho faz o diabo de sujeira. Não seja besta de encher a tábua de migalha e depois deitar a picanha ali. É uma picanha, e não um sanduíche, ok? Não custa nada ter uma tábua e uma faca extras especialmente pra cortar o pão.

Preço: Pra mim saiu de graça, o Daninho comprou tudo. Chorem os que não tem um amigo desse. Quem quiser, me procura que eu passo o e-mail dele :-)
Tempo de preparo: Uma breja na cozinha, outra na churraca. Demore pra preparar e tome 2 brejas na cozinha.
Rendimento: Em 4 pessoas, comemos 6 pães, e ainda tinha carne. Se prepara porque é muito gostoso, a galera come de rodo.