Especial Churrasqueiras: a churraquinha de papel

Sabe quando você tá fazendo alguma coisa com a certeza de que não tem chance nenhuma daquilo dar certo, mas ainda assim continua? Vai vendo...

Este post é a prova concreta de que Deus errou ao nos dar o livre arbítrio, porque com ele, cometemos este tipo de cagada. Se fôssemos todos condicionados como as crianças no The Wall (Pink Floyd, fantástico, tá tocando agora) a gente fazia tudo do jeito pré-programado e o livre arbítrio não nos levaria a inventar moda. Se você já leu o título desse post, e eu gosto de acreditar que leu, certamente pensou "esse aí fez merda". E você, astuto leitor, encontra-se coberto da mais pura e cremosa razão. Fiz merda. 

Conhece o que é uma situação FAIL? É quando as coisas dão errado por pura e simples cagada. O vídeo abaixo é um ótimo exemplo:


Estava eu caminhando e cantando e seguindo a canção pelos supermercados da vida quando me deparo com esta maravilha da preguiça moderna: a churrasqueira descartável. É, isso mesmo, uma churrasqueirinha pequena, de papelão. Li rapidamente a embalagem, e já pensei na fanfarrice que seria fazer um churrasco com isso. O preço, menos de 5 reais, não me deixava outra opção, eu TINHA que levar esse brinquedo pra casa. E assim procedi.

Chegando em casa, bora fazer uma análise mais detalhada na invenção. A embalagem é bonitinha, fotos bem feitas.. mas o redator que escreveu os textos da embalagem é um pândego. "Perfeita para camping", "prática", "ecológica", coisas normais que publicitário adora escrever. Mas um dizer me chamou a atenção: "Cuidado, pois o calor é imenso". Assim mesmo, imenso. Chegou a dar um frio na espinha. Então me dei conta de que ali não tinha apenas a churraca, mas também carvão, acendedor, fósforos, 4 pratos, 4 facas, 4 garfos, 4 guardanapos, espetos, sal e pimenta. Calcula, Ivette, como diria o meu avô. Uma embalagenzinha pequena, R$4,95 e tinha um churrasco inteiro lá dentro. Faltava só a carne. 

Os acessórios. Vê se dá pra comer com esse grafo.
Mil e uma utilidades: Churrasqueirinha pra sequestro-relâmpago.
Basta deixar uma dessas sempre no porta-malas do seu carro. Quando o bandido te abordar, basta entregar o seu cartão do banco com a senha pra ele e se recolher ao porta-malas, local destinado à vítima em tal situação. Tudo o que você precisa fazer é pedir ao ladrão que passe num açougue pra comprar um bifinho, já que ele tá com o seu cartão mesmo. Tem sequestros-relâmpago que duram horas, você arruma alguma coisa pra fazer no porta-malas enquanto o safado dilacera a sua conta bancária, e um churrasquinho ainda ajuda a relaxar a tensão um pouco. Taí a dica, fabricante. 

Bom, abri a embalagem e não parava de sair coisa de lá de dentro. Tava tudo quaaase certinho. Não encontrei o tal acendedor. Ok, sem problemas. Tinha um tubo branco, aberto e vazio lá dentro, parecido com um tubo de acetona. Não constava no manual, joguei fora. 

A montagem foi mamão com açúcar. Não precisa nem ler o manual. Junta as duas laterais, mete o araminho no meio e ela tá de pé. O carvão vem numa bandeja daquelas de alumínio, de marmita, e você posiciona sobre o araminho com marmita e tudo. E no alto você encaixa a grelha. Po, bico, né?

Ela é pequeninha, compara com o tamanho da lata.

Como gato escaldado tem medo de água benta, eu imaginei que a chance disso ser sem-vergonha era imensa, e preparei alguns espetinhos que saem bem rápido e não tem risco de torrar, já que o calor seria imeeeeensoooo.

Beleza, sem acendedor, taquei um pouquinho de álcool gel e usei a primeira parte do produto: o fósforo. Funcionou, sem sustos, acendeu direitinho. Taquei a grelha em cima e bora esperar um tiquinho pra ver se pegou. Pegou rápido. 

Pó falá: puta espeto bunitu, nénão?

Começo a achar que o redator tinha razão, o calor é considerável mesmo no começo do churrasco. As paredes de papelão são forradas por dentro com papel alumínio, e a bandeja do carvão tb é de alumínio. Ou seja, qualquer calor gerado ali não tem pra onde dispersar, e sobe pra grelha e esquenta pra dedéu. Inteligente, não?

Deitei os espetos. De repente subiu uma chaminha na carne, e eu tirei ela dali, como se faz quando sobe chama. Provavelmente pingou uma gordurinha e acendeu, pensei eu. Ledo engano. A chama subiu, subiu e virou uma labareda. Senti que o churrasco tinha grandes chances de acabar mais cedo.

Rescaldo de incêndio

Aí eu matei a charada: o acendedor tava lá sim. mas olha que idéia genial!! O acendedor tava no meio do carvão, por isso eu não vi, embora tenha mexido bastante no meio dele à procura do mesmo. Deixa eu dar uma dica, seu fabricante: Eu não preciso de um tubo de acetona vazio, mas se o senhor puder mandar o acendedor separado da próxima vez, vai ser bem legal. Se fosse um acendedor normal, tava valendo. Mas não, era um acendedor grande. Aí não tem jeito: era matar formiga com tiro de canhão.  Mesmo se eu tivesse posicionado ele direitinho e não tivesse usado álcool ia levantar labareda.

Mil e uma utilidades: Churrasqueira de primeiros socorros pra Lost.
Quando o pessoal do Lost caiu de avião na ilha, eles se lascaram pra conseguir fazer fogo. Fez bolha na mão, o véio gordinho teve que esfregar pauzinho durante um tempão.. Imagina se tivesse uma dessas embaixo de cada poltrona? O Sawyer ia roubar todas pra ele, enterrar, esconder e depois trocar tudo por favores sexuais da garota sardenta gatinha. Além disso, eles poderiam chamar o pessoal da Iniciativa Dharma pra um churras de confraternização e evitar a maior treta com Os Outros. Ah, e ela também faz uma fumaça sinistra.

Então veio o pior. Um horrível cheiro de coisa química queimando. O acendedor, além de estar genialmente posicionado no meio do carvão devia ter uma embalagem, que derreteu e ficou fedendo a plástico. Comer carne assada assim te leva pro hospital na hora. E vai explicar pro doutor que você tá passando mal porque comeu carne de churrasqueira de papel. Tá na lama.

Olha a proporção descomunal do tamanho do acendedor em razão da
quantidade de carvão e o tamanho da churraca. É acender e correr!

Foi o fim do churrasco. Mandei um copo d'água lá dentro e acabei com a brincadeira. Como não sou bobo nem nada, tinha um saco de carvão na manga, acendi a churraca de verdade e terminei os espetinhos. Que estavam uma delícia, por sinal.

Assim que esfriou, desmontei a grelha, joguei fora as partes queimadas e dei a estrutura de papelão pro meu filhinho brincar de churrasco no quarto dele. O moleque ficou feliz, valeu os R$4,95.

Obs1: Não tive coragem de usar a pimenta, temperei os espetos normalmente. Eu já não gosto muito de pimenta, e achei que aquela ali poderia ser xumbrega demais.

Obs2: Achei o site do fabricante, os caras têm também um forno de pizza de papel, que deve ser outra fanfarrice da criatividade humana. Maldito departamento de marketing.

Obs3: Tem um cara no mercado livre vendendo a churraquinha por R$19,95. Picareeeeta... Po, cumpadi. Onde que você acha que isso aí vale vinte mangos?

Obs4: Visite o FailBlog e comprometa os músculos da sua cara de tanto rir. Ana maria braga, recomendo cuidado com o botox. Ah, o vídeo da comemoração do gol saiu de lá.

Avaliação final: Olha, não deu pra fazer um churras, não. Então, enquanto churrasqueira, ela é inútil. Mas custou muito barato e virou brinquedo do meu filho. Valeu o investimento. Claro que eu não vou mais gastar dinheiro com esse treco, mas eu acho que se comprasse outra, descartaria o acendedor nuclear que veio nela, e aí eu acho que daria pra fazer um churrasco sim. Mas eu chamusquei a sombrancelha e magoei: não arrisco mais.

Especial Churrasqueiras


Uma das coisas que vai determinar como vai funcionar o seu churrasco é o tipo de churrasqueira que você tem em mãos. Churraca de tijolo, pré-fabricada, montada na gambiarra, elétrica, de metal, a bafo, de roda de caminhão, carcaça de computador, George Foreman, e se deixar essa conversa vai longe. A criatividade do povo voa quando o assunto é assar uma mimosa.

Pretendo, nessa série de posts que começa agora, experimentar todos os tipos de churrasqueiras que conseguir. E, claro, fotografar, registrar, rotular, carimbar e reconhecer firma de cada carvão queimado neste pergaminho.

Eu já falei aqui de churrasqueiras pra apartamentos. Um leitor brasileiro morando na Suíça me contou sobre a churraca a gás que ele tava usando lá na terra onde as vacas são loiras e têm tetões. Eu já contei como improvisava churracas com tijolo roubado lá em Bertioga... Tem bastante assunto pra explorar aí, não acha?

Aliás, dicas são sempre bem-vindas. Se você tem alguma churraca diferente, inventou algum novo modelo revolucionário, fez uma gambiarra que funcionou tão bem que nunca mais desfez... Conta a história aqui que a gente publica e ainda dá os créditos.

Venham, caras! A linguiça de plástico está quase no ponto, hã!

Coraçãozinho temperado

O coraçãozinho de frango é uma carne ingrata. Primeiro porque você tem que limpar, e isso dá um trabalhão. Já mostrei num post anterior como é que faz isso, e é nojento e eu não vou falar nisso de novo. E você compra 1kg e quando limpa, fica com 650g. Isso porque depois de tantos anos nessa indústria vital, os fabricantes de coração (sic!) ainda não entenderam que é uma delícia assar coraçãozinho de frango, mas as artérias e outros presentes do mal que sempre vem junto ficam um lixo. Colocar os coraçõezinhos com artérias na churrasqueira é como se você estivesse assando um pedaço da perna cheia de varizes da bruxa do 71.


- Num vô!


E não é só por isso que o coraçãozinho é uma carne ingrata. Conhece a história do garçom da churrascaria que tem como tarefa servir o coraçãozinho, que ninguém quer e depois o cara é zuado pelos colegas? É bem por aí. Todo mundo olha feio pro coraçõzinho, mas no fundo, no fundo, não tem quem não goste de cerrar os dentes no órgão vital do doce e cacarejante frangote.

A idéia dessa receita é fazer um coraçãozinho diferente, que vai dar uma trabalheira e quase nada de carne (já vou avisando), mas fica uma delícia e vai manter a auto-estima do seu garçom em dia.

Bom, partamos do princípio que você é um churrasqueiro cuidadoso e tomou as precauções necessárias em relação às artérias e demais órgãos encontrados, ok? Estou acreditando que você tem aí uns 600g de coração limpo, parceiro. Não vem com churumela pro meu lado, que depois a receita fica ruim e você vem botar a culpa no blog.

O primeiro passo é cortar em pedaços bem pequenos um dente de alho. Pra isso tem uma dica sensacional, direto da patroa lá de casa: deixa o alho sempre no freezer. Quando vc destaca o dente, a casca sai facinho e fica uma moleza cortar ele. Descobri isso sem querer, porque em casa sempre tem alho no freezer e eu nunca tinha me ligado porque. Neste final de semana, uma prima foi fazer um macarrão pras crianças e deixou o alho fora. Quando eu fui cortar, foi uma meleca só. Portanto, deixa o cabeção do alho no freezer que é mais fácil manuseá-lo. Beleza, feito isso, mande pro coração um dente de alho picadinho. 

Agora é a hora da combinação perfeita. A hora do Romário e Bebeto, do Roberto e Erasmo Carlos, do Pica-Pau e Pé de Pano, do William Bonner e Fátima Bernardes do churrasco: a dupla perfeita Azeite e Orégano. Incrível como esses dois ingredientes nasceram um pro outro. Qualquer coisa que receber azeite e orégano fica bom. Portanto, jogue lá uma golada de azeite, e uma tacada de orégano. 

Um bom agrado pra essa receita é um teco de molho shoyu, o melhor trava-linguas da cozinha moderna. Fale mil vezes "moio shoio" que você enlouquece. Mas antes, deixe uma meia golada dele na nossa receita.

Pra finalizar, despeje uma colherada de mostarda, de preferência a preta. Acho que a mostarda preta fica melhor depois de misturada e assada do que a amarela. Mas fica a seu critério. 

Pra finalizar de novo: não faça como eu acabei de fazer, não esqueça de colocar sal. Uma mãozada de leve já tempera todo mundo. Não seja o monstro da salina mal-assombrada, salgue com parcimônia. E pode usar sal fino mesmo, já que tá cheio de molho não faz sentido deixar o sal derreter.

Agora é só misturar tudo e usar da malandragem. Feita a receita, você tem duas opções: Ou espeta os corações e se suja todo, ou usa do bom e velho jeito malaco de ser. Em todas as vezes que fiz essa receita, dei um migué pra cima de alguma mulher (a maior parte das vezes, a minha própria) e disse que ia acendendo o fogo e bla bla bla e deixava ela com a tarefa de espetar, o que, além de sujar as patas, demora pacaramba. 

A partir daí é fácil, basta tomar uma cerveja na frente da churrasqueira enquanto espera a mulher espetar os corações. Quando eles chegarem, deixa na grelha de qualquer jeito e boa. quando o coração tem tempero assim, não tem muita técnica na frente da churraca. Você pode colocar o coração direto no mais quente, deixa lá e vira de vez em quando. Só tira quando estiver bem passado, porque ele vai ter bastante molho dentro dele, que precisa estar seco. Caso contrário, o gosto pode ficar um pouco forte, acentuado pro lado da mostarda.

Aí você vai descobrir que o coraçãozinho é mesmo uma carne ingrata: os 650g que você preparou secam e diminuem drasticamente de tamanho, resultando em uns 400g de carne. Assim que você tira do espeto, as pessoas devoram e ele some em segundos. 

Mas vale a pena tanta ingratidão, já diria a mulher do bandido. Isso porque fica gostoso mesmo e todo mundo elogia depois. 

Custo: R$7,00 a bandeja de coração, balato.
Tempo de preparo: 4 brejas na cozinha, 2 na churraca: sirva feliz.
Rendimento: quase nada, faça outras carnes junto.

Teoria da conspiração: minha alma por uma fraldinha

Sabe que o Abílio Diniz é um cara bacanão, né? Ele é ziliardário, tem um mercadinho massa, escreveu um livro que ninguém leu e ele não tá nem aí, e tem dinheiro pra comprar tudo o que ele quiser, de político honesto (há) a jogador de futebol.

E já foi falado por aqui que eu costumo comprar as carnes que faço e as brejas que bebo num Pão de Açúcar mais perto da minha casa, e faço questão de dizer que não ganho nada do seu Abilhão, porque não ganho mesmo. 

Mas eu ando desconfiando de uma coisa séria. O Abílio anda me seguindo. Ele tá lendo isso aqui, sei lá, alguma esse cara tá me aprontando. Já assistiu o "Show de Truman"? Então assiste. No final, o Jim Carrey começa a sacar que tá sendo observado e tal. E é assim que eu tou me sentindo. Acho que o Abílio tá pagando uns arapongas pra ficar na minha cola. No maior estilo sai-da-minha-aba-sai-pra-lá, eu vou explicar, senta que lá vem a história:

- passa o sal, garotão!

Eu escrevo nesse blog porque eu gosto, única e exclusivamente por isso. Tou me cagando se alguém vai achar ruim porque eu escrevo palavrão. Tou me cagando se a ana maria braga vai me processar e, principalmente, tou me cagando pra qualquer estratégia que envolva dinheiro nesse blog. Isso aqui é uma diversão, e eu me cago de rir com os "blogueiros" estrelinhas mundo afora que ficam enchendo seus blogs de propaganda do google, torrando seus neurônios em estratégias e traquitanas pra "monetizar" seus blogs. Tô tocando um foda-se grandão pra isso. Quer dinheiro? Arruma um emprego, sabichão!

E o Abilhão é um cara sabido, tem visão além do alcance, sentidos aguçados, fica invisível, respira debaixo d'água e só não sabe voar, mas tem um helicóptero maneiro que resolve a parada. E antes que eu pudesse dizer o preço, ele sacou que esse blog aqui não se vende, mas o cara sabia que tinha uma dívida de gratidão para comigo. Afinal, eu falo do mercadinho dele aqui, e a gente sabe que ele tá estourando de venda na nossa conta :-)

E o Abílio não é do tipo de pessoa que gosta de ficar devendo, por mais que eu faça isso numa boa. Recentemente, tenho notado um comportamento estranhíssimo por parte do pessoal que trabalha pra ele. Acho que esse pessoal tá querendo me comprar. Medo, muito medo. Sente o drama.. 

PRIMEIRO SINAL: 
Já falei que fiz um churras pra 40 pessoas, certo? Nesse dia, fui no PDA e comprei quase todas as carnes lá. Como tinha um trampo de cozinha considerável, meti na conta uma caixa de breja, pois eu sou um filhinho de Deus, e se ele inventou a cerveja, eu quero um gole. Pois na hora de conferir a filipeta pra escrever o post, notei que a caixinha não havia sido cobrada. Lucky day, pensei eu. Mal sabia que este era apenas o primeiro passo de uma conspiração.

SEGUNDO SINAL:
Olha, se tem uma coisa que esse cara manja é de marketing. Ele conhece o seu público como ninguém. E ele sabe que eu gosto de cerveja, e decidiu que é assim que ele vai me comprar. Semana passada foi o aniversário de 79 primaveras da Dona Vovó, uma senhora de fina gala que me ensinou, entre outras coisas, a apreciar a boa alimentação, a comida saborosa que só a culinária de uma legítima mamma italiana é capaz de proporcionar. Nessa festa, a família se reuniu para uma feijoada, e a minha parte na realização de tal evento ficaria, claro, a cargo da compra das cervejas que a horda, digo, família, consumiria. Já no caixa, pude perceber que a garota do caixa contabilizou 5 caixas de latas, em detrimento às 6 que levava. Resumindo: mais uma caixa de graça.

[PÁRA TUDO AGORA] desculpe, mas é impossível continuar a escrever qualquer coisa sem registrar que eu acabei de ver foo fighters e JIMMY FUCKIN PAGE AND JOHN PAUL MOTHERFUCKER JONES tocando juntos no multishow. Quando eu secar as lágrimas do meu rosto, continuo.
[/PÁRA TUDO AGORA]

Bom, voltemos, pois, à programação normal.

TERCEIRO SINAL:
Agora ele começou a dar muito na cara. Saí tarde e faminto do trabalho. Tal qual o guepardo na savana correndo atrás da indefesa zebrinha, adentrei as portas do PDA mais próximo da minha casa. O objetivo era simples e direto: comprar um pedaço honesto de queijo gorgonzola e pão francês, pra amassar com azeite e degustar enquanto meu bravo Palmeiras se desdobraria em campo contra o Colo-colo (isso lá é nome de time?). Porém, meu já condicionado subconsciente me levou à prateleira de carnes do mercado, onde encontrei a prova de que esse senhor anda grampeando meu telefone, ouvindo o meu ronco e seguindo meus passos. Como ele sabia que hoje não faria churrasco, partiu pra uma estratégia mais agressiva. Bati os olhos na prateleira das carnes e dei de cara com uma linda peça de fraldinha, limpa e tudo. O preço? R$1,81. Exatamente, um pequeno real e oitenta e um pequenos centavos. Na etiqueta, estava escrito "coração bovino". E não era a única peça. Havia umas 5 bandejas com lindas fraldas, batizadas de coração de boi e a preços ridículos. Fiz uma ligeira conferência, só pra ter certeza de que aquilo não era mesmo uma porcaria de coração de boi, e meti no carrinho, ainda decidindo se contava tudo ao caixa e pagava os + - R$15,00 que a peça deveria custar. 

- num olha pra mim, comprei na promoção

Lembrando-me dos inúmeros centavinhos de troco que ele nunca me deu (porque raios os produtos tem que custar R$x,99?? Cade meu troco de um centavo?), decidi usar dos meus direitos de consumidor e passar pelo caixa. Pois tenho em minha geladeira hoje um belíssimo pedaço de fraldinha que me custou R$1,81. Menos do que uma embalagem de Halls. Menos do que uma coca-cola 2L, menos do que um pastel na feira.

MORAL DA HISTÓRIA: ele conseguiu. Comprou a minha alma por uma peça de fraldinha.

- manda um lá menor aí, Danny boy, senão eu tou na lama.

O mal disso é que eu me sinto o Daniel San no filme "Crossroads", quando ele percebe que o parceiro dele, Willie Brown, vendera a alma ao diabo. Naquele pedaço de carne está selado o destino da minha alma. Serei condenado a perguntar "O senhor é cliente mais? Nota fiscal paulista?" pra toda a eternidade. Fudeu. 

Linguiça de picanha

Neste blog eu nunca escrevi sobre linguiça (exceto a cuiabana, que é outra história). E isso tem um motivo bastante lógico: linguiça não tem receita. Quer dizer, até tem, mas a gente não vai chegar no ponto de comprar tripa, moer a carne e colocar lá dentro e tal. Esse é um processo mega trabalhoso, meio nojento e nem um pouco amigável. Além disso, existem vários tipos legais de linguiça à venda por preços honestíssimos por aí. Ou seja: Não espere que nós vamos estimulá-lo a moer a carne, temperar, enfiar tripa de carneiro abaixo pra depois fazer o nozinho na ponta. Nada disso, corre no açougue, no supermercado, na geladeira de sogra e compre uma boa linguiça (exceção feita à geladeira da sogra, onde deve-se praticar o furto, mesmo).

Pois a boa notícia quando se fala de linguiça vem de um cara que tem um nome infame, mas um coração de ouro: O Rei da Linguiça. É, o Rei da Linguiça é aquele cara que começou de baixo, montou seu negocinho de encher tripa, cresceu e hoje é um cara foda nesse meio (sem trocadilhos, ok?). A única coisa em que ele não pensou foi que ele faria tanto sucesso, mas tanto sucesso, que o nome besta que ele escolheu pro negócio dele pudesse virar motivo de chacota. E virou. Pô, seu Linguiça, vacilou feio hein!



- Eu já falei pro Bill que lá em casa só entra a linguiça do Rei.

E eu resolvi experimentar a linguiça do Rei da Linguiça. E gostei.

ATENÇÃO: Antes de continuar a ler este blog, certifique-se de que está em dia com a sua sexualidade, seja lá ela qual for, e tire da sua cabeça todo e qualquer pensamento maldoso e/ou capicioso. O editor deste pergaminho informa que "experimentar a linguiça", no nosso vocabulário, significa única e exclusivamente ato ou efeito de saborear um alimento. Toda e qualquer interpretação diferente desta citada, será considerada inapropriada, afronta, provocação, PALHAÇADA E QUERO VER VIR AQUI FALAR ISSO NA MINHA CARA PORQUE AQUI O SISTEMA É BRUTO, MOROU!!

[Este site ficará fora do ar por motivos de força maior. Pedimos que aguardem o tempo da maracujina fazer efeito e releiam as regras acima dispostas, afim de evitar novos problemas]

Ok, acalmados os ânimos, voltemos ao assunto que nos interessa.

As linguiças do Rei da Picanha são diferenciadas, e é por isso que ele é Rei. Já viu o Pelé jogando? O cara era diferenciado, não? Por isso que é rei. E o Robertão? Cê acha que ele faz especial no fim de ano desde que a globo é globo porque? Porque é diferenciado! Lá em Cachoeiro do Itapemirim não tinha UM capaz de dar aquela risadinha sem-graça como ele, não tinha UM que usava uma pena no meio do cabelo que nem ele, e não tinha UM capaz de usar calça branca, camisa branca e paletó azul que nem ele, nem cantar de ladinho no microfone, nem dar aquela levantadinha brega na sombrancelha, enfim. Por isso que o cara é rei. Porque ele, o Pelé e o Rei da Linguiça são capazes de fazer um monte de coisas que eu e você não conseguimos fazer, e ainda meter gol, descer a Augusta a 120 por hora e enfiar a calabresa... bom, deixa pra lá.


- Deita na brasa, mora?

Essa conversa mole toda (sem trocadilhos, a brincadeira tá começando a ficar chata) era pra dizer que o seu Linguiça inventou um monte de tipos diferentes de linguiças recheadas muito bacanas. O preço não é dos mais baratos, mas a gente não tá falando de uma linguiça qualquer. É a linguiça do Rei, porra!

Neste post, estamos falando da linguiça de picanha. Comprei uma embalagem contendo 4 linguiças grandes (limpa essa mente AGORA), pesando 400g. O que eu mais gostei foi o tempero, dosado na medida, e a honestidade na picanha. Porque muitas vezes você vê produtos (hamburgeres e outras merdas) de picanha que não tem nem o cheiro da mesma, e aí os caras entopem de tempero pra enganar. Essa linguiça parece bem honesta nesse sentido, por isso o tempero é bem suave.

Pra preparar, é a coisa mais besta do mundo. Mete a linguiça na grelha (pensa bobagem agora, pensa) e deixa lá esquentando. Quando começar a ficar escura embaixo, é hora de virar. Como não é uma linguiça gordurosa, recomendo virar com cuidado pra não furar, senão ela pode perder todo o pouco líquido que tem e secar. Ficou escura do outro lado, mete na tábua, corta (tá vendo? pensou bobagem, ficou de linguiça cortada) e come.

Custo:
R$11,00 o pacote com 400g. Caro, mas trata-se de um produto de primeira. Não é pra servir num mega churras.
Rendimento: Ah, alimenta umas 4 pessoas, mas você tem que ter outras carnes.
Tempo de preparo: Umas 3 brejas de um lado, mais 2 brejas do outro: sirva alegre.

A costela do porco-cabrito

Neste blog, nós adoramos os Simpsons. A razão dessa adoração toda tem nome e sobrenome: Homer Simpson, esse é o cara. Homer querido, você mora no nosso coração. Nós escolhemos você pra jogar no nosso time. Nós emprestamos a velha camisa da seleção de 70 pra você, dividimos a nossa cerveja e deixamos o controle da TV na sua mão. 

Isso porque o Homer é um cara que gosta de cerveja, e a gente gosta de cerveja. Hommer tem uma pança responsa, e a gente ainda não tá assim, mas é questão de tempo pra chegar lá. Homer é foda porque manda pensamentos como esses aqui:
"Filho, uma mulher é parecida com… [olha ao redor na cozinha] uma geladeira! Elas têm quase 1,90 m e uns 130 kg! Elas fazem gelo e… hum… [encontra uma lata de cerveja na geladeira]. Não, espere um minuto! Na verdade, mulher é mais como uma cerveja. Elas cheiram bem, são bonitas e você pisaria na sua própria mãe para conseguir uma! [Bebe a cerveja.] E você não consegue parar com uma só!
Você sempre quer beber outra mulher!"

Ou ainda:
"Ele já sabe como gosto do meu DRINK.... Com muito álcool!"
E Homer criou o porco-aranha, a fantástica criatura que compartilhou o meu imaginário esse final de semana. Tudo isso porque eu assumi o meu lado Homer e criei o... Porco-cabrito!!!




Sabe que eu percebi que nunca escrevi uma receita de costela de porco por aqui? Pois é, sabichão. Como é que você pensa que entende de churrasco, se nunca escreveu nada sobre uma das carnes mais fáceis de fazer? Pois é, maior furada, então corre ae, bora recuperar o tempo perdido. Mas, enquanto o sr. Homer caminha com o porco no teto, vamos convidar o leitãozinho até a área da churraca pra deitá-lo na caminha de carvão quente que preparamos pra ele. 

Na semana passada, eu tava numas de querer fazer um porquinho marinado, porque o cabrito tinha ficado massa, e eu sabia que dava pra fazer algo bacana com a costelinha. Corri no mercado e encontrei uma peça de costelinha de porco de 1,2kg bem carnuda, como há tempos não via. Comprei ela, a costela, e mais uma garrafa de vinho branco vagabundo. Tá, mas e agora, e o tempero?

Pois eu encontrei, num hortifruti lá perto de casa, uma pequena porção de felicidade desidratada. Estamos falando de um tempero chamado Chimichurri, que, na verdade é um molho, mas no nosso caso, estava desidratado. Explico:

Os argentinos não entendem nada de futebol, mas se tem uma coisa que eles entendem é de carne. E de churrasco. Lá na terra deles, a vaquinha come capim mais verde, faz cocô mais cheiroso e até o mugidinho dela é mais bonitinho. Portanto, quando um argentino falar de churrasco para você, escute. Mesmo que você tenha que fingir ignorá-lo. Pois eles inventaram o tal molho chimichurri, um molho à base de azeite, alho, vinagre, salsinha e mais um monte de coisas que ficam animais num churrasco. Mas o chimichurri dessa receita é outro: desidratado. 

Comprei uma pequena embalagem de "tempero chumichurri". Tinha cebola desidratada, alho, tomate, sal, salsa, bacon, pimenta calabresa e mais alguma coisa que não consegui reconhecer. Não se preocupe com o meu tempero, eu mesmo sei que não vou mais encontrar desse pra comprar. Sendo assim, siga minimamente os ingredientes do molho que funcionará bem.

Bom, joguei o pacotinho de chimichurri num pote e adicionei o vinho branco. Metade da garrafa foi suficiente. O porquinho bebe super bem o vinho, então você tem a vantagem de beber a outra metade da garrafa, e dane-se que o vinho é vagabundo. 

Misturei bem com uma colher, adicionei um golão de azeite e joguei sobre a costelinha, que a essa hora já estava deitadinha numa bandeja grande. Só pra caprichar, picotei meio maço de cheiro verde e joguei sobre a costelinha, sem misturar demais com o vinho. Antes disso tive o prazer de descobrir a diferença entre o cheiro verde e a salsinha: você coloca dois talinhos de cebolinha num maço de salsinha e voilá! Você tem um maço de cheiro verde.


Foi assim que o porquinho dormiu: vinho branco, tempero chimichurri e dois nana-nenéns.

Bom, daí pra frente foi bico. Cobri a bandeja com papel alumínio e botei o porquinho pra dormir lá no calor da minha geladeira.

No dia seguinte, segue-se o ritual de preparação de qualquer costelinha de porco. É só colocar a costelinha com o lado do osso pra baixo, deixar lá até parecer assado, virar, deixar assar, cortar e comer. Fácil!

E aí você me pergunta: porque porco-cabrito? Ah, eu te conto.

A costela de porco é uma carne rosada, que tende a ficar branca quando assada. O cabrito também. O cabrito bebe o vinho de um dia pro outro e fica com gostinho de vinho. O porco também. Cabrito e costela de porco são carnes bem macias, com a diferença que algumas pessoas torcem o nariz pro cabrito só porque não conhecem, e o porquinho todo mundo sabe quem é e come feliz. Além disso é mais barato e você prepara uma carne batuta com pouco cascalho. 

Na hora de servir, teve gente que pingou limão, mas eu preferi sentir o sabor do vinho. Fica bem legal e a galera come em segundos. Faça bastante.

Custo: R$15,00 por 1,2kg de costela. R$6,00 uma garrafa de vinho vagabundo.
Tempo de preparo: Meia garrafa de vinho vagabundo na cozinha, 2 latinhas na churraca.
Rendimento: Serve legal umas 5 pessoas, mas é legal ter outra carne pra compor o churras. 

Dá pra não amar essa mulher?

E daí que a minha esposa tava me questionando esses dias porque eu pego tanto no pé da ana maria braga. Já disse que pago um pau pra esse negócio dela falar e não mexer a boca, da pele dela ser esticadona, de fazer receitas esdrúxulas e achar aquilo o máximo e, po, a tiazona até curte um churrasco. Qualquer um fica fã de uma peronalidade dessas.

A ana maria braga é pessoa tipo piada pronta. Não precisa arrumar motivo pra sacaneá-la, ela mesma faz isso por você. 

Pois eu batizo esse vídeo de "É por isso que nós amamos a ana maria braga". Prepare o seu estômago e veja com seus próprios olhos. Não assista esse vídeo na presença de outras pessoas.

Ana maria braga, obrigado por você existir.

Não deu pra resistir. Acabei vendo o vídeo mais uma vez e preciso comentar alguns momentos dessa pérola.

"Good morning boys!! Wake up guels!" Só esse começo apoteótico já mostra o que vem por aí.
Então o loro pergunta "cadê a minha mãezinha??". Então tá então, mamãe.

"- Se você pudesse mudar tudo e ser outra pessoa, quem você gostaria de ser?" pergunta a madame do botox de ouro, senhora dos nossos corações. Pois eu queria ser uma mosquinha nos bastidores do programa só pra saber quem teve essa idéia fantástica. Aliás, uma mosquinha não. Um mosquito da dengue, pra poder morder esse gênio e garantir que idéias como essas nunca mais sejam postas em prática.

Olha, dona ana. A gente ama a senhora, mas com a madonna a senhora não ficou parecida não. A minha responsabilidade jurídica me impede de falar o que me vem à cabeça agora, mas olha: se o Ronaldo fenômeno te vê assim, ele gama.

Peixe na churrasqueira: Lugar de tainha é na brasa

A páscoa se passou, e com ela a antiga e dolorosa tradição de não comer carne na sexta-feira santa. Isso acontece porque a Igreja diz que a gente tem que passar por alguma penitência nesse dia em respeito ao sofrimento e Jesus e tal, e aí tem esse lance que a gente não pode comer carne nesse dia. Ainda bem que eles não falaram nada da cerveja, porque isso sim ia ser o maior sofrimento. Dói um pouco ficar sem comer carne num feriado, mas se tem um cara que a gente curte é o Papai do Céu: sabendo que a gente ia ter que passar por essa, ele chegou lá pelo quinto ou sexto dia e inventou O PEIXE e ensinou o pessoal da peixaria a pescar. Aí se o pessoal acha de bom tom sofrer um pouquinho e não comer carne, a gente come peixe e ele que sofra no nosso lugar. Tá fácil.

O peixe escolhido, não por Deus, mas por mim, foi a Tainha. Tenho boas lembranças da Tainha. Em Bertioga, existe uma festa que ocorre uma vez por ano, onde eles fecham um lugar grande e fazem uma festa regada a receitas diferentes de tainha e de derivados alcoólicos. É uma festa bacana e eu recomendo a visita no mês de julho. Tenho, como lembrança de infância, a família chegando tarde em casa, todo mundo embriagado enquanto a criançada fingia que dormia (o que nem precisava, pois eles estavam bêbados mesmo). Mas vamos aos finalmentes: eu SEI que a tainha é um peixe gostoso, então bora lá deitar a garota na brasa.

Comprei duas tainhas - limpas, porque eu limpo carne, mas tenho nhaca de peixe, que pesavam, mais ou menos 800g cada uma. Como peixe rola um puta desperdício (pele, escamas, rabo, cabeça, vc não come quase nada), 1,6kg de tainha não é lá um grande banquete não. 

Existem várias maneiras de preparar a tainha. Minha mãe fazia uma no forno com batatas, azeite e orégano que ficava bacanérrima (taí a dica, hã!). Mas aqui a gente deita os bichos na grelha e é assim que vai ser com a tainha: deitada lá, assadinha! Preparei um molhinho pra temperar, embrulhei e boa.

O temperinho ficou super suave e saboroso. Vamos a ele:

Num pote, esprema uns 5 limões. Não vai querer economizar nisso, o importante é o peixe estar bem temperado. No mesmo pote, manda umas 2 mãozadas cheias de sal grosso. Deixa o potinho de lado e vai cuidar dos outros ingredientes, e isso tem um motivo: o sal grosso vai começar a derreter no caldo do limão. E pode esquecer esse maldito pensamento prático: o sal grosso derretido não é igual ao sal fino. Ah, você já entendeu: deixa lá o sal descansando no limão e vai cuidar do alho. Alho? Que alho?

Esse aqui, ó: pegue 3 ou 4 dentes de alho, dos graúdos. Usando uma faca afiada e muito cuidado com a integridade dos dedos que tem na mão, triture o alho em pedaços bem pequenos. Olha, eu sei que a vida moderna é toda bacanona, e vende alho triturado no supermercado. Ok, se você pensa assim, pode fazer o peixe direto no microondas, e tenta a sorte ae. Entenda, ilustrado leitor: a qualidade dos ingredientes fazem a sua comida ficar melhor. Quanto mais frescos (ui!) os ingredientes que utilizar, melhor fica o sabor. Voltando ao ponto: tritura a porra toda e joga lá junto do sal grosso e do limão.

A tainha é um peixe muito carnudo, e eu acho que um pouco de manteiga pode fazer essa carninha aí mais feliz e saborosa pra preencher as crateras dos nossos cânions estomacais. Mas a gente sabe que se jogar manteiga de qualquer maneira lá não vai misturar nunca. Aí a gente te manda uma dica: pega uma colher, enche de manteiga, acende o fogo e segura a colher ali, durante alguns segundos. A manteiga magicamente derrete e agora você pode misturá-la com o limão, o sal e o alho. Faça isso. No caso, derreti umas 4 colheres de manteiga.

Pra completar, dê uma chacoalhada num pote de tempeiro. No caso, chacoalhei o de pimenta do reino. Mistura tudo e começa a passar no peixe.

Com o instrumento correto, abra a barrigada do peixe (note que já deve haver um bom corte ali, por conta da limpeza feita na peixaria) e sapeque umas boas colheradas dentro dela. Passe um pouco na parte de fora e embrulhe a tainha. Se você for malaco, vai fazer uma espécie de conchinha com o papel alumínio, e então poderá depositar uma ou duas colheres de tempero a mais antes de fechar o alumínio. Isso vai ajudar a sua amada tainha a beber mais limão, mais sal, mais pimenta, mais manteiga e mais alho, ficando mais... gostosa.

Embrulhada a nossa feliza nadadora, deita ela na grelha, no andar de baixo, tomando conta apenas do fogo não ficar muito alto. Cuidando pra não deixar a chama queimar o papel alumínio. Deita ela, enxuga 3 latinhas, vira com muito cuidado e enxuga mais 3. Você, à medida que vai bebendo, começa a sentir o cheiro da tainha ficando legal. Ok, findas as 6 brejinhas, abra o papel com a faca, sem necessariamente desembrulhar. Abre um corte na parte de cima e vai abrindo o papel que já tá bom. 

Pra servir, deite a tainha com papel alumínio e tudo na tábua. Ofereça um garfo para cada convidado e dê a largada: as pessoas vão voar sobre o seu peixe. 

Cuidado com as espinhas, a tainha tem montes delas. A boa notícias é que elas são grandonas, e só vai se engasgar aquele mais morto de fome. Mas aí, como dizem: apressado come cru e se engasga com a espinhona. Avise a ele que a sua parte tá feita.

O peixe fica bem legal. Pra provar isso, reproduzo aqui uma conversa telefônica gravada com autorização da justiça entre a minha esposa e a mãe dela, que por acaso é minha sogra:

- Mãe, tudo bem?
- Tudo, filha. Quer dizer, tudo menos o pedreiro que jhasck skdn kjnskdd;f bowjo aknx, cnskdj, o presidente lula que jksdn lsnjkdc kdnksdv ksjdvnbks e a ana maria braga que falou no programa dela que xzlkvs klvjx lcvnx jklcnv kxnv slkj e passou embaixo da mesa. Mas olha, como estava bom aquele peixe do Daniel ontem, hein! Mas não conta pra ele, senão esse moleque acha que eu sou mole. 

Alguns trechos dessa conversa foram retirados da transcrição por não ter absolutamente nenhuma relevância neste contexto, e, na verdade, em nenhum outro.

Ou seja, cumpra a penitência, asse o peixinho e ganhe o coração da sua sogra para todo o sempre. Mesmo que ela jamais admita isso. 

Rendimento: essas duas tainhas encheram o bucho de 4 pessoas, e ainda fiz uma pecinha pequena de lombo de salmão, que abordaremos em outros versículos.
Custo: as duas tainhas custaram R$18,00. Sei que paguei caro, mas estava em são paulo no meio do feriado, e sem a menor vontade de correr mundo atrás de peixe barato. Ah, 18 mangos tá bom, né?
Tempo de preparo: todas as latas que julgar necessário na cozinha, 3 de um lado do peixe e 3 do outro lado: sirva bêbado.

Este post é uma homenagem aos personagens desse post: Deus, minha sogra e a tainha, nessa ordem. Todos os 3 são seres vivos bacanas, com a exceção do peixe que eu prefiro morto.

Como eu fiz um churrasco pra 40 pessoas com R$175,00

Antes de iniciar, vou avisar: este post é longo, e pra caraio. Trata-se de uma epopéia, e eu tou dando a dica pra você mandar um churrasco responsa pra 40 esfomeados com menos de 200 mangos, ou seja, menos de 5 cruzeiros por pança. Se você não tá afim de ler, leva a sua galera na churrascaria de sua preferência e hipoteque a sua casa quando chegar a conta. Esclarecidos os fatos, vamos aos assuntos que nos interessam.

Eu não sou churrasqueiro profissional. E eu não quero ser churrasqueiro profissional. Me incomoda a idéia de fazer comida pra pessoas que não conheço. Incomoda também a idéia de fazer carne sem nenhum amigo pra bater um papo. Além disso, fazer carne sem enxugar umas boas brejas não faz o menor sentido. Eu, como churrasqueiro profissional ia passar vergonha. Ia encher a cara em todo churrasco, queimar o meu filme, e no final sairia breaco demais e nem ia lembrar de cobrar o meu dinheiro. Por isso que eu faço carne pras pessoas que eu gosto e tá bão por aí. Claro que existem excelentes profissionais por aí e eu acho super bacana. Pra eles. Pra mim, carne e trampo não se misturam.

Só que nesse final de semana eu fui churrasqueiro profissa por um dia. Foi o aniversário da minha queridíssima sobrinha Nicole. Vã, a mãe dela e minha prima-irmã, queria fazer um churras pra chamar a tiarada, primaiada, molecada, padrinhada, vizinhada, hunos, godos e visigodos. E me pediu pra cuidar da parte da carne. Eu não tinha como dizer não. É pra Nick, pô!! E aceitei o desafio de cuidar de um churras pra 40 pessoas. Peguei 200 cruzeiros com a Vã e  bora pro jogo. 

Vem comigo fazer uma continha. Aproveita que a minha filha teve prova de matemática ontem e eu estudei com ela, e a conta tá quentinha na cabeça: 200 fuckin mangos é um dinheirão, né não? Éééééé... opa, então sente o problema chegando:

Pedrinho foi ao açougue comprar carne pra 40 pessoas. Se o preço da picanha anda valendo R$30,00 em média, qual dos dois rins o Pedrinho vai ter que vender pra pagar esse banquete: o direito ou o esquerdo? Sem rim, como ele vai processar a cerveja do churrasco? Tem chance disso dar certo?

Pois então, foi assim que eu me senti. E ao contrário do Pedro Bial, encarei o paredão e dane-se os 300 milhões de votos (a globo acha que a gente tá na china. um paredão tem 50 milhões de votos num país de 200 milhões de habitantes. Um pra cada 4, Bial??). O primeiro passo foi pedir a grana ao vivo pra Vã, e isso teve um motivo. Seu eu faço o velho esquema de eu-pago-e-depois-vc-me-paga, eu ia acabar gastando mais, e absorvendo o preju. Claaaro que eu pagaria o quanto precisasse pela Nick, mas achei que valeria a pena abraçar o desafio. Meti as quatro onças-pintadas na mochila e era aquilo que eu tinha pra gastar. Pois eu fiz o milagre, e vou contar o santo.

Primeiro enfiei na minha cabeça que não ia ter picanha. A piqueta é uma delícia, mas é cara pra diabo e acaba em segundos num churrasco. Optei por fazer outras carnes mais baratas e igualmente saborosas. Minha estratégia se baseava em comprar pequenas peças de um monte de tipos de carnes diferentes. Depois pude ver que essa estratégia foi perfeita, mas foi puro chute. Vou destrinchar as peças compradas uma a uma daqui pra frente.

1 - A costela ponta de agulha: Foi minha primeira idéia. Primeiro porque eu tava com vontade (outra vantagem de não ser profissional, vc escolhe de acordo com a sua gula). Segundo porque é uma carne deliciosa e ridiculamente barata. Nos pão-de-açúcar da vida só vende pedaços pequenos, e eu precisava de um grande, ou seja: tinha que comprar em algum açougue, no horário comercial. Pois então, lá estava eu voltando de uma reunião na casa do chapéu, estressado com o trânsito, quando me surge um mercadinho de bairro que tinha belas peças de ponta de agulha penduradas. Parei o carro, peguei a peça que julguei mais bonita e comecei as compras. Moral da história: Uma belíssima peça de 2,5kg por R$12,50. Sacou?? 12 fuckin reais por 2 quilos e meio de carne fodona!! Na dinâmica de um churrasco de galera, já resolvi o problema do final do churrasco, quando ficam os mais chegados do seu lado. A ponta de agulha demora hoooooras pra ficar pronta e vale a pena tratar os que te acompanharam durante essa peleja com carinho. Ou seja: quando as tias esfomeadas forem embora, vais compartilhar com os amigos 2,5kg de pura felicidade.

Pronto, agora faltavam as outras carnes. A semana de trabalho acabou com meus glóbulos brancos, fez empretejar os meus glóbulos vermelhos e derreteu as minhas plaquetas, e com isso só consegui tempo pra comprar o resto das coisas no próprio sábado, lá pelas 13:00. O churras era às 16:00. Logo, fudeu. Decidi ir até o pão de açúcar da av. Ibirapuera com Rep. do Líbano (quem é de sp sabe, quem não é, trata-se de um dos poucos mercados grandes e com bons produtos do pda, e eu não ganho nada do abílio diniz pra falar isso). Lá, eu sabia que encontraria boas carnes.  Pega carrinho e empurra PDA adentro. Cheguei rapidamente a uma gôndola de congelados que tem brinquedos especialmente divertidos (perdiz, paleta de cordeiro, pernil do porquinho), mas principalmente peças de costela de porco congeladas. 

2 - Costela de porquito: Como o churras seria horas depois, comprei algumas congeladas, mesmo. Dei uma bela sorte de encontrar duas peças altas, com bastante carne, e da parte boa do osso, aquela em que se vê o vãozinho dos ossos direitinho. Em posts futuros, pretendo discorrer mais profundamente sobre a anatomia costelar suína. Por enquanto, entenda que acertei nas duas peças que comprei. Uma custou R$6,80 mangos e a outra R$4,90. Ou seja: mais 12 cruzeiros em carne boa. Costela de porco não tem segredo: hora que sair, geral come feliz e acaba num segundo. Foi o que aconteceu.

3 - A alcatra do porco fez a festa: Achei um belíssimo pedaço de alcatra de porco. Como disse no post sobre a alcatrinha, é uma peça barata, que ninguém sabe o que é, mas todo mundo come lambendo a cara. Comprei uma peça de 1kg e dividi em 3 partes. Servi com intervalos de mais de uma hora entre elas. Na boa, um monte de gente veio lambendo os dedos perguntando que carne era aquela. Disse que era carne de leprechaun e o pessoal desistiu de perguntar. Sabe quanto custou essa peça? R$14,50. Em três levas, fiz a festa com 3 tecos de carne de R$4,80.

4 - Linguiça de pernil ao alho: Neste blog eu nunca falei muito de linguiça. Primeiro porque eu sou espada, e pega mal ficar falando de linguiça. Segundo porque eu não sou um grande fã mesmo. Quando eu preparo linguiça, prefiro umas recheadas, mais caprichadas (e caras, infelizmente). Acho que, no meu tempo de moleque, fiz tanto churrasco de linguiça que enjoei. Bom, comprei uma embalagem de linguiça de pernil ao alho com quase 1Kg por honestíssimos R$6,30. Fui soltando aos poucos no churrasco, fazendo uma por vez. Ajuda a dar volume.

5 - Fraldinha: A fraldinha é uma carne perfeita pra churrascões. Fácil demais de preparar, e é uma carne saborosa, que agrada inclusive aos que acham que churrasco é significado de picanha e mais nada. A pecinha que fiz pesava 400g e custou R$6,10. Cheguei a cogitar a hipótese de preparar o rocambole de fraldinha, mas ia dar um trabalho monstruoso, e meu tempo tava curto. Optei por deitar a peça inteira mesmo, só com sal grosso. Funcionou lindamente.

6 - Drumet: Frango é bom em churrascão porque não dá trabalho e fica pronto logo. Se chegar um grupo de esfomeados, você lança uns drumets na grelha e serve rapidão. No PDA vende um drumet temperado honestíssimo. Nem pensei em preparar nada, comprei aquele mesmo e assim foi. Comprei duas bandejas que, juntas, pesaram 1,1kg e custaram R$9,50. 

Antes que você saque a calculadora, relaxa que eu faço as contas no fim do post. Mas vai vendo, só comprei coisa barata até agora.

7 - Coraçãozinho de frango: Esses dias vi uma reportagem sobre um inglês que mora no Brasil, e faz torta de rim de boi. O cara dizia assim: "Como vocês tem nojo do rim? Vocês comem coração de frango!!". Eu digo, companheiro: no coração do frango só passou colesterol e os mais puros sentimentos pela galinha sua mãe. No rim, passou mijo e eu tou fora disso. Pensando assim, comprei uma bandeja de coração que, incrivelmente, estava limpinho. Se eu tivesse que limpar não ia dar tempo. Foram 530g por R$5,80. 

8 - O famoso espetinho de contra-filé: esse já virou um clássico. Dá um mega trabalho preparar, mas vale a pena demais. E espetinho em churrascão é legal porque sai rápido. Chegou monstro faminto? Mete dois espetos, vira duas vezes e serve. Comprei 1,2kg de contra-filé por R$21,80, três embalagens de 150g de tomate-cer(v)eja por R$9,00. Tá, azeite e orégano eu não comprei, e ainda usei uma mostarda preta que eu tinha em casa. Dediquei todo o tempo que eu teria em casa a esta carne, porque eu sabia que ia fazer sucesso na festa. E, realmente, fez. A veiarada ficou doida hora que experimentou. 

Tanto para o coraçãozinho, quanto para o espetinho, eu comprei 3 embalagens de espetos de bambu (e pra que serve o bambu? haha). Custaram R$1,25 cada, totalizando R$3,75.

9 - O pão com alho do Daninho: Essa foi uma receita que veio em boa hora. O Daninho veio com essa idéia no meio da semana passada, e eu aproveitei pra arrebentar no churrasco. Fez um baita sucesso, o povo ficava louco com o pãozinho com alho e catupiry. Minha estratégia era ter pão saindo o tempo todo, intercalado com qualquer carne. Ajuda a encher as panças, e como é caprichado você não parece um picareta, que convidou a galera pra um churrasco mas tá enfiando pão goela abaixo. Usei um pote inteiro de maionese (R$2,80), um pote de 250g de catupiry (R$4,99), azeite e alho eu tinha em casa e comprei 20 pães (R$9,15). Como eu sabia que na casa da Vã só tem mulher e se tem coisa que mulher compra pra churrasco é pão, comprei só 20, mas na real acabei preparando uns 50. 

Parei o carrinho num corredor sossegado, e fiz rapidamente as contas. Fiquei surpreso ao perceber que ainda sobrava uma nota preta. Já tinha carne pra caramba no carrinho, os 200 mangos iam dar e sobrar. Diante disso, abri mão da minha estratégia de pão-durice. 

10 - Linguiça calabresa com provolone e orégano: Essa linguiça é legal mesmo. A marca é Rei da Linguiça, que apesar no nome infame, tem umas carnes bacanas. Depois vou escrever melhor sobre isso. A embalagem tinha 500g e custou R$12,50. 

11 - Aí sim, a picanha!! Bom, como tinha dinheiro sobrando, bora lá procurar se tem uma picanha pequeninha e barata. E olha só, não é que tinha uma sorrindo pra mim? A lindoca tinha 850g, uma capa de gordura perfeita e custava R$19,00. Não dá pra resistir, né? Bom, eu a preparei em bifes grossos, com o esquema do alho. Ficou sensacional.

12 - A breja, claro: Olha, eu também sou filhinho de Deus. Saindo do supermercado, teria uma trabalheira na cozinha pra preparar os espetinhos, e quando chegasse no churrasco eu tava verdadeiramente lascado. Já vou te avisando, num churrasco pra 40 pessoas, você não consegue parar um minuto, nem pra fazer xixi. Sabendo da labuta que me aguardava, comprei uma caixa de Itaipava pra tomar enquanto preparava tudo. Com o dinheiro da minha prima. Mas aí que vem o legal da coisa: verificando o ticket aqui, acabei de perceber que a garota do caixa passou apenas UMA cerveja. Ou seja: Abíliô, valeu pelas 11 de graça, parceiro!

Ainda corri num mercadinho próximo de casa e comprei 4 sacos de carvão por R$5,60 cada um, totalizando R$22,40.

Agora soma tudo isso ae que eu tou cansado de digitar. Vai dar marromeno R$175,00, porque eu ainda devolvi R$25,00 pra Vã, que acabaram se transformando em cerveja. E eu bebi.

Bom, o churras foi bem legal, trabalhei pra cacete, tive companhia o tempo todo (esse é o medidor: se tem muita gente em volta de você, é porque a carne tá boa, vai por mim). Tive uma grande ajuda do Hugo, que também manja de carne e matou a ponta de agulha comigo, e me ajudava quando eu precisava largar a churraca pra mandar um pipi.

Felizes leitores, taí a dica. Agora nós sabemos que você não precisa ir à falência pra mandar um churras densamente populado. Com R$200,00, você pode comprar 4 picanhas grandes, ou esse monte de coisa aí.

Esse post é especialmente dedicado à Ni, pelos seus 11 aninhos. Parabéns, lindinha. Você merece muito mais do que esse monte de carne aí, você merece o mundo!! Aliás, você descobre que tá sabendo fazer churrasco quando uma criança de 11 anos te pede um churrasco de aniversário :-)

Muitos Danis e um pão de alho

Na minha turma tem Dani pra cacete. Eu sou Dani, a minha esposa é Dani. Tem a Dani do Pão (o Pão é uma pessoa, abordaremos esse assunto mais tarde). E tem o Daninho, o personagem desta fábula. 

Eu não sou de botar apelido, mas quando comecei a ver que a gente saía em 8 pessoas e apenas 4 nomes, achei que seria a hora de arrumar uma maneira de nos diferenciar. E chamei o Daniel de Daninho, afinal, eu sou grande e ele é pequeno. Mas o Daninho é um cara marrento, e na primeira oportunidade me chamou de Daninho de volta. E pegou o apelido. Nele e em mim. Ou seja, era pra diferenciar os dois, e confundimos mais ainda. E no final, temos 2 Danielas e 2 Daniéis que na verdade são 2 Daninhos, e no meio dessa bagunça a gente se entende. 

Pois ontem eu estava me preparando pro futebol quando o Daninho me ligou. Antes que você me pergunte, eu respondo: sim, eu jogo bola. várias vezes por semana. Lendo esse blog, dá pra imaginar que eu faço churrasco e tomo cerveja com uma certa frequencia, certo? Pois então, pra evitar que minha circunferência abdominal se assemelhe a de um barril, um cofre ou até um piano, eu jogo bola, no mínimo duas vezes por semana. Recomendo a todos os que lêem esse blog com o mesmo entusiasmo com que escrevo: pratiquem esporte! 

Voltando ao Daninho. Ele me ligou com péssimas intenções. Seguindo a nova lei do SAC, pedi a gravação e transcrevo aqui o diálogo:

Daninho ele: Daninhô, ce vai no futebas hoje?
Daninho eu: Vou, cara. Não sei se jogo porque meu tornozelo tá uma velha, mas pelo menos vou no campo.
Daninho ele: Tem certeza? (bote aí uma entonação maliciosa)
Daninho eu: Diz aí o que que você tem nessa mente maldita.
Daninho ele: Tem vinte e tantas cervejas na geladeira de casa pedindo pra serem consumidas.
Daninho eu: 20h30?
Daninho ele: 20h30.

Tá feita a merda. Na sequencia, chega um e-mail de daninho.thome@empresafodona.com.br (Daninho é um folião, mas no horário comercial se disfarça de advogado de uma mega empresa) sugerindo um tal pão de alho com uma receita anexa. Meu primeiro pensamento foi: receita é o escambau, pão de alho se compra pronto. Resolvi abrir o anexo e aí mudou tudo. O que se segue é uma receita de fazer a ana maria braga chorar! 

Façamos igual à novela, quando alguém viaja daqui pra Índia: entra no avião / cena de paisagem / desce do avião. Assim, pulemos para a pia da minha casa, já preparando o pão de alho. Só peça ao piloto pra fazer uma paradinha na padoca e providencie alguns pães. Como a receita é boa, compre logo uma dúzia. 

O lance é o seguinte. Você tem que fazer uma pasta nojenta pra passar no pão (o francês, e não o meu amigo).  Taque, num pote, 4 colheres de maionese. Sabe aqueles saquinhos de catupiry que tem uns 500g? Espreme meio daquele junto da maionese. Catupiry do bom ajuda a receita a ficar melhor, assim como todo e qualquer ingrediente que você usar. O próximo é o azeite, joga ali umas 2 colheres de sopa, mas não vá medir com a colherinha, hein! Macho que é macho põe os ingredientes no olho mesmo!

Picote 2 dentes de alho em pedaços bem pequenos. Seja paciente na hora de cortar, os pedaços menores ajudam a ficar mais legal. Se você é daqueles que adora um bafão de alho, pode colocar 3 dentes. Mistura tudo. 

Adendo => eu aaaacho que um tequinho de orégano ajudaria a ficar animal, mas eu não posso dar certeza, porque eu não experimentei.

Adendo 2 => eu também aaaaacho que passar uma manteiga na parte de fora do pão, e salpicar um pouco de alho frito deve ajudar a ficar mais animal ainda. Mas, como isso aqui é um adendo e eu não preparei assim, eu tou chutando e não posso garantir o sucesso.

Agora é o básico, abre o pão, passa isso lá dentro, manda pra churraca, quando começar a queimar a casquinha do pão, corta em pedaços pequenos e serve. 

Ah, as fotos dessa receita estão no celular do Daninho. Embora eu já as tenha pedido, ele ainda não mandou. Coisa de advogado, isso.. Quem quiser reclamar, daninho.thome@empresafodona.com.br.

Dica: Pão com alho faz o diabo de sujeira. Não seja besta de encher a tábua de migalha e depois deitar a picanha ali. É uma picanha, e não um sanduíche, ok? Não custa nada ter uma tábua e uma faca extras especialmente pra cortar o pão.

Preço: Pra mim saiu de graça, o Daninho comprou tudo. Chorem os que não tem um amigo desse. Quem quiser, me procura que eu passo o e-mail dele :-)
Tempo de preparo: Uma breja na cozinha, outra na churraca. Demore pra preparar e tome 2 brejas na cozinha.
Rendimento: Em 4 pessoas, comemos 6 pães, e ainda tinha carne. Se prepara porque é muito gostoso, a galera come de rodo.

Especial Churrasqueiras: Churrasqueira de tijolo roubado

Tiozão economicamente privilegiado mostrando como é que se faz.
Agora, me responda: de que adianta ter um porsche se você faz churrasco de linguiça e hambúrger?
Explica pra gente, tiozão!


No post anterior, falei sobre as férias na praia, e o quanto me considero um privilegiado pelas coisas e pessoas maravilhosas que a adolescência em Bertioga me proporcionou. Enquanto escrevia o post, uma memória me veio à tona, mas decidi não fugir muito do assunto, o camarão, e deixei a tal memória pra outro post. Este aqui, no caso.

Mas antes, preciso fazer uma rápida explanação sobre como funcionam as coisas naquele sagrado pedaço de solo. Bertioga não é lá uma grande cidade, cheia de indústrias, hotéis de luxo e motel com cavalinho rampante na porta. Basicamente, vive de turismo, pastel, bar e igreja envagélica. E com todo o respeito aos Bertioguenses, turistas, pasteleiros, bêbados e evangélicos, concordemos: Bertioga vive extremos. No final de semana, vemos enxurradas de SUVs e outros carrões nas ruas. Nos dias normais, apenas bicicletas e Gurgéis. Resumindo: o caiçara de lá é, via de regra, um cara pobre. Além de pobre, brasileiro. Além de pobre e brasileiro, é ladrão de tijolo. E isso inclui a minha pessoa, mas já chegamos nessa parte. 

Durante muito tempo, nós ficávamos hospedados na casa de uma tia, que não se incomodava de emprestar seu confortável imóvel para uma horda de bárbaros, que chamaremos hipoteticamente de "nós". Horda essa que gostava, entre outras coisas, de fazer churrasco. Mas a casa não tinha churrasqueira, e não dava pra comprar uma churraca portátil a cada vez que pisássemos por lá. Então surgiu a brilhante idéia de montar uma com tijolos. E aí vem a pergunta: mas que tijolos, honorável escriba? Respondo: roubados, meu honesto leitor.

É assim: em Bertioga, se você comprar uma dúzia de tijolos para montar uma churrasqueira, assim que você desocupar a casa, algum espertão entra lá e rouba. Funciona com roupas no varal, capacho, vassoura e até vaso de planta: o que estiver no quintal, é roubado. Então a única maneira de fazer os churrascos serem economicamente viáveis era utilizando-se da mesma estratégia local. Chegávamos, roubávamos os tijolos, fazíamos churrascos e assim que deixávamos a casa, éramos roubados. Como se fosse combinado.

E hoje este blog veste a touca de meia-calça e corre que a polícia vem aí pra te mostrar como se faz uma churraca de tijolo roubado. 

O primeiro ponto está na escolha dos tijolos. Pense em tijolos leves, grandes e fáceis de carregar, uma vez que é bom pensar que o ato ilícito pode acarretar em consequencias. No mínimo, é bom estar preparado pra correr. Um tijolo leve pode ser carregado junto na fuga. Tijolo grande significa que você vai precisar de poucos. Logo, o ato do roubo tem maiores chances de de transformar num sucesso. Depois você reza umas ave-marias e bate um papo com o papai do céu que tá tudo em casa. Voltemos, pois, aos tijolos.

Diga não ao tijolo de barro. Ele é leve e fácil de carregar, mas não é lá muito resistente. Não se esqueça de que vais meter fogo lá, e nós não queremos que a churraca desmonte na frente dos seus convidados, queimando o seu pé, espalhando as carnes pelo chão e te transformando em motivo de piada por toda a eternidade.

Falando em enternidade, fuja dos tijolos ou quaisquer outras peças do tipo Eternit, de amianto. O amianto vai esquentar e explodir na sua cara. Já tive uma experiência terrível com uma jardineira da minha mãe. Então estamos entendidos? Nada de barro, nada de amianto. E eu não pretendo me alongar sobre o caso da jardineira.


Esse quebra, não recomendo.
Esse aí de cima explode. Não invente moda e conserve seus dentes na boca.


Esse é o cara. Com vocês, o Bloco!


Simples, use tijolo de cimento. E você precisa de um número exato: 14. Só isso. 14 tijolos fazem uma churraca.

Inicialmente construa os pés da churraca. Você precisará de 6 tijolos de pé. 4, um em cada extremo e dois no meio. Agora deite 4 tijolos sobre esta estrutura. Eles devem ficar apoiados nas extremidades de cada base, e no meio. Ou seja: os tijolos do meio vão compartilhar o peso com os outros. Ok, terminada essa parte você já tem uma espécie de "mesinha", que é a base da sua churraca. Utilize, então, mais 4 tijolos para fazer o fundo e as laterais. Não precisa fechar na frente, pode deixá-la aberta mesmo. 

Tá pronta a tua churraca. A parte chata é que você tem que comprar uma grelha. Se o espírito de Hobin Hood se apossou da sua carne, pode roubá-la também. Mas este blog não recomenda, ok? Taque uma grelha em cima e manda brasa. 

Lembrando que este blog não se responsabiliza por hematomas, pontos e fraturas decorridas de tentativas mal-sucedidas de furto de tijolos. Se você encontra-se desprovido de aparato físico para atos ilícitos, recomendamos que compre os tijolos. 

Esta é uma obra de ficção. O fatos ocorridos aqui não têm, necessariamente relação com fatos reais. Ou não. 

Espetinho de camarão com areia da praia

Ah, as férias na praia.. Quem nunca passou férias inesquecíveis na praia que atire a primeira água-viva. 

Pois eu me considero um privilegiado. Como minha família tem raízes litorâneas, passei férias e mais férias na praia. Por muitas vezes, eu pisei descalço em poça de lama, naquelas intermináveis semanas de chuva. Comi muito pastel no Pezão, que depois criou a franquia Pastel do Trevo (e estragou tudo). Visitei númeras vezes o Forte São João e adorava admirar a orla do terraço, vendo os canhões e imaginando batalhas épicas naquele canal. Também fiz balada na Vila,  tomei batida no Oásis do Pedrão, pulei carnaval completamente embriagado e andei de banana. Pesquei no pontão, atravessei o canal de barco e fui de bonde até Itatinga. Atravessei o mesmo canal de balsa e peguei a trilha da Prainha. Visitei o SESC, tomei rabo de galo no Bud. Tomei outro rabo de galo no Bud, e mais outro. Tomei ponto e gesso precário no hospital. Isso tudo aconteceu numa época mágica da vida chamada adolescência. E o local mágico que me acolheu nessas aventuras foi um pedaço do paraíso bem pertinho do inferno chamado Bertioga


Bertioga, onde coisas estranhas acontecem. Aprecie com moderação.

Pois este blog mergulha nas profundezas do oceano pra degustar uma típica receita de praia: o espetinho de camarão. 

Pode ter certeza: em qualquer praia deste Brasil varonil, tem alguém de bermuda, chinelo e uma bandejinha de alumínio coberta com pano de prato, vendendo pequenos pedaços de felicidade frita e espetada. Do Oiapoque ao Chuí, tem. Em São Paulo, no Rio, na Bahia, tem. Se Minas tivesse praia, vendedor de espetinho de camarão também teria. 

A diferença é que nós não vamos fritar o camarão, e sim assá-lo na churrasqueira. Por dois motivos: o primeiro é que aqui a gente não fala de fritura, as coisas por aqui são feitas na churraca; o segundo é que fritar o camarão faz um furdúncio na cozinha da patroa, e na  brasa fica muito gostoso também. 

E o melhor de tudo é que essa receita chega a ser ridícula de fácil: espete o camarão, passe sal, coloque na churraca, conte até 10 e coma. Tá, vamos detalhar melhor esse processo pra não parecer que eu tou enrolando alguém aqui. Neste blog funciona assim: a gente promete, a gente entrega!

Fiz essa receita no auge da crise, quando o preço da carne encontrava-se impagável. Enquanto 1kg de picanha custava uns R$60,00, comprei uma bandeja com uns 300g de camarão vermelho com casca, congelado, por R$7,00. O legal do camarão vermelho é que ele é grandinho, e dá pra meter no espeto sem lambança. É importante ter casca pra ir pra brasa. E pra ficar com gostinho do camarão frito depois, né? 

É importante que ele esteja congelado, isso por um motivo operacional. Pegue um espeto duplo (pode usar varetinha de madeira também, deve ficar legal). Mexendo na bandeja dos camarões com a mão, você certamente começa a destacar um ou outro. Ele destaca da bandeja, mas continua duro. Aproveite a firmeza do camarão durinho e vá espetando todos, lado a lado, no mesmo sentido. Isso vai fazer toda a diferença na hora de assar. Sapeque sal fino, sem exagerar. Nem precisa se preocupar muito com isso, se ficar sem sal você coloca depois. 



Monta eles que nem criança na fila da escola: todo mundo no mesmo sentido, de um lado e de outro.

Montado o espetinho, manda pra brasa, nem muito no alto, nem muito perto do fogo. Você deve assá-lo, se lembrando de que se trata de uma carne sensível. Sabe quando o mulherio reclama que a gente não tem sensibilidade, e a gente tem que descer da boléia do caminhão e voltar todo cheio de dedos para com a dama? Pois então, trate o camarão assim: como uma donzela. No fim você vai acabar comendo mesmo... 

Coloque o espeto de maneira que fique com os rabinhos pra baixo. Vai assar num minuto, e dá pra notar que o camarão fica mais vermelhinho. Fica atento pra não passar que ele seca. Agora vire pro outro lado, de maneira que ele fique com as costas pra brasa. Deixe mais um pouquinho e tira do espeto, direto pra um prato. Sapeque limão, mas sem dó nenhuma. Experimente o primeiro. Se faltar sal, pode adicionar agora. Acho que você pode espalhar um pouquinho de alho frito, mas como eu não fiz assim, não posso garantir. 

Chame a galera e divirtam-se. Essa receita é bem legal pra ir fazendo enquanto assa um peixe, por exemplo. Como eu sempre digo, não faça a cagada de assar peixe e carne no mesmo churrasco, e isso vale também pro camarão. Entendeu, né? OU carne, OU peixe.

O espetinho de camarão assado na churraca fica muito parecido com o frito, porém mais suave e muito menos gorduroso. A mulherada vai agradecer por isso, e a sua coronária também.

Custo: R$7,00 a bandeja com 300g
Tempo de preparo: 3 latinhas na cozinha, uma na churraca.
Rendimento: a bandeja de 300g encheu o espeto duplo da foto duas vezes. Ou seja: não mata a fome, mas dá bastante.

UPDATE: este post vale uma breja em dedicação a todos os amigos que fiz em Bertioga. Gil, Vandras, Guê, Gustavinho, Lígia, Joinha... tenho muito orgulho de tê-los ao meu lado até hoje.

Espetinho de contra filé

Eu sou paulista. E tenho uma constatação a fazer: paulista é mesmo um povo sacaneado Brasil afora. No país todo, as mulheres andam no banco de trás do carro, mas quando isso acontece, sempre tem um pra chamar de "carro de paulista". Fogo, viu. O brasileiro, esse fanfarrão, sacaneia do nosso sotaque, diz que a gente fala "orra, meu". Mentira, a gente não fala assim, não. Aí vem o Faustão, aquele babacaço mega-chato de todo domingo e fala na TV: "Oooooorra meu, ô loco!". Pãtz, aí não tem jeito.. A gente acaba virando personagem do Caceta & Planeta, do Hermes e Renato, da revista Mad e, se vacilar, até da Turma do Didi.

Pois hoje este blog mergulha de cabeça na paulicéia pra falar de um tipo de churrasco tipicamente nosso: O espetinho. 

É, além dos carros, do maldito apresentador dominical e do sotaque, dizem por aí que churrasco de espetinho também é coisa de paulista. E nós vamos provar pra esse país inteiro que a gente pode fazer um simples espetinho surpreender gaúcho, mineiro, grego e troiano. 

Observação de cunho pessoal e instransferível: Pensando pelo lado churrasquístico da coisa, eu queria mesmo era morar no pantanal, que nem na novela. O cara acorda, abre a porta do quintal e encontra 3 mil cabeças de gado. Arreia o cavalo, escolhe uma, mata e corta. Faz um tapete com a pele, um berrante com o chifre, uma garrafa de pinga com a pata, um espanador com o rabo, separa cuidadosamente o contra-filé e ainda sobram 800 kg de carne. 

Seria legal, mas eu não sou de lá. Carne, aqui, só no açougue. E se você também não tá no pantanal, seu pai não tem um avião, seu quintal não vai até o horizonte e o tudo o que você sabe de lá é que a Juma Marruá vira onça e dá um puta trabalho quando isso acontece , dirija-se até o açougue mais próximo e peça 1kg de contra-filé cortado em bifes bem grossos, de 2 dedos de espesura. 

Vamos à receita. Como espeto, utilizei aqueles de bambu que vende no supermercado. Mas você pode arrepiar na criatividade e espetar no palito de dente, vareta de pipa, antena de carro, qualquer coisa. 

Corte o contra-filé em cubinhos, pouco maiores do que um dado do Banco Imobiliário. Se você teve infância, sabe do que eu tou falando. A carne já está em bife mesmo, fica fácil cortar em cubinhos. Se der, limpe a gordura, que às vezes vem cheia de nervos, que endurecem com o calor. Na hora de comprar o bifão, escolha uma peça mais limpinha que não dá erro.

Arruma uma cebola grande. Descasca ela. Corta em 4 pedaços e vai desmontando ela. Esses pedaços que ficam você vai utilizar pra montar o espeto.

Tenha em mãos um punhado de um tal tomate-cereja, que chamaremos, pois, de tomate-cer(v)eja. Acho que fica mais bacana, faz parte do nosso estilo. O tomate-cer(v)eja é um tomatinho do playmobil, bem pequeno, do tamanho de uma bola de gude. Putz, a ana maria braga vai lavar a égua se souber que fiz churrasco com uma fruta.  Bom, corte os tomates-cer(v)eja no meio. Isso vai fazer todo o sentido na hora de montar o espeto, e você vai entender porque o escriba deste pergaminho lançou mão de tão controverso ingrediente.

Jogue todo mundo: a carne em cubos, a cebola desmontada e os tomates pela metade dentro de um pote grande. Não esqueça que você tem 1kg de carne e você vai ter que mexer, então o pote tem que ser grande. Joga lá dentro aproximadamente uma xícara de café de um bom azeite. Já falamos que o azeite vem da oliva, que vem da oliveira, que deu a Luma de Oliveira, e não precisamos mais falar disso, ok?


Taí todo mundo querendo ir pra grelha. Mistura tudo e espeta. simples assim.

Uma vez o azeite lá, é a vez do orégano. Jogue-o no pote, juntoda carne, da cebola, do tomate-cer(v)eja e do azeite. Não precisa por muito, é como se você estivesse temperando um sanduíche. 

Ponha sal com a cautela que Deus lhe deu. Utilizei sal fino, mas acho que com sal grosso deve funcionar bem.

Agora vem o pulo do gato: Jogue, sobre tudo o que já tá lá dentro, mostarda escura. Pra se certificar, gaste um real a mais e compre uma mostarda de qualidade. Quanto melhores os seus ingredientes, melhor fica a comida, naturalmente. Jogue com parcimônia, já que a mostarda preta tem um sabor forte.

Com uma colher de pau, misture tudo. O cheiro que vai subir vai te enlouquecer, mas não se esqueça: ainda não é a hora de comer a carne, convém assá-la primeiro.

Bom, passado isto, chegou a hora de montar os espetos. É como brincar de Lego, só que suja a mão e você come depois. Espete na sequencia: cebola, carne, tomate, cebola. O tomate, cortado ao meio, deve ficar com o lado aberto diretamente encostado na carne. Isso tem um  porquê: o tomate pegou o tempeiro no meio dele. O tomate perde água quando aquecido. Essa água vai direto pra carne. Já imaginou o que acontece, né?




O espeto ainda fica estiloso, as gatas piram!

Fiz 1kg de espetos aqui e consegui fazer 2 churrascos. Uma das coisas que notei, é que o legal é colocar os espetinhos perto do fogo forte, e virar sempre pra assar por igual. Quando a carne ficar branca e nitidamente molhada, já tá legal pra comer. Não deixe passar, porque a carne seca e não fica tão batuta. 


Um quilo de contra-filé deu tudo isso de espeto.

Na hora de servir, faça como quiser. Tire dos espetos e sirva tudo separado, um espeto pra cada um, pouco importa. O que vale mesmo é que essa carne fica saborosíssima, e muito cheirosa. E fica pronta rapidão, no caso de receber um monte de gente em casa, você pode perder um tempo preparando antes, mas sai rápido e todo mundo adora.

Experimenta, faz esse espeto. Depois quero ver quem é que vai sacanear o nosso sotaque. Orra, meu!!

Custo: 13 cruzeiros o quilo de contra-filé, 2,50 os tomates e o resto é irrisório.
Rendimento: Uns 10 espetinhos, que alimentam 5 cabras da peste.
Tempo de preparo: 3 latinhas na cozinha, uma na churraca.

Músicas para churrasco

Churrasco não é só a carne. É também um evento, é todo um conceito de entretenimento interativo (cacilda, tou falando que nem publicitário). Churrasco tem que ter carne, tem que ter cerveja, que deixa todo mundo bêbado e incrementa a parte do entretenimento, tem que ter cerveja pra cacete, que deixa todo mundo bêbado pra cacete e incrementa também a parte da interatividade, churrasco tem que ter amigos, tem que ter um vira-lata olhando com fome pro churrasqueiro, tem que ter criança correndo, tem que ter véio reclamando que a carne tá dura (corega na dentadura, vovô!), vizinho reclamando da fumaça, mulher pedindo saladinha e tem que ter... música! E é disso que a gente vai falar hoje: de boas práticas para, além de encher as panças, preencher com música o eco da mente dos seus convidados.

Antes, alguns pontos importantes:
  1. Fagner faz apagar qualquer fogo. Esse lance dele querer ser peixe pra mergulhar no límpido aquário e bla bla bla é água demais pra um churrasco que preste. E peixe aqui a gente assa, e o Fagner não faz parte da nossa cadeia alimentar. Não ponha Fagner na sua vitrola;
  2. O cara do peixe é o Fagner ou o Wando? Não dá pra começar os nomes com as consoantes corretas?
  3. Se você mandar um Reginaldo Rossi, todo mundo vai dar risada. Mas recomendo averiguar do que, exatamente, todo mundo tá rindo. Não se esquece: chifre na churraca, só o do boi que tá deitado;
  4. Elvis não morreu, e nem você. Bote um som minimamente contemporâneo;
  5. Esquece o CD da novela: indiano não come carne. E ainda tem um monte de hábitos nojentos que, definitivamente, não combinam com churrasco;
  6. Amy Winehouse é legal, Janis Joplin, Jimi Hendrix também. Só cuidado com as substâncias ilícitas, a polícia costuma não gostar muito disso.. Além disso, haja carne pra hora que bater a larica na galera.
  7. Se passou pela sua cabeça mandar um Kenny G, pode parar por aqui. Seu lugar é no site da ana maria braga.
  8. Toca Rauuuuuuul!!! Raulzito é sempre bom.
Enfim, essa lenga lenga toda aí era pra falar da vontade de saciar a fome dos nossos aparelhos auriculares. E, como se a gente entendesse alguma coisa disso, este blog parte também para a seara cultural, e a partir de agora, vamos sugerir umas playlists aqui de bons sons pra ouvir nos churrascos da vida. 

Tá, mas aí a gente tá falando de gosto, e gosto é pessoal, que nem frieira, cueca véia e catoco de nariz: todo mundo tem, mas cada um com o seu. Então eu lanço aqui: que som combina com o teu churrasco? Dá a tua opinião aí nos comentários, que eu faço uma playlist no final da semana.